O homem e a hora são um só
quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
a terra espreita.
Mestre, sem o saber, do Templo
que Portugal foi feito ser,
que houveste a glória e deste o exemplo
de o defender,
Teu nome, eleito em sua fama,
é, na ara da nossa alma interna,
a que repele, eterna chama,
a sombra eterna.
(D. João o Primeiro, in Mensagem de Fernando Pessoa)
D. João I, apesar de ser filho bastardo de D. Pedro, tornou-se rei de Portugal, o primeiro da segunda dinastia, a Dinastia de Aviz.
Ele foi “Mestre sem o saber” e, ao tornar-se regedor e defensor do reino português numa altura de crise (1383-1385) - crise tão profunda que ameaçava a independência de Portugal - cumpriu a missão de que fora incumbido. Com o apoio de Nuno Álvares Pereira e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o País. A vitória foi decisiva e é até hoje motivo de orgulho nacional. Castela retirou-se humilhada.
Depois de se ter casado com Filipa de Lencastre e de ter selado a aliança luso-britânica, dedicou-se ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa.
A figura de D. João I é uma “eterna chama”, porque não morreu, porque superou a própria morte, porque a sua existência ficou para sempre na memória do povo português, sendo, por isso, uma chama que repele, afasta “a sombra eterna”, ou seja, que garante a vida, a imortalidade de Portugal.
[O texto acima é, em parte, retirado da Wikipedia e, em parte, retirado da excelente edição da Mensagem, comentada por Auxília Ramos e Zaida Braga e coloco-o aqui dedicando-o a todos os que sabem virar a sorte a seu favor e, em particular, aos que sabem honrar o nome João.]
(Mensagem de Fernando Pessoa, edição especial comemorativa do 75º aniversário da morte de Fernando Pessoa, ed. Centro Atlântico, com introdução e comentários de Auxília Ramos e Zaida Braga, 1ª edição de Outubro de 2010)
.
1 comentário:
Finalmente, uma edição de Mensagem com comentários (tão necessários) acessíveis ao leitor comum.
Cumprimentos,
Ana Luísa
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