sábado, julho 10, 2010

Here in heaven



Pinheiros, cedros, azinheiras, aroeiras, oregãos, funcho, o sol, a sombra fresca e perfumada das figueiras ('under a fig tree'), o som ao longe da aldeia (hoje devia haver jogo de futebol, de vez em quando vinha lá de baixo um coro de exclamações), as cigarras desatinadas ao desafio, os pássaros que passeiam perto de nós ou voam cantando, as borboletas subtis e efémeras, os meus recantos, os cantinhos de sombra e caruma, os meus poemas all over escritos nas paredes, os meus muros coloridos, o alfazema florido e cheiroso, os loendros carregados de flores, a madressilva, a casa luminosa, ampla e fresca, tudo me envolve e encanta.

Sinto-me abençoada quando estou aqui, nesta minha casa with a view, rodeada de espaço e luz.

Se as minhas cinzas um dia vierem a ser espalhadas aqui, estarei no paraíso como mereço. Estarei por dentro das árvores que plantei e voarei juntamente com as borboletas e com os pássaros e viverei eternamente.

Se eu tivesse sido capaz, poderia ter sido eu a escrever:

Há sempre um deus fantástico nas casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços.

(Sophia de Mello Breyner Andresen, claro)

Poema que serigrafei em azulejo e que tenho numa parede, no jardim

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