De vez em quando desce em mim o espírito da maria arrumadeira e, então, santa paciência, levo tudo à frente. Desta vez acordei a pensar que ia dar a volta a parte da minha roupa.
O meu quarto tem um closet. Tudo foi concebido pelos anteriores proprietários. Se há coisas em que penso que eu não teria feito melhor, outras há em que nem percebo a lógica. São uns belos armários, é tudo em boa madeira, bem bonita, mas jamais eu teria concebido aquela organização. Vai até ao tecto mas, por exemplo, tem gavetas fundas lá em cima. Mesmo indo eu buscar aquele banquinho do ikea para alcançar mais alto, abro a primeira das gavetas mas não consigo ver o que lá estaria dentro (se eu lá pusesse alguma coisa). O meu marido diz que tem que se usar escadote. Mas agora vou à garagem buscar o escadote de cada vez que quero guardar ou buscar alguma coisa daquelas gavetas? Nem pensar. Por isso, por cima está tudo vazio. Pensei abolir as gavetas e ficar apenas um espaço aberto. Mas fundo como é e tão alto, como desencanto lá alguma coisa? É para esquecer.
Mas. mesmo na zona mais acessível, também é dúbio. De qualquer forma, a distribuição dos espaços ainda era a de quando para cá viemos em que o meu marido ficou com umas partes e eu com outras, mas não verdadeiramente muito bem pensado. Por exemplo, uma zona ainda estava com caixas de máscaras, imagine-se. Estavam para ali esquecidas, a ocupar espaço. Outra zona tinha coisas ad hoc como dois medidores de tensão, um oxímetro, um cinto do meu marido ainda por estrear, coisas assim. Com a falta de espaço para as minhas coisas, a solução passou por retirar aquelas coisas dali e ficar o espaço livre para mim.
Quando eu trabalhava, usava sobretudo camisas ou proto camisas (blusinhas de seda ou afins, de decote em bico com uma preguinha ou um folhinho à frente). Tinha-as de todas as cores e feitios, lisas ou estampadas, e em todas as derivações possíveis e imaginárias. E ainda as tenho mas raramente as uso. Agora uso blusas mais desportivas, mais simples e, no inverno, mais quentes. Quando trabalhava não usava roupa quente pois os espaços em que estava eram aquecidos. Agora, aqui, vou caminhar, vou ao ginásio, às compras, ao jardim, etc, e, no inverno, tenho que usar blusas totalmente diferentes das de antes. E era para todo esse novo guarda-roupa que precisava de um espaço em que pudesse ter tudo devidamente organizado e arrumado. Então, depois de esvaziar aqueles dois bons compartimentos, fui aos outros em que as minhas camisolas estavam mal arrumadas, tirei tudo para fora, organizei por tipo e por cores, separei as de verão das de meio tempo e de inverno, dobrei tudo direitinho e fiz montinhos civilizados, geríveis, arejados.
E fiquei feliz. Gosto muito de fazer este tipo de coisas.
E fiz um entrecosto com favas que também ficou macio, saboroso, com um molhinho encorpado, guloso.
E ao fim do dia dei uma volta pelas notícias e pelos blogs e pelos instas. E li uma coisa que despertou a minha atenção. O Homo Viator pediu -- provavelmente ao chtgpt -- um horóscopo. Achei um piadão à forma desconstruída como ele fala disso. Vai daí pensei: caraças, como é que eu nunca me tinha lembrado disso? Vai daí fiz o mesmo. Pedi a minha carta astral e previsões para os tempos mais próximos.
Como sou preguiçosa não vou dar-me ao trabalho de a desconstruir. Copio-a quase integralmente embora não a parte das previsões mês e mês ou por tipo de assunto (saúde, amores, finanças, trabalho) senão ficaria extenso até dizer chega.
Fiz depois a dos meus filhos para ver se eram diferentes (não fosse isto ser chapa 4) e se faziam sentido. E são muito diferentes e fazem sentido, curiosamente parece-me tudo na mouche.
Aqui claro que só ponho as minhas cenas. Fica aqui para memória futura.
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