O tocante e digno testemunho de uma mulher sozinha
Passei todo o dia num virote.
Os meninos não dão tréguas. Em especial, ela que que é toda líder, toda voluntarista e determinada, logo que chegou anunciou que vinha tratar das decorações de Natal, dentro e fora de casa. Foi ela para a cave e foi de lá trazendo caixas e baús.
E foi buscar o escadote e depois, claro, precisou de ajudantes.
E desencantou pais-natais de que se lembrava de, quando era pequena, ver na nossa outra casa, bonecada de que eu já nem me lembrava.
Mas ela estava feliz pois o rever estes enfeites despertou nela uma certa nostalgia.
E contou a toda a gente, inclusivamente por telefonema, que tinha descoberto os pais-natais da outra casa, e adorou também encontrar as bolas grandes que ultimamente não tinham saído à cena.
E agora há bolas numa árvore, fitas noutras, uma coroa natalícia num portão e um laço no outro. E há de tudo um pouco e a casa está alegre e festiva, com luzinhas que são uma graça.
E para o jantar anunciou que ia fazer cebola caramelizada para pôr por cima dos hambúrgueres e, sozinha, cortou cebola, muniu-se de ingredientes e fez o que eu não sabia que se fazia assim: com manteiga, açúcar mascavado, vinagre balsâmico. E ficou espetacular. E ajudou a rechear os hambúrgueres feitos à mão com queijo da ilha ralado. Isto com o cão a chatear e a ter que ser posto fora da cozinha.
E depois de ter tomado banho, pediu para lhe secar o cabelo, coisa que faço de gosto e que sempre acorda em mim o gosto de ser cabeleireira.
Os rapazes estiveram mais sossegados, a guardarem-se para atacar à hora das refeições.
Agora já dormem pois amanhã dois deles têm programa bem cedo. E ao almoço já cá estão de volta, desta vez também com os pais.
E se agora conto isto é porque esta é a minha realidade, diametralmente oposta à de Jenny Jackson.
Esta mulher já apareceu noutros vídeos desta série e sempre me espanto com a sua franqueza, com a sua incrível humildade e, ao mesmo tempo, orgulho e dignidade. Vive sozinha. Habitou-se a viver sozinha. Gosta de viver assim. Sente-se independente. Mas, ao ficar com muitas dores nas costas, agora que a idade já avançou um pouco mais, sentiu que precisava de ajuda. A forma como ela fala disso, tão sincera, tão espontânea, é tocante.
O vídeo é, em minha opinião um testemunho fantástico, e talvez nos ajude a perceber como podemos ajudar os que estão sozinhos e têm receio de perder a sua independência (ou a sua dignidade) caso peçam ajuda.
Está legendado de origem em português pelo que se vê (e ouve) lindamente.
I OWE you my LIFE
There comes a moment in every life when the weight we carry feels too great to bear alone. In these moments, a choice appears: to keep struggling in silence or to open ourselves to the strength and kindness of others.
This story is about that choice — a journey of discovering the beauty in being vulnerable, and in finding that this simple act can transform not just ourselves but those who stand ready to help.
It’s not easy to let go of the walls we build to protect our independence, but when we do, something remarkable happens. Bonds, delicate yet enduring, can be forged; a quiet, gentle exchange of giving and receiving becomes a shared act of humanity, binding us ever closer to one another and reminding us that we are not alone.
Featuring Jenny Jackson.
Filmed in Hermanus, South Africa.
This is the fifth film that we have made together with Jenny. If you've missed the others, you can see them here:
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