domingo, outubro 13, 2024

Digam-me que isto não é verdade! Digam-me, se faz favor!
A ser verdade, é um escândalo, é uma vergonha, é inadmissível!

 

Eu -- que sou pensionista da Segurança Social, que vi o meu ordenado esquartejado de todas as maneiras possíveis e imaginárias de tal forma que julguei que se tinham fortemente enganado (desconhecia todos os artifícios que existem na lei para poderem cortar de qualquer maneira) e que, apesar de ter muitos, muitos, anos de serviço, tenho uma pensão muito inferior ao que ganhava quando estava a trabalhar --, leio o que Vital Moreira escreveu no Causa Nossa e fico perplexa. 

A minha primeira reacção é: Não pode ser verdade! Não acredito! Seria indecente demais! Se fosse assim, já alguém teria denunciado tamanha aberração. 

Mas depois penso que o Vital Moreira é pessoa informada, cuidadosa. Não ia escrever uma coisa destas se não fosse verdade. Então, tento fazer um esforço para acreditar mas, palavra de honra, só me apetece desatar a dizer asneiras a a distribuir pontapés. Mas como não tenho nenhum destes juízes, escandalosos privilegiados, abusadores sem vergonha, à minha frente, guardo a indignação para mim e venho para aqui desabafar.

Transcrevo:

O problema da pensão da ex-PGR (e dos magistrados superiores do MP em geral, quando "jubilados") não é somente o seu elevado montante, no caso o maior do setor público, mas sim o facto de as suas pensões serem equivalentes ao último vencimento bruto no ativo (sem dedução da contribuição para a segurança social!...), e de assim se manterem todo o tempo. Ou seja, é maior a pensão de aposentado do que a remuneração líquida no ativo!

(...)

Se o regime de pensão dos "jubilados" é um privilégio dificilmente justificável no caso dos juízes, torna-se num superprivilégio sem nenhuma justificação no caso dos magistrados do MP.

(...)

Em Portugal, os privilégios corporativos tendem a assumir-se como direitos adquiridos irrevogáveis.

(...)

Um leitor acrescenta a «manutenção pelos pensionistas do chamado "subsídio de compensação" (cerca de 900€), relativamente ao qual, durante anos a fio, através de decisões judiciais, em benefício próprio, decidiram que não era tributado em sede de IRS». Inicialmente atribuído aos magistrados deslocados como compensação no caso de falta de "casa de função", foi depois estendido a todos, convolado em compensação da exclusividade das funções (como se esta não fosse já levada em conta no montante da remuneração). De facto, perante um poder político frágil, não há limite para a imaginação na captura de benefícios pelas corporações profissionais privilegiadas.


Texto completo aqui: Privilégios (22): As pensões dos magistrados do MP "jubilados"

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Só espero que isto gere uma onda de indignação geral e que seja imediatamente revogado. Quem são os juízes para terem privilégios que o resto da população não tem? Quem, caraças? Esta Lucília Gago que só fez porcaria enquanto Procuradora geral (e mesmo que tivesse sido exemplar!) o que é que é mais que eu para ter privilégios que eu (e o comum dos mortais) não tem?

Digam-me qual é o partido que vai acabar com isto imediatamente (e com outros privilégios que por aí haja) para eu saber em quem devo votar nas próximas eleições

8 comentários:

Corvo Negro disse...

Olá UJM.
Ninguém (nenhum politico) vai mover uma palha para fazer o que quer que seja que vá contra as regalias dos Magistrados Judicias. O Sócrates andou a "mexer" nas férias dos Juízes e veja o que lhe aconteceu.

Diogo Almeida disse...

O Chega é que promete coisas dessas.

Ainda vamos ver a UJM a votar no Chega(?!).

Um Jeito Manso disse...

Olá Corvo,

Tem razão. Apetecia-me dizer 'uma máfia'... mas não digo. A ver se me ocorre uma expressão adequada...

Um bom domingo!

Um Jeito Manso disse...

Olhe que não, Diogo, olhe que não.

Não me diga que acha bem que um grupo poderoso, que tem o poder de não apenas dar cabo da vida das pessoas como de deitar abaixo governos, mesmo que sejam de maioria absoluta, ainda tenha o desplante de ter condições remuneratórias de excepção... Não me diga... E não me diga que não acha que uma democracia saudável não deve ter grupos corporativistas que se banqueteiem como querem.

A bem da democracia é bom que haja transparência e que não haja privilégios indevidos.

E, repare, falo de democracia. Só uma democracia saudável consegue vencer os populismos.

Bom domingo!

Diogo Almeida disse...

Eu acho completamente pornográfico. É porno do mais badalhoco que há. Talvez fosse esta a expressão que lhe estava a escapar. Mas com o Chega acabam-se os cowboys e as telenovelas de cowboy. É o que eles dizem não é?

Portugal direitinho e de fininho é com o Chega!

Um Jeito Manso disse...

Sim, porno-badalhoco. É isso.

E com o Chega é o caos, a confusão. Não há contas, não há palavra, não há respeito pelos verdadeiros valores da democracia. Há, sim, o cavalgar os medos dos menos informados.

Não faça confusões, Diogo.

Diogo Almeida disse...

Claro que estava a ironizar. Eu também não acredito no Chega, e por isso os meus votos não lá vão parar, de certeza.

Bom fim-de-semana, UJM!

Um Jeito Manso disse...

Ufff Diogo... Já estava a ficar preocupada...

Abraço, Diogo!