Acontece que nos estava a dar jeito ter uma televisão nova pois, in heaven, a que está na cozinha (que é sala de jantar quando somos só os dois ou, sendo mais, quando somos poucos à mesa) é antiquíssima, com péssimo som e deficiente imagem.
E a que está aqui, no piso de cima, é pequena. Quando, aqui, querem ver futebol e o meu marido não quer que perturbem a sua concentração (nomeadamente, quando joga o Sporting) e pede que vão lá para cima, de facto a televisão é pequena de mais para muita gente dispersa pela sala. Ora, essa pequena dava mesmo jeito era na cozinha, no campo.
Portanto, uma solução natural passava por fazer um upgrade, levando a da sala de baixo lá para cima, e condescendermos à pequenina o direito a tornar-se rural.
Contudo, para que essa movimentação fosse possível, carecia-se de uma nova. Mas somos um bocado renitentes a bugigangadas destas. Diria que a tínhamos aqui na sala seria moça para uns quinze anos, talvez mais, quiçá deveras mais. Mas não sei porque, apesar de a acharmos idosa, já era smart TV. Por isso, não sabemos.
No outro dia, quando foi a final da Taça e o meu marido tinha dito que não queria a malta toda à volta dele a fazer barulho e, afinal, acabou cercado, com a sala a rebentar pelas costuras, o meu filho perguntou porque não aproveitávamos as campanhas em curso, cheias de descontos à pala do Euro, e comprávamos uma maior, com melhor definição.
Ficámos a pensar no assunto pois isso, de facto, permitira resolver as situações acima descritas.
No sábado à noite indaguei junto do oráculo. Ó ChatGPT, diz-me lá quais as diferenças entre as tecnologias Led, Qled, Qnet e Oled, e diz-me em termos de durabilidade, qualidade de imagem e preço, o que recomendas. E vai ele, bicho amestrado a preceito, dissertou de forma organizada. Vantagens e desvantagens de cada uma, observações e, trás-pás-trás, a recomendação vai para... (e só não digo pois resisto a tornar-me influencer).
O que sei é que fomos a duas lojas e testei as respostas do ChatGPT. Bingo. Certíssimas. E fiquei até a saber que as mais sofisticadas não gostam de programas com imagens fixas como, por exemplo, o telejornal em que aparece, em imagem fixa, o logo do canal. Parece que isso pode queimar os leds ali naquele canto. Coisas assim, surpreendentes.
Mas, coração ao largo, que as coisas já não são o que eram. Eu, que gosto de comprar coisas que durem uma vida, agora vejo-me perante estas novidades que me deixam com vontade é de dar meia volta no tempo e recuar até às remotas eras em que tanta tecnologia não era feita para ser descartável ao fim de meia dúzia de anos.
E, portanto, trouxemos uma da marca e tecnologia recomendada, quer pelo Chat quer pelos funcionários, e, em concreto, uma que, imagine-se, estava com um desconto de 55%. E no fim ainda tiraram mais 7 euros que era da campanha do Euro. Vá lá a gente perceber estas coisas.
O pior foi carregar com a dita. Bicha graúda e pesada que só visto. Entregavam em casa mas, assim como assim, resolvemos trazer logo, sobretudo para aproveitar estar o pessoal cá em casa de tarde. Ainda davam uma ajudinha. Fui buscar um carrinho ao supermercado e muito a custo conseguimos pô-la atravessada, ao alto. Depois, já no estacionamento, para a pôr no carro, fiquei de segurar o carrinho enquanto o meu marido a tirava para a pôr no porta-bagagens e, não sei como, o carrinho acabou deitado, de lado, no chão. Uma cena.
Atalhando.
A ideia é prendê-la à parede pois é a única possibilidade porque, onde estava a outra, entre um móvel e um aquecedor de parede, não cabe uma maior. Pacífico pois também trouxemos um suporte de parede. Tivemos que acertar com os lugares para fazer os buracos e aquilo até trouxe um nível para ver se a televisão não fica a descair. O pior é que, nos buracos, couberam as buchas que vinham mas não foi possível atarraxar os parafusos até ao fim. Não se percebe. Portanto, não conseguimos pôr a televisão na parede. Conclusão: até que se arranjem parafusos mais finos, está com o pé que o meu marido, entretanto, que remédio, lhe montou. Está aqui à minha frente, a impor a sua presença, muito mal jeitosamente, descabidamente, em cima de um móvel que agora parece mínimo.
Depois foram os meus netos que ligaram os fios e configuraram as primeiras coisas. Senão, provavelmente, ainda aqui estaríamos os dois à cabeçada. Claro que poderíamos ler o manual. Mas é enorme e, pior, tudo incompreensível.
À noite, depois da última caminhada do dia, dog oblige, já os dois sozinhos, liguei a dita e estava na RTP 1. Fui com o comando mudar de canal e aquilo foi parar não sei onde. Para ali andei, para a frente e para trás, e não conseguia fazer nada. Dizia-me que não encontrava a fonte, depois que não tinha canais guardados, e eu para a frente e para trás, já a tentar arranjar canais de todas as maneiras, incluindo através de satélite. Depois já pensava que os cabos tinham sido ligados nos buracos errados. Andei com a lanterna do telemóvel a ver o que poderia trocar e também não vi que fosse por aí.
O meu marido a tomar banho e a querer jantar a seguir, que já era tarde e eu ali naquela labuta, sem conseguir perceber como ver televisão nem atinar com nada aquilo.
Para grandes males, grandes remédios. Liguei à minha filha. Atendeu logo assim, voz de gozação: 'Então...? A televisão não funciona...?'. Claro. Adivinhou. Confessei: 'Não dá nada. Quando ligo, aparece na RTP 1 mas, quando quero mudar, não muda e começa a ir para sítios que não têm nada a ver.'. Pergunta ela: 'Mas, para mudar de canal, estás a usar o comando da box, certo?'
Errado.
Estava a usar o comando da televisão... Daaaaah...
Ou seja, pois claro, usando o comando da box, tudo joia. Nem sei o que me deu para me ter esquecido que para mudar de canal não é com o comando da TV mas da box...
Estou a vê-la, fantástica. Mudo de canais que é um mimo. Ponho a box a andar para trás. Vou à Netflix. Essas coisas. Na boa. O pior que vejo a malta toda em ponto grande, excessivamente nítidos, quase como se estivessem aqui em casa. Nalguns casos, um horror. Por exemplo, claro que não consegui suportar o Portas nem o Marques Mendes, muita propaganda AD ao vivo e a cores para o meu gosto sensível.
Portanto, agora só falta encontrar uns parafusos à medida para a pôr na parede, e esperar que depois disso não surjam mais contratempos.
Claro que aparentemente a televisão faz tudo e mais alguma coisa, coisas que nem imagino o que sejam, e, pelos vistos, até obedece à voz. Obviamente, nem ouso. Receio as consequências. Imagine-se que lhe dou uma ordem verbal mal dada e que ela pega nela e, sozinha, sai porta fora... Não sei. Menina para isso. Estas coisas parece que têm vida própria.
Por isso, cinjo-me ao básico: usa-a para ver televisão.
(E, ao dizer isto e ao pensar no que escrevi ao longo de todo este post, só me ocorre que, na volta, oh caraças, estou mas é a ficar velha. Será?)
Ainda vou mas é pôr-me para aqui a fazer experiências a ver onde é que isto me leva...
E, com isto tudo, agora já nem sei de que vos hei de falar mais.
Olhem, desejo-vos uma bela semana, a começar já nesta segunda-feira. Tudo de bom para vocês.
2 comentários:
Ah as evoluções da tecnologia domestica! Por mim tinham parado há uns dez anos atras.
Quer queiramos quer nao, falo por mim, os anos deixam a sua marca. Detesto que máquinas decidam por mim. Não me adaptei à Bimby. Apenas fazia algumas sopas, o meu arroz era sempre melhor. Além das máquinas de lavar louça e roupa, a varinha mágica e poucas mais chegam.
No Natal recebi de presente um aspirador robot. Não achei que tivesse grande utilidade pois não limpa os cantos, nem rodapés, è optimo para superficies livres de moveis, obrigando a deslocar cadeiras e plantas.
Há dias depois de um jantar movimentado não querendo conviver com migalhas até à vinda da empresa de limpeza e porque é silencioso, liguei-o. Quando achei por bem mandei-o para a sede e fui deitar-me.
Estava no primeiro sono quando acordo com "alguem" num estridente ingles reclamando que não tinha agua, deposito vazio. Depois de um tremendo susto percebi que a maquineta tinha decidido lavar o chão. Nunca tinha usado esta variante nem a sua programação.
Estou realmente velha para acatar estas modernices, já me bastam as do comportamento humano.
Uma semana cheia de saude, alegrias e bons programas na sua nova tv. Ontem começou na 2 a serie Sissi.
Uma televisão assim deve ser ideal para ver documentários tipo este que, se me permite, sugiro: RTP2 - 31/6 - sexta-feira - 14 horas
https://www.rtp.pt/programa/tv/p44439
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