sexta-feira, março 01, 2024

Alô, alô Pedro Nuno Santos! Alô, alô senhores do PS!
Querem ganhar as eleições? Então descolem das políticas do PCP e do BE!

 

Se eu gostasse das ideias e das políticas defendidas pelo PCP, votava no PCP. Ora, nas legislativas, nunca votei no PCP e, embora haja aquela posição prudente de dizer 'nunca digas nunca', aqui acho que não há o risco de errar se disser que jamais votarei no PCP. São retrógrados, lunáticos, sectários, fechados à realidade. Nem pensar.

Se eu gostasse das ideias e das políticas defendidas pelo BE, votaria no BE. Ora nunca votei e, tal como no caso acima, acho que jamais votarei Bloco de Esquerda. São frequentemente populistas, são desleais, são sectários e, se forem maioritariamente, como a líder Mortágua, há ali um ímpeto justicialista, castigador, inquisitório.

Quando voto no PS, apesar de, por vezes não concordar com algumas políticas, voto por, em geral, me identificar com a ideologia do PS e não para que não sejam implementadas políticas defendidas pelo PCP e BE e que não fazem parte do programa político do PS.

Por isso não me agrada minimamente a possibilidade do PS poder vir a governar com as muletas do BE e do PCP. Minimamente. 

Acredito que, tal como eu, muita gente, ao pensar que o Pedro Nuno Santos está disponível para se chegar ao PCP e ao BE, fica arrepiada. E, se o arrepio for grande, muita gente poderá sentir-se tentada a fugir para a AD.

Se achei uma boa coisa há uns anos, quando era preciso correr com o Láparo & Cia de má memória -- que venderam o país ao desbarato, que correram com os jovens do país e que empobreceram tudo e todos excepto alguns happy few que compraram algumas das nossas melhores e mais estratégicas empresas--  agora gostaria que nem se chegassem perto do poder.

Outra coisa, que me parece bem diferente do PCP e do BE, é o Livre. O Livre parece-me civilizado, inteligente e parecem ser boas pessoas, informadas e sensatas.

Também tenho ideia que no PAN, se forem quase como a Inês Sousa Real, também será gente equilibrada.

Talvez tivesse sido ajuizado que, face aos riscos reais da direita subir (muito graças ao Chega), o PS tivesse feito uma aliança eleitoral com o Livre e o PAN, deixando claro que já estava mais que escaldado com o PCP e com o BE.

Mas não fez pelo que não vale a pena agora chorar sobre o leite derramado.

Contudo, tenho pena que o PS não tenha ainda percebido que deveria afastar-se das ideologias do PCP e do BE, mas afastar-se de forma muito clara, e, em contrapartida, que deveria mostrar que quer apoiar e acarinhar a classe média. Mas a classe média de verdade, não apenas os remediados que enganosamente são apelidados de classe média.

Hoje, e muito pela mão do PS (ainda muito agarrados aos laços da Geringonça), consideram-se ricos os cidadãos que não passam de classe média-média. Isso significa que a partir de uma fasquia muito baixa a malta é taxada e espoliada como se fosse milionária.

Isso é terrível e achata a pirâmide, fazendo com que o salário médio (líquido) seja muito baixo e com que muita gente nova nem pense duas vezes quando lhes aparece a oportunidade de trabalhar fora do País.

Isto provoca ainda que, para quem cá fica, haja uma grande apetência pela fuga ao fisco, seja pelo recurso a expedientes (criar empresas que, na prática, são fictícias, para acomodar custos e pagar muito menos impostos) seja pelo recurso a uma economia paralela.

Acredito que muita classe média se sente tentada a deslocar-se para a AD na esperança de ver a carga fiscal aliviada. Compreendo. 

Se a AD fosse constituída por gente confiável (e não é) e se se conseguisse perceber alguma coisa de concreto do que prometem (e não se percebe) ou se não houvesse o risco real de ficarem na mão do Chega (e há), até eu sentiria tal tentação (mas, por tudo o que disse e por mais ainda, não sinto). 

Mas o PS deveria pensar seriamente nisto: parte significativa da população quer respirar de alívio. Claro que os que ganham menos nem sequer pagam IRS. Esses já estão aliviados. Mas ainda mal começaram a tirar o pé da lama e já aí está o fisco a saltar em cima e a sugar o sangue dos que deveriam ser incentivados a ganhar até mais.

Tenho vários amigos médicos. Vários reformaram-se o ano passado ou no início deste e os que estão a trabalhar só trabalham dois dias por semana pois dizem que mais que isso é ir tudo para impostos. Ora isto, este esbulho fiscal, não faz sentido.

O último escalão de IRS deveria começar nos 150 ou 200 mil por ano. Quem ganha pouco achará isto um exagero. Mas pense-se nos dirigentes empresariais, nos médicos, nos advogados, etc, e perceber-se-á que se queremos fixar gente válida, atrair os que foram para o estrangeiro, se queremos desincentivar a emigração qualificada, se queremos evitar a fuga ao fisco, é essencial que se mude a fasquia fiscal e mental.

E depois há também a questão dos Alojamentos Locais em que muito boa gente se sente defraudada. Não conheço bem essa realidade mas a verdade é que o turismo é um alicerce, um suporte e uma alavanca económico-financeira e a verdade é que há procura para os Alojamentos Locais. Portanto, querer que sejam os senhorios ou os pequenos empresários que investiram nessas unidades a suportar os custos de uma política de desinvestimento em habitação social é outro embaraço para quem gostaria de votar no PS. Que se reconvertam instalações públicas ou militares desocupadas, que se invista na habitação pública ou se apoiem as cooperativas para que haja habitação a preços baixos. Mas não se queira que sejam os privados, os senhorios, a ser sacrificados e a suprir lacunas que são da responsabilidade de toda a sociedade e não daqueles que têm no alojamento local ou no arrendamento a sua forma de rendimento.

Transcrevo um comentário que um Leitor, a quem agradeço, fez ao post que o meu marido escreveu ontem pois creio que se o PS percebesse bem tudo isto e os anseios e as preocupações da classe média, certamente teria uma vitória folgada nas eleições.

Mas esses bons resutados foi à pala do turismo e agora querem acabar com o AL, que é responsável por 40%. E porquê? Porque não construíram casas durante 15 anos? Mas os hotéis que venham, não é?, só porque não são detidos por pequenos empresários, mas sim grandes investidores estrangeiros... Venha o Nadal para o Rossio, que no prédio dele não cabiam famílias... Uma vergonha. Eu tenho 4 pequenos apartamentos que estavam abandonados e que recuperei ao longo do sacrifício de anos e agora vão-me confiscar 10.000€ ao ano, €2500 por cada. Sem sequer deduzir no lucro, que praticamente não tenho, já agora - em Portugal não se faz riqueza com nada, exceto os grandes merceeiros (Pingo Doce, Continente...), a EDP e os bancos. Não há empresas médias, quanto mais grandes, que produzam riqueza e possam crescer. Uma enorme traição do PS, que andou a vangloriar-se das "taxas e taxinhas" que pagaram o novo Museu à pala do turismo e que andaram anos, Medina e Costa, a enganar-nos ao regulamentar uma atividade que afinal era para abolir. PS nunca mais. Para ser enganado e deixado na miséria, eu e os meus funcionários que terei de despedir, voto noutros. E ainda falam do ressabiamento da direita: o PS entrincheirou o país à esquerda, recusando qualquer abertura para falar com PSD por escolha própria, assim fazendo crescer o CHEGA. O PS matou a direita moderada ao aliar-se exclusivamente à esquerda radical (sim, Bloco é comunista radical, as leis do arrendamento, as leis com novos Impostos e contribuições extraordinárias que propõem, a impossibilitação de acesso a creches e hospitais privados, etc., tudo o mostra). Eu que era PS, vejo-me nesta situação horrível, sem outra escolha que não a AD para me safar. Ou devo, já que estamos assim, votar direto no CHEGA? Que lástima, que país miserável.

Não estou confiante quanto aos resultados das eleições de 10 de Março. A minha esperança é que o PS atine e perceba que se quer ganhar as eleições e ganhar a confiança dos eleitores deve apontar ao centro e não à esquerda.

5 comentários:

Anónimo disse...

Confesso a minha perplexidade. O que diz é centro-direita, claramente. Tudo bem, a mim não me incomoda.
Pior é a percepção de snobeira social, os que mal sairam da lama. Conheço muita gente PS que é assim. Não admira o estado em que estão e o que se avizinha.
Diria que o Chega deu cabo da vida ao PS. Tirou-lhe o mercado dos pé rapado. A rapaziada do partido vai ter de descobrir as virtudes do empreendedorismo.

Corvo Negro disse...

Olá UJM
Revejo-me totalmente no seu texto.
Receio que das eleições não resulte nada de bom para ninguém, em todos os sentidos do termo.
Abraço.

Um Jeito Manso disse...

Caro Anónimo,

Não se precipite colocando carimbos indevidos. O PS é um partido social-democrata. Não é um partido comunista. Revejo-me na ideologia e nas atitudes sociais-democratas.

O PSD imaginado por Sá Carneiro talvez tivesse a ambição de ser social-democrata. Mas o pior foi que rapidamente se tornou um local mal frequentado em que a ideologia é muita areia para a cabeça dos gatos que se juntaram naquele saco. Tem a social-democracia no nome mas sem qualquer significado.

E o PS muitas vezes parece que se esquece da sua matriz social democrata e é pena. As democracias liberais, democracias sociais como encontramos em estado mais puro em países do norte da Europa, deveriam ser o farol e o objectivo do PS.

Volto a dizer: quem gosta do PCP vota no PCP. Quem gosta do BE vota no BE. Por isso, o PS não tem que parecer-se com o PCP ou com o BE. O PS tem é que tentar convencer os indecisos que balançam e que podem pender para a AD e, para tal, não é encostando-se à esquerda-esquerda (PCP e BE) que o vai conseguir. Tem que apontar, isso sim, para a sua matriz social-democrata, tem que mostrar que vai abrir caminho para o desenvolvimento e para a prosperidade justa e colectiva.

Não concorda?

Um Jeito Manso disse...

Olá Corvo,

O que é que vai sair destas eleições que o nosso Presidente tanto desejou? Um caldinho...?

Não sei mas não me parece que possa ser uma coisa boa e estável... Vamos ver.

Um bom sábado.

Luís António disse...

Uma "pessoa", sim, é disso que se trata, que começa por qualificar um partido político como sendo contistuído por «retrógrados, lunáticos, sectários, fechados à realidade», não merece nem mais um segundo de leitura, porque não passa de uma triste, uma traste, uma imbecil.