E assim foi. Secou que foi uma beleza. De vez em quando era borrifada mas, logo, logo, vinha um ventinho saudável que a secava.
Não deu foi para me pôr estendida a apanhar sol pois a friagem estava de apertos. Tive que ir buscar uma camisolinha mais aconchegante.
O dia foi a modos que assim, com coisas para tratar, e tratei delas, um conjunto de mails, uns telefonemas, um certo expediente, mas, em relação a algumas matérias, sem saber se alguma coisa vai ficar tratada. Mas paciência, é o que é, há coisas que, se calhar, serão mesmo na base da tentativa e erro.
As caminhadas também foram híbridas, metade à chuva e outra metade com ela escondida a ver se aparecia. Mas bem belas, fresquinhas, revigorantes.
[É a primeira fotografia, a que está à esquerda]
A magnólia também está exuberante, flores que parecem de papel, fabricadas por laboriosas mãos. Lindas, lindas.
[É esta aqui ao lado, à direita]
Não falo das camélias. Aborrecem-me. São muito bonitas mas inaceitavelmente efémeras. Não se aguentam bonitas. Atiram-se logo para o chão.
[É esta aqui abaixo, também à esquerda]
E já nem falo dos jasmins. O amarelo é luminoso mas discreto, não exala aquele perfume que inebria. O outro, o fúcsia e branco, é insolente. Parece coisa miúda mas as florzinhas ficam numa excitação perfumada. Quando passamos por ele não consegue passar despercebido, perfuma o ar que é uma indecência. É um perfume controverso. Ao princípio estranhei. Agora, não é que se tenha entranhado mas aprendi a gostar dele. O meu marido acha que o cheiro é doce e intenso demais.
[É a quarta e última fotografia]Quando passeamos pelas ruas, em especial à noite, há, por todo o lado, um perfume bom, delicado, um cheirinho suave que se mistura com o mistério das penumbras. Talvez seja a primavera que não consegue esperar pela sua vez, que já aí está.
Tirando isso, o que posso dizer é que parece que continuo a modos que preguiçosa, parece que me falta aquela energia que me levava a fazer mil coisas por dia.
Por exemplo, tinha pensado ir tirar dos sacos os livros que vieram ontem para identificar os que ainda não tinha cá em casa, para arrumar esses nos sítios devidos, deixando os repetidos numa estante que está na cave para os meus filhos poderem ir escolher para eles ou para ficarem para, mais tarde, os meus netos. Mas não consegui ânimo para tal. Lá continuam.
Em contrapartida, consegui mover-me para a história que ando há séculos a escrever e que já dei por finda mas que tem que ser lida, relida, rerrelida. Mas a verdade é que estou naquela fase em que, para fazer qualquer coisa, tenho que pedir licença a uma mão para poder mexer a outra. Mal me reconheço, confesso.
E não falei ainda dos passarinhos que andam numa animação, esvoaçam e cantam que é uma alegria. E o meu marido ontem disse que tinha passado ali uma andorinha. Fiquei muito contente e a desejar que ocupem um dos ninhos para poder vê-las muitas vezes.
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Quanto ao debate, o que me apraz dizer é que o Carlos Daniel provou ser um dos melhores moderadores da nossa televisão. Esteve sempre bem, muitos furos acima de qualquer dos outros. E, quando me refiro aos outros, não estou apenas a falar dos outros moderadores nos anteriores debates. Refiro-me também aos moderados. Lamento dizê-lo.
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Ludovico Einaudi - Birdsong from DAY 2
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