sexta-feira, setembro 29, 2023

Casório, pedido de casamento, porquinhos da guiné, catatuas, kookaburras

 

Uma vez mais o meu dia começou com um telefonema a acordar-me. Os deuses conspiram para não me deixarem dormir aquilo de que preciso. Desta vez não foi um telefonema com drama mas, sim, uma situação tão inesperada, tão insólita, tão nem sei dizer o quê, que não sei como não pedi para desligarem e voltarem a ligar para eu me certificar que não estava a sonhar.

Além disso, nesse momento, andava eu, uma vez mais, num daqueles sonhos/pesadelos que me deixam de rastos. Quando eu tinha reuniões a norte e tínhamos que lá estar às nove, saindo de madrugada, muitas vezes encontrava-me com um colega e íamos juntos, geralmente ele a conduzir. Acontece que ele mora perto do local em que trabalhávamos. Pois bem, no meu sonho eu ia ter a casa dele e, de casa dele, seguíamos para o trabalho. Ou seja, uma versão absurda do que acontecia. Só que, às tantas ele tinha que fazer não sei o quê e eu tinha que ir sozinha. Ora, no sonho, ele morava numa torre sobre o mar, mas uma torre arranha-céus, com dezenas de andar. E eu tinha que ira pela escada de serviço, fora do prédio, e aquilo não tinha corrimão. Portanto, um terror para mim. E, para agravar, como sempre, ia com os meus netos. Então, estava em pânico com medo que caíssem, que se despenhassem, gritava por eles, que não se mexessem, que esperassem por mim. Mas eles fugiam e eu deixava de vê-los e ficava num total desespero com medo que tivessem caído. Depois eu perguntava se não havia outra maneira e diziam que sim, era voltar atrás e apanhar o comboio lá em baixo. E, então, eu ia com os miúdos, sem mãos para os agarrar a todos, e, afinal, para lá chegar, eram outras escadas quase a pique, sem corrimão. E eu já atrasada. E queria entrar em casa do meu colega mas só podia lá chegar por uma das duas escadas. E eu agarrava o mais novo e ele, a querer esgueirar-se ainda se colocava em mais risco. E os outros, vendo o mar lá em baixo, já falavam em mergulhar e eu, numa aflição, a implorar que fossem junto a mim, nem pensassem em mergulhar nem em andar depressa nem sequer em espreitar.

E estava eu nesta aflição toca o telemóvel. Não que fosse má notícia mas não era o que esperávamos, precipita as coisas. Fiquei estupefacta, quase sem saber que decisão deveria ser tomada.

Portanto, parte do dia foi depois a tratar desta bomba que nos caiu em cima. 

Acresce que esta sexta feira é um dia ultra super hiper especial. E, afinal, em vez de poder estar totalmente focada nisso, ainda vou ter que tratar de cenas relacionadas com o tema do telefonema.

Com este calor, demos um salto até à praia, Uma névoa. Um certo calor mas envolto em névoa. Bonito, apesar de tudo. Ou, sobretudo, por isso.

Ao chegarmos, um casal de noivos no areal. Só os dois. A olharem para cima, certamente intrigados por estarem só eles, como se o resto do pessoal tivesse tido mais que fazer. 

Passado um bocado chegaram duas convidadas e lá foram para um palanque.

Fomos fazer a nossa caminhada. Depois sentámo-nos na areia. Mal estendi a minha toalhinha e me sentei, logo o urso felpudo veio deitar-se sobre ela ao meu lado. Passado um bocado, pôs-se a fazer o buraco do costume e a encher-nos de areia.

Nessa altura, o meu marido disse-me: 'Olha ali'.

Ao princípio, de longe e com a neblina, não dava para perceber. Depois percebemos. Dois casais. Um era uma dupla de fotógrafos e o outro casal era o objecto da sessão fotográfica: de joelho em terra (leia-se, em areia mais do que molhada) o homem pedia a namorada em casamento. Mas isto com a fotógrafa a pedir e a ensaiar poses, ângulos, orientação solar. Portanto, chegámos a isto. Um homem pergunta à mulher se quer casar. 

Mas fá-lo em público, com pessoal contratado a fotografar. Agora, toda a gente, qualquer vulgar anónimo, acha-se uma estrela de cinema com direito a publicação de reportagem fotográfica de momentos que, em situações normais, deveriam ser íntimos. E, mais do que certo, já estava mais do que pedido, ou seja, mais do que tudo combinado, aquilo ali na praia deve ter sido apenas um faz de conta.

Ora, pergunta a minha ignorância: para quê isto? Para impressionar os outros? Para se sentirem famosos?

Dá ideia que parte das pessoas se vai afastando da genuinidade, da espontaneidade, da simplicidade... e isso, cá para mim, não pode ser saudável.

Pelo contrário, no extremo oposto, há outros que se afastam totalmente deste mundo e buscam a quase eremitagem, o isolamento. No outro dia, quando perguntei a uma amiga pela outra filha, contou-me, com um certo desconcerto na voz, sobre a sua opção de vida, a viver no campo mais campo deste país, a viver do pouco que as suas mãos produzem, sem preocupação em acautelar o futuro, apenas querendo viver em paz, no silêncio, de quase nada, longe de tudo. 

São pólos opostos. Provavelmente a virtude estará a meio destas duas realidades. Mas que sei eu...?

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O que sei é que vi estes vídeos e achei o máximo.

Cockatoo teasing Kookaburra


Existential Guinea Pig


Are you filming me?


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Desejo-vos uma feliz, feliz, feliz sexta-feira

Saúde. Afecto. Paz.

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