terça-feira, agosto 22, 2023

No escritório de Agustina

 

Gostando tanto de cuscar as casas dos outros, naturalmente gosto ainda mais da casa dos escritores. Aliás, tenho um livro muito bonito, com fotografias, sobre a casa de vários escritores.

Ainda tenho aquela coisa mítica... ah e tal... os escritores... os hábitos, como é, onde estão, como fazem...

E, na volta, uns são assim e outros são assado e sobre uns há coisas para mostrar e sobre outros não há nada porque escrevem no computador, em qualquer lado, sem rotinas ou casa arrumada que se possa mostrar.

Seja como for, apareceu-me o vídeo abaixo e estive a ver de gosto depois de ter visto uma entrevista longa com a própria Agustina.

Estive também a ver uns sobre e com o Luíz Pacheco. A vida desgraçada que levou... Talentoso mas um caso perdido a nível da vida pessoal. E, no entanto, como tantas vezes acontece com quem tem vidas desventuradas e amalucadas, ele próprio virou um extraordinário personagem. E foi ele, através, sobretudo, dos seus diários, que lhe desenhou o enredo.

Agustina está nos antípodas do Pacheco. Atinada, organizada, uma vida familiar e social estável, bem definidas. Tinha uma base sólida sobre a qual erigir a sua obra. Pacheco, pelo contrário, sem alicerces, sem estrutura de sustentação, teve uma vida familiar, social e literária caóticas.

No caso de Agustina gosto de ver a filha, Mónica Baldaque, falar das coisas da mãe. Não há veneração. Há pragmatismo e admiração. E isso soa agradável.

Foi neste escritório que Agustina Bessa-Luís escreveu a maioria das suas obras, marcando de forma indelével o panorama literário português do século XX. Mónica Baldaque conduz-nos numa visita guiada às memórias guardadas nos objectos da mãe, ainda expostos como no tempo em que Agustina vivia na casa da Rua do Gólgota, no centro do Porto.


Desejo-vos um dia feliz
Saúde. Tranquilidade. Paz.

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