Dia em família, tranquilo, os meninos a jogar horas de ping-pong, uma boa tarde de sol, uma temperatura no ponto, as buganvílias numa explosão de cor.
O terraço que arranjámos junto à porta da sala tem-se revelado um lugar aprazível, abrigado, confortável. É aqui que geralmente nos concentramos.
As rosas também estão a aparecer, rubras, belíssimas. As nêsperas estão doces de dar gosto. A natureza é generosa.
O urso peludo está cada vez mais educado. Obedece, brinca, fica ainda mais feliz quando está em família.
Contudo, de vez em quando, cansado de tanta brincadeira e tanta emoção, aproveita para descansar.
Eu não joguei, tenho medo que o joelho se ressinta. Dentro de água pontapeio, pedalo, dobro, estico, levanto, salto e o diabo a sete mas, cá fora, parece que agora ganhei um bocado de medo. Fiquei a ver e a fotografá-los que também é bom. E, se alguma bola vinha parar cá fora, eu ia apanhá-la. Já não é mau.
Quando estávamos a regressar a casa, vimos um pica-pau muito bonito.
A natureza é uma coisa extraordinária na sua diversidade, na sua beleza. Mas temo que um dia deixe de ser assim.
Assusta-me muito a seca e, em geral, as alterações climáticas.
Temos que, muito urgentemente, encarar de frente a situação da falta de água. Seja criando barreiras que ajudem a criar condensação e que favoreçam a formação de nuvens, seja dessalinizando a água do mar, criando muito mais bacias de irrigação e pipelines de distribuição, seja florestando e criando mecanismos de fixação de humidade, não sei -- creio é que é crítico que se estudem urgentemente alternativas e se comece enquanto é tempo.
Nem quero pensar que o mundo em que os meus netos vão ser adultos pode ser inóspito, até cruel, e que nós, os da geração que contribuiu para isto, nada fizemos para garantir a qualidade de vida dos que nos sucederão.
Espero que António Costa, com o apoio de Marcelo, saibam mobilizar o País nesse sentido.
Mas, enfim, é fim de semana prolongado e em dias assim não é a melhor altura para se falar de temas destes. Certo?
Portanto, adiante.
Não tenho pegado no meu book, o que está em recuperação e que, depois, ainda tem que ser lido e relido e editado. Os dias correm sem parar e eu não consigo agarrar o tempo.
No outro dia, um senhor disse-me que não tinha sensibilidade ao calor em dois dedos. Não percebi bem o que ele me estava a dizer. Concretizou: tinha tido um AVC e tinha ficado com essa sequela. Fiquei admirada. Terá uns cinquenta e tal, magro, sem factores de risco à vista. Explicou que acreditava que tinha sido o tabaco, que fumava muito. Depois disse-me: 'Temos que viver bem todos os dias porque um dia pode acontecer uma coisa que não esperávamos e deixamos de ser iguais ao que éramos antes'. Encolheu os ombros com uma certa tristeza. Compreendi-o muito bem.
E concordo com ele. Não sabendo se amanhã vai ser um dia bom (ou pior do que o de hoje), que saibamos aproveitar cada momento.
_________________________________________
Ao ritmo da natureza
Sem comentários:
Enviar um comentário