domingo, janeiro 08, 2023

Quando a realidade supera a ficção.
E, para variar, quando os anjos sorriem.

 



Ainda estou perplexa com o conteúdo do livro que a minha filha está a ler. Supostamente é um livro em que a história e os personagens são ficcionados. Acredito que quase toda a gente que o lê, cá e nos países em que está publicado, não faz a mínima ideia de que todo o enredo é rigorosamente verdadeiro.

A questão é que grande parte do que ali se lê não é propriamente muito abonatório para as pessoas em causa. E a questão é também que pelo menos uma pessoa ali retratada é uma figura pública, altamente conceituada e tida como bastante respeitável e prestigiada.

Muitas vezes a vida das pessoas é plurifacetada e poucas pessoas a conhecem em toda a sua latitude. Por isso, quem leia o livro e não conheça os pormenores reais da vida das pessoas, ao lê-los, não lhe passa pela cabeça que são rigorosamente verdadeiros nem que respeitam àquela pessoa que conhecem da vida pública. E depois há ainda os outros personagens do livro. E os outros personagens são também pessoas da vida real. E as infidelidades, espionagem, denúncias, discussões, vaidades, etc, que ali aparecem são todas literais bem como são fiéis reproduções da realidade todos os episódios, mesmo os marginais, que ali aparecem descritos.

E eu conheço, por tê-los sabido na primeira ou na segunda pessoa, o que ali é descrito. A doença do irmão, a actual mulher, as molduras sobre a secretária, os almoços com os filhos, a infidelidade do genro, a infidelidade da filha. Enfim, tudo. 

Perante isto fico naturalmente perplexa: será que os próprios sabem que a sua vida está ali exposta? Passar-lhes-á pela cabeça que alguém passou a sua vida a livro? Ou sabiam que uma da pessoas, por sinal malquista na família, é amiga de um escritor e que este risco existia? E, sabendo-o, como reagirão? Vão processar o autor, assumindo, dessa forma, que tudo o que ali está, do mais ridículo ao mais grotesco, é verdade? Ou ficam, simplesmente, transidos de medo que a notícia de que aquele livro é a sua história e que é tudo verdade se espalhe? 

Não sei. Sei apenas que fico perplexa com isto.

___________________________________

Mas, enfim, adiante. Não serei eu a revelar. No entanto, acho que não vou resistir a dar uma ligadela a um amigo que sabe tanto de todas as histórias quanto eu. O meu marido sugeriu que eu lhe pergunte se foi ele a garganta funda do autor...

_________________________________


E, para mudar de assunto, uma coisa completamente diferente. Tem legendas em português (activar nas definições, clicando na roda dentada)

There are angels

What if you knew that the way to access the very best in yourself - the light side of your humanity - was by facing your darkness? 

One of the most powerful turning points in life comes when we begin to understand the shadow as a great teacher.  In darkness, it waits for the light of our own awareness - to be seen, heard, understood, and embraced.  And as we learn to accept and care for all parts of ourselves, we grow and evolve into our best selves.  

Gradually coming to love the shadow gives us access to the wisdom that it holds for us at its core - the secret gems we find when we dare to open the hidden door of the shadow.

Filmed at Nieu Bethesda, South Africa. Featuring Daleen Kruger


_________________________________________________________

Pinturas de Teerawat Kanama acompanhadas por Maria Ioudenitch & Kenny Broberg que, de Rachmaninof, interpretam: "Don't sing, my beauty, for me" (from 6 Romances)

__________________________________________________

Desejo-vos um bom dia de domingo
Saúde. Alegria. Paz.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas o livro, de um ponto de vista literário, terá pouco valor. Não é assim?

Um Jeito Manso disse...

Olá Anónim@

Isso do valor relativo, não é?

Já estou a ler pois a minha filha já o acabou e trouxe-mo. Não posso dizer que o considere alta literatura mas é uma escrita fluente, escorreita.

O autor tem vários livros publicados em vários países e já recebeu vários prémios.