domingo, novembro 21, 2021

Estes hiperactivos que nos rodeiam

 


Bem. Dormi que nem uma pedra. Sono e cansaço à mistura com um relaxante muscular é cocktail dos bons. Devo ter dormido oito horas e tal sem interrupção. Acordei com uma boa disposição de dar gosto. O dia foi bom, tranquilo, parte em casa da minha mãe com a minha filha e sua trupe. E, claro está, a pequena fera.

Como não dormiu a sesta, o baby dog não esteve com as pilhas ao máximo. Ainda assim, pôs um dos meninos a choramingar, já sem saber como se ver livre dele, já assustado com a brincadeira que o maluco tem de mordiscar os pés. Felizmente o irmão foi em seu socorro. Ao princípio não percebemos e acho que a mãe ainda se zangou com ele. Só quando ele disse que o pequeno urso cabeludo estava a fazer bullying ao irmão é que reparámos. Não é por mal, é pura brincadeira, quer tirar-nos as meias, quer chamar a atenção, quer levar a dele avante. Como é teimoso e ainda bebé não percebe quando deve parar. Está-lhe na massa do sangue. A necessidade de muito exercício e a teimosia são características dos Serra de Aires. Isso e o serem muito inteligentes.

Mas, pronto, é o que é.

A minha mãe preparou o lanche do costume que faz com que os meninos, quaisquer que sejam, fiquem esfomeados mal poem o pé dentro de casa. Cheira a bolos, a crepes, a coisas boas. Tem uma vitalidade invejável a minha mãe. Faz um bolo de cenoura coberto de chocolate que é uma maravilha. E uns crepes que não lhe ficam atrás. Costuma fazer um creme de chocolate para barrar. Outras vezes faz também um doce de ovos que sabe a torta de Azeitão. Também me desforro. Um dia não são dias. Mas estou a comer aquelas gordices e a pensar como hei-de compensar. O pior é que tenho bom apetite, sou um bom garfo. 

Vai fazer um colete de malha, sem mangas, branquinho, para a minha filha. 

Anda sempre activa: aulas na univerdidade sénior, ginástica, fisioterapia, compras, tricots e crochet, leituras, tratar da casa, receber a família, fazer caminhadas. Queixa-se que não lhe sobra tempo para descansar. Por isso, está como está, jovem de espírito e, fisicamente, elegante e, salvo as coisecas da idade, de boa saúde. 

Quando chegámos a casa, como seria de esperar, o little baby bear caiu a dormir. Ficou na sala da lareira que foi onde aterrou. 

Quando acordou, largou a correr e entrou aqui na sala da televisão como um touro desembolado. O que ele para aqui fez nem sei explicar. Espalha-brasas, foguete canino. Hiperactivo.

Agora que escrevo isto, hiperactivo, lembrei-me do filho de uma rapariga que conheço. Ela é obesa. E quando digo obesa não quero dizer muito gorda. Não, quero mesmo dizer obesa. Gordura, se moderada, pode ser considerada formosura. Mas gordura excessiva, daquelas que sobrecarrega o coração e o esqueleto, não pode ser saudável. Já foi operada, salvo erro aquilo da banda gástrica, e ficou um pouco melhor. Mas acho que já voltou ao estado anterior. Uma bolinha. Quando vi as fotografias dos filhos percebi que eram umas amostras dela. Duas bolinhas em ponto pequeno. Uma vez vi-a com um saco com umas quantas embalagens de pão bimbo. Disse-me que os miúdos só comem desse pão, por ser fofinho e sem côdea. Disse-lhe que pão muito refinado não é lá grande coisa para miúdos. Disse que também acha mas que é o único pão que comem.

Uma vez vi-os ao vivo. Tinha levado para o lanche dos filhos: pacotes de sumo, pacotes de bolachas e de guloseimas. Voltei a alertar para o elevado poder calórico de tudo aquilo. A resposta foi a mesma: que quer que eu faça? já não sei que lhes dê, não querem outra coisa. 

Entretanto, o miúdo andava a tratar-se numa psicóloga por ser hiperactivo. Inclusivamente tomava a célebre ritalina. Quando ela me contava sobre o rebuliço que o miúdo causava quando estava na sala a ver televisão ou na sala de aulas, eu dizia-lhe: mas será que não tem a ver com comerem calorias a mais ou alimentos com cafeína? Ela dizia que não, que era dele. E vá de ritalina.

Não sou entendida e, se calhar, o problema da hiperactividade dos miúdos é coisa deles e nada a ver com o exagero que ingerem. 

Mas uma coisa é certa: não sei o que sentem os hiperactivos mas uma coisa deve ser certa: conviver com um ser hiperactivo é muito cansativa para os outros. Pelo menos nós dois, quando ao fim do dia o little baby bear desata a saltar, a querer atacar-nos, a pucxar almofadas, a fazer toda a espécie de disparates, ficamos a ponto de rifá-lo. Bem tento puxá-lo para o meu colo para ver se nos meus quentinhos se deixa contagiar pelo mimo. Mas é sol de pouca dura.

Mas ainda não consegui ser bem sucedida de forma sustentada. E, agora que ele já adormeceu, estou aqui só a cair para o lado. Portanto, assim sendo e nada mais havendo a acrescentar, o que eu estimo é o que eu desejo.

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E, já agora, por falar em hiperactividade, "Make 'Em Laugh" pelo hiperactivo  Donald O'Connor


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Desejo-vos um belo dia de domino

1 comentário:

Anónimo disse...

“ … se existissem pedopsiquiatras quando nasceu ... estaria LIXADO.
Ter-lhe-iam diagnosticado enquanto criança como HIPERACTIVO,
enquanto adolescente como BORDERLINE
e como adulto seria seguramente um BIPOLAR …”

A partir do minuto 3,40
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-coimbra-de-matos/