Se repararam nos quadros do meu post de ontem, um dos 'top risks' mundiais identificados tem a ver com a água. Não quero alimentar o catastrofismo mas, apenas, chamar a atenção para sinais mais do que evidentes de que os riscos não são futurologia nem são riscos locais e facilmente debelados. Pelo contrário, estão à vista, são gerais e são muito dificilmente mitigados. Pior, ao efectivarem-se geram outros efeitos, alguns mais graves do que antes expectáveis ou, de todo, antes não expectáveis.
Temos, pois, que lhes dar atenção, perceber o que está na sua origem e querer, querer de forma activa, mudar as políticas e as atitudes que a tal conduziram.
Os riscos relacionados com a água não têm apenas a ver com a sua escassez embora a escassez seja também já um facto em crescentes pontos do planeta. E quem diz a escassez diz a incapacidade para tornar a água potável. Mas depois há também factos inesperados. Extensos, graves. Não são de hoje. Mas são cada vez mais frequentes, mais extensos, mais graves.
Sugiro a leitura do artigo do The Guardian cujo título encima este post. As imagens são devastadoramente belas. Parece um sonho verde. E, no entanto, como tantas vezes acontece com o verde, é um verde que transporta traição. É um verde fatal. Nem sempre a toxicidade vem envolta em verde mas as imagens que retirei do artigo estão tingidas de verde.
Uma vez mais, não são actos de Deus: são obra do homem. Têm a ver com as alterações climáticas ou com uso intensivo de fertilizantes químicos.
Toxic formations across the US and the Baltic are part of a worrying trend linked to the climate crisis and farming methods
(...) In 2018, there were more than 300 reported incidents of toxic or harmful algae blooms around the world. This year about 130 have been listed on an international database, but that number is expected to increase.
Recent reports of a new ‘‘red tide’’ emerging in Florida and more dead wildlife have put the tourist and fishing industries on alert, braced for further devastation.
The causes of the blooms vary, and in some cases are never known, but in many parts of the world they are being increasingly linked to climate change and industrialised agriculture. (...)
“We need to do something about climate change and we’re either going to be paying for it by reducing greenhouse gases or we’re going to be paying for it by additional treatment of water,” says Bridgeman, adding that most of the blooms around the world have a human element to them.
One thing is certain. Algae blooms aren’t going away but are yet another sign – like ocean acidification, vanishing Arctic sea ice, and mass extinction of the Anthropocene – “of an ecosystem that is out of balance,” says McFarland.
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Sei que a segunda fotografia é de Zachary Haslick. As outras não sei mas constam do referido artigo do The Guardian
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E alguma música em verde e azul para salvar o mundo
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Até já.
Até já.
1 comentário:
Olá UJM,
Se o problema é global, acho que pelo menos se devia fazer alguma coisa a nível local. E a questão das algas é o prato do dia no Verão em muito lugar de Portugal... faz muitos anos. Talvez dos sítios mais conhecidos seja o Tejo, especialmente na zona de fronteira - onde se junta a carga poluente com os caudais ínfimos.
E mais, que a chuva no último mês não nos iluda, o défice de água é visível em muito lado, especialmente a Sul. E os campos de golfe lá continuam e até aumentam. E a agricultura intensiva nessas regiões cresce exponencialmente.
Estas cheias aqui para o Mondego até são positivas, não só a nível da reposição da fertilidade dos solos como de limpeza dos poluentes depositados. Era um elemento regular natural que por via da artificializacao se perdeu. E veja-se que pode até beneficiar a pesca ou ajudar na reposição de areias nos sistemas dunares.
Preocupa-me muito que em Portugal já nem sabemos lidar com situações regulares típicas quanto mais com os desvios ao padrão ambiental que se antevê que venha a ocorrer.
Um problema muito complexo para o qual só há paliativos.
Abraço!
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