segunda-feira, abril 23, 2018

Terra. Não morras.




Penso que já aqui contei que um dos primeiros livros que me fascinou, teria eu uns cinco anos ou seis anos, foi um livro sobre o mar com fotografias maravilhosas de peixes, corais, moluscos, algas. 


Primeiro lia apenas os seus nomes, achando graça ao curioso nome que aparecia por baixo. Mas, mais tarde, lia também as caracterizações biológicas daqueles seres que me encantavam. Durante anos folheei e li aquele livro. Era um mundo inacessível aos meus olhos, um mundo maravilhoso, quase mágico, onde vivia um peixe que se chamava peixe-balão, com corais, com cores e formas que eu nunca antes tinha visto.

Também já contei muitas vezes que, quando menina, o que eu gostava mesmo era de andar na rua, em especial no campo que havia perto da casa da minha avó materna ou na horta, atrás do meu avô paterno. 


Ou como gostava de ir com o meu pai ou com o meu avô apanhar amêijoas ou 'isco' para a pesca. Era uma praia que não era normal, era uma praia pedregosa com areia escura, onde havia sempre marisco, conchas maravilhosas, limos de cores e cheiros que a mim me pareciam inebriantes.

E, quem aqui me acompanha, estará farto de saber que, desde sempre, tive vontade de ter um bocado de terra que fosse meu. E saberão de cor e salteado como uma vez -- a minha filha já quase adolescente, o meu filho ainda miúdo -- encontrámos um pedaço de chão coberto de pedras e mato rasteiro e uma casa especial num canto e, todos, imediatamente nos apaixonámos. Saberão também como na minha cabeça se forjou um sonho e que não descansei enquanto não o transformei em realidade: ali haveria de nascer um pequeno bosque, com sombras, com pássaros. E durante anos plantámos árvores e arbustos e regámos e protegemos dos coelhos, dos ventos, das temperaturas extremas.


Por isso, não é novidade que é na natureza que habitam as minhas divindades, que é na natureza, que para mim, residem todos os mistérios do mundo. Se tenho algum sentido de religiosidade, ele advém sempre da contemplação da natureza, da adoração que tenho com tudo o que a ela se prende. Respeito os animais, as árvores, as pedras, a luz, as sombras, o canto dos pássaros, a chuva, as águas do mar e dos rios, o silêncio bom das noites de luar.

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Parece que foi Dia da Terra e eu, vagueando por alguns sites, descobri estes vídeos que me apetece partilhar convosco.

Se há coisa que verdadeiramente receio é que os meus descendentes, os que já existem e os que existirão, possam não vir a conhecer o mundo belo e puro como eu ainda tive e tenho o privilégio de conhecer.








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E queiram ir deslizando por aí abaixo caso vos apeteça acompanhar-me nos meus passeios deste fim de semana.

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