Os restaurantes todos cheios. Liga-se a reservar e a resposta é sempre esta: Lamentamos mas já não nos é possível, estamos cheios, já não aceitamos reservas para hoje. Todos cheios. É bom sinal. Mas é uma maçada. O do peixe: cheio. O japonês: cheio. O tradicional: cheio. O de street food: cheio. É certo que era sexta-feira à noite mas ser sexta-feira à noite desculpa tudo?
E é bom que se saiba: restaurantes cheios é bom sinal. E o dinheiro a girar é coisa boa e coisa e tal. E isso tudo. Mas sai uma pessoa da fisioterapia, depois de uma coça na cicatriz e de reestruturexes daquelas em que até o sangue corre em direcção à sargeta, e pensa: sexta-feira que é sexta-feira é cheia de desobrigações e bora lá mas é dar uma esticada e tudo no relax e numa de zen mood... E, na volta, é isto.
Mas pronto, não me queixo que estou de barriga cheia. Manuris e gyros e petisquinhos bons. Nada de maîtres fru-frus, é verdade, mas que importa isso?
Não me apareceu nenhum frangote oferecido, nenhum galaroz tentador, nenhum pato bravo, nenhum peru emborrachado, nenhum porco amansado, nenhum boi de estimação. Nada disso. Muito menos servidos em travessa com o pó mal limpo. Certo que há arquitectos na família mas a verdade é que não seja por isso e, de resto, frescuras não é comigo. Tiropitas, manuris, frutos secos, licor de vinho doce, carne grega (não sei de que bicho e prefiro nem pensar nisso). E depois iogurte com mel e nozes. Tá-se. Ou melhor: Teve-se. Do verbo tar, bem entendido.
Na mesa atrás de mim, dois belos exemplares masculinos mas só com olhos um para o outro. E eu só os tinha para quem estava à minha frente pelo que não sei quem mais lá estava. Vigário não vi nenhum. Mas, se estivesse, já sabia que não devia prová-lo. Ouvi bem o conselho. Mas, de qualquer forma não me tentaria. E não porque pudesse estar fora de prazo mas porque, a mim, padres só dos que cantam canto gregoriano. Gostos.
E pronto. Por ora, nada mais a acrescentar. Só que, ao contrário da senhora do restaurante abaixo, acho que não é provável que eu volte a engravidar. De um vigário, pelo menos, não.
O maître grego é para cima da minha idade, usa cabelo comprido em tom de platina, é agordalhado, usa um avental grande muito pouco alinhado e no fim da noite vem sentar-se à porta, de perna aberta, a fumar um cigarro, a pensar nas ilhas distantes e a aspirar o ar fresco que vem do mar.
Mas este foi-me o segundo do dia. No ginásio da fisioterapia, eu a puxar elásticos e aparece-me ao lado um outro igual mas em tronco nu. Olho e nem quero acreditar. Pêlo de alto a baixo e em todo o perímetro. Grande, quase gordo e ostensivamente peludo. Eu a puxar elásticos e ele a fazer o mesmo, naquele descaramento capilar. Tenho que falar com a chefe do serviço a dizer que não devem aceitar pacientes naquela condição. Ou se depilam ou vestem uma bata. Pêlos parciais ainda vá que não vá. Agora uma de tony ramos assim, ali, a despropósito, uma coisa frondosa daquela boa maneira... ele era costas, ele era ombros, ele era peito e barriga, ele era braços... e nas axilas...? -- nunca vi coisa daquela proporção... Parece-me muito impróprio, pronto. Eu a tentar ser boa aluna, concentrada nos movimentos, e com o fisioterapeuta a mandar-me olhar para a frente, para o espelho, e aquele macacão, naquela exuberância pelórica, ali quase ao meu lado a fazer o mesmo. Que confusão que aquilo me fez.
Já, no outro dia, outra situação. Sento-me numa cadeira a fazer roldanas e em minha frente uma senhora muito marquesa e muito donzela sai-se com esta: Até que enfim tenho uma companheira de roldanas... E fez um sorriso beatífico. Depois, enquanto um braço levantava e outro baixava e assim alternadamente, semi-cerrava os olhos como se aquilo a deleitasse. Depois entreabria-os e sorria-me com ar cúmplice. E eu, tentando corresponder e a pensar: deverei sentir-me irmanada...? deverei sentir-me um bff dela? Depois levantou-se, semi-cerrou os olhos para se despedir de mim, fez um sorrisinho angélico ou ternurento, nem sei, e afastou-se como se fosse nas nuvens.Mas, pronto, voltando ao grego. Ao restaurante, mais concretamente.
Não me apareceu nenhum frangote oferecido, nenhum galaroz tentador, nenhum pato bravo, nenhum peru emborrachado, nenhum porco amansado, nenhum boi de estimação. Nada disso. Muito menos servidos em travessa com o pó mal limpo. Certo que há arquitectos na família mas a verdade é que não seja por isso e, de resto, frescuras não é comigo. Tiropitas, manuris, frutos secos, licor de vinho doce, carne grega (não sei de que bicho e prefiro nem pensar nisso). E depois iogurte com mel e nozes. Tá-se. Ou melhor: Teve-se. Do verbo tar, bem entendido.
Na mesa atrás de mim, dois belos exemplares masculinos mas só com olhos um para o outro. E eu só os tinha para quem estava à minha frente pelo que não sei quem mais lá estava. Vigário não vi nenhum. Mas, se estivesse, já sabia que não devia prová-lo. Ouvi bem o conselho. Mas, de qualquer forma não me tentaria. E não porque pudesse estar fora de prazo mas porque, a mim, padres só dos que cantam canto gregoriano. Gostos.
E pronto. Por ora, nada mais a acrescentar. Só que, ao contrário da senhora do restaurante abaixo, acho que não é provável que eu volte a engravidar. De um vigário, pelo menos, não.
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E queiram, por favor, descer para testemunharem uma conversa privada entre dois ilustres juízes.
Nao é coisa que se faça mas, em tempos de voyeurismo, q s f.
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