A casa parece-me bem. Gosto de casas amplas e luminosas entre pinheiros. Também gosto de piscinas com zonas de luz e sombra, onde cheira a campo. Portanto, por aí, tudo bem.
Também gosto dos sapatos. Já a carteira me parece de gosto algo duvidoso. Nem percebeo se aquilo tem um ar prateado, se plastificado. Mas não queria para mim.
Quanto ao primeiro movimento que parece ir resultar num mergulho de chapa, percebo-a. Não sei porquê, nunca fui dada a mergulhos encarpados. Vejo os que me rodeiam, pimentinhas incluídos, tudo a chegar à beira e, braços à frente, aí vão eles, mergulho bem desenhado. Eu não. cho que, se me atirar assim, o mais certo seria parecer um gato espalmado na água. Nem tento. Sempre fui mais na base de entrar suavemente ou, quanto muito, de pé, de salto, dedos a tapar o nariz. Mas, enfim, a ela afinal não lhe sai um chapão pois o que se vê é que, biblicamente, ela caminha sobre as águas.
Também gosto do gesto dela de sacudir os sapatos para bem longe para, de seguida, desafiar as leis da gravidade. Isso gosto de ver mas nem me ocorreria fazer: cairia redonda no meio do chão (e que os puristas que pluvuiometricamente esquadrinham o mal-falar e pior-escrever que por aí há que me desculpem tanto nonsense numa só afirmação mas é o que se me soa.)
O vídeo não é recente e, depois do que aqui se vê, já muita intriga e bons auspícios aconteceram na vida de Marion Cotillard mas o algoritmo do YouTube é sábio. Sabendo que estes dias têm sido puxados e que estou mais para lá de bagdad do que fresca e mimosa, propõe-me cenas dizendo que acha que vou gostar ou, descaradamente, diz que escolheu para mim e pimba, uns quantos vídeos. E acerta, caraças. Geralmente acerta. Eu, de fizesse um algoritmo destes, escolheria alguns índices: elegância, bom gosto, humor, irreverência, boa música, dança, arte, moda. Coisas nessa base. E talvez também aparecesse coisa de meu agrado. Mas assim é bom, nem tenho que pensar num assunto. O YouTube serve-mo de mão beijada.
Eu explico. Estou a milhas da actualidade. Não saberia de que falar. Agora a casa está tranquila e as tropas recolheram às suas guarnições depois de dois dias de aquartelamento. Nem energia para passar as fotografias para o computador eu tenho. Quando há pouco me preparava para aterrar aqui no sofá, já o meu marido estava estendido no dele. Passava o Passos Coelho a dizer disparates nem sei onde. Perguntei, admirada: 'Estás a ouvir isso...?'. Com o comando sem pilhas e quase incapaz de se mexer, respondeu que o láparo estava a dizer os mesmos disparates pela segunda vez, a repetir o que tinha acabado de dizer e que os jornalistas não lhe tiravam o microfone da frente. Perguntei-lhe o que é que o outro estava a dizer. Respondeu: 'Sei lá. Achas que presto atenção?!?'. Pronto, nem referi a aparente incongruência. Limitei-me a ir eu mudar de canal à mão.
Tirando isso, nada. Não sei de nada.
Portanto, não faz mal que o vídeo não seja de agora porque é bom na mesma e agradeço que mo sirvam de bandeja.
Marion Cotillard - Enter The Game
Engraçado também é o making of. E o engraçado também é que parece que já estou com fome. Acabei de jantar há umas duas horas e já estou como se nem tivesse comido nada. Nos dias de barafunda, acho que o meu cérebro não processa que estou a refeiçoar e, portanto, dá sinal de que está na hora. Cérebro mais desapassarado, o meu. Mas adiante.
Behind The Scene "Enter the game"
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E talvez até já.
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