quinta-feira, junho 15, 2017

Mais do que uma questão de moda, uma questão de gosto





Alguns testes, daqueles que se encontram em sites com testes de personalidades ou nos sites femininos (lugares que, volta e meia, me acolhem, em especial quando a realidade me dói ou me cansa) dizem que a minha cor é o encarnado, a cor da paixão, do vibrante e intenso fogo.

Outros dizem que é o amarelo, a cor da luz, a cor dos que, mesmo sem querer, atraem e iluminam o que os rodeia.

Não sei de nada disto: não faço ideia se há rigor nestas conclusões ou se isto tem a ver com psicologia ou com estatística -- ou se é treta pura e dura.

O que sei é que, indubitavelmente, estas são, de longe, as cores que predominam no que pinto ou nos bordados que faço (ou melhor: no que pintava ou bordava pois, como é sabido, tenho andado a ser infiel para com essas duas minhas fontes de prazer) ou com que, em geral, mais me identifico.

E o que também sei é que, este ano, posso com tranquilidade dar bom uso aos meus felizes outfits em encarnado já que é a cor mais fashionable deste verão. 
Claro que, dizendo isto desta maneira, terei que contar com a vossa perspicácia para darem o devido desconto pois, como é bom de ver, visto o que calha, consoante a disposição ou as circunstâncias por onde terei que passar durante o dia. Mas, se uns dias posso ir na base do angelical, branco e azul claro, por exemplo, outros dias irei inflamável da cabeça aos pés. 
Agora uma coisa posso eu aqui jurar a pés juntos: nunca na vida devo ter usado fato preto e camisa branca, daquelas camisas de corte masculino com colarinho, punhos. Nunca. Ou saia preta e camisa branca. Ou calças pretas e camisa branca. Que me lembre, o mais parecido foi calça fina em antracite com quase imperceptíveis riscas finíssimas, apenas um risco fino, em pérola, com blusa fina em seda também cor pérola clara e, bem entendido, um colar comprido de pérolas. Mas, de resto, parece que se não há um toque de cor já não sou eu. Ou seja, provavelmente, quando vesti o acima descrito, tive que usar um rouge abusador nos lábios.

Ora bem. Adiante. Vamos a coisas concretas.

Leio na Harpar's Bazaar que o verão vai ser red-hot e os exemplos que até aqui viram comprovam-no. Olho e caio logo de amores, imaginando-me assim, sem tirar nem pôr.

Penso que já vos contei que tenho dois pares de sapatos encarnados e que a primeira coisa que me lembro de querer quando comecei a ter voto na matéria foi um par de sapatos encarnados. E, de cada vez que ia com a minha mãe comprar sapatos, era uma peregrinação a ver se encontrava sapatos encarnados. Para mim o sonho começava quando me era anunciado que íamos comprar sapatos. Sapatinhos de veludo encarnados. Lindos, lindos. Geralmente, para minha frustação, não os encontrava (ou, então, a minha mãe combinava-se com o vendedor para ele dizer que não tinha). E lembro-me de um vestido num tecido macio em vermelho escuro com uma golinha de renda branca. E o meu vestido do baile dos finalistas também em encarnado, desta vez em encarnado-tijolo, sem costas até à linha da cintura e com um folho plissado a toda a volta do amplo decote, um escândalo que me fazia sentir uma perigosa princesa (daquelas tresmalhadas).

Mas, portanto, a moda deste ano sanciona este meu gosto.


(No entanto, calma aí, nada de exageros). 

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Claro que, a esta hora, já algumas leitoras mais recatadas devem estar a torcer o nariz. 
Acessórios em red-hot? Credo, que coisa mais incendiária... Diz-se santa mas, com gostos destes, a UJM não conseguiria ser admitida em nenhum convento! Está bem, está.
Pois bem. Torçam o nariz à vontade que a mim nada me demove dos meus gostos. Além disso, há pior.

Por exemplo, o fato de banho aqui abaixo. Pode ser original mas a mim nem que me pagassem milhões eu era capaz de ir para a praia nestas figuras.  

No entanto, há que ver sempre o lado bom das coisas: se algum dos meus leitores tiver pena de não ser parecido com o Tony Ramos e quiser passar por ser altamente felpudo, pode recorrer a este modelito.


E, para os meus Leitores homens, em geral, aqui fica, desde já um sério aviso. Se quiserem render-se aos ditames da moda, não vão na conversa daqueles estilistas que parece que gostam de vestir os homens como se fossem abichanados, camisinha estrelicada preta às bolinhas prateadas ou às estrelinhas às cores, calcinha justa à peixe-peixe (isto é, curtas, a deixar o tornozelo de fora), sem meias, sapatinho bicudinho marado.

Nada disso: aqui a vossa Sta UJM abomina isso. Homem que se quer homem (seja qual for a sua orientação sexual) deve vestir-se à homem e não à bichona maluca.

E nada de irem na conversa de que rendas é o que está a dar na moda masculina. Se algum costureiro vos disser isso, fazem o favor de o mandar ir dar banho ao cão. Se vos sei nestas figuras, de uma coisa podem estar certos: aqui não entram. Podem crer. E olhem que não brinco em serviço. Era o que me faltava estar aqui a escrever e aí, desse lado, um marmanjão vestido de calçonete e camisinha de rendinha rosa bebé ou azul-cueca. Era, era...! 


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Aquele tango está lá em cima apenas porque sim. E também porque gosto daquela música e daquela forma de dançar e porque a bailarina (do Grupo Corpo) está vestida de encarnado. Ou seja, parece-me que há fundamentadas razões para aquela escolha.

Contudo, quem não aprecie o género poderá optar por fazer acompanhar-se na leitura da minha pobre prosa desta música bem mais pia:


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Até já.

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