sexta-feira, junho 16, 2017

E a Agência do Medicamento vai para...





Bem. Agora que já troquei umas confidências convosco, inclusivamente mostrando-vos o que vou vestir para enfrentar a canícula, vou dedicar-me a assuntos sérios.

Não é que me apeteça. 
Por mim ia era continuar a escrever o meu folhetim (ainda não lhe dei nome porque só me ocorre um nome mas é um nome tão inconveniente que vou continuar a aguardar até que me ocorra um nome politicamente corrrecto). Mas, enfim, noblesse oblige, cá vou eu mergulhar na pós-actualidade. 
A questão é que não quero que achem que sou uma alienada de meia tigela, uma pipoca que nem sponsorizada consegue ser, uma pseudo putativa ficcionista que o mais que consegue é parir folhetins mal arraçados, uma dondoca só dada a frioleiras, felicidades e outros irritantes estados de espírito, uma zinha qualquer que se alheia das polémicas que incendeiam as redes sociais, os balcões televisivos e as bancadas parlamentares. Não, senhores. Esta que aqui vos serve está sempre com um olho no burro e outro no cigano. Por exemplo, não há uma jericada do láparo que me escape. Posso é ter pena e deixar passar. Ainda ontem ou antes de ontem, coitado, com uma conversa tão indigente sobre aquilo da dívida, a querer colar-se à boa gestão da dívida que o governo do Costa anda a fazer, como se o Costa andasse a fazer o que ele diz, ele que, quando no governo, fez tudo ao contrário. Coitado. Completamente maluco. Mas não falo nisso. Não me agrada bater em defuntos (neste caso, defuntos políticos mas, ainda assim, uma criatura que já não faz parte da vida; da vida política, quero eu dizer). Também não me passam ao lado os ciganos. Por exemplo, fartei-me de rir com as palermices do cão com pulgas. 
Eu sei que há leitores que se incomodam com os meus epítetos e compreendo-os. Também não acho elegante tratar um cão com pulgas por um nome próprio humano. Aliás não sou dessas modas. Cão é cão, não é Xavier, Marco ou coisa do género. Portanto, para ir de encontro à vontade desses leitores, não vou chamar-lhes nomes, vou limitar-me a tratá-los pela espécie. Quanto muito, e é se souber, pela raça.

Mas, dizia eu, que vi há pouco um nosso conhecido cão com pulgas a dizer que votaram por unanimidade a candidatura de Lisboa para a Agência do Medicamento mas era uma coisa na base do 'mais coisa, menos coisa' e que quem dizia Lisboa, dizia outra coisa qualquer. 


Também vi a célebre galinha careca toda esgalfinhada a dar no coco do Marcelo, que descentralização não é andar com ela na boca (ela descentralização, não ela galinha-macacuda) ou a bater perna por aí e, qual catavento, a fazer o 10 de Junho por terras de aquém e além mar. Não, senhor. Descentralização é querer uma Agênciazinha-inha-inha em cada Junta de Freguesiazinha-inha-inha.


E até vi o eterno putativo candidato a secretário geral do PSD, aquele que funciona na base agarrem-me senão candidato-me, também com ar enxofrado a dizer não sei o quê mas que Lisboa é que não. E até a Catarina e a Marisa, com aquele seu pendor para a chinela populista, saíram à liça a defender que se deve é mostrar perante o exterior que em Portugal reina a divisão, ou melhor, a confusão.


Ah, e também vi aquela mazona do CDS (deve ser tão má aquela mulher...!), com aquela sua cara embaciada sempre enfurecida, a insultar não sei quem, como se não tivesse sido uma das votantes ou como se fosse uma pobre deslembrada e já não se lembrasse do que votou há um mês.

Todos uns pândegos. Ou será do calor. Neurónios derretidos, quiçá. A inteligência fundiu, escorreu para fora da escabeça e só lá ficou o provincianismo.

Mas eu, eu-zinha, não quero ficar de fora de tão insigne discussão. Também tenho uma palavra a dizer. Se o que foi aprovado por unanimidade pela soberana Assembleia da República é que a candidatura se refere a Lisboa, então Lisboa será. Mas calma aí.


Calma aí porque, sendo eu de vistas largas, entendo que não é a Lisboa-pequena-Lisboa mas a Lisboa-grande-Lisboa. 

E, assim sendo, o meu voto vai para o Ginjal! O lugar mais lindo do mundo, de frente para Lisboa-a-bela, o Tejo correndo a seus pés, alongando-se oceano adentro. 
Que se reabilite com senso e sensibilidade aquele lugar mágico, que se preserve parte da beleza da decadência que por ali reina, que se valorizem os vastos horizontes, que se mostre à cinzenta Europa o que é trabalhar e viver no meio do azul, ao sol, respirando a limpa maresia.

Nem Porto, nem Braga, nem Coimbra, nem a Damaia, nem a Reboleira, nem Olhão nem a Praia dos Tomates: Ginjal, Ginjal, Ginjal! Ginjal! Ginjal! Ginjal!


Registem bem que só vou dizer mais uma vez: 

Agência do Medicamento para o Ginjal.
E não se fala mais nisso.

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