domingo, maio 14, 2017

Portuguese is quite possibly the loveliest language in which to sing soft, good, songs
--- diz o The Guardian --
Eurovision 2017 : Salvador Sobral, le miracle portugais
-- diz o Le Figaro
Salvador Sobral, el chico que odiaba Eurovisión
-- diz o El Pais
La sorella, la malattia al cuore: chi è Salvador Sobral, il vincitore dell’Eurovision Song Contest

-- diz o Corriere della Sera
A Portuguese Ballad Earns Country’s First Eurovision Victory
-- diz o The New York Times



Depois de ter escrito os dois posts abaixo sobre a participação do Salvador Sobral na Eurovisão, e ainda não refeita da surpresa não apenas pela vitória como do meu entusiasmo com isto, dei por mim a espreitar se tinha saído alguma coisa na imprensa estrangeira.



E gostei do que li. Gosto de ler coisas boas sobre o meu país. Longe parecem ir já os tempos em que éramos os pobres coitados geridos por um governo que queria ir além da troika, um país em que o primeiro-ministro, esse Passos Coelho de má memória, mandava os jovens emigrarem, fazia de tudo para vender as melhores empresas a estrangeiros, maltratava os velhos, os trabalhadores e os desempregados e fazia papel de subalterno na Europa, com a sua Marilú a bajular o Schäuble, deixando-nos a todos envergonhados por estarmos a ser representados no exterior por gente com vocação para serviçal. e para nada mais e, ainda assim, serviçais de quinta categoria.


Pois bem. Vivendo tempos bons, orgulhosos do seu mérito e mostrando a força da diferença, não apenas no futebol mas também a nível político (com a sua Geringonça a produzir resultados sociais e económicos dignos de registo) e agora, também, a nível musical, os Portugueses voltam a sentir o apreço da Europa -- por serem bons no que fazem e por serem genuínos e ousados.



Do The Guardian (e, confesso, ler isto quase me trouxe lágrimas aos olhos):

(...) and then, sublimely, Portugal, nicely described by Norton, back on form, as “just a boy in his bedroom singing a song written by his sister”. It was immensely, stoppingly surprising, and reminds us that Portuguese is quite possibly the loveliest language in which to sing soft, good, songs.

«Ma sœur l’a écrite et a pensé que je serais la bonne personne pour la chanter.» Sur scène, simplement positionné derrière le pied de son micro, le crooner portugais a transmis toute son émotion par la voix et la gestuelle, paraissant habité durant toute son interprétation.
Le public comme les jurys des 42 nations engagées cette année à l’Eurovision ont été séduits par cette proposition très singulière, sans fioritures.
Do El Pais:

Ha ganado Eurovisión sin enseñar parte alguna de su cuerpo, y cuando se desvistió fue para mostrar una camiseta de SOS Refugees. Salvador Sobral ha ganado Eurovisión sin confetis ni majorettes, por no necesitar, ni siquiera necesitó cambiarse de sexo.

El portugués que odia los festivales, que nunca en su vida vio una edición de Eurovisión, que ni siquiera enchufa la tele en su casa, ha ganado el festival de festivales con su voz y una canción de su hermana.
Do Corriere della Sera:
Nato a Lisbona, 27 anni, è il primo portoghese a trionfare al Festival. Insieme alla sorella Luisa, che ha scritto la canzone vincitrice e che l’ha sostituito sul palco perché Salvador soffre di problemi cardiaci piuttosto gravi.
Do The New York Times:

Salvador Sobral of Portugal broke one of Eurovision’s longest-running losing streaks on Saturday night, scooping up the country’s first-ever win with the uncharacteristically somber ballad, “Amar Pelos Dois.”

“I want to say that we live in a world of disposable music, fast food music without any content,” Mr. Sobral said as he accepted his award on Saturday night in Kiev, Ukraine. “Music is not fireworks, music is feeling, so let’s try to really change this, and bring music back.”

Salvador Sobral - Amar Pelos Dois (Portugal)

  LIVE at the 2017 Eurovision Song Contest



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E queiram, por favor, continuar a descer.

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3 comentários:

Pôr do Sol disse...

Ontem Portugal foi mesmo o país de Fátima, Futebol e Festival.

Admito que, mais do que Fátima o espectaculo, não o Papa, mais do que o Benfica, vibrei e emocionei-me com o resultado do Festival. E não me recrimino por isso.

Admiro a naturalidade de Salvador Sobral e o orgulho com que defende a lingua portuguesa e o seu hino ao amor.

Recordei os anos em que os amigos e família se reuniam para ver o festival da canção, porque não tinhamos mais nada. Hoje emocionamo-nos com a canção, que é muito bonita, com o que de bom toda a Europa disse e os prémios que deram aos manos Sobral.

Parece que tudo se conjuga para irritar antigos ministros que tudo fizeram para deprimir e minimizar Portugal.

Anónimo disse...

Não via o festival há anos, não vi no sábado. (Havia festa do Benfica, claro). Mas apanhei na tv o anúncio dos vencedores e a atuação final. Também me vieram lágrimas aos olhos, mas foi de tanto rir. Não só com o facto de a Luísa Sobral ser (ou fazer-se) fanhosa: aquele "talvenz" pôs-nos aqui em casa a rir desbragadamente. É pena, que ela até tem boa voz, melhor que o irmão. Peço desculpa, UJM: a simples canção da Luísa Sobral até é muito agradável, mas daí a serem os "salvadores" da música!... Que nos dias de hoje tudo o resto é "disposable" ou "fast-food music" e eles é que são especiais e fantásticos... Como se Madonna fosse melhor que Lady Gaga. Ou George Michael que Bruno Mars. Pop é pop e há mundo para além dele. Quanto pretensiosismo temos de suportar?...
Bom resto de domingo,
JV

P. disse...

Não vi o Festival, mas ouvi e li posteriormente o que se passou e gostei da postura quer dele, quer da irmã. Gente articulada, com boa cabeça, nada de peneiras e que pelos vistos encantam, cantando, ao ponto de terem ganho.
Quanto ao resto, essa manifestação primária futebolística, de festejos de bola, é coisa que abomino. Felizmente que vivo longe do Marquês de Pombal, para não ter que gramar com aquele primitivismo de adeptos ululantes. É dos dos "desportos" mais primários que conheço. Não há cenas como aquelas (de adeptos aos urros, à estalada, a atirar very-lights, pedras, sem conseguirem articular uma palavra decentemente, sob aquela emoção tresloucada, sei lá que mais) por exemplo, noutros desportos civilizados, como o ténis, a Formula 1, a Moto GP, etc. Ainda hoje estive a ver o GP de Espanha e aquilo é um desporto onde as pessoas que ali assistem se sabem comportar bem. Não há pachorra para espectáculos dessa natureza (ainda por cima do Benfica!). Assumo esta minha posição anti-futebol (e por junto anti-benfiquista) e estou-me completamente nas tintas para quem goste ou não.
Por aqui está uma noite agradabilíssima, sem vento, serena, boa temperatura, que apetece estar sob o telheiro a ouvir essa mesma noite. Sem um único ruído de automóvel. Como na cidade. Nada. Só um pássaro nocturno, aqui e ali, ao latir longínquo de um cão e é tudo. E claro, o mar, que daqui se ouve.
Boa semana!
P.Rufino