Marine le Pen (21.7%) e Emmanuel Macron (23,9%), agora é com eles.
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Não tenho muito a dizer sobre o resultado das eleições em França. Apenas um breve apontamento e só para aqui deixar o registo do momento. Pouco sei sobre o tema que me leve a achar que devo aqui botar faladura.
Sei apenas que compreendo a grande percentagem de votos em Marine le Pen.
Hollande foi uma lástima, um frangote que não consegiu afirmar o orgulho francês, a quem não se conhecem ideias que fiquem para a história, que deixou que a França andasse a reboque das vontades de Merkel. Com ele, o PS esvaziou-se. A falta de liderança dá nisto, desgasta as forças dos que os circundam. Uma abulia que alastra.
Do lado conservador, depois do carisma de Sarkozy que se foi diluindo entre o charme da mulher e as acusações em que anda envolvido, nada sobreveio. Fillon foi um tiro de pólvora seca que, ainda por cima, se viu desgastado com as situações de favor à família.
Depois Mélenchon. Pouco sei dele. À esquerda dos socialistas, foi uma surpresa. Fui sabendo das sondagens mas, mea culpa, não tive vontade de saber mais. Qualquer coisa nele me pareceu torná-lo pouco credível para a função.
Para além de outros não relevantes em termos de expressão, fica Emmanuel Macron e Marine le Pen.
Quando as pessoas vão votar em alturas de perturbação social, insegurança e medos querem natural mente alguém que lhes inspire confiança.
Para as comunidades rurais ou mal informadas, Marine é a maman, a mãezinha que afirma querer restabelecer o orgulho francês, repôr as fronteiras, abolir a baderna europeia, lutar contra imigrantes e terroristas. Marine é a figura que se apresenta firme, peito feito, sorriso protector. E, para além da imagem de lutadora destemida, adoça o conjunto, mostrando-se em fotografias em casa, num ambiente simples e acolhedor, com gatos passeando na secretária onde escreve ou com ternurentos gatinhos ao colo, Para quem vota escolhendo quem se lhe afigura mais capaz de domar os medos e ser a maezinha protectora, Marine aparece como a escolha certa.
Depois há Macron.
Portanto, para resumir. Os partidos, essa massa amorfa que se mantém unida à custa de interesses tantas vezes desarticulados e egoístas, deveriam ter a inteligência de saber repensar-se, reorientar-se, aproximar-se e perceber os anseios populares. Da forma como estão, máquinas anquilosadas, os partidos mantêm-se a marcar passo sem sair do mesmo lugar enquanto o eleitorado evolui ao sabor das crises económicas, das ameaças externas, das preocupações pessoais e sociais. E, assim sendo, a condução dos países vai caindo, cada vez mais, nas mãos daqueles que, de uma forma ou de outra, conseguem perceber a linguagem que diz alguma coisa aos eleitores. Terreno fértil, pois, para a demagogia. Com alguma sorte, aparecerá alguém minimamente equilibrado que não dê cabo do país. Parece que, pelo menos por agora, França conseguirá livrar da populista chauvinista Le Pen. Mas, enfim, reconheçamos que o consolo não é extraordinário.
Para quem quer mudar mas mantendo os valores europeus da liberdade, do humanismo inclusivo e de uma certa acalmia social, Macron aparece como uma escolha sensata. Acresce o lado romântico que, diz-me a minha intuição, influenciará o eleitorado feminino. O facto de Emmanuel, aos 15 anos, ter caído de amores por Brigitte, uma professora de 40, casada, com 3 filhos, e de ambos terem escondido o amor até ele ter 18, e o facto de ela se ter divorciado para se casar, anos depois, com o seu ex-aluno, sendo um casal inseparável, orgulhoso e elegante, de certeza toca, digo eu, o coração de muita gente.
Portanto, para resumir. Os partidos, essa massa amorfa que se mantém unida à custa de interesses tantas vezes desarticulados e egoístas, deveriam ter a inteligência de saber repensar-se, reorientar-se, aproximar-se e perceber os anseios populares. Da forma como estão, máquinas anquilosadas, os partidos mantêm-se a marcar passo sem sair do mesmo lugar enquanto o eleitorado evolui ao sabor das crises económicas, das ameaças externas, das preocupações pessoais e sociais. E, assim sendo, a condução dos países vai caindo, cada vez mais, nas mãos daqueles que, de uma forma ou de outra, conseguem perceber a linguagem que diz alguma coisa aos eleitores. Terreno fértil, pois, para a demagogia. Com alguma sorte, aparecerá alguém minimamente equilibrado que não dê cabo do país. Parece que, pelo menos por agora, França conseguirá livrar da populista chauvinista Le Pen. Mas, enfim, reconheçamos que o consolo não é extraordinário.
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E, enquanto Juncker e Merkel desejam "boa sorte" a Macron, os media começam a debruçar-se sobre o estilo da sorridente e elegante Brigitte Trogneux, a mais do que provável Primeira Dama francesa.
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E, sobre galos, queiram descer até ao post seguinte.
Não é do coq gaulois mas de galos jeitosos que ali se trata mas saibam que é com garbo que eles se apresentam.
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Não é do coq gaulois mas de galos jeitosos que ali se trata mas saibam que é com garbo que eles se apresentam.
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