quinta-feira, outubro 22, 2015

Caro Ferreira Fernandes, também não foi para isto que votei no PS!
[E, de brinde, o desasado cisne que não sabe afastar-se de cena antes do triste final]


Eu votei no PS e, digo já, não foi para isto que votei.


Respondendo ao repto de Mestre Ferreira Fernandes no DN -- que, por estar farto de andar a ouvir tudo o que é bicho careta a dizer porque é que as pessoas votaram no PS, e que não foi para isto que votaram, etc, etc, resolveu esclarecer a razão do seu voto e desafiou os outros votantes a fazerem-no também -- aqui estou para dizer porque é que eu votei no PS. E faço-o no mesmo registo que ele o fez.



Votei no PS porque tenho esperança que o António Costa arranje aulas de dicção e espero que, como primeiro-ministro, alguém o obrigue mesmo a isso. 

Votei no PS porque acho que ele tem um gosto muito bizarro para se vestir -- tenho-lhe visto com cada modelito que é de bradar aos céus -- e tenho esperança que, como primeiro-ministro, alguém o mantenha na linha (tal como, vá lá!, agora tem andado). 

Votei no PS porque acho que António Costa tem um sentido de humor estimulante e espero vê-lo na Assembleia da República a dar baile aos Láparos e Portas desta vida, devidamente arrumados na oposição. 

Votei no PS porque gosto da Maria Antónia Palla e acho que é agradável termos um primeiro-ministro com um mãe tão íntegra, tão especial. 

Votei no PS porque tenho esperança que ele, ao formar governo, forme uma equipa de que a gente desta vez não se envergonhe porque de pafianas vergonhas já todos tivemos a nossa valente dose (e estou a falar muito a sério: espero que o PS arranje gente primeira água, gente letrada, bem formada, honesta -- e que não se esqueça de convidar a Catarina Martins e/ou a Mariana Mortágua porque qualquer delas seria uma mais-valia na equipa). 

Votei no PS porque tenho esperança que, com António Costa em primeiro-ministro, o Ricardo Costa, para evitar situações embaraçosas, saia da direcção do Expresso e que um outro que o substitua faça uma limpeza geral naqueles moços e moças de fretes que por lá andam.

E votei no PS para ver se arranjam uns rapazes jeitosos e ajuizados para apagar a má impressão que os Maçães desta vida causaram lá fora. E um ou uma ministra das Finanças que não vá pôr-se de gatas aos pés do Schäuble. E alguém que não tenha o tino de um Miró de óculos para um Ministério da Cultura. E um para a Educação e para o Conhecimento que não odeie o tema. E alguém no pleno poder das suas capacidades para a Justiça, para a Administração Interna ou para os Negócios Estrangeiros. Idem, claro está, para os restantes ministérios.

E votei ainda por mais uma ou outra razão mas são cá coisas minhas - e não passei procuração a ninguém para as divulgar ou falar em meu nome. 

Portanto, Senhores PàFs e pró-PàFs, se fazem favor, deixem de andar a inventar que votei no PS para que Passos Coelho possa desgovernar o meu País em paz. Não foi!

E, tal como Ferreira Fernandes, também eu digo: não é a mim que me cabe formar governo mas, se fosse, nem imaginam vocês a gracinha que também ia ser. Capaz até de contratar o Lombinha dos Briefings para quando tivesse que contribuir com alguma figurinha cómica para participar, em nome do governo, no Natal dos Hospitais.
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E agora, para quem não tenha ido ou não queira ir ao DN ler as razões do excelentíssimo Ferreira Fernandes ao votar PS, aqui estão elas, transcritas na íntegra (um prazer a leitura das crónicas do grande FF).



Não foi para isto que votei no PS!

Como há dúvidas, vou dizer porque votei. Votei no PS, eu, para que todas as casas com construção embargada que me estragam a paisagem sejam deitadas abaixo, já. Esse meu querer lembro-me de ter sussurrado ao voto quando o deitei (só não escrevi para o não inutilizar) - vai para três semanas, e o PS sobre o assunto, nada. Votei no PS por causa do sorriso irónico do líder, são os únicos sorrisos de que gosto nos políticos, mas desde o dia 4 não me parece ser esse o critério de aliança de Costa (a Catarina é simpática, o Jerónimo é veemente, mas nada disso vale um sorriso irónico, acho). Votei no PS para que ele fosse buscar o Luis Fernando Verissimo ao Brasil para dar aulas, nos três canais, duas horas por dia, prime time, sobre como se escrevem diálogos - acho o diálogo fundamental e ninguém pôs isso no programa eleitoral (o PS também não, mas eu não me ia abster, soprei no voto e foi também por isso que votei). Votei no PS porque gosto das ruas alegradas, o Costa pintou a Rua Nova do Carvalho de cor-de-rosa e eu gostava de ver a Estrada de Benfica a cheirar a pitanga. Basicamente foi isto. Os outros 5 408 804 eleitores que digam porque votaram. Eu foi por isto. E não admito que os comentadores digam que votei ou não votei por outras razões senão as expostas. Quanto a formar governo, fui ver à Constituição, não sou eu. Se fosse, vocês iam ter surpresas do caraças.


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Para terminar com dança, deixo-vos com o vídeo onde se pode ver o patético fim do triste cisne que parece não saber perceber que o seu fim está chegado

[Dedicado aos que, perplexos e ressabiados, protagonizam, neste momento, o fim de uma era largando penas e peninhas por onde passam]

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E hoje fico-me por aqui que estes meus dias são longos, de cedo amanhecer e tarde pernoitar.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quinta-feira muito feliz.

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2 comentários:

Anónimo disse...

Olá UmJeitinho :)

hoje li este texto
é mesmo assim
e fiquei a saber que por trás do "observador" está a gentinha do "compromisso portugal" que angariou, a maior parte a fundo perdido entre 2 a 3 milhões (aqui as fontes divergem)

Cá esta o texto

AOS TECLADOS, CIDADÃOS!
De uma coisa podemos estar certos. Seja agora, seja daqui a poucos meses, quando o governo da maioria de esquerda tomar posse, a formidável barragem manipuladora que já está a ser imposta pelos meios de comunicação controlados pelos grupos privados, pelos pivôs dos telejornais, pelos comentadores de meia-tigela ou de tigela inteira, irá agravar-se mil vezes, procurando lançar a mentira, o ódio e a lama sobre tudo e sobre todos. A esquerda terá de aplicar todo o seu engenho e arte a bater-se no mesmo terreno: o da informação, da opinião, da criação e da propaganda.
Rui Bebiano

GG

ECD disse...

Reconheço, sou um simplório. Não me importo. Votei no PS em primeiríssimo lugar para correr com os tipos do PSD-CDS.

Muito bom o post, muita boa a crónica do FF. Ambos, UMJ e FF, sabem utilizar a ironia. Uma qualidade apreciável.



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Já agora, onde já não vão os 2 ou 3 milhões do fundo perdido. Sabendo-se das dificuldades por que passam muitas das empresas dos maios entusiásticos "doadores" nada me admira se o Observador dia menos dia estoirar. Isto está mau e o Observador tem, como diria um doador qualquer curto de dinheiros, uma estrutura de custos com pessoal muito pesada. Uma chatice, tanta gente escrevinhando nele é certo por militância, mas também pelo agradável prazer de receber uns cobres para completar reformas e salários.