terça-feira, setembro 15, 2015

O primeiro dia do resto da minha vida


No post abaixo já juntei os trapinhos entre Catarina Martins e António Costa. Existe química entre aqueles dois e tem tudo para ser uma química virtuosa. Os do Bloco e simpatizantes acharão que ela, no debate da TVI 24, encostou o Costa às cordas; os do PS acharão que ele mostrou que o BE pode fantasiar e fazer malabarismos verbais porque não espera ser Governo. E eu acho que eles dançaram um belo tango e só se forem parvos é que não se unem e juntam as suas melhores forças a bem do País.

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Mas isso é a seguir. Aqui, agora, mudo de rota.

Depois das férias, falo do regresso.






Na véspera já eu estou a escolher a roupa. Experimento uma e outra, solto o cabelo, apanho o cabelo, mudo de novo, conjugo de outra forma, escolho brincos. Vejo-me ao espelho. Não gosto.

Mudança radical. Outro género, novas peças a conjugar. Vejo-me de frente, de perfil. Ensaio sorrisos. Não, séria. Depois, vendo-me séria, desato a rir. Não. Melhor séria. Ou um meio sorriso se o conseguir suster.

Haverá lá alguém novo? E aquele por quem o meu coração bate? Estará lá? E se não está? Como lhe falarei? Ignorá-lo-ei para o fazer o sofrer? Ou sorrirei, mostrando a minha alegria? Ou surpreendo-o e mostro-me atrevida? Pergunto-lhe se teve saudades minhas. E se ele responde à altura? Aguento-me e surpreendo-o ainda mais? Digo que quase morri de saudades. Depois desato-me a rir e ele ficará sem saber se era de verdade ou brincadeira. Não. Fingirei nem o ver, farei de conta que me esqueci dele durante as férias.

E se ele me ignorar? E o se o vejo de amores com uma outra qualquer? Faço o quê? Começo a falar com outro para ele ver que não estou nem aí?

No dia de manhã, um nervosismo. Tomara que haja alguém novo, isso sim, alguém giro, inteligente, alguém que traga espanto, surpresa, que desestabilize. 

De novo a questão da roupa. A escolhida na véspera afinal não vai dar. Está frio. De repente, nada para vestir. Que horror, uma camisola, nem se vai ver que tenho um tom levemente bronzeado. Porcaria de tempo.

O tempo a passar e o desespero de nada ficar bem. Os brincos também já não podem ser aqueles, os sapatos muito menos, a cama pejada de roupa, nada fica bem, uma desinspiração.

Depois, no último minuto, já qualquer coisa. Mas não, essa qualquer coisa não pode ser. Nova blusa, sem mangas, levo um casaco. Novas calças, outros brincos, o espelho de frente, de lado, espreitar por cima do ombro para ver de trás.

Não. Um vestido, o vestido cor de rosa.  Se calhar vou ter frio mas paciência. À saída, a correr, volto atrás. O perfume. Depois de novo atrás, já quando à porta: o casaco, um casaquinho leve.

Ah, baton. Fundamental. Bolas, onde está o cor de rosa? Ah que chatice. Onde está?

Ah, deve estar na outra bolsa.

Rápido.

Uma camada leve. Ah, mal se nota. Duas. Ah agora está muito carregado. Bolas.

Nervosismo. Nem deu tempo a ver bem ao espelho. E se chego lá e não estou bem? E se não consigo ir ver-me ao espelho antes de o encarar? E o cabelo? E o decote? E será demasiado transparente? Devia ter vestido um top por baixo. Com aquelas trocas, esqueci-me. Vestir o casaco? Não, nem pensar, morria de calor, mais vale morrer de frio.

Chego. Finalmente.

Lá está ele. Finge que não me vê, faz de conta que está ocupado. Finjo que não o vejo. O coração a bater. As amigas, os amigos, 'Então as férias?' Eu rio, 'Boas, sempre boas'. Espero que ele me veja mas não olho. O dia passa e eu não lhe falo, ele não me fala. O coração a bater, a bater. A voz dele, e ele nada. E eu nada. Falo com todos menos com ele. Penso mil vezes: 'mil vezes estúpida'. Mas não dou o braço a torcer. Nem ele. Insulto-o mentalmente, 'estúpido'. Ameaço-o em surdina 'vais ver, estúpido, vais ver'.

Até que, como se o dia não se tivesse esgotado nesta dança incompreensível, nos reencontramos. E então é a ternura. Como se nenhum dia de permeio tivesse existido, somos só nós. Ninguém mais, nada mais: só nós dois. Rimos um para o outro, felizes, sem palavras, depois abraçamo-nos. E dizemos 'que saudades'. Um novo ano, juntos. Para sempre. Para sempre.

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Recomeço das aulas. O primeiro dia do resto da minha vida. Treze, catorze, quinze, dezasseis, dezassete anos. Acho que era em Outubro, talvez a sete de Outubro. Todos os anos a mesma emoção. O dia do recomeço era, sobretudo, o dia em que ia voltar a poder estar o dia quase todo com o meu amor.

(Pelo meio o amor mudou mas não interessa, a emoção manteve-se inalterável.)

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Katie Melua, lá em cima, interpreta The closest thing to crazy e tomara eu ser tão gira (e tão talentosa - e ganhar tanto dinheiro como a Jennifer Lawrence)

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E, por falar em amor, deslizem, por favor, até ao casalinho maravilha: Catarina Martins e António Costa. Nada que deva assustar a simpática Fernanda Tadeu já que falo apenas num juntar de trapinhos político. Acho que a Catarina Martins traria um sopro de ar puro, irreverência e gosto pelo combate político a um Governo PS.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira. 
Divirtam-se, está bem?

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2 comentários:

Rosa Pinto disse...

Pois era. A 8 de Outubro.
Boa terça.

Bmonteiro disse...

My God.
Que seria do comércio, da sua dinâmica e renovação, sem a mulher na Terra?
Aliás, sem a mulher do século XX-XXI?
Boas férias.