segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Porque Dia dos Namorados é sempre que uma mulher quiser



Acho que nunca ofereci nem recebi nada no dia de S. Valentim. E tenho ideia de que, por cá, a moda do Dia de S.Valentim é relativamente recente, mais uma das invenções importadas que têm por objectivo estimular o consumo. 

Em contrapartida, desde um certo dia 10 de Dezembro até que um ano e pouco depois me casei, recebi todos os dias 10 de cada mês uma rosa. 

Ele, moreno, tinha aquele ar de cristo (ou, à luz dos tempos correntes, de jihadista), cabelo escuro quase pelos ombros, barba espessa, e depois um certo ar freak e andar de desportista e, por contraste, aparecia com uma rosa para me oferecer e eu derretia-me e beijava-o ardentemente, estivesse onde estivesse, à frente de quem calhasse.

Quem assistia espantava-se com amor tão arrebatado de parte a parte. 

No dia do meu casamento não quis bouquet, quis que fosse ele a trazer-me uma rosa.

Muitos anos depois encontrei uma colega de faculdade e pergunta-me ela: Olha lá, e ele ainda te oferece uma rosa todos os meses? 

Rose by Georgia O'Keeffe
Achei graça como ela tinha guardado isso na memória. 

Agora Dia dos Namorados? Não sei bem o que seja isso mas, como é bom namorar, acho que Dia dos Namorados devia era ser todo o santo dia. Namorar a sério, namorar de brincadeirinha, namorar para esconjurar a solidão, namorar para celebrar a comunhão de pontos de vista, namorar para adoçar os dias, namorar só por uma noite, namorar ao longo de anos, namorar para festejar a vida - tanto faz.

Por isso, o dia 14 ainda vem longe mas não faz mal, antecipa-se. Ou, então, faz de conta que estou a abrir caminho para os que querem celebrar à maneira e que podem inspirar-se aqui: decorem o poema, ponham o joelho em terra e digam-no com sentimento, ofereçam rosas, ofereçam beijos (e, claro, também podem oferecer um vestido couture como os que aqui mostro, o primeiro Chanel, o segundo Alexander McQueen).

E que sejam rosas vermelhas, carmins, cor de sangue - que essas, sim, são a cor da paixão, do amor.

(Rosinhas cor-de-rosa, brancas, amarelinhas, etc, são para outras circunstâncias e quem não saiba o significado da cor das rosas pode consultar aqui.)


Me dueles de e por Jaime Sabines




Mansamente, insoportablemente, me dueles. 
Toma mi cabeza. Córtame el cuello. 
Nada queda de mí después de este amor. 

Entre los escombros de mi alma, búscame, 
escúchame. 
En algún sitio, mi voz sobreviviente, llama, 
pide tu asombro, tu iluminado silencio. 

Atravesando muros, atmósferas, edades, 
tu rostro (tu rostro que parece que fuera cierto) 
viene desde la muerte, desde antes 
del primer día que despertara al mundo. 

¡Qué claridad de rostro, qué ternura 
de luz ensimismada, 
qué dibujo de miel sobre hojas de agua! 

Amo tus ojos, amo, amo tus ojos. 
Soy como el hijo de tus ojos, 
como una gota de tus ojos soy. 
Levántame. De entre tus pies levántame, recógeme, 
del suelo, de la sombra que pisas, 
del rincón de tu cuarto que nunca ves en sueños. 
Levántame. Porque he caído de tus manos 
y quiero vivir, vivir, vivir.

............


Kiss

Uma belíssima coreografia de Susan Marshall para o Hubbard Street Dance Chicago sobre música de Arvo Pärt



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Amores verdadeiros, inventados, sonhados - todos são bons e todos devem ser festejados.
Todos os dias, todas as noites.

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