sábado, janeiro 24, 2015

Défice de 2014 melhor do que o esperado. Palmas! Palmas! --- [... o pior são os detalhes. Como sempre o diabo está nos detalhes: quantos desempregados ficaram sem receber subsídio de desemprego? quantas pessoas tiveram que emigrar e viver longe das famílias? quantas pessoas morreram nas urgências? quantas crianças perderam o abono de família? quantas pessoas tiveram que emigrar? quantas pessoas tiveram que passar a comer a sopa dos pobres? quantos alunos do ensino especial foram postos de lado? quantos professores ficaram meses sem receber o ordenado?... etc, etc, etc.]


O que levou o Ronaldo a separar-se da Irina descobriu-o Marcelo Rebelo de Sousa - esse extraordinário e multifacetado comentador, eterno putativo candidato a qualquer coisa -  e o vídeo em que a revelação acontece está no post a seguir.

Aqui agora, embora seja sexta-feira e à sextas-feiras não costume dar-me para as coisas sérias, tenho que falar do maravilhoso resultado atingido pelas contas públicas. Sempre que hoje andei de carro - e as horas que hoje andei metida no carro! - ouvi tecer loas às maravilhas das contas, ao défice que foi menos mau do que o expectável, ao bom que isso vai ser para o futuro.

Chego agora aqui e, ao dar uma volta pelos jornais online, logo vejo também OE 2014: Défice cai para 7.075 milhões, melhor que o antecipado pelo governo

E, no entanto, não apenas muito disto foi à custa do esbulho fiscal e do empobrecimento geral junto de quem paga impostos como o investimento público foi ignorado, a saúde está no caos, há professores sem receber ordenado, foram cortados milhares de abonos de família e sei lá que mais.

Gerir assim qualquer burro sabe fazer. Difícil é gerir bem, sem roubar  gente honesta e sem dar cabo da vida de ninguém.




Leio no Observador que: Serviço Nacional de Saúde fecha ano com saldo positivo e menos dívidas aos fornecedores


Mas poderá alguém alegrar-se com isto? Para que houvesse esse saldo positivo quanta coisa foi sacrificada, quantas pessoas sofreram?


Por exemplo (a propósito de uma reportagem da TVI):

São imagens exclusivas filmadas nos últimos dias nos corredores de cinco hospitais da Grande Lisboa - Amadora-Sintra, Garcia de Orta, São José, São Francisco Xavier e Santa Maria - que mostram macas alinhadas nos corredores e doentes espalhados por toda a urgência. Nestes hospitais, os tempos de espera em alguns casos chegam a ultrapassar as 30 horas. 


Testemunhos recolhidos por uma equipa da TVI dão conta de um cenário de «campo de batalha» em pleno hospital Amadora-Sintra «semelhante ao que é visto nos filmes» e enfermeiros e médicos admitem que «não é possível dar assistência a todos os doentes».

Paulo Macedo liga ao Papa Francisco - do blog Raim
«Como temos mais de cem doentes internados em SO, uma área de ambulatório com mais de 150 doentes, é impossível chegar a todo o lado, não conseguimos dar assistência a todo o lado. Perde-se a noção dos doentes que temos, dos que são críticos, por mais seletivos que sejamos, é impossível, porque nem espaço físico temos para isso», confessa um profissional de saúde.

«Chegam-nos a passar em oito horas de turno centenas de doentes», revela outra profissional, acrescentando: «As macas estão lotadas, chegamos a ter de pôr macas dos bombeiros que estão à espera, porque já não há macas no serviço de urgência».

(...)



E uma reportagem da SIC quando o número de mortos nas urgências já ia em sete






No final de Dezembro havia 306.062 pessoas a receber prestações de desemprego, menos 70.860 do que no ano anterior e menos 663 pessoas do que em Novembro. Os números foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto de Segurança Social e mostram que mais de 57% dos 713,7 mil desempregados apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) não têm acesso a estas prestações.

(...)





E poderia ainda falar no investimento público que está parado, comprometendo a economia e o futuro. Ou da notícia do Expresso deste sábado de que num ano cerca de 40.000 crianças perderam o abono de família. Ou perguntar: não há investimento novo há quanto tempo?

Como pode haver recuperação económica e criação de emprego sem investimento nem privado nem público?

Não há uma única aposta deste governo a não ser na destruição. Não construíram nada, apenas destruíram.

Que demência esta forma de gerir um país! Que indigência moral a destes ignorantes que, a troco de nada, tem vindo a fazer sofrer tanta gente!

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Para distrair, não se esqueçam: o vídeo abaixo é muito revelador sobre o que levou Irina a dizer bye-bye ao CR7 (ou vice-versa).

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