segunda-feira, outubro 14, 2013

Paulo Portas e o corte nas pensões de sobrevivência (vulgo, TSU das viúvas) - depois de muito adiar a conferência de imprensa, eis que lá apareceu, uma vez mais com a Albuquerca a tiracolo. Rábulas, traições e, sobretudo, muita indignidade, muita incompetência. Que orçamento é este que é feito aos bochechos, em cima do joelho, na praça pública?


Por motivos que aqui não vêm ao caso, apenas ouvi, e na rádio, a parte final da conferência de imprensa de Paulo Portas. 

O Expresso tinha noticiado que a dita iria acontecer com grande estrondo durante o sábado - mas nada. Depois que ia ser à hora de almoço de domingo - nada. Foi à hora de jantar de domingo. Depois de mais essa encenação, lá devem ter voltado os três para o Conselho de Ministros extraordinário, mais uma seca de dezenas de horas, daquelas que só revelam desnorte, falta de liderança, incompetência. 


A esta hora que escrevo ainda deve estar o grupelho de incompetentes reunido a dar marteladas nos números, traçando o destino das pessoas através de contas em cima do joelho, sem estudar ponderadamente, sem medir consequências. Já o ano passado o disse: se numa empresa acontecesse um festival de incompetência deste calibre, a empresa fechava no dia seguinte. Gente tão incompetente assim destrói uma organização em três tempos. Imagine-se, então, isto numa escala maior, isto aplicado a um País.

Supostamente deveria haver a reforma do Estado (um Estado que, em período eleitoral, diziam ter gorduras). Dois anos e meio decorridos ainda não há reforma do estado. Passos Coelho passou a incumbência para Paulo Portas. E ia ser em Fevereiro, depois em Julho, depois em Setembro. Estamos em Outubro e nada.


Paulo Portas não teve competência para isso, Passos Coelho também não. Quer um, quer outro, são mestres das tiradas de efeito, das bocas sem conteúdo, do verbo fácil, da boa colocação de voz. E com esses dotes enganaram milhões de pessoas que os puseram lá porque, segundo eles, o PEC 4 era muito austero e eles diziam que governar não era sinónimo de austeridade. Enganaram os seus eleitores.

Sem um plano, sem uma estratégia, sem tino, dois anos e meio depois de andarem a roubar rendimentos à população, viciaram-se nisso. Perceberam que o podem fazer sem irem presos e perderam a vergonha (se é que alguma vez a tiveram). Portanto, não sabendo fazer mais nada, a única coisa que fazem é verem onde e quem podem mais facilmente roubar. Já vale tudo. Tudo.

Claro que a população já lhes perdeu o respeito. Abri agora o Expresso online para ver se havia notícias. 

Notícias zero mas o que vejo são títulos em que lhes chamam trapaceiros, malabaristas, delinquentes.


Assim é este desGoverno. Gente que não tem estatura para os cargos que ocupa, Paulo Portas, a Albuquerca e demais aprendizes (aprendizes? aprendizes não sei de quê, só se for de malandragem), armam confusão, traem-se uns aos outros, e depois por aí andam, enredados em explicações, em desculpas mal amanhadas, em conversas da treta.

Como se fosse normal roubar dinheiro às pessoas, ali estava Paulo Portas a gabar-se de apenas ir roubar as viúvas que ganham para cima de 2.000 euros, essa fortuna. Andou o morto (ou a morta) a fazer descontos e, agora, em vez de ter garantido uma vida decente aos que cá ainda estão, consentânea com o nível de vida a que estavam habituados e para a qual fizeram descontos, chega este pantomineiro a desfazer-se em palavreado, quase achando que deve merecer uma medalha por não roubar os desgraçados que vivem com menos de seiscentos euros mas apenas os milionários que vivem com mais de 2.000 euros. Uma vergonha.


E mais não digo porque, do que ouvi, não concluí mais nada.




Vamos esperar o que vai sair daquele exercício de números para cima, para baixo, cortes, roubos, tangas, fugas de informação, facadas nas costas, desculpas infantis, contas que não batem certo e que, por isso, nunca se cumprem. Falo, é claro, do Orçamento 2014. 



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As imagens pertencem ao incrível blogue We Have Kaos in the Garden.

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1 comentário:

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Pelos vistos, uma viúva, dona de casa, que só tenha a reforma do marido (2.000eur), leva um rombo considerável, como se fosse uma reforma milionária! Depois de tantas horas de reunião chegaram a esta obra prima!...
Valha-nos Deus!
Um beijinho,