Diz Henrique Monteiro: Uma notícia do Financial Times revela que um algoritmo utilizado por uma equipa da Universidade de Cambridge consegue extrair das contas de Facebook dos cidadãos dados que estes não revelam na rede social. A orientação sexual, por exemplo, consegue um grau de precisão de 88%. Na origem étnica, 95% e nas preferências religiosas e políticas, 80%.
Os meus colegas da Exame Informática disseram-me que plataformas para traçar os perfis de clientes de marcas através dos likes deixados no FB já nem sequer são ficção como, pelo contrário, existem e são utilizadas por empresas.
Tudo isto significa duas coisas: primeiro, que a nossa vida é devassada a partir de nós próprios, do nosso comportamento; depois, que não é necessariamente o Estado ou a polícia a provocar a devassa, mas empresas, plataformas, algoritmos.
É verdade.
Faço regularmente as minhas compras num grande hipermercado e tenho cartão de cliente pois, com ele, posso auferir de descontos suplementares. Pois bem, para aí de dois em dois meses recebo em casa cupões de desconto para determinados produtos. E para que produtos? Produtos que me seduzem: produtos de higiene ou de beleza da marca que uso, brinquedos, pijamas de bebé, etc. Ou seja, não posso deixar de aproveitar. Aqueles são produtos que adquiro regularmente. Como é que eles sabem o que é que eu compro? Simples. Todas as minhas compras ficam registadas na base de dados do seu sistema informático. E, da análise ao que compro, é fácil extrapolar quais os meus gostos e, a seguir, cruzar essa informação com produtos em relação aos quais estão a ser negociadas com os fornecedores compras em maior quantidade que permitirão preços mais baixos.
Dito assim parece fácil. Mas se pensarmos em centenas de milhares de clientes, se não milhões (porque não têm hipermercados só cá), e em milhões de compras, perceber-se-á que uma coisa deste género tem que ser feita automaticamente, recorrendo a potentes algoritmos - e tudo para quê...? Claro: para aumentar o volume de negócios do dono da cadeia de hipermercados!
Exemplo de um algoritmo apenas para dar a ideia de que se trata: árvores de decisão, regras, condições (se acontecer isto, faz-se aquilo, se não acontecer, valide-se outra condição... e por aí fora). |
Isto é a maravilha das maravilhas para matemáticos. Definir modelos, descobrir leis estatísticas, aferir a sua adesão à realidade, aplicar probabilidades e conjugar tudo isso com todas as teorias da investigação operacional, gestão de stocks, filas de espera, optimização, etc, é o que há de mais aliciante.
Mas, apesar de estarmos a falar de biliões, triliões de registos, isto não é nada quando pensamos no brutal volume de informação que se armazena nas bases de dados do Facebook, por exemplo (ou do Blogger, ou do Twitter, ou do LinkedIn, ou do Gmail, etc, etc).
Mas centremo-nos agora no Facebook (sabendo que o que se passa nas outras redes sociais é idêntico). Milhões de pessoas em todo o mundo carregam informação a toda a hora, fotografias, textos, informações de sítios onde foram, onde gostariam de ir, etc. E os amigos vão comentando, colocando likes, etc. Mesmo a informação restrita ou confidencial é guardada nas mesmas bases de dados.
Onde reside todo esse brutal volume de informação? Não é no computador de cada pessoa mas, sim, em potentíssimos computadores instalados em ultra sofisticados centros informáticos.
Um dos vários e potentes Data Centers da empresa Facebook |
E esta é a primeira coisa que as pessoas devem estar cientes: toda a informação, fotografias, chats, etc, tudo o que escrevem ou colocam na sua página está guardado, é acedido e processado em longínquos computadores, operados sabe-se lá por quem.
Um dos Centros Informáticos (Data Center) da Facebook. Geralmente são quase uns bunkers |
A segunda coisa que devem estar cientes é que entre o seu próprio computador pessoal e esses longínquos grandes computadores estão as telecomunicações que também recorrem a computadores operados por pessoas (claro que são muito automatizados mas há sempre pessoas a aceder a eles).
Claro que podia também falar que os computadores avariam, que as comunicações vão abaixo, que tudo o que pensam que têm lá para sempre pode desaparecer num instante, etc, mas há tantas redundâncias que mesmo que ocorram falhas durante algum tempo, em princípio será coisa de curta duração e, em princípio, não ocorrerá nada de dramático (mas essa hipótese não deve ser descartada).
Mas a outra grande coisa que as pessoas devem saber é que não há almoços grátis, ou seja, não há serviços grátis. Não pagam nada para usar o Facebook? Não. Usam computadores potentes, computadores esses que usam softwares sofisticadíssimos, onde trabalham muitos milhares de pessoas, pessoas que trabalham para uma empresa riquíssima, instalada em modernos e sofisticados escritórios... e ninguém paga nada?
Pois. A questão é que o modelo de negócio não assenta nos utilizadores que têm uma página (ou uma conta de Google ou outra coisa do género) mas, sim, na publicidade e no volume de vendas que se processa sobre estes veículos. Ou seja, para a Google, para a empresa Facebook o que interessa é a publicidade que lá é feita e os negócios que, por essa via, lá se fazem.
Modelo de Negócio Facebook (canvas) |
Ora, para facilitar isto, ou seja, para perceber que publicidade deve ser feita junto de quem, estas grandes empresas (Google, Facebook, etc) analisam toda a informação individual de cada pessoa.
Claro que isso não é feito à mão e a olho por pessoas mas sim por programas informáticos (que, claro, são feitos por pessoas!).
Claro que isso não é feito à mão e a olho por pessoas mas sim por programas informáticos (que, claro, são feitos por pessoas!).
Quem tem contas de mail Gmail (um dos muitos veículos comerciais da Google) já deve ter reparado na publicidade que lá lhes aparece em cima, ou em baixo, ou de lado). Na minha caixa de correio, nas alturas em que falo com alguém nas minhas sessões de fisioterapia lá me aparecem anúncios de clínicas de fisioterapia, se falo de livros aparecem-me anúncios de livrarias, se falo de perfumes, são perfumarias.
Agora está lá este anúncio.
Nunca pensaram como é que isso lá vai parar? Eu sei: neste caso, está lá aquilo porque tenho recebido mails de um Leitor que me dá conta das suas maravilhosas viagens.
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Nunca pensaram como é que isso lá vai parar? Eu sei: neste caso, está lá aquilo porque tenho recebido mails de um Leitor que me dá conta das suas maravilhosas viagens.
Pois... todas as palavras escritas são analisadas (mas analisadas segundo padrões de repetição, pois pode ter sido uma utilização pontual), depois é percebido um interesse, depois isso é cruzado com os anunciantes disponíveis e os anúncios são enxertados nos sítios mais visíveis, valorizados consoante o posicionamento. E depois se houver cliques que conduzam as pessoas até aos sites lá anunciados, o anunciante paga à Google (ou ao Facebook ou ao que for). E, se forem sites de vendas, por cada transacção há um tanto a pagar, uma comissão, chamemos-lhe assim.
Não é para nos escandalizarmos porque isto é o que é. Este é o modelo de negócio destas empresas. Sem ele, sem o negócio feito por esta via e desta forma, não existiam Facebook gratuito, mails gratuitos, blogues gratuitos. Ou não existiriam de todo ou teríamos que pagar para os ter. Tão simples quanto isto.
Ora como, para a utilização planetária ser possível, terá que ser gratuita, a solução está em usar essa utilização como plataforma ou veículo para fazer negócio. E, assim sendo, a matéria prima para esse negócio é a informação que aí colocamos (mails, posts, chats, fotografias, likes, tweets, etc). Depois existem as ferramentas para lidar com tudo isso: computadores, programas informáticos, comunicações. O mais nevrálgico são os programas informáticos e os algoritmos que seguem que tentam perceber o raciocínio e as motivações das pessoas.
Não é para nos escandalizarmos porque isto é o que é. Este é o modelo de negócio destas empresas. Sem ele, sem o negócio feito por esta via e desta forma, não existiam Facebook gratuito, mails gratuitos, blogues gratuitos. Ou não existiriam de todo ou teríamos que pagar para os ter. Tão simples quanto isto.
Ora como, para a utilização planetária ser possível, terá que ser gratuita, a solução está em usar essa utilização como plataforma ou veículo para fazer negócio. E, assim sendo, a matéria prima para esse negócio é a informação que aí colocamos (mails, posts, chats, fotografias, likes, tweets, etc). Depois existem as ferramentas para lidar com tudo isso: computadores, programas informáticos, comunicações. O mais nevrálgico são os programas informáticos e os algoritmos que seguem que tentam perceber o raciocínio e as motivações das pessoas.
Estamos, portanto, a falar de algoritmos complexos, que correm por detrás das páginas das pessoas. A trabalhar nestas empresas estão os mais brilhantes matemáticos ou físicos da actualidade. Manusear, manter, extrair informação com valor é um dos grandes desafios destes novos grandes negócios globais. Às tecnologias associadas a isto chama-se globalmente BIG DATA. Volumes monstruosos de informação, sem fronteiras, multilingues, circulam entre computadores, dela sendo extraídas informações para toda a espécie de fins comerciais.
Há numerosos vídeos sobre isto mas incluo um muito pequeno (que é forçosamente simplificado e incompleto) mas para não ser maçador e porque é em língua portuguesa (do Brasil):
Claro que, supostamente, há confidencialidade nisto. Ou seja, em princípio tudo isto serve apenas para gerar vendas, dinheiro para estas empresas. Ou seja, sendo detentores de mails de toda a gente, segredos, fotografias, tudo o que se possa imaginar, ninguém vai usar isso para chantagear ninguém. Mas, não nos iludamos, ninguém está livre disso.
Em primeiro lugar, não há sistemas informáticos invioláveis. Não há. As redes dos Bancos, do FBI, do Pentágono, do que quer que seja, já foram violadas. Não há nada que seja inviolável. Por isso, volta e meia sabe-se que as bases de dados de grandes empresas ou grandes instituições, foram violadas e que a informação anda por aí à solta.
Notícias de há 30 minutos:
March 13, 2013 - Updated 59 PKT
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Exemplo muito recente
Michelle Obama, alvo de hacking |
Notícias de há 30 minutos:
March 13, 2013 - Updated 59 PKT
WASHINGTON: US authorities were investigating Tuesday after hackers posted personal financial data belonging to First Lady Michelle Obama, the head of the FBI and several A-list celebrities online.
Hackers using a Russian web address published the credit reports and social security numbers for Obama, Federal Bureau of Investigation Director Robert Mueller, US Attorney General Eric Holder, and Los Angeles Police Chief Charles Beck.
They also posted social security numbers and other personal information relating to Vice President Joe Biden and former first lady and secretary of state Hillary Clinton.
Entertainment stars Beyonce and husband Jay-Z, Paris Hilton, Kim Kardashian and Britney Spears also saw details leaked, as did tycoon Donald Trump, former Alaska governor Sarah Palin and bodybuilder-turned-actor and former California governor Arnold Schwarzenegger.
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Mas há ainda outra coisa. Grande parte das violações de segurança informática não resulta de ataques do exterior mas sim do interior. Ou seja, colaboradores que conhecem os sistemas de segurança e que, por maldade, ressabiamento ou por outro motivo, resolvem copiar informação e passá-la cá para fora. Simples. Mas literalmente quase impossível de impedir.
Claro que, geralmente, quem o faz, vai à procura de informação de contas especiais e não de contas de vulgares anónimos. Mas, por vezes, quando um volume de informação é roubado, vai lá o que interessa e, por arrastamento, tudo o que estava à volta.
Mas, mesmo que não pensemos agora no assalto à informação mas apenas no manuseamento para utilização comercial ou outra: imagine o Leitor que o seu nome no Facebook é Manuel dos Anzóis. Imagine que alguém por um qualquer motivo quer saber tudo o que há a saber de si. Vai à internet e faz um varrimento para ver tudo o que há relacionado com o Manuel dos Anzóis. Apanha-o, por exemplo, a fazer comentários em blogues ligados a uma determinada orientação política e uma série de likes no Facebook sempre que se fala de eventos gay.
Num ápice traça um retrato, faz um dossier com as suas preferências sexuais, políticas, desportivas - é que os seus actos são rastreáveis ao longo da imensa rede.
Num ápice traça um retrato, faz um dossier com as suas preferências sexuais, políticas, desportivas - é que os seus actos são rastreáveis ao longo da imensa rede.
Mas imagine agora que tem maneira de usar um programa mais sofisticado que relaciona o 'seu nome' com o local de onde acede e, a partir daí, com tudo a que acede a partir desse local mesmo que com outro nome. Nessa altura a coisa pode começar a ser verdadeiramente preocupante. E não estou a ficcionar.
Não vale a pena começarmos agora a ficar paranóicos mas é bom que estejamos cientes disto para nos precavermos na medida do possível, não nos expondo demais. Pense o meu Leitor por mais um pouco. Pense em todos os seus mails, nas fotografias que estão nos mails, pense em tudo o que já colocou no Facebook, mesmo o que é de visualização restrita. Está tudo por aí, algures, em computadores que comunicam uns com os outros através de comunicações que passam por muitos e muitos computadores. Pense que não há garantia de que isso não venha a ter utilização perversa.
Estas coisas usam programas informáticos. Basta que haja um erro numa actualização para que, por exemplo, informação privada fique exposta. Claro que, quando isso acontece, logo que os informáticos se apercebem, corrigem o erro ou, se for grave, cortam o serviço até que o erro seja resolvido. Mas e o tempo em que a informação privada esteve no ar...?
Não nos assustemos mas percebamos que estamos a colocar parte da nossa vida pessoal, privada, nas mãos de gente que não conhecemos, que se rege por princípios que desconhecemos. Um mundo global e desregulado.
Desregulado mas com regras moralistas que podem causar espanto. Se este post já não estivesse tão longo e eu não tivesse que me ir deitar (amanhã tenho que me levantar muito cedo) falava um pouco mais disto a propósito de uma notícia bizarra.
Transcrevo do Público:
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Transcrevo do Público:
O Jeu de Paume já não pode mostrar nus no Facebook
Com 31 mil seguidores, o museu parisiense teve a sua conta nesta rede social fechada por 24 horas como sanção à publicação de uma fotografia de 1939.
Étude de Nu, Laure Albin Guillot - Causa de escândalo no Facebook...! - |
A fotografia, Étude de Nu, trabalho de 1939 que mostra uma mulher reclinada sobre uma cama, o sexo tapado pela ponta de um lençol e o peito e descoberto, funcionava como anúncio da exposição retrospectiva que a instituição dedica à autora: a francesa Laure Albin Guillot. Da parte do Facebook, porém, teve o mesmo tratamento que qualquer nu – mereceu a sanção de 24 horas e um aviso à instituição. O terceiro, depois de avisos idênticos devidos à publicação anterior de nus de outros dois fotógrafos: o francês Willy Ronis e o mexicano Manuel Álvarez Bravo.
Segundo as regras da comunidade, uma quarta infracção poderá levar ao encerramento permanente da conta do Jeu de Paume.
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Só visto...!
Não sei como é que os programas informáticos do Facebook reconhecem um nu no meio dos triliões de fotografias que existem nas páginas do Facebook de todo o mundo ou se são as pessoas que o vêem que o denunciam mas tudo isto é ridículo. Toda a informação é 'devassada' informaticamente para propiciar o negócio que alimenta o Facebook e depois há um medieval regulamento que impede que lá se coloquem nus mesmo que nus artísticos. Tudo isto é um absurdo de uma ponta a outro e mais vale nem pensarmos muito em tudo isto para não ficarmos perplexos para além da conta.
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Palpita-me que isto hoje ficou comprido e chato à brava mas, como devem ter percebido (se aguentaram ler até aqui...) este é um tema que me interessa. Se eu um dia me metesse a doutorar-me numa coisa qualquer, escolhia talvez este tema porque é a um tempo assustador e aliciante, um desafio com muitos riscos, riscos difusos, que são os mais perigosos.
Com isto, nem vou ter tempo de cumprir com toda a minha empreitada nocturna habitual. Amanhã o meu dia começa muito cedo e não posso ficar aqui até alta madrugada. Agora a ver se ainda vou responder aos comentários de ontem. E não vou rever nada do que escrevi para não me atrasar mais. Já sabem: se encontrarem vírgulas por aí a voar ou letras de pernas trocadas finjam que não dão por nada, está bem? Mas se forem erros de palmatória, por favor avisem-me, está bem?
Com isto, nem vou ter tempo de cumprir com toda a minha empreitada nocturna habitual. Amanhã o meu dia começa muito cedo e não posso ficar aqui até alta madrugada. Agora a ver se ainda vou responder aos comentários de ontem. E não vou rever nada do que escrevi para não me atrasar mais. Já sabem: se encontrarem vírgulas por aí a voar ou letras de pernas trocadas finjam que não dão por nada, está bem? Mas se forem erros de palmatória, por favor avisem-me, está bem?
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Só me resta despedir-me: tenham, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira.
Faço muitos likes à vossa felicidade, está bem? E don't worry, be happy!
10 comentários:
Um mundo que a cada dia fica mais alienado de si mesmo e nos obriga a uma interrogação: será que estamos perparados psicológicamente para as consequências?
Nada que Zeca Afonso não tivesse profetizado quando escreveu e interpretou o seu "vampiros".
«Eles comem tudo e não deixam nada...»
Experimente a fazer uma consulta na booking, de um hotel numa determinada
cidade, nos dias seguintes será “BOMBARDEADA com os melhores preços”
dos hotéis num raio de 50 km, na primeira vez achei curioso, depois percebi…
abraço
Desde que passei à situação de pré-reforma até tenho receio de consultar as contas bancárias em casa, apesar de ter um anti-vírus que dizem ser muito bom!
Beijinho
Muito interessante e a reflectir, o que aqui nos escreveu.
Pergunto apenas: para onde estamos a caminhar? Para onde nos leva toda esta tecnologia?
A verdade é que alguém cada vez mais controlo aquilo que pensamos, dizemos, acreditamos, fazemos, gostamos, etc. Com que fins?
Que Sociedade nos espera, por exemplo, daqui a uns 50, 100 anos?
Estou em crer que vamos, a esmagadora maioria, sair a perder. E a perder a nossa Liberdade.
Caminhamos para uma espécie de autoritarismo sofisticado (por nossa culpa)?
P.Rufino
Olá Bartolomeu,
Nem sei se é só isso dos vampiros ou se somos também nós todos que estamos a transformar-nos em zombies. Alinhamos em tudo sem pensar e, quando pensamos, parece que estamos desabituados de pensar.
Eu não tenho página no Facebook mas não critico quem a tem. Mas pasmo com a exposição a que as pessoas se habituaram. E assusto-me com os tremendos riscos que isto representa para as crianças e jovens adolescentes, todos já com página no facebook.
É toda uma realidade virtual de regras pouco claras que já condiciona a nossa vida real. Uma coisa muito estranha, não é?
Olá Rosita,
Pois é, já experimentei. Mas quem diz isso diz muitas outras coisas. Mails e mais mails de tretas de que nem uma pessoa sonha. Somos 'presas' simples e há meio mundo que se deixa levar nestas cantigas.
Li que em África uma grande parte dos medicamentos é adquirida na internet (e é falsificada). Mesmo aqui no blogue, como retirei aquela verificação irritante quando as pessoas querem fazer comentários, passo a vida a receber comentários da treta, spam, geralmente a fazer anúncio a medicamentos de tipo viagra e outros. Quantas pessoas, menos informadas, não caem...?
Um abraço, Rosita!
Olá lino,
Deve mesmo ter-se um anti-vírus bom e actualizado, deve correr regularmente esse anti-vírus (fazer uma varredura pelo menos uma vez por semana), deve evitar-se abrir mails em que pedem para actualizarmos os dados, ou outros mails suspeitos (daqueles que dizem que ganhámos um prémio ou outros contos do bandido).
Nunca se deve responder a mails que pedem dados.
De resto, com estes cuidados e o anti-vírus actualizado e activo, em princípio não deverá haver problema.
São os riscos deste mundo novo que também tem tantas coisas boas...
Um abraço, lino!
Este nosso admirável mundo novo está a perder a liberdade,cada vez estamos a ficar mais controlados e vigiados por uma célula algures que segue todos os nossos passos e as nossas atitudes, quer no carro,nas autoestradas, quer nas compras diárias que fazemos com cartões nas grandes superfícies, os descontos que vêm por acréscimo, extensíveis às bombas de gasolina, etc. etc. Detesto estes cartões de descontos datados! Mas para não os destruirmos acabamos por ficar fidelizados àquelas superfícies, como que ligados por um cordão umbilical... mas só compro o que preciso, e penso sempre que aqui há 'gato'... ou são os prazos de validade que estão a terminar, ou qualquer coisa de que se querem livrar,etc, assim sendo, estou de olho aberto e manifesto sempre o meu desagrado por aqueles quadradinhos horrorosos, a descontar no cartão, que nem sequer dá para oferecermos a outra pessoa...
Enfim... também já me tinha apercebido, quando faço pesquisas na net que me aparecem várias ofertas sobre o tema que acabei de pesquisar e a coincidência já me irrita. É excessiva!
Gostei muito deste seu post pois ajudou a perceber melhor todas estas engrenagens e de facto temos que estar muito atentos a este mundo malabarista que nos cerca.
"Ninguém dá nada a ninguém"...
Obrigada por este excelente post e foi um prazer lê-lo. Li-o ontem à noite quando o acabou de publicar mas só agora me foi possível voltar aqui para dar conta da minha passagem e agradecer-lhe.
Mais uma vez muito obrigada com um grande beijinho.
Olá P. Rufino,
Não sei responder a esta sua pergunta mas estes são temas em que geralmente não se pensa mas que condicionam, e de que maneira, a nossa vida.
A segunda 'hot trend' que muito se discute e sobre a qual se perspectiva um enorme volume de negócios a nível global é o que se designa 'a internet das coisas'. Trata-se de ter equipamentos ligados à internet (com o que isso permite). Ou seja, as coisas poderem ligar-se, ser controladas, agirem sozinhas ou transmitirem informação através da internet. Para a coisa não ficar assustadora, costuma usar-se um exemplo benévolo. Trata-se de as pessoas usarem, no seu dia a dia, um pequeno dispositivo, uma pequena pulseira, por exemplo, que não é mais que uma coisa que mede a nossa tensão arterial, a temperatura, as pulsações, etc, e, automaticamente, a pulseirinha transmite isso para uma clínica. Nessa clínica, há um computador que analisa todos esses dados e que, sempre que detecta alguma coisa mal, dá um alarme que é visto por um técnico de saúde que telefona para a pessoa e dá-lhe instruções relativamente ao que deve fazer. Fins deste tipo podem ser bons.
O pior é o que estas tecnologias permitem (seguir as pessoas, monitorizar as suas acções, etc).
É que nada disto é regulado pois são coisas que surgem, que se tornam disponíveis e que as pessoas começam a usar sem estarem ao corrente de tudo o que as envolve.
Um tema complexo...
Um bom dia para si, P. Rufino!
Olá Maria Eduardo,
Andamos e vamos deixando o nosso rasto e, sem que o vejamos, serezinhos virtuais, invisíveis, andam ao nosso lado e vão coligindo tudo o que fazemos e vemos. E, depois, esses serezinhos ganham vida a aparecem outros seres, já bem visíveis embora sem rosto, que nos tentam vender produtos e serviços.
E nós vamos sendo guiados, manipulados, quase sem darmos por isso.
Como dizia o Leitor P. Rufino que sociedade será esta que estamos a construir?
Eu não sei responder.
O que faço é tentar estar informada, acautelar-me na medida do possível e tentar tirar partido do lado bom destas coisas.
Eu, com esses cartoezinhos, o que me acontece muito é que, quando aquilo chega ainda não é válido e depois quando me lembro já não são válidos.
Mas, quando acerto, aproveito para comprar brinquedos ou pijamas para os miúdos(como são 4 e crescem que se fartam, estão sempre a precisar de roupa nova) ou outros produtos que façam falta. Mas somos manipulados, claro que somos.
Mas, enfim, vamos andando (... e eu cheia de sono como de costume. Hoje deu-me para falar sobre o Papa mas como escrevi logo 2 coisas e a última bem demorada e mais o Ginjal, já estou aqui perdida... Não consigo aprender a ser moderada, credo).
beijinhos!
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