domingo, fevereiro 10, 2013

De manhã um blackbird no Ginjal disse-me que se colhesse uma rosa albardeira ela morria; depois, à tarde, vi um inocente cordeiro, luminoso como se fosse imortal - da beira do rio para o campo in heaven na companhia de Ruy Belo (antevendo um belo portugal futuro)




O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível




e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe de infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável





Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que chamarem
portugal será e lá serei feliz




Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz





À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira mar
pode o tempo mudar será verão




Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro


*

O poema tem como título 'O Portugal futuro' e é de Ruy Belo. Faz parte do livro 'Homem de Palavra(s)' mas, para aqui, retirei-o do último número da Revista Ler. 

*

Tenham, meus Caros Leitores, um belo, belo domingo. 

2 comentários:

jrd disse...

Os poetas são assim, acreditam sempre nos pássaros puros.
Ah este país de passarões onde o presente-futuro é uma gaiola...
Bom resto de Domingo

Abraço

Um Jeito Manso disse...

Pois é, jrd, e como não fomos nós capazes de criar condições para que este país pudesse ser um digno e próspero país guiado por poetas e pássaros puros?

Um abraço!