Música, por favor
Ennio Morricone - Banda sonora do filme 'A missão'
(com Robert de Niro e Jeremy Irons)
Chegaram, pois, a Ferradosa, pequeno local abrigado na beira do rio.
Chegando ali, Ana pensou que lhe apeteceria sonhar, apetecer-lhe-ia pensar que seria possível morar para sempre num sítio assim e ali ficar na maior paz, no maior silêncio.
Tomás dirigiu-se a um restaurante com um pequeno cais, com uma varanda sobre o rio. Nessa varanda um homem magro, com um chapéu escuros de abas, com um cão enorme de pêlo curto, claro, que afagava enquanto lia, espantou-se ao ver Tomás. Depois levantou-se, abraçaram-se, quase sem falarem. Tomás apresentou-lhe Ana, apresentou Pedro a Ana, contou que tinham brincado muito quando eram pequenos, que muitas viagens de comboio tinham feito desde o Porto, mas depois não deu grande seguimento à conversa; parecia querer evitar perguntas pois, logo a seguir, fez tenção de ir ao que ali o trazia, ao almoço, e conduziu-a até uma mesa. O homem parecia ser pessoa calada e, coisa curiosa, era fisicamente bastante parecido com Tomás; não insistiu na conversa e, acto contínuo, retomou a sua leitura e as festas ao cão.
Ana notou que Tomás, apesar de se terem cumprimentado com notório afecto, parecia ter cortado laços com Pedro, mas não fez perguntas.
A sobriedade de Tomás afastava espontaneamente qualquer tentativa de intromissão mas, de qualquer maneira, Ana estava com mixed feelings. Por um lado tinha curiosidade e ele próprio se tinha prontificado a falar mas, por outro, ainda tentava manter alguma distância - é que a proximidade estava a ser, para ela, uma tentação.
A sobriedade de Tomás afastava espontaneamente qualquer tentativa de intromissão mas, de qualquer maneira, Ana estava com mixed feelings. Por um lado tinha curiosidade e ele próprio se tinha prontificado a falar mas, por outro, ainda tentava manter alguma distância - é que a proximidade estava a ser, para ela, uma tentação.
Elegante traço branco na paisagem verde: navio sai de Ferradosa e faz-se ao rio que não é só água, é também um espelho tranquilo |
Um navio longo e branco que estava atracado mais à frente fez uma vagarosa curva e passou na frente deles, deslizando nas águas suaves. Por um momento Ana desejou ir ali com Tomás, como se tivessem nascido há pouco tempo, sem vidas para trás, como se pudessem começar juntos uma vida simples, sem explicações a dar. Mas logo se arrependeu da ideia pois a verdade é que não se arrependia da nada do que tinha feito até então e não trocava a vida que tivera por quimera nenhuma do mundo.
Escolheram o almoço. Tomás escolheu filetes e Ana uma jardineira que se veio a revelar deliciosa, caseira, apaladada, uma carne de vaca muito macia, um molhinho grosso, apurado, a puxar pela deliciosa broa. O vinho da região, tinto, excelente. E ali estiveram. Tomás não falou da sua vida e Ana também não puxou pelo assunto. Além do mais, ele dizia que depois de contar, esperava que ela fizesse o mesmo e ela, ao ter ido para a vila, era como se tivesse passado a usar uma burka, cobrindo a sua identidade perante todos. Não lhe apetecia falar na sua vida pois, ao fazê-lo, iria ver-se forçada a equacionar o seu futuro e não estava a conseguir raciocinar com isenção e objectividade.
Quando acabaram de almoçar já Pedro se tinha ido embora. Ana e Tomás ficaram ali, em silêncio, a olhar o rio, a pequena ponte verde, o barquinho que passava por baixo e parecia de brincar, os montes que pareciam desenhados e pintados às cores por uma mão inocente de criança. Ana pensou que, acontecesse o que acontecesse, nunca se iria esquecer destes locais tão belos que Tomás a tinha levado a ver. A inocência que parecia envolvê-la, provinha talvez, muito, deste local mágico.
A seguir ele disse, 'Vamos ali acima, quero mostrar-lhe outro miradouro, talvez aquele de onde a vista é mais bonita, o Alto de Vargelas. O miradouro em si não é um local acolhedor e arranjado como o S. Leonardo da Galafura ou S. Salvador do Mundo mas a vista é fantástica, vai ver. Fica junto à entrada da quinta onde o pai do Pedro era comissário, a Quinta das Vargellas'.
Quando chegaram, Tomás ficou parado a olhar. 'Tantas vezes aqui vim ter com o Pedro. Tempos tão distantes. Nessa altura eu ainda não sabia o que seria a minha vida.'
Ana olhou em silêncio. Os montes sucediam-se e, à medida que se afastavam, iam-se tornando azuis, iam-se dissolvendo no céu e o rio era um longo leito brilhante que parecia vir de lá, do alto, talvez as nuvens feitas uma fita de água azul. Tudo tão belo, tão grandioso, uma escala que minimizava os pequenos dramas humanos. Mas Ana sentia que Tomás se debatia com o seu, sentia que ele queria falar.
Aproximou-se, então, de Tomás, deu-lhe o braço e encostou ao de leve a cabeça no seu ombro. 'Talvez aqui seja, então, o local para começarmos a nossa conversa, não?'
Tomás disse, 'Então deixe-me olhar mais uma vez e já vamos para o carro, falamos lá, enquanto andamos.'
Ana deixou-se estar ali, de braço dado com Tomás, calados, a olhar a imensidão do horizonte, o rio que se revelava e escondia, os montes belos, orgânicos.
Depois entraram no carro, estava frio lá fora. E Tomás começou a contar, pausadamente, silêncios entre frases, voz surda, por vezes mal se ouvia, mas Ana nunca o interrompeu, por respeito, por receio que ele se arrependesse: 'Nunca contei a ninguém. Eu sou médico, Ana. Ou melhor, eu era médico. Há muito tempo. Trabalhava muito. No hospital, e tinha um consultório. Fazia bancos e ia directamente dali para o consultório, quase não dormia. Era bem sucedido, consultório sempre cheio. Ganhava muito dinheiro. Tinha uma casa muito grande no Estoril, tinha um apartamento no Algarve, tinha três carros e uma mota. Pinturas. Esculturas no jardim. Tinha tudo o que me passava pela cabeça. E era casado. A minha mulher era professora. Dávamo-nos muito bem e ela tinha muita compreensão pelas minhas ausências, tinha dias de quase não a ver. Era uma mulher de mão cheia, muito boa pessoa, uma companheira. Mas tinha uma mágoa muito grande, tinha sempre aquela mágoa. Perante os outros tentava disfarçar mas, em casa, estava sempre muito triste. Durante muitos anos tentámos ter filhos. Mas em vão. Ainda engravidou duas vezes mas abortou logo. Fez tratamentos e mais tratamentos. Mas nada.'
Entretanto, chegaram ao hotel e Ana entrou directamente para o quarto de Tomás. Depois de um dia um pouco cansativo, apetecia-lhe pôr-se à vontade. Descalçou-se e deixou-se ficar a ouvir Tomás que continuava com a voz nervosa: 'Só quem passa por este processo é que sabe a expectativa que renasce para logo se gorar, a angústia, a ansiedade, e as pessoas todas a perguntarem quando é que encomendávamos um bebé, toda a gente a dizer que já estava na altura antes que fosse tarde demais, e os nossos pais sempre a quererem um netinho e nós aflitos, já quase sem esperança. Não falávamos disso aos outros, escondíamos como se fosse um defeito de que nos envergonhássemos, era um pudor, era uma defesa, nem sei. Foram anos de tentativas frustradas, de lágrimas, de ilusões que se transformavam em grandes desgostos, isso é que foi. Até que desistimos. O desgosto era mais dela que meu, que sempre a animei dizendo que podíamos adoptar mas só se convenceu a isso quando, depois de muitos anos, perdeu a esperança. Um dia, tínhamos dado entrada dos papeis para a adopção, estávamos emocionalmente exaustos e eu fisicamente cansado de tanto trabalhar, resolvemos ir de férias para um daqueles destinos longínquos, uma praia de sonho. Lá fomos, ela deprimida, mal disposta, quase nem queria sair do quarto de hotel. Eu, para espairecer, resolvi ir fazer um curso de mergulho, o primeiro dia era um dia inteiro, aulas teóricas, práticas.'
Aí parou, estava emocionado, tenso. Ana disse, 'Pare um bocadinho, Tomás. Venha até aqui à janela, respire fundo. Já continua. Mas só se quiser, Tomás, deixe'.
O verde da Ponte mistura-se com o verde dos montes e atravessa com suavidade o rio |
Quando acabaram de almoçar já Pedro se tinha ido embora. Ana e Tomás ficaram ali, em silêncio, a olhar o rio, a pequena ponte verde, o barquinho que passava por baixo e parecia de brincar, os montes que pareciam desenhados e pintados às cores por uma mão inocente de criança. Ana pensou que, acontecesse o que acontecesse, nunca se iria esquecer destes locais tão belos que Tomás a tinha levado a ver. A inocência que parecia envolvê-la, provinha talvez, muito, deste local mágico.
A seguir ele disse, 'Vamos ali acima, quero mostrar-lhe outro miradouro, talvez aquele de onde a vista é mais bonita, o Alto de Vargelas. O miradouro em si não é um local acolhedor e arranjado como o S. Leonardo da Galafura ou S. Salvador do Mundo mas a vista é fantástica, vai ver. Fica junto à entrada da quinta onde o pai do Pedro era comissário, a Quinta das Vargellas'.
Quando chegaram, Tomás ficou parado a olhar. 'Tantas vezes aqui vim ter com o Pedro. Tempos tão distantes. Nessa altura eu ainda não sabia o que seria a minha vida.'
Ana olhou em silêncio. Os montes sucediam-se e, à medida que se afastavam, iam-se tornando azuis, iam-se dissolvendo no céu e o rio era um longo leito brilhante que parecia vir de lá, do alto, talvez as nuvens feitas uma fita de água azul. Tudo tão belo, tão grandioso, uma escala que minimizava os pequenos dramas humanos. Mas Ana sentia que Tomás se debatia com o seu, sentia que ele queria falar.
Aproximou-se, então, de Tomás, deu-lhe o braço e encostou ao de leve a cabeça no seu ombro. 'Talvez aqui seja, então, o local para começarmos a nossa conversa, não?'
Tomás disse, 'Então deixe-me olhar mais uma vez e já vamos para o carro, falamos lá, enquanto andamos.'
Ana deixou-se estar ali, de braço dado com Tomás, calados, a olhar a imensidão do horizonte, o rio que se revelava e escondia, os montes belos, orgânicos.
Depois entraram no carro, estava frio lá fora. E Tomás começou a contar, pausadamente, silêncios entre frases, voz surda, por vezes mal se ouvia, mas Ana nunca o interrompeu, por respeito, por receio que ele se arrependesse: 'Nunca contei a ninguém. Eu sou médico, Ana. Ou melhor, eu era médico. Há muito tempo. Trabalhava muito. No hospital, e tinha um consultório. Fazia bancos e ia directamente dali para o consultório, quase não dormia. Era bem sucedido, consultório sempre cheio. Ganhava muito dinheiro. Tinha uma casa muito grande no Estoril, tinha um apartamento no Algarve, tinha três carros e uma mota. Pinturas. Esculturas no jardim. Tinha tudo o que me passava pela cabeça. E era casado. A minha mulher era professora. Dávamo-nos muito bem e ela tinha muita compreensão pelas minhas ausências, tinha dias de quase não a ver. Era uma mulher de mão cheia, muito boa pessoa, uma companheira. Mas tinha uma mágoa muito grande, tinha sempre aquela mágoa. Perante os outros tentava disfarçar mas, em casa, estava sempre muito triste. Durante muitos anos tentámos ter filhos. Mas em vão. Ainda engravidou duas vezes mas abortou logo. Fez tratamentos e mais tratamentos. Mas nada.'
Entretanto, chegaram ao hotel e Ana entrou directamente para o quarto de Tomás. Depois de um dia um pouco cansativo, apetecia-lhe pôr-se à vontade. Descalçou-se e deixou-se ficar a ouvir Tomás que continuava com a voz nervosa: 'Só quem passa por este processo é que sabe a expectativa que renasce para logo se gorar, a angústia, a ansiedade, e as pessoas todas a perguntarem quando é que encomendávamos um bebé, toda a gente a dizer que já estava na altura antes que fosse tarde demais, e os nossos pais sempre a quererem um netinho e nós aflitos, já quase sem esperança. Não falávamos disso aos outros, escondíamos como se fosse um defeito de que nos envergonhássemos, era um pudor, era uma defesa, nem sei. Foram anos de tentativas frustradas, de lágrimas, de ilusões que se transformavam em grandes desgostos, isso é que foi. Até que desistimos. O desgosto era mais dela que meu, que sempre a animei dizendo que podíamos adoptar mas só se convenceu a isso quando, depois de muitos anos, perdeu a esperança. Um dia, tínhamos dado entrada dos papeis para a adopção, estávamos emocionalmente exaustos e eu fisicamente cansado de tanto trabalhar, resolvemos ir de férias para um daqueles destinos longínquos, uma praia de sonho. Lá fomos, ela deprimida, mal disposta, quase nem queria sair do quarto de hotel. Eu, para espairecer, resolvi ir fazer um curso de mergulho, o primeiro dia era um dia inteiro, aulas teóricas, práticas.'
Aí parou, estava emocionado, tenso. Ana disse, 'Pare um bocadinho, Tomás. Venha até aqui à janela, respire fundo. Já continua. Mas só se quiser, Tomás, deixe'.
***
Bom, se chegaram até aqui e vos apetecer também espairecer, hoje, lá no meu Ginjal as minhas palavras voam em volta de um poema de Soledade Santos e eu gostaria muito de vos ter por lá. Acompanha com La Traviata que, assim, abre a semana que vou dedicar a Verdi. Grande semana, portanto.
***
E é isto. Mais uma semana que começa e que comece bem para que toda ela seja uma festa. Divirtam-se!
13 comentários:
Amiga:
Adivinho tragédia, na história de Tomás.
Pobre mulher que tanto desejava ter filhos! Deve ser tão triste.
Beijinhos
Mary
Bem, bem!
Agora que isto estava a correr tão direitinho, parece aqueles episódios que nos fazem suster a respiração para depois aparecer a palavra "continua"...
Esta estória está empolgante. Ainda vou comprar o próximo best-seller que adivinho vai ser escrito pela minha amiga Tazinha.
Beijiocas
Cara Jeitinho,
Como compreendo a sua missão de avó. Não há nada mais compensador.
Esse Douro de mil recortes, de miradouros que nos tornam pequeninos, essa emensidão de verdes e de paz renovam as almas.
Presinto que Ana tem uma dura missão pela frente.
Vamos ver se consegue manter essa distancia necessária a uma bela amizade.
Desejo-lhe uma semana mais calma para nos ir dando noticias dessas duas almas.
Já lhe disse que vir a este seu cantinho é como ter um presente todos os dias?
Obrigada e um beijinho
Cara UJM:
Parabéns pela bonita família que tem e pela chegada de mais um membro que é sempre uma riqueza. Tenho a felicidade de pertencer e ter construído uma “sagrada família” como dizemos cá por casa. Não casei muito cedo e os meus dois rapazes não parece pensarem nisso. Um terá, ainda, que terminar os estudos.
A quinta de Vargelas é uma das quintas da Taylor's, como muitas outras que pertencem a famílias ou empresas inglesas.
A linha do Douro que antigamente ia do Porto a Barca d’Alva, (já no Douro internacional) hoje, lamentavelmente, só está ativa do Porto ao Pocinho em Vila Nova de Foz Côa - um Concelho, dois patrimónios: Alto Douro Vinhateiro e Gravuras Rupestres - a continuação da viagem. (pareço uma agência turística, mas calo-me já…!)
Lindas, lindas as suas fotos e que bem sabe atar os nós, das pontas que aqui vão caindo, para construir a sua história. Com uma natureza tão soberba propícia ao romance não aconteceu nada? Esperava qualquer coisita…
Ana continua determinada em não revelar o seu mistério, mas provoca terramotos nas almas dos outros e deixa-as em carne viva … não pode deixá-las a sangrar!
Deixa-nos sempre com água na boca...
E tenha dias muito felizes e sorridentes
Abraço amigo da
Leanor
Cara UJM:
E a música tão bem escolhida!
Mesmo de acordo com aquele lugar mágico.
e tenha uma boa noite
abraço amigo da Leanor.
Olá Mary,
Só de me dizer isso já eu estou aqui a ver como é que hei-de arrepiar caminho. Não gosto nada de tragédias.
Quando eu ouvia os escritores dizerem que as histórias se escreviam sozinhas achava sempre que estavam a armar-se, a fazerem de conta que são especiais. No entanto eu, que estou longe, longe, de ser escritora, acontece-me isso. Escrevo sem pensar, parece que estou a relatar uma coisa que aconteceu e fico surpreendida com o que saíu. E depois ficou a pensar: e agora como é que saio desta...?
Mas depois, sem fazer ideia do que vou escrever, começo e a coisa segue o seu próprio rumo. Isto é uma coisa curiosa.
Mas tragédias eu não quero aqui porque já basta, a quem me lê, as chatices de verdade que têm; era o que faltava que se incomodassem a ler as historietas que eu para aqui vou escrevinhando.
Vou ver, se mais daqui a nada, quando começar a escrever, consigo desviar a história da tragédia que se adivinha.
Um beijinho, Mary!
Olá Teresa-Teté,
É o que eu escrevi aqui ao responder à Mary. Ontem, quando escrevi, estava intrigada com este Tomás (que me apareceu em forma de gente, no outro dia, no restaurante de Ferradosa... e que descrevi como Pedro, o amigo que apareceu na história de ontem).
Mas estava a escrever e a pensar 'mas que homem é este?', 'é alguém que antes fez outra coisa qualquer pois há qualquer coisa nele que dá para perceber que veio de fora, de uma outra vida' e, ao escrever, apareceu aquilo que vocês leram.
Mas tenho que ver se me ocorre qualquer coisa que fuja da tragédia (porque tenho na minha cabeça que aconteceu qualquer coisa de trágico).
Se eu tivesse tempo, acho que era capaz de escrever histórias e histórias e histórias, pois ponho-me a escrever e as histórias vão aparecendo sozinhas. Se calhar, é isso que (também) vou fazer quando me reformar. Como nessa altura já não deve haver dinheiro para me pagarem a reforma, é capaz de me dar jeito ver se ganho alguns trocos por outro lado...
Obrigada pelo incentivo, Teresa-Teté!
Querida Pôr do Sol,
Fico tão contente com as suas palavras. Fico contente que seja bom vir aqui dar uma espreitadela e ficar um bocadinho - como se fosse uma mesa e uns cadeirões confortáveis numa varanda ensolarada, boa música, uma boa conversa, gente bem disposta, onde apetecesse vir de visita.
Quanto aos meus babies, fofos, amorosos (e reguilas - especialmente a dupla masculina que são uma coisa de estafar qualquer hércules), são uma alegria, tanto mais quanto são uma alegria para os meus filhos. Ou seja, é uma dupla alegria.
Quanto a Ana e Tomás... o climinha anda ali no ar, lá isso anda... mas eu ando a resistir, vocês vêem que sim. Eu gostava que Ana voltasse para a sua vida anterior. Mas vocês e a história andam a querer levar-me para maus caminhos...
Vamos ver o que vai sair hoje. Estou sem ideia nenhuma mas isso é o costume, as ideias só aparecem no momento em que abro a torneira, isto é, quando começo a escrever.
Obrigada pelo estímulo e um beijinho, Sol Nascente!
Olá Leanor, formosa e segura,
Um amigo meu dizia que eu tinha juntado a primeira comunhão ao casamento (por me ter casado tão cedo) e, passado pouco tempo, tive os meus filhos. E eles agora, que começaram a constituir família, não param...
Ainda no sábado à noite o meu marido estava a falar com a minha filha sobre um dos meninos e ela respondeu-lhe 'é isso mesmo, salvo que esse não é o nome dele...'. Ele estava a usar o nome do outro. E eu no outro dia andava a comprar umas roupinhas para eles e tinha que estar sempre a concentrar-me com os tamanhos para não trazer a roupa mais pequenina para menina, porque o mais pequenino é um menino, e, no fim, lá vinha com uma peça trocada, uma tshirt de menino no tamanho da menina. E, para baralhar ainda mais, o bebé que vai nascer vai ter o mesmo nome que um dos primos (pois é um nome omnipresente na família, chama-se por um, respondem no mínimo uns 3 e isto no círculo mais restrito porque se alargarmos um pouco, responde uma meia dúzia, e agora será mais um).
Enfim. Uma animação.
Um dia destes (mas só na altura certa...!) vai ver que isso vai acontecer com os seus e aí a família começa a alargar-se à força toda.
Eu até já ando com uma cadeirinha no meu carro e em casa já tenho duas cadeirinhas para comerem à mesa (o mais crescido já se senta numa cadeira normal, com almofada)
Quanto à Ana e ao Tomás, que vou eu fazer àqueles dois...? Não poderão ficar apenas bons amigos...?
A ver vamos. Hoje a ver se consigo levar o passeio até ao fim e, claro, seguindo os conselhos da agência turística aqui do UJM, será conforme disse. Eu, nestas coisas, sou muito bem mandada, é tudo by the book. A ver se chego lá porque, às vezes, quando escrevo, a coisa segue um outro rumo.
(Um dia destes vou pedir-lhe o favor de desenhar aí um outro passeio destes, curtos, para eu conhecer mais coisas por aquelas bandas. O P. Rufino já me falou em Alijó e Barca de Alva. Fiquei fã. E pode ser que alguns leitores sigam as pisadas porque é um passeio lindo. ... Claro que agora ando um bocado a pão e água e ver se compenso das almoçaradas e jantaradas porque a comida é óptima...)
Um abraço, Leanor e divirta-se!
Ainda voltei porque como li referências aos seus netos, pareceu-me que vem mais um a caminho, certo? Então quantos são agora? É um casal da filha e um menino do filho?
Sortuda! Dão trabalho mas enchem uma casa de alegria.
A minha nora gostava de ter mais um, mas com a situação presente não é muito provável.
Muitas felicidades para eles e para os pais e avós para os poderem acompanhar e ajudar na estrada da vida que presentemente está com um tráfego complicado.
Beijos e abraços
Teresa-Teté,
Já perdida de sono, passando das 2 da manhã, oh mamma mia..., volto aqui para lhe responder: a minha filha tem dois rapazes que são traquinas até mais não poder, sempre a cairem um em cima do outro, sempre a tirarem as coisas um ao outro, doidos, muito bem dispostos, comilões, um com 3 e tal e outro com pouco mais de um. O meu filho tem uma menina linda, feminina (ontem pintei-lhe as unhas e adorou e deixeii que ela me pintasse a mim...!) e ainda não tem 2 anos e vem um menino a caminho, para dentro de pouco tempo.
Os meus filhos são como coelhos, não sei se está a ver... (e eu fico toda contente; já que eu só tive dois filhos, que venham netos com fartura...!)
A vida está uma complicação mas, se os mais novos não se reproduzem, que país será este daqui por uns anos, não é...?
Cara UJM:
Com 4 netinhos muito próximos quase dá para abrir uma creche.
Tenho uma cunhada, mulher determinada e empreendedora como Ana, que se reformou antecipadamente e disse aos filhos, 3, que estava pronta para ser avó. Os filhos obedientes deram-lhe 3 netos logo logo 4 e …. . Contratou uma educadora e com a ajuda da empregada gere, em casa, que transformou, uma creche para os 6 netos que tem agora. Os 2 mais velhos já vão ao colégio, mas à tarde voltam para creche da “náná”. Muito cansativo! Mas compensador, diz ela. Os filhos agradecem, e muito.
Desejo muitas felicidades aos seus rebentos.
E muitos dias felizes.
Leanor formosa e segura.
Leanor,
Essa nunca tinha pensado mas é, de facto, uma boa solução e deve sair mais barata do que pagar creches que são um balúrdio.
Se eu estivesse reformada era 'moça' para me meter numa dessas.
Mas ainda me faltam tantos anos para me reformar... E, por este caminho, como diz um colega meu, se calhar quando tivermos uns 90 anos, já com a garrafa de oxigénio ao lado, ainda andamos a caminho dos empregos...
A minha filha, de vez em quando, pergunta se eu não quero reformar-me antecipadamente? Mas não apenas estou abaixo da idade mínima em que as pessoas se podem reformar (mesmo com penalização) como os tempos não estão para correr riscos de largar empregos.
Por isso, limito-me a ser uma avó que anda a correr para estar aos bocadinhos com os babies.
Um abraço!
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