quinta-feira, novembro 10, 2011

Otelo diz que, é pá, fazer um golpe de estado agora até é mais fácil do que foi fazer o 25 de Abril. Os banqueiros mandaram o Governo às malvas e escreveram uma carta a Olli Rehn, Passos Coelho voltou a dar o dito por não dito. E mais uma série de coisas estranhas. Por isso, vamos espairecer? Mariza e Brigitte Lacombe dão uma ajudinha


Vinha para casa, no carro, hoje à noite e falava o Coronel Otelo Saraiva de Carvalho dizendo que não foi para isto que os Capitães fizeram o 25 de Abril, que a classe política, pá, desbaratou todo o crédito de simpatia que Portugal granjeou por ter posto fim a uma ditadura de 48 anos, que o País, pá, está à beira da bancarrota e... concluiu que não se admirava nada que houvesse um golpe militar para pôr fim a isto tudo e que até seria uma coisa fácil de fazer.

Eh pá...!


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Já os banqueiros nem se deram ao trabalho de ameaçar - estando num verdadeiro pé de guerra, partiram directamente para uma facada nas costas do governo. Explico: entendendo que com esta maltosa não se vai a lado nenhum, a Associação Portuguesa de Bancos não esteve com mas-mas. Os nossos banqueiros que já tinham dado um pontapé no traseiro de Sócrates, agora foram mais longe: fizeram um bypass em toda a linha e escreveram directamente ao comissário Olli Rehn, queixando-se que este governo está a querer fazer uma nacionalização da banca 'a la 25 de Abril'.

Eh lá...!


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Não sei como ficou o pobre do Pedro Passos Coelho... provavelmente ficou com a cuca fundida (calma aí, eu disse fundida) pois, depois de no Paraguai ter dito que, claro que tinha que renegociar o plano de resgate, de a seguir, convicto, ter dito que, nada de confusões, não queria renegociar coisa nenhuma, queria era fazer uns ajustamentos, hoje apareceu com a convicção do costume a dizer que não queria renegociar, nem tão pouco pouco fazer ajustamentos e que os senhores jornalistas o ouvissem com atenção para que não restem dúvidas: não queremos mais dinheiro, nem dilatar prazos, nem coisíssima nenhuma.

Em que é que ficamos?

Oh pá...!

Desabafo escrito numa parede do Ginjal (fotografia minha)


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E lá por fora? Eh pá, está do melhor. O Berlusconi diz que se vai embora porque os mercados andavam a morder-lhe as canelas e já ninguém acreditava nele e, na sequência desse anúncio... as bolsas afundaram-se por todo o lado, especialmente em Milão, onde ainda conseguiu ser pior, e os juros quase bateram no tecto sagrado dos 7%.

Oh la la...!


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Há mais...? Ah pois há... A CDU da Merkel (refiro-me à Angela, a cabeça do casal Angela-Nicolas) veio publicamente defender que os países que chatearem devem ser corridos da Zona Euro, que já andam a causar estragos demais, que não dá para suportar gente gastadora, xô, xô...! E, claro, toda a gente já diz que o lado feminino do casal, aquele que costuma ser visto a passear pela trela ou ao ombro da madama, também alinha e que já andam os dois a estudar como é que haverão de fazer um quartinho só para eles, correndo com o resto da maralha dali para fora, para o quintal, para o anexo, xô, xô...!

E vai daí? E, vai daí, Wall Street mergulhou a pique, um afundanço à maneira.

Oh pá...




?????

E mais? Ah bom... Então o Mahamoud Ahmadinejad diz que não recua nem um milímetro no programa de energia nuclear, afirma defender a ética e a decência e que se o chateiam risca com Israel do mapa.

Ui, ui, ui... pá...!



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Mas... e nem uma coisinha de jeito? perguntar-me-ão vocês já desanimados... Pois bem, no meio de toda esta derrocada, uma mulher continua a manter a cabeça no lugar e aí anda ela, num périplo, de país em país, chamando a atenção para o tsunami recessivo que se está a formar a toda a força. Agora é em Pequim. Christine Lagarde foi explicar que a Ásia não está imune caso o mundo se afunde nesta 'espiral de instabilidade financeira'; e que, para se sair desta crise 'perigosa e incerta', o mundo tem que se concertar e adoptar medidas articuladas que vão no sentido do desenvolvimento. Para que não seja uma década perdida, para que o mundo não colapse.


Deus a ouça....? Também. Mas melhor seria que os governantes deste mundo a ouvissem.

E o quanto antes, pá.

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Fartos disto? Já nem podem ouvir falar em tanta coisa chata? Querem é festa? É isso? Oh pá, já podiam ter dito...

Então, bora lá. Como está de chuva, aqui vos deixo a Chuva pela Mariza que, por mil vezes que a ouça, nunca deixa de me emocionar.


........
E ainda mais, que eu hoje estou assim, para a festa... Agora o tema é fotografia.

Vocês já estão fartos de saber que adoro fotografia, não é? E as fotografias feitas por mulheres? Ah, que sensibilidade...

Não ...?! Então vejam estas fotografias feitas pela Brigitte Lacombe, uma francesa que nasceu em 1958 e que agora vive em Nova Iorque.


Meryl Streep, la belle, la heureuse


Julianne Moore, la femme fatale

Kristie Scott Thomas, a pecadora

Robert de Niro, a guy next door, an intelligent and sexy neighbour


Já é a 3ª tentativa e desta vez, a ver 'se pega', vou usar mesmo esta
fotografia com legenda e 3 little boys downstairs - mas quero aqui pôr o Jack Nicholson
cujo olhar é muito pouco aconselhável....

  


E, para terminar, uma sessão de fotografia, coisa que gosto imenso de ver. Brigitte Lacombe fotografa Isabella Rossellini e a filha Elettra Wiedemann, China Machado, Shala Monroque e Andrej Pejic. Ah, dá gosto ver.




E com isto tudo...?

Ah, pois bem, é simples: vamos divertir-nos e apreciar as coisas boas desta vida. Há tantas coisas tão boas... Enjoy! Be happy!


++++++


(PS1: Estou para aqui a escrever coisas em inglês e só a pensar na rabecada que o Patrão da Barca 'tempo Contado', Mestre J. Rentes de Carvalho, no outro dia, deu nos bloguistas que falam, escrevem, gemem e fazem tudo o mais em inglês... What the fuck, diz ele...

PS2: E se, depois deste longo post estiverem a precisar de descontrair, tenho uma solução: nada melhor que violino, certo? Então, convido-vos a virem comigo até ali à Música no Ginjal que hoje Itzhak Perlman interpreta a Serenata Melancólica de Tchaikovsky. É logo a seguir ao Fernando Pessoa e é lindo.

PS3: Vocês desculpem lá aquilo, lá em cima, do 'pá' para aqui, 'pá' para ali mas é que fiquei com o 'pá' do Otelo impregnado nos neurónios - entre cada duas palavras ele consegue enfiar três 'pás'. A ver se amanhã, numa reunião que tenho logo de manhã, isto já me passou, pá)

  

14 comentários:

rosaamarela disse...

Adoro a Mariza, aliás se me permite conto aqui uma história - quem me "ensinou" a gostar da Mariza foi a minha filha qdo tinha aí uns 10 anos, - já dei por mim com as lágrimas a cairem no 1º concerto em Belém (tb já escrevi sobre ela no meu blog).

Assim que mais uma vez mt obrigada pelo texto.

packard disse...

Não querendo ser pessimista - e não sou - depois de escrever o q escreveu neste post, não lhe cheira tudo isto a uma movimentação política e social de uma magnitude q se assemelha a um terramoto? Recorde-se de 1789, agora ao contrário, ou de 1917. Quantos anos, caramba, quantos, até a "tectónica" destas coisas sossegar?

Maria disse...

Um jeito manso, pá:
Ó pá! Isto está uma grande confusão, pá! As conversas pá, do Otelo pá, já não me alegram, pá.
Quanto ao Nicolas e a Ângela pá, aquilo parece pá, o começo de uma bela amizade (Parece, pá, parece). As ligações Franco Germânicas pá, deram sempre mau resultado.
A notícia pior pá, é o Berlusconi, pá. Lá fica o Alberto João sem emulo, pá, o que é chato, pá. Só não lhes chamo palhaços pá, porque respeito aos ditos, pá!
Gostei das fotos, pá, gostei da Mariza, como sempre pá!
Se me esqueci de algum pá, desculpa lá, pá.
Abraço (sem pá)
Maria

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Jeito Manso, isto de vir a sua casa, está a tornar-se um vício!
Os disparos das palavras e das máquinas fotográficas são certeiros. Que delícia de humor/angústia, que aqui se encontra.
E o filmezinho, o making of com aquele modelo andrógino e descendentes da Bergman, que maravilha. Bravo!
Obrigada.

Luisa disse...

Ó pá, a Christine Lagarde veste-se 'muita' bem e tem uma 'ganda' pinta!
Aquela madeixa grisalha na testa alta, que encanto!
Aquelas encharpes traçadas ao pescoço, que estilo!
Aquele corpo aos 55 anos, esguio e elegante, que inveja!
Aquela forma de falar, segura, séria, confiante, que admiração!

E eu, que gosto tanto de homens.
:-)

Um Jeito Manso disse...

Olá Rosa Amarela,

Também gosto muito da Mariza, tem uma verdadeira alma fadista, é uma verdadeira embaixatriz do Fado.

E tem carisma e escolhe muito bem o que canta.

Eu não vi o concerto em Belám mas a minha filha viu e fala sempre nessa noite em que a Mariza emocionou um mar de gente.

E, em particular, gosto imenso da 'Chuva'.

Um beijinho.

Um Jeito Manso disse...

Packard,

Eu ando com um feeling que quero afastar porque não quero nem pensar que uma coisa desagradável como a que temo nos pode bater à porta. Até evito escrever ou verbalizar a palavra. Tenho esperança que os governantes mudem de ideias ou, melhor, que mudem os governantes e que uma nova era se abra.

Quando escrevo as coisas assim de seguida parece que estou a descrever o período que antecede a bronca da grossa para a qual tudo isto pode derrapar. Por isso, sinto a necessidade de ir buscar a seguir música, fotografias, filmes, para afastar maus ventos.

Você agora relembra duas revoluções e sabemos que as revoluções não nascem do nada - há sempre um caldo de descontentamento e pobreza que as precede.

Mas, já que não somos (ambos) pessimistas, tenhamos esperança que o futuro radioso espera por nós.

Mas a tectónica vai levar tempo, acho eu - as grandes placas estão a ensaiar movimentos de aproximação (EUA, Pequim, Rússia, a Europa de gatas no meio disto, a América Latina, enfiam, as placas a tentarem recompor o equilíbrio que se perdeu)

Um Jeito Manso disse...

Oh Maria, pá,

Fartei-me de rir com o seu comentário. A mim acontece-me, quando ouço uma pessoa que diz uma coisa muito repetidamente, ficar com aquilo na cabeça e ontem fiquei com o 'pá' do Otelo. A si também lhe acontece?

Você diz que a sargenta Angela e o caniche Sarkozy ainda vão ser bons amigos...? Eu acho que já são muito íntimos, de beijo na boca e tudo - mas também acho que não tardará que a coisa azede porque romances de conveniência não costumam durar muito. Além disso, se algum deles perder as eleições, deixará de ser útil e aí lá se vão os beijinhos e abraços.

O Alberto João é que, faça o que fizer, se aguenta. Consegue ter mais sorte que o maluco do Berlusconi. Mas tem razão, Maria, estão bem um para o outro. São bons para a palhaçada, é isso mesmo.

Um beijinho.

Um Jeito Manso disse...

Helena,

Fico toda babada com as suas palavras simpáticas. Venha sempre, não se cure do vício - mas olhe que tenho dias...

Começo a pegar nisto sempre depois das 10 da noite, depois vou responder aos comentários e/ou mails e logo aí já avanço ainda mais pela noite dentro. Mas gosto de responder, gosto de interagir com as pessoas que me lêem.

Gosto também de visitar outros blogues.

Como, além disso, tenho a mania de alimentar os 3 blogues, acabo sempre já de madrugada. E às 7 e picos já tenho que estar a pé. Chego ao fim de semana perdida de sono.

Mas, quero eu dizer que nem tenho quase tempo para pensar, reler, pesquisar. Vai tudo de rajada, sem tempo para auto-censura. E, no fim, quando acabo, estou tão a dormir que quando olho para os testamentos que acabei de escrever, já nem tenho fôlego para reler.

Por isso, fico sempre com a sensação que pode ter saído disparate...

Ou seja, sendo tudo tão fruto da intuição e da inspiração do momento, sem trabalho aturado ou esforço, quase sinto que as palavras simpáticas que recebo nem me são muito devidas.

Mas gosto de as ouvir e ler.

Quanto ao making of, também achei uma delícia e pelas mesmas razões que invocou.


(PS: Estou aqui com a ideia de ir escrever uma coisa, não sei se vou ou não (porque só consigo saber sobe o que vou escrever no momento em que começo a fazê-lo mas, se escrever, não leve a mal. Eu não quero que a sua relação familiar e a estima que tenho por si me iniba de escrever sobre um dos nossos ministros. São vertentes distintas e sei que o compreende. Mas se falasse consigo ao vivo ou por telefone, antes de escrever dir-lhe-ia que o ia fazer. Assim apenas posso escrever isto).

Um beijinho, Helena.

Um Jeito Manso disse...

Luísa,

Partilho a sua admiração pela Christine lagarde.

Já qui falei várias vezes dela e justamente, uma das vezes, acerca das écharpes que ela usa frequentemente (e eu adoro écharpes).

É elegantíssima, veste-se muito bem, usa umas jóias lindas, por vezes uns brincos que devem ser bijouterie mas que são uma graça, e fala de forma clara, directa.

É uma mulher corajosa, de fibra.

E, sobretudo, defende o desenvolvimento. Tem feito disso a sua bandeira e anda a pregar essa mensagem por todo o lado. Ora, sendo a directora-geral do FMI, tenho esperança que a ouçam.

E eu com esta conversa toda, a elogiar tanto a Christine, depois da sua observação, quase me sinto no dever de esclarecer que também gosto muito de homens... :-)

E que viva a vida, levada com bom humor!

Histórias de Nós disse...

Isto já parece tudo é um filme de ficção científica - too bad to be true...! Há que ter esperança que no fim os bons acabem mesmo por ganhar aos maus e o bem prevaleça para todo o sempre...

Um Jeito Manso disse...

Oh Historinhas, por aquio hoje?

Fico contente com a visita. Pois too bad to be true, é isso mesmo.

Mas temos que ter esperança, temos mesmo. Não quero nada disto para os meus filhos e para os meus netos. Quero um País feliz, desenvolvido, com oportunidades, um País com futuro.

Temos que ser lúcidos e exigentes.

PS: Tenho adorado as histórias que tem criado a pedido. E os textos de geração espontânea também, claro. Continua sempre inspirada. A ver se me ocorre outra ideia para a desafiar outra vez.

Beijinhos.

Histórias de Nós disse...

UJM,os desafios são sempre bem vindos! Enquanto estou a magicar as minhas/nossas histórias não estou a pensar no tão jeitoso que está o nosso país e nosso mundo.
Venham as sugestões de temas para as minhas histórias, venham elas!

Um Jeito Manso disse...

Histórias de Nós,

Então aqui vai um novo desafio:

Conhece o poema de Ricardo Reis, 'Vem sentar-te comigo Lídia, à beira rio'?

Pois bem:

Isolemos apenas este bocadinho:

"Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos / se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias / mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro / ouvindo correr o rio e vendo-o."

Venha então daí uma história inspirada nestas palavras de Fernando Pessoa, digo, Ricardo Reis.