Não gosto de falar de morte. Muitas pessoas relevantes nos têm abandonado desde que aqui escrevo e nunca o referi porque quero que este blogue seja habitado, acima de tudo, por vida.
No entanto, hoje, quando soube da morte da Maria José Nogueira Pinto, tive tanta pena, fez-me tanta impressão, que não consigo arranjar inspiração para escrever mais nada enquanto aqui não testemunhar a tristeza que senti.
Apesar de muitas vezes não concordar com ela, admirava-a mesmo muito. Era uma mulher assertiva, combativa, frontal, muito franca, muito genuína.
Quando há umas duas semanas a vi na Sic Notícias, magríssima, os grandes olhos azuis quase fora do rosto descarnado, o cabelo muito fraco, fiquei com a noção da gravidade da situação. No entanto, ali estava a dar as suas opiniões, segura de si, a argumentar com convicção, a dar luta como sempre.
Trabalhou até quase ao fim, ainda conseguiu votar para eleger Assunção Esteves, coisa que lhe deve ter dado muita alegria. As imagens mostram-na na Assembleia da República a ir votar, já fraca mas autónoma, pelo seu pé. Uma lutadora.
Era uma portuguesa cheia de bravura. E sempre muito feminina, muito elegante, aquele porte que lhe vinha da nobreza da alma.
Descanse em paz, Zezinha.
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