sexta-feira, junho 17, 2011

Picasso em acção, um homem vigoroso e de bem com a vida, para sempre entre nós

Ainda mal refeita do impacto do que ouvi ao futuro Ministro Paulo Portas que, ontem à tarde no Altis Belém, veio pôr-se ao meu lado para fazer telefonemas reservados (tal como descrevo no post abaixo deste),  passo para um outro Paulo, um Paulo muito especial.

Pablo Picasso (1881 – 1973), pintor, escultor, ceramista, desenhador, artista plástico compulsivo, exuberante, moderno, homem sedutor, amante, marido dedicado, apaixonado, divertido, polémico, é uma personagem que me fascina. Tenho várias biografias e monografias sobre ele e a sua obra. Transborda de cor, de vida, de vivacidade. Inova, rompe, brinca, recria, cria.

Reading - Pablo Picasso

Quando ia a casa de Braque a mulher deste dizia ao marido que escondesse o que estava a fazer, senão Picasso copiava. E copiava mesmo. Mas não era por mal. Era porque queria experimentar, queria ter a sensação de fazer o mesmo, queria reproduzir, modificar, queria tudo. Se via o 'Déjeuner sur l'herbe' de Manet, entrava em órbita e atirava-se às telas e, de rompante, pintava dezenas de 'reproduções', de variações, e, no fim, já era pura abstração à volta do tema.  Se via as Meninas de Velasquez, aí estava Picasso em delírio, dezenas, centenas de meninas nasciam dos dedos de Picasso, cada vez mais feias, mais disformes, ou já só vestidos e o pintor, ou só a barbicha, ou já quase nada mas ainda lá o espírito, e isso é a joie de vivre, a exuberância, a arte diluida no sangue, o sangue em ebulição.

Pintava em pratos, em papéis, tinha uma cabra que andava pela casa, sentava-se em cadeiras desmanchadas, ria-se, era feliz. A neta Marina diz que o avô não lhe ligava, ficou-lhe uma mágoa. Mas Picasso não se devia dar conta da menininha que por ali andava, no meio da confusão, querendo afecto.

As mulheres, é claro, amavam-no. Teve várias e a todas amou e retratou. Picasso, bigger than life.

Um dia perguntaram-lhe: 'Como é que começa uma obra?'. Ele pensou e respondeu 'Primeiro sento-me'. 'Ah, não sabia, pinta sentado?!' exclama o entrevistador. 'Não', responde-lhe Picasso. O entrevistador fica à espera de mais explicações mas Picasso mais nada diz sobre o assunto.

Acho o máximo.

O que Picasso se devia divertir a responder a perguntas assim. Tinha lá ele regras... Pintava de qualquer maneira, em qualquer lugar, e se lhe faltava uma cor, pintava sem essa cor (e assim apareceram alguns períodos... Pintava quase tudo dessa cor, porque não tinha as outras, what's the big deal?)

Pintou e, ao que parece, fez amor até se ir embora, já passava dos 90. Mas não foi. Tinha muitas células imortais. Ainda está por aí, moderno, alegre, apaixonado. Vejam-no aqui, nos anos 50, aos 69 anos, um menino.


Sem comentários: