Arbusto despido in heaven (berberis) |
Pintura de Jackson Pollock |
Durante muito tempo fui indiferente à pintura de Pollock. Até que deixei de ser. Já aqui, há algum tempo, me referi à sua obra. Personagem excessiva, pintava de pé, em estado de quase alucinação, salpicando pincéis cheios de tinta, salpicando, salpicando, aleatoriamente, à toa, frenético, tantas vezes revoltado, tantas vezes alcoolizado.
Pollock: work in progress, uma dança a solo |
E, no entanto, sujeita a análise, a sua obra revela padrões, pode ser estudada à luz da teoria dos fractais e, cromaticamente, tem um inesperado sentido estético.
Ao passar pela nuvem de ramos emaranhados do meu arbusto berbéris (creio ser este o nome) foi, por momentos, uma obra de Pollock que antevi. Fotografei e agora, aqui colocada junto a essa pintura, sinto que, como tudo na vida, é preciso darmo-nos tempo para vermos para além do que é superficial.
Há uns tempos, eu diria que a pintura de Pollock não passava de salpicos sobrepostos. Hoje, vejo para além dos salpicos que a compõem: vejo uma mancha abstracta que me convoca, uma realidade sobreposta de mil fragmentos. Não sei explicar. Mas comparemos as duas imagens: olhando-as, poderemos dizer que a pintura de Pollock é uma abstracção desligada da realidade?
E se fosse?
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