Estou quase como o convalescente Alberto João, quando se referia a Cavaco Silva como o Sr. Silva. Mas este Senhor Silva anda a aborrecer-me. Arrasta multidões de pessoas da terceira idade que o aplaudem como se ele fosse o líder da oposição, o candidato que, ganhando estas eleições, lhes vai aumentar as pensões, lhes vai arranjar emprego, lhes vai repor as linhas de caminho de ferro. E ele alimenta esta ilusão e, entusiasmado com esta vaga de fundo, não apenas a cavalga como vai prometendo um reinado activo. Cavaco vai virar uma Rainha de Inglaterra com look de Sarkozy.
Não contente com isso, inchado de demagogia e populista como nem Portas, Louça e Jerónimo todos juntos conseguem ser, agora diz que, se não ganhar na 1ª volta, os juros vão subir, o dinheiro vai escassear, a vida das pessoas vai piorar. Claro que as pessoas, no meio desta crise, assustadas, e convencidas que ele e 'a sua senhora' são gente de bem, acreditam na ameaça.
E eu ouço esta argumentação e penso: isto não é intelectualmente honesto. Abusar da credulidade e da pouca informação do sector mais carenciado da população, não é coisa bonita de ser ver. E aborrece-me pensar que este homem, que é capaz de se pôr aos saltos no meio da rua, que diz incompreensíveis palermices, que andou contido e sonso durante o 1º mandato, se prepara para se ir instalar mais 5 anos em Belém a fazer sabe-se lá o quê - provavelmente a fazer a vida negra a Sócrates.
Mil defeitos pode ter José Sócrates mas trabalha, luta, prepara-se e não baixa os braços. Ele vai à Alemanha vender atoalhados, vai a Timor, ao Dubai, à China, ao Brasil, e leva empresários tentando que façam negócios, vende a dívida (*), luta, luta, luta, luta. Pode estender o optimismo até à fronteira do abismo, pode ocultar os problemas tentando que a economia não desanime, pode ter cedido face à contestação frentista (PCP+PSD+CD+BE) e não ter sido capaz de acabar com institutos, privilégios e encargos impossíveis de sustentar, mas luta, trabalha, não dorme, e estuda os números, argumenta, desdobra-se em entrevistas.
Algum dos senhores deputados que estão na Assembleia como vizinhas e comadres num pátio, à janela, na varanda, na cusquice, a discutirem as notícias dos media, sem fazerem leis, sem se importarem com os reais problemas do País, trabalha um décimo do que trabalha José Sócrates?
Algum dos senhores deputados que estão na Assembleia como vizinhas e comadres num pátio, à janela, na varanda, na cusquice, a discutirem as notícias dos media, sem fazerem leis, sem se importarem com os reais problemas do País, trabalha um décimo do que trabalha José Sócrates?
E anda agora Cavaco, deslealmente, a torpedear o esforço quase sobre-humano que Sócrates anda a fazer há anos...? Com argumentação básica, populista...?
Mas sobretudo: armar-se em sindicalista radical e derrubar o governo para quê, Senhor Presidente? Para pôr lá quem? O imaterial Pedro Passos Coelho e mais a sua trupe? Os irmãos Miguel e Miguel, Frasquilho & Relvas? E mais quem Senhor Presidente?
Candidato Silva - muita demagogia, muito taticismo primário |
(*) Arreliam-me também as virgens ofendidas (tontas, tontas como geralmente são as virgens retardadas) que para aí andam incomodadas com a compra de dívida por parte dos países ricos que não respeitam os direitos humanos. É chato. Concordo que é chato. Mas, quando há leilões, alguém sabe quem é que está a comprar a dívida? E, se forem fundos, sabe-se lá do quê, de que países: já ninguém se importa?
Chato é estarmos tão endividados que nos endividamos para pagar encargos, para pagar o que compramos, para pagar o que comemos. Chato é a situação de desequíbrio financeiro a que chegámos, chata é a situação de debilidade económica em que nos encontramos. Mas isso não é culpa deste governo: é fruto de décadas de laxismo, de novo-riquismo, de ignorância, de falta de exigência. E refiro-me, não os vários governos que temos tido, mas a nós todos que elegemos gente desqualificada para a exigência das funções que desempenha. Aqui não há que colocar a culpa 'neles' porque os culpados disto somos nós.
Nota: E agora, aqui neste cantinho, viro-me para o murinho e lamento-me: não quero o Cavaco... mas faço o quê? Nenhum outro dará um bom Presidente... Abstenho-me? Faço o quê?
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