quinta-feira, agosto 19, 2010

Prenda ou Presente? Mala ou Carteira. Confira.

Presente
(latim praesens, -entis)
s.m.
Coisa oferecida a alguém, dádiva, mimo, oferta, prenda

Prenda
s. f.
Dádiva, presente.

Ou seja, sinónimos.

E desde há muito tempo que são palavras com o mesmo significado.

Já Fernão Mendes Pinto (1510-1583) na Peregrinação usou o termo prenda. E Luís de Camões, seu contemporâneo (1524-1580), n’Os Lusíadas, usou a palavra presente com o mesmo significado.

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E é mala (segundo a plebe) ou carteira (segundo a gente 'fina')?

Uma vez mais, podem ser sinónimos mas geralmente mala é grande e pode transportar vários objectos e carteira geralmente usa-se para transportar apenas documentos, cartões, dinheiro.

E, já agora uma pergunta para o J.

Sobre a mala acima, o modelo Birkin da Hèrmes que custa milhares de euros e que tem uma procura tal que faz com que a lista de espera seja de meses: a Hèrmes que tem uma margem fabulosa está errada em praticar estes preços? Ou o que poderemos questionar é o enriquecimento de quem as compra?

Ou é melhor nem pensarmos muito nisto?

C'est la vie, J.

1 comentário:

j disse...

Quando se fala do valor de uma mala na ordem dos milhares de euros e da existência de uma fila de espera para a comprar compreendemos que existe uma distorção do que deveria ser a lógica do valor do produto. Aqui não está em causa o material ou mão de obra; paga-se a marca, paga-se o status, valoriza-se a sensação de poder associado a possuir um bem raro. É uma questão de classe, um factor de diferenciação. Este sentimento humano de poder e posse é tão antigo quanto o Homem.
Vivemos num sistema em que estas distorções são legítimas e são vistas como um sintoma de uma economia saudável com uma classe alta pujante, constituída por abastados detentores de capital (dos tais que investem, criam emprego…)
Sempre que se fala em dinheiro fala-se em recursos – o dinheiro é um instrumento virtual para representar o poder de compra acumulado ou, seja a capacidade de adquirir recursos.
Num mundo de recursos notoriamente limitados, onde a larga maioria da população mundial vive com carências, fome, ausência de recursos médicos, etc. são realmente aceitáveis estas aberrações de gastos despesistas?
A questão que tem de ser colocada é se quem as realiza é ou não culpado pela fome e miséria do outro hemisfério, sem tem ou não culpa “por todo o mal do mundo”? Há um exemplo interessante de um filósofo americano que se adapta: Se após comprar a mala o seu dono se visse colocado numa situação em que tinha a mala presa numa linha de comboio que se bifurcava e tinha de optar por escolher se o comboio atropelava a mala ou no outro lado uma criança africana subnutrida qual escolhia? Naturalmente dar cabo da mala! No entanto sempre que a compra faz a escolha contrária sem o perceber! O que está em causa não são as pessoas são sim os sistemas! É inegável que essas somas de dinheiro representam recursos mal distribuídos que pairam por esferas a que a maioria dos mortais jamais terá acesso!
Estão sempre escudados pelos valores da liberdade, da oferta e da procura, do mercado livre! Mas que liberdade existe na fome e na miséria? Não é retórica oca é a realidade! Ainda que seja impossível alterar o curso dos acontecimentos, na realidade a desproporção brutal na acumulação de recursos entre pessoas, entre países, entre continentes dá nisto… e cabe tudo dentro de uma mala de mão.
PS – para substanciar o que digo compra o documentário Earth na fnac (4 euros). Fica a saber que no mundo já se produz alimento suficiente para alimentar todos os seres humanos. No entanto mais de 50% da população sofre de carências alimentares graves. Para onde vai então a comida? A maioria, cereais, vai para alimentar o gado que se come em claro excesso no Ocidente – e a porporação é: 10kg de cereais = 1kg de carne! Ou seja o alimento vai para onde o lucro orienta e não para onde as necessidades reclamam, porque no Ocidente a acumulação de riqueza é tal que se podem desperdiçar recursos com tanta facilidade. Será isso justo? Ou será um problema a resolver?
“c’est la vie”…?