segunda-feira, agosto 23, 2010

Narciso Miranda, Hermínio Loureiro e outros


Há pessoas que não dão bom nome aos sítios que frequentam.

Com alguma frequência deixo-me levar pela intuição (mas não é a intuição um atalho da inteligência?). Contudo, reconheço que, por vezes, posso cometer algumas injustiças.

Talvez seja o caso do Narciso Miranda.

Sempre achei que este homem dava mau nome ao PS. Ele e outros, tantos outros.

Não sou nem nunca fui filiada em nenhum partido e presumo que nunca virei a ser.

Não consigo imaginar-me a pertencer a um qualquer clube com regulamentos, em que me sentisse condicionada no normal exercício da cidadania, em que sentisse algumas baias ao livre direito a pensar e agir livremente.

Só quem o aceite é que deverá inscrever-se num clube, num partido. E, inscrevendo-se, é porque comunga dos princípios de base e aceita cumprir os regulamentos.

Estar dentro e agir como se estivesse fora é a negação da lógica, é a contradição dos termos.

Se uma pessoa pertence a um partido, apenas deve fazer campanha (ou ser candidato) por esse partido; querendo expor publicamente uma outra corrente de pensamento ou apresentar-se a votos, então que salte fora.

Poderá dizer que interpreta melhor os princípios e os regulamentos do que quem está, na altura, nos órgãos de decisão do partido e que, portanto, a sair alguém, que saiam os deturpadores e não o próprio. Mas isso seria a anarquia porque significaria, na prática, que toda a gente poderia a qualquer momento desautorizar os órgãos decisores eleitos democraticamente.

Se alguém discorda da linha de rumo que os órgãos responsáveis de um clube ou partido, então que os questione internamente.

O Narciso Miranda foi posto fora do Parido Socialista e bem posto.

De resto, é pena que o PS, o PSD ou outros partidos pretensamente responsáveis não tenham provas de aferição, entrevistas, testes psicotécnicos, período à experiência e outras barreiras do género para impedir que qualquer Narciso Miranda deste mundo polua com o seu visual, o seu palavreado, a sua maneira de ser, o que se pretenderia que fosse um lugar de eleição, um lugar em que apenas gente com nobreza de carácter, com inteligência e com savoir faire pudesse entrar.

Nestas alturas estivais de incêndios, volta a Portugal de bicicleta, festivais de verão, ondas de calor e outras ocorrências do género, as nossas televisões fazem incursões pelo País profundo e então é vê-los a dissertar em frente dos microfones: presidentes de Juntas de Freguesia, Vereadores, Presidentes de Câmara inenarráveis. São de um bairrismo quase infantil, não dizem uma que se aproveite pois é notório que apenas querem agradar à clientela directa, não têm noção de conjunto, não querem saber da economia do País, não têm uma ideia que vá para além do interesse mais imediatista: uma tristeza.

Alguns a gente surpreende-se ao vê-los agora autarcas. Já os vimos antes como secretários de estado, como dirigentes desportivos, perdemo-los de vista e agora aparecem como presidentes de câmara. Sempre com aquele mesmo arzinho de pequenos caciques de província, de habilidosos da baixa política, de homenzinhos do aparelho, angariadores de votos acríticos. Gente que destrói a cidadania, gente que destrói o País.

Quem é que hoje tem vontade de entrar para os partidos para se ir juntar a gente assim? Discutir política com esta gente? Jamais. Jamais.



(Nota: Obviamente que não quero dizer que todas as pessoas que ocupam estes lugares alinham pela mesma bitola. Claro que não. Há honorabilíssimas, competentíssimas pessoas que ocupam com dignidade, com profissionalismo, com despojamento as suas funções. São pessoas exemplares e quando pessoas assim, com sacrifício pessoal, exercem as funções desta natureza, todos nos deveríamos sentir em dívida)

1 comentário:

Anónimo disse...

criticar, julgar, comentar e reprovar superficialmente os outros é muito muito fácil....aliás ocupamos todos boa parte da vidinha com isso ....a comentar sempre superficialmente os actos dos outros, muitas vezes sem conhecermos as questões em profundidade e quase sempre sem conhecermos o "personagem" no seu todo....uma grande parte das vezes aproveitamos para soltar as próprias vísceras......