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quarta-feira, setembro 17, 2025

Presunção e água benta cada um toma a que quer - o Montenegro que o diga Caixa de entrada
-- A palavra ao meu marido --

 

Antes de ir para o governo, a rapaziada do PSD, com o Montenegro à cabeça, resolvia os problemas do País num abrir e fechar de olhos. 

Após um longuíssimo abrir e fechar de olhos -- que demorou um ano e meio -- não resolveu nada e, pelo contrário, os problemas mais críticos pioraram. 

  • O que aconteceu na saúde é uma tragédia, com novas notícias desgraçadas a saírem todos os dias (bebés a nascerem em ambulâncias ou no passeio, helicópteros com menos disponibilidade que a exigida, urgências obstétricas fechadas, etc) e hoje a ministra anuncia que vai estudar mais um plano para resolver o problema das urgências fechadas. É preciso ter uma lata do caraças para não se ter ainda demitido. 
  • O que aconteceu com as duas MAI também não dá para acreditar. A falta de coordenação no combate aos incêndios e o desconhecimento total que ambas demonstraram das diferentes valências da administração interna é paradigmático. 
  • Na educação, o governo torrou e voltou a torrar dinheiro com os professores e nada foi resolvido. Veja-se que os alunos continuam sem professores e também não há pessoal auxiliar suficiente nas escolas. 
  • A questão da habitação só piorou com as medidas do governo que fizeram subir bastante os custos da aquisição e do aluguer (parece que a malta jovem que tem isenção do IMT pode comercializar a casa que comprou quando quiser, sem ter que pagar o imposto de que esteve isento, o que pode dar ideias assaz lucrativas a mentes mais criativas). 

Boa! É fartar vilanagem. 

A célebre questão ética que os moços laranja tanto levantavam tornou-se uma desgraça com o caso Spinunviva, com as investigações a que são sujeitos atuais e antigos secretários de estado. 

E hoje mais uma cerejinha para pôr em cima do bolo. Os pseudo atrasos nos PRR, que motivaram tantas críticas do Montenegro & sus muchachos e originaram vários momentos de incontinência verbal por parte do Marcelo, tornaram-se reais e vi hoje na TVI que, por exemplo, existem financiamentos previstos para obras na área da saúde que ainda nem sequer estão em fase de projeto. 

  • Solução do governo: tentar renegociar as datas de conclusão das obras. 
  • Solução do Marcelo: calado que nem um rato. 

Não duvido que a rapaziada do PSD tem jeito para festas e coboiadas, o Pontal, então, foi cá uma arraial de animação, mas o jeito para governar é zero.

terça-feira, setembro 16, 2025

Governo Montenegro: uma cambada de mentirosos ou de incompetentes profundos?
-- A palavra ao meu marido --

 

É difícil compreender que o ministro da educação tenha afirmado e reafirmado um ou dois dias antes do início das aulas que este ano praticamente não haveria alunos sem professores. Azar do costume, afinal haverá pelo menos mais de 90.000 alunos sem professores (o PS fala em mais de 100.000) e as escolas também se queixam de falta de pessoal auxiliar. Só vejo duas hipóteses o ministro da educação é mentiroso ou é profundamente incompetente. 

A ministra da saúde anunciou com pompa e circunstância que tinham contratado 7 ginecologistas para o hospital de Almada e que a partir de agora haveria sempre urgência de obstetrícia e ginecologia abertas na margem sul (alguém deveria investigar quais as condições em que estes médicos foram contratados. Será que vão trabalhar também como tarefeiros para "comporem" o vencimento?). Azar do costume, afinal todas as urgências da margem sul destas especialidades têm estado fechadas. Só vejo duas hipóteses: a ministra da saúde é mentirosa ou é profundamente incompetente.

Hoje foi noticiado que o secretário de estado da agricultura estava a ser investigado por contas "pouco transparentes" de empresas do setor imobiliário em que participou. A história do costume, o Montenegro, a exemplo do que fez no caso Spinunviva, veio dizer que o homem deve continuar no governo. O Montenegro está-se sempre nas tintas para a decência em política.

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Adenda: Hoje vi uma parte do debate das autárquicas de Lisboa. Na parte que vi, o Carlitos Moedinhas virou um "fofinho" embora não pareça ter perdido o gosto de mentir. O costume, qualquer populista que se preze diz o que convém dizer numa determinada altura, tenta portar-se melhorzinho se julga que isso lhe dará votos, mas tem sempre uma péssima relação com a verdade. Carlitos, por esse andar ainda te tornas um Ventura de segunda categoria.

segunda-feira, setembro 08, 2025

(Actualizado) Obviamente, pirem-se!
-- A palavra ao meu marido --

 

O presidente da Carris e o Moedas não podem continuar. O que soubemos ontem no inquérito preliminar é gravíssimo. Um equipamento de transporte público que funciona há 140 anos, com todos os riscos que acarreta um período tão longo de funcionamento, e transporta centenas e centenas de milhares de pessoas por ano num percurso com inclinação de 17 por cento, não tem sistemas de travagem que atuem no caso de falha no cabo que suporta o equipamento e permite  que este trave. É inconcebível!  Como é  possível que um equipamento cujas condições de segurança são tão precárias transporte pessoas? 

O dirigente principal da empresa tem que se demitir porque não garantiu que a empresa cumprisse a sua missão principal que é assegurar o transporte dos utentes em segurança. 

O Carlos Moedas também devia ir-se embora por indecente e má figura: não só porque a CML tutela a Carris mas também porque vai para a SIC fazer figura de poucochinho e consegue dizer que tudo funcionou bem, dizer que não pensa em eleições, e, enquanto isso, põe-se a dar bicadas na concorrente eleitoral, e continua apelando aos sentimentos mais primários das pessoas e quase chora para conquistar votos. E porque ao longo deste processo demonstrou que tem zero de capacidade de liderança. Uma triste figura. 

Além disso, depois de andar a pregar contra a insegurança na cidade, mostrou que se esqueceu de um aspecto tão fundamental como garantir a segurança de quem usa veículos de transporte, ainda por cima talvez dos veículos mais usados na capital. Afinal o grande problema para a segurança de Lisboa não são os imigrantes mas a falta de condições dos elevadores turísticos da cidade. 

Indecente e má figura do Carlos é  também seguir a cartilha do Montenegro e, quando tudo está a correr a mal, vir dizer que se gastou mais dinheiro com o problema e que ninguém se demite porque "estão lá para resolver os problemas" que de fato agravaram. É uma cartilha que, de tão gasta, fede.

Eu sei que vivemos num País cujo governo atual mandou a ética às urtigas. O PM, com a Spinunviva às costas, diz no Governo o contrário do que dizia na oposição,  consegue dizer sobre o mesmo assunto três coisas diferentes no mesmo dia (foi o que fez quando falou sobre o acesso à matriz das propriedades que possui), mente quando lhe convém,... O ministro das finanças é o rei das cativações que tanto criticava nos antecessores. A ministra da saúde mantém-se no cargo apesar das sucessivas tragédias que têm ocorrido, mostrando que pensa que não tem nada a ver com as desgraças da área pela qual é responsável... 

Só falta mesmo que, depois do horrível acidente que ocorreu em Lisboa, ninguém assuma a responsabilidade pela inconcebível situação em que a empresa que transporta milhões de passageiros por ano colocou os seus utentes.  Mesmo no estado a que as coisas chegaram parece impossível.

Nota: quem é que garante que os outros equipamentos da Carris são seguros e não põem em perigo os utentes?

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Post scriptum

Ontem quando escrevi o post ainda não tinha ouvido as declarações do Moedas em 2021 a pedir a demissão do Fernando Medina. Depois de ter dito o que disse, o Moedas tinha que se demitir de imediato. É preciso descer muito baixo para utilizar os argumentos que ouvi ontem na SIC para justificar a sua continuidade no cargo. 

É vergonhoso! Não vale tudo! Um comentário de ontem, muito consistente, que agradeço, refere que o que aconteceu pode configurar um crime de homicídio por negligência ou dolo. Assim, parece que seria mais prudente o Moedas preparar a defesa em vez de andar por aí esganiçado, qual beata histérica, a tentar chutar para canto. Cada vez mais estes dirigentes do PSD me parecem aquela cambada que rodeia o Trump: impreparados, sem nenhuma ética, mentirosos e viciados em "fake news".

domingo, agosto 31, 2025

Activos destes & daqueles
-- A palavra ao meu marido --

 

O Marcelo, que corre o risco de ficar para a história como o hipócrita-desbocado -- já que seria  muito pouco sexy ficar com o extenso cognome de hipócrita-dissolvente-"marselfie"-o pior PR-desbocado -- disse, no meio de uma aula da universidade laranja, do alto da sua verve incontinente, que o Trump é um activo russo (por acaso até se enganou e primeiro chamou-lhe ativo soviético). 

Desta vez, concordo com o Marcelo. O Marcelo tem razão: pelas suas ações e omissões o Trump é, de facto, um activo russo. Não sei se não será mesmo um activo soviético porque, com a forma como actua, dá força ao objetivo do Putin de voltar às fronteiras do estado soviético. 

Tenho uma enorme repugnância em falar do Trump. É inqualificável o que ele está a fazer, tanto a nível interno como ao Mundo. Mas, neste caso, como em outros ao longo da história, o que é verdadeiramente insuportável e aterrador é que o Trump tenha sido eleito de forma democrática e continue a ser suportado pelos MAGA cuja acefalia demonstra até onde pode ir a manipulação, o populismo, o poder das redes sociais e a falta de educação. 

[Sofre da mesma acefalia dos MAGA quem recentemente comentou um post aqui do blog dizendo que o problema com o SNS, com os bombeiros, com isto e aquilo resulta do nosso apoio à guerra da Ucrânia. É absolutamente inconcebível que alguém possa pensar e escrever este tipo de coisas. Nada justifica este tipo de mentiras. A  manipulação dos factos e uma mentira muitas vezes repetida não alteram a realidade.]

Voltando aos activos, não me espantará nada se o Marcelo numa próxima universidade de Verão ou, quem sabe, numa tertúlia, disser que o Montenegro é um activo do Ventura, que a Mariana Leitão é um activo do Montenegro, que o Nuno Melo nem chega a activo, e que ele próprio é um hiperactivo. Vale uma aposta?

Nota: já aqui tinha referido o "êxito" que o governo tem tido no combate à inflação. Ontem soubemos que o valor da inflação subiu para 2,8% e que os produtos frescos aumentaram mais de 7%. Sendo conjuntural, como defendem os analistas inclinados para a direita, ou, sendo estrutural, o que é verdade é que esta enorme subida dos preços não é um activo para a bolsa dos portugueses.

terça-feira, agosto 26, 2025

Os sucessos do Montenegro
-- A palavra ao meu marido --

 

Depois das tragédias na saúde, da catástrofe dos incêndios, do pavor da habitação -- e fico-me por aqui que só estes três enormes problemas são bem reveladores da incapacidade e incompetência do governo -- soube de duas notícias que me causaram causaram preocupação. 

A primeira é o valor da inflação. As medidas do governo não funcionam, a inflação vai aumentando e o nosso posicionamento na Europa não é nada confortável. De facto, julgo que até os laranjas empedernidos devem achar que o valor que deixam no supermercado, no mercado ou na mercearia é cada vez maior, e parece injustificável. Vai mal a tal história da inflação, muito mal.

Uma outra notícia deveras preocupante é ter diminuído significativamente o número de alunos candidatos ao ensino superior, tendo esta diminuição impacto significativo nos jovens com menos recursos. Um País nunca crescerá de forma integrada e coerente se não tiver gente educada e com boa formação pelo que estas notícias são muito preocupantes e consequência seguramente de problemas no ensino e na falta de recursos das famílias. Podemos dizer que temos aqui mais um "enorme sucesso" do governo.

segunda-feira, agosto 25, 2025

Um dia em forma de assim

 

Hoje foi dia de rega manual. O sistema de rega não chega a todo o lado, nomeadamente a vasos ou a trepadeiras ou arbustos plantados no terraço. Já devo ter contado que é tarefa minha e que a faço de gosto, geralmente com pouca roupa vestida e descalça. A pouca roupa não se prende só com o facto de ser encalorada mas também porque ao puxar pela mangueira, volta e meia alguma coisa se solta e apanho um valente banho. Não me importo nada, sabe-me até bem, mas assim é mais fácil de secar do que se andasse vestida da cabeça aos pés. E isso foi uma das partes boas do dia.

Há alguma relva que parece não querer ficar saudável e verdinha e temos vindo a adiar a decisão de a substituir, nesses sítios, por outra coisa, supostamente por um tal trevo branco anão. Teremos que ir comprar as ditas sementes, ver qual a melhor altura para a semeadura, depois deitar mãos à obra e tapar. Sempre que tentámos semear qualquer coisa, nomeadamente relva, não tivemos esse cuidado e os pássaros chamaram um figo às sementinhas. 

Tirando isso, tivemos que ir à cidade pois temos andado com uns certos e determinados compromissos, coisa que tem dado algum trabalho e que a mim me tem trazido um bocado enervada pois sou muito germanófila no rigor do cumprimento do que se combina e tenho que tentar controlar-me para não mostrar excessiva irritação quando lido com pessoas que se estão a marimbar para o que está acordado, que acham que tanto pode ser assim como assado, tanto pode ser agora como quando calhar e que consideram que os compromissos estabelecidos foram um mero pro forma que não interessa nem ao menino jesus. O meu marido tenta pôr água na fervura e os meus filhos também aconselham alguma relativização. Mas, para mim, há uma ética, que é inegociável, no cumprimento dos compromissos. Não me desvio um milímetro do que se combinou e respeito escrupulosamente os outros. Por mais que me digam que ética é coisa que escasseia ou que gente imprestável é o que mais não falta, a mim custa-me fazer de conta que está tudo bem quando está tudo virado às avessas. Apetece-me espernear à força toda, confrontar ou penalizar quem se está nas tintas para o rigor, para a ética, para o respeito.

Mas, enfim, também compreendo que a vida é mais do que o somatório de todas as pequenas parcelas que a constituem, pelo que, por vezes, mais vale passar por cima das parcelas enviesadas, fazer de conta que nem as vemos, e tentarmos focar-nos nas parcelas escorreitas e na seiva que as irriga e nos bons sentimentos que alavancam o nosso bem estar. 

Portanto, siga o baile.

Estando na cidade, passámos por uma daquelas lojas de pão da moda, daquelas todas xpto, todas alto décor (e alto preço), todas biológicas e artesanais. Foi o meu marido que deu por ela e que sugeriu que entrássemos. O cheirinho daquilo é altamente convidativo. Esfomeada como sou e altamente amante de pão, fiquei logo cheia de vontade de experimentar aquelas variedades mais estranhas. Mas, depois, lembrei-me que, agora que os três leões da família também já fizeram a festa toda (depois de me terem feito comer bolo e mais bolo... isto a seguir aos três caranguejos), está mais que na altura de voltar a tentar fechar a boca. Portanto, foi o meu marido que escolheu: um de espelta e outro de centeio, tudo massa mãe. Mas depois vi uma focaccia de azeite e de alecrim e não resisti. Vi também um brownie de chocolate e pistácio e também não. Mas, em minha defesa, direi que não era um brownie, era uma partíula de brownie, ainda por cima uma partícula estupidamente minúscula. Cada um de nós dois deu uma dentada e o bolículo desandou. Mas era bom. Lá isso não vou negar. Não resisti também a uma espécie de pãozinho fofo com uns tininis de coco. Mínimo também. Não sabe a nada nem é doce. Não achei graça. O meu marido disse que não era mau.

E, feita maria deslumbrada de visita à cidade, ao passar por uma loja de coisas para a casa, entrei e, como sempre, fiquei estupefacta com a quantidade de apetrechos para tudo e mais alguma coisa. Resisti a trazer toda a espécie de bugigangas, algumas das quais tinha que ler na embalagem para perceber o que eram e para que serviam de tão desconhecidas para mim. Mas trouxe uns individuais para a mesa da casa in heaven pois os que lá temos já estão um pouco usados e é mais fácil usar individuais laváveis do que, de cada vez, estar a usar uma toalha grande que tem que ser lavada na máquina. 

E esta parte de ir à padaria ou à loja das coisas para a casa também foi boa. E as caminhadas que fizemos também foram boas. O tempo já está mais fresco, sabe bem voltar a sentir este arzinho que já prenuncia o doce outono.

Portanto, vendo bem as coisas, o dia até não foi mau de todo.

E bola para a frente porque para a frente é que é caminho. É ou não é? 

sábado, agosto 16, 2025

Silly Season -- A palavra ao meu marido --

 

A silly season dá cabo da malta. Que o diga o Marcelo a quem manifestamente o sol de Monte Gordo não trouxe melhoras. Ir anteontem fazer de bombeiro privado do Luís (segundo o Valupi, com base em artigo do Público) e dizer que a coordenação no combate aos incêndios tem sido "espetacular" dá que pensar. 

Estando perante uma das piores semanas de sempre de incêndios, o que teria acontecido se a coordenação tivesse sido um bocadinho menos "espetacular"? Boa presidente Marcelo, boa! 

Semelhante a esta só aquela do Marcelo que não ia falar da saúde porque a ministra tinha prometido resolver os problemas. 

Silly season é uma coisa, hipocrisia é outra coisa. E a conjugação de uma com a outra dão um produto chamado Marcelo. 

A ministra da administração interna também foi afetada pela estação que atravessamos. Informou o País que não se demite porque há dois meses fez um juramento de lealdade. Ele há cada justificação!  Fica no cargo não porque tem  dotes políticos, conhecimentos técnicos, capacidade de gestão, uma política para o setor,...? Não, fica no cargo porque jurou lealdade e leva esta coisa da lealdade a sério. 

Se está justificação fizer "jurisprudência", estamos tramados, nunca mais nenhum governante se demite. 

Quanto ao Luís, lá esteve na festa dos laranjadas. E não me pronuncio porque não ouvi o que ele disse no Pontal. Para mim um mentiroso é sempre mentiroso, e o Luís...

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Uma observação minha: 

Sugiro que deslizem um pouco mais para lerem um texto que repesquei dos comentários a propósito do Dr. Relvas, essa sumidade.

segunda-feira, agosto 11, 2025

Amamentação e outras alarvidades do governo
-- A palavra ao meu marido --

 

O governo, para agradar aos patrões e sem ter noção da realidade, incluiu na proposta de lei da legislação laboral limitações ao direito das mulheres amamentarem os seus filhos. A ministra defendeu convictamente que havia muitos abusos. Azar do costume, vi hoje na SIC que não existem autos dos inspetores sobre incumprimentos das mulheres que estão a amamentar. Já o contrário é verdade. Existem dezenas de autos levantados a empresas que não respeitam os direitos dos seus trabalhadores. Se todos os ministros que mentem fossem corridos, haveria remodelações dia sim, dia sim, e o Montenegro há muito tempo que tinha sido remodelado.

Outra alarvidade do governo é que para se limpar da manifesta incompetência que tem demonstrado na questão dos incêndios -- já ardeu este anos 8 (oito!) vezes mais área que o ano passado --, veio, através do ministro, anunciar que daria dinheiro a quem tinha tido prejuízos e que até dez mil euros não era necessário comprovativo porque as burocracias são uma chatice. Não sei quem vai validar o pagamento mas, se forem as câmaras municipais em ano de autárquicas, muita água pode correr debaixo da respectiva ponte. De qualquer forma, o dinheiro dos nossos impostos não é para ser desbaratado: é para ser bem empregue, e tenho muitas dúvidas que este processo vá ser exemplar. Parece-me mais uma medida populista do governo em ano de autárquicas e, provavelmente, os municípios onde tem havido mais fogos têm uma cor alaranjada. 

Outro assunto: o TC chumbou a lei dos estrangeiros. Afinal não vale tudo para agradar à extrema direita, como o Montenegro imagina. Ainda há uma ou outra instituição que existe para fazer cumprir a lei. Vamos lá ver como é que a rapaziada do governo vai tentar dar a volta ao texto. Não se esperam novidades, a coisa vai continuar a cheirar a bafio.

Para terminar, um aparte: o Paulo Núncio é provavelmente o tipo mais execrável que aparece regularmente na televisão. Qual a razão para termos de levar com tal beata de sacristia com tanta frequência? Eu, por mim, mudo logo de canal.

domingo, agosto 03, 2025

Vários
-- A palavra ao meu marido --

 

Escrever um texto sobre o que se passa em Portugal depois da publicação do post escrito pelo meu filho sobre o genocídio dos Palestinianos por parte de Israel parece ridículo. 

Sobre isso, em minha opinião, essas atrocidades resultam sobretudo da política e dos interesses do Bibi Netanyahu e da extrema direita israelita, apoiado pelo Trump, mas não estou seguro de que um grande número de israelitas não apoie, de forma mais ou menos fervorosa, estas ações.

É uma vergonha para todos os europeus que a Europa não tenha ainda tido uma posição frontal e sancionadora deste genocídio. 

Não sei se existe uma solução viável para este problema mas é absolutamente necessário que, com urgência, se acabe com aquela chacina. 

Mas, ainda que correndo o risco de que o tema pareça menor (e sem dúvida alguma que o é quando comparado com um drama como o que o meu filho tão bem referiu no texto que escreveu), vou voltar ao que se passa cá pelo burgo.

Foquemo-nos primeiro no tema da Habitação e depois nos Impostos. 

  • Os presidentes dos bancos portugueses vieram a público alertar que a crise da habitação vai agravar-se e que as medidas do governo contribuíram para o aumento  dos preços. Era tão óbvio que era o que ia acontecer que nem vale a pena comentar. Espero, com curiosidade, a reacção do governo. Só espero é que os comentadores habituais não venham dizer que os presidentes dos bancos são perigosos comunistas. 
  • A fuga aos impostos através das empresas unipessoais é bem conhecida e já várias vezes aqui comentada. Parece que a AT ficou surpreendida ao ter conhecimento de que remunerações variáveis e/ou prémios estão a ser pagos a alguns trabalhadores através das empresas de que são proprietários. Assim, fogem aos impostos e tornam complexo o cruzamento de informação pois, quando recebem através da empresa de que são donos, o que aparece é o NIF e o nome da empresa e não o seu próprio nome e NIF. Com o recurso ao subterfúgio destas pseudo-empresas, pagam menos IRS, deduzem IVA e não pagam IRC porque carregam as empresas com custos que nada têm a ver com a atividade profissional (férias da família, refeições, combustível, leasing de viaturas, ... ), o que lhes permite, no final do dia, pagar menos ou nenhuns impostos. O curioso é a AT ficar surpreendida com a descoberta que fez. Será que não tem conhecimento do que se passa no setor da saúde, por exemplo? Haverá médicos que não recebam simultaneamente por dois carrinhos, o do ordenado propriamente dito e o de tarefeiros (enquanto trabalhadores e sócios das ditas empresas)? Se calhar, os senhores da AT andam ocupados a ver se um tipo que trabalha por conta de outrem e ganha mil euros paga o IRS devido. 

Aliás, como já aqui foi questionado quer por mim quer pela minha mulher, será que a Spinunviva não serviria também para este tipo de 'optimizações'? Por exemplo, tenho ideia que o Montenegro chegou a admitir que a mulher teria recebido um ordenado como gestora. Não parecendo que a senhora tivesse conhecimentos para desenvolver atividades no seio daquela empresa, a ser verdade que o recebia, essa remuneração não seria uma forma de aumentar os custos da empresa e simultaneamente ter um proveito adicional indevido? 

Se a AT atuasse, auditando à lupa todo este tipo de situações, seriam cobrados muito mais impostos e a carga fiscal de quem não foge ao fisco seria menor. Mas para que isto aconteça tem que haver vontade política. E onde é que ela está...?

quarta-feira, julho 23, 2025

Rita Matias, Catarina Furtado, os tachos e as ignorâncias. Já para não falar em Ana Paula Martins que diz que anda a aprender com as mortes devidas a atrasos do INEM.
O populismo é isto
-- Uma vez mais, a palavra ao meu marido --

 

No seguimento de uma entrevista a propósito das demolições de Loures a Rita Matias, uma das caras da moda dos populistas do Chega,  Catarina Furtado -- que sempre me pareceu uma pessoa sensata, que defende os valores comuns às pessoas que respeitam e têm preocupações com o próximo -- fez-lhe uma referência crítica nas redes sociais, alegando a ignorância demonstrada por Rita Matias ao falar de uma realidade que desconhece. 

A Rita Matias, moça fina, danada, publicou um vídeo de resposta -- vídeo esse em que parece ir a guiar e, simultaneamente, a gravar o vídeo (o que, a ser verdade, terá sido um perigo para quem se cruzasse com ela, já que não desviou o olhar do ecrã do telemóvel). O vídeo revela bem o que são os populistas de extrema direita. Afirma que se o Chega for governo, não demorará a despedir, da RTP, aqueles de que não gostam: "estes tachos e tachinhos na RTP são para acabar e o problema deles é que sabem que o Chega, quando chegar ao Governo, vai mesmos atrás destes tachos incompreensíveis". 

A Rita Matias revela também saber o ordenado da Catarina Furtado, o que é muito curioso para quem dias antes, também numa entrevista, disse que desconhecia o valor do RSI porque, segundo ela, não pertence à comissão de Economia do Chega. Típico dos populistas: não sabem do que falam, falam do que não sabem, mentem e criam bodes expiatórios para enganar os incautos. Nesse vídeo, Rita Matias insurge-se ainda com o facto de serem os contribuintes a pagar o que designa por 'tacho' de Catarina Furtado. Parece ignorar que quem lhe paga o ordenado a ela, para cometer atentados à democracia, para, a todo o momento, revelar ignorância e cobardia, usando o nome de crianças, são também os contribuintes. (Já agora, espero que o organismo que deve fazer respeitar o RGPD a faça pagar uma multa significativa pela indecente revelação do nome das crianças)

E é, com este panorama, que Montenegro, para se tentar safar, resolve dizer que o Chega se tornou num partido responsável. É a normalização da extrema direita num vale-tudo para se manterem no poder e ganharem votos. Onde já vai o "não é não"... Assim se vê o valor da palavra do líder do PSD.

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Voltando ao tema da Saúde. Conheceu-se hoje mais um relatório do IGAS que responsabiliza o atraso na prestação de cuidados médicos durante a greve do INEM por mais uma ocorrência trágica, no caso em Bragança. Soube-se também que os técnicos que são contratados para o INEM, após serem contratados, têm que frequentar cursos de formação e, se não concluírem os cursos com sucesso, ficam em casa a receber o ordenado sem fazerem nada (julgava que era impossível uma barracada pior que a barracada do concurso dos helicópteros -- afinal não é). 

Portanto, contratam-se as pessoas, pelos vistos sem critério, para noticiarem que já preencheram os quadros -- e depois logo se vê se têm conhecimentos e capacidades para desempenharem as funções. Inacreditável! 

E a ministra não se demite (diz que anda a aprender com as mortes), o presidente do INEM não se demite, o Montenegro faz de conta que não é nada com ele... e o Marcelo assobia para o lado. 

Mas que falta de vergonha!

segunda-feira, julho 21, 2025

Os problemas com a saúde e os truques do costume
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Já aqui escrevi várias vezes que o Governo falhou na resolução dos principais problemas do país. 

  • A situação na habitação piorou com o maior aumento do custo das casas na Europa, 
  • houve muito mais fogos e mais área ardida, 
  • o número de alunos sem aulas é monstruoso,
  • e a situação na saúde é trágica. 

Por exemplo, as notícias do jornal da TVI das 20 horas de ontem sobre a saúde são reveladoras de quão trágica é a situação nas vários subsistemas da saúde. 

  • O INEM, que conseguiu juntar aos problemas conhecidos a barraca do concurso dos helicópteros, 
  • as urgências fechadas, 
  • o passa culpas entre o ministério e o INEM após ser divulgado um relatório do IGAS, 
  • as reivindicações dos bombeiros, 
  • os médicos que, em vez de fazerem horas extras, preferem trabalhar como tarefeiros como resultado da política de pagamentos definida pela ministra, 
  • os médicos que "confundem" a atividade pública com os seus interesses privados, 
  • as dezenas de crianças que nasceram em ambulâncias, 
  • a falta de operacionalidade efetiva dos helicópteros da FAP, 
  • ... 

Com todos estes problemas, o que faz o Governo? 

Avança com a notícia que vai criar uma unidade para combater a fraude na saúde. 

É a estratégia do costume, lançar para a agenda mediática um assunto que desvie a atenção dos problemas principais que entalam o governo. Criar um organismo com competências em termos da investigação idênticas ao MP e à PJ parece-me uma duplicação que onera os contribuintes. Só teria sentido se houvesse manifesta incompetência dos organismos que atualmente se ocupam deste tipo de investigações. Sendo certo que os principais problemas na saúde não são as fraudes, cai sempre bem junto de determinado tipo de eleitorado apontar a fraude como a razão dos problemas. 

O Chega teve sucesso e o PSD quer trilhar o mesmo caminho. 

Na minha opinião -- e falando estritamente das notícias que têm vindo a público sobre os ganhos milionários dos médicos --, o problema está na legislação em vigor que permite criar empresas em nome individual para prestar serviços com uma redução significativa de impostos, e ainda nos aumentos dos valores definidos pela ministra para pagamentos aos tarefeiros e os valores pagos pelos atos médicos efetuados em horário não laboral. 

Aliás, o próprio diretor executivo do SNS falou da "normalidade" de pagamentos estratosféricos aos médicos por atos clínicos extra. Como é sabido, para este governo vale tudo. O que é preciso é ganhar votos. 

Não bastava seguirem a agenda do Chega -- agora também decidiram pagar um complemento aos reformados dias antes das eleições. 

Não é de admirar, sabendo-se do caso Spinunviva.

sábado, julho 12, 2025

Qual a razão para a Ministra da Saúde não ser demitida?
-- A palavra ao meu marido --

 

O que está a acontecer na Saúde é uma tragédia e existem dois responsáveis políticos pelo que está a acontecer, a saber, a ministra da Saúde e o Primeiro Ministro. 

Existe também um corresponsável: o Presidente. 

Em qualquer outro país em que os governantes tivessem um mínimo de decência, a ministra já se tinha demitido -- o Primeiro Ministro já tinha corrido com ela ou o Presidente já lhe tinha tirado o tapete. 

Em Portugal não. 

Não nos esqueçamos que o Montenegro, para ir para o Governo, prometeu que resolvia os problemas na Saúde em sessenta dias. 

A verdade é que escolheu uma ministra que todos os dias consegue agravar, e muito, a situação que herdou, que é responsável por situações que não se admitiriam como possíveis e que não resolveu nada, mesmo deitando dinheiro a rodos para cima dos problemas (já  alguém analisou o aumento dos valores pagos aos médicos?), aumentando os custos sem qualquer proveito para os Portugueses, antes pelo contrário.  

É uma ministra que diz que não se demite porque todos os dias trabalha para resolver os problemas. Admito que todos os dias vá ao ministério mas o único resultado é agravar os problemas.

Mas, então, qual será a razão para não ser demitida? E qual a razão para o Presidente respaldar situações inadmissíveis, como aconteceu com a adjudicação dos helicópteros para transporte de doentes? 

Posso estar enganado mas arrisco duas razões que me parecem prováveis. 

  • Uma tem a ver com o objetivo de passar a prestação de serviços de Saúde para os privados, nomeadamente, os serviços lucrativos. 
  • Mas existe, na minha opinião, uma outra razão, talvez a razão com mais peso. A ministra nomeou gentinha do PSD para tudo quanto era lugar, independentemente das capacidades. Assim, esta maltinha tudo fará para manter a ministra que sabem que os nomeia para as posições que ambicionam. 
Conclusão: a saúde dos portugueses que se lixe, o que é preciso é dar mais dinheiro aos privados e garantir que os boys têm jobs

Entretanto, o Governo atira para a comunicação social uns assuntos que fazem notícia na esperança que os verdadeiros problemas não sejam abordados. As questões da imigração, nacionalidade e (a urgência em despachar o assunto) TAP são bem um exemplo desta estratégia do governo. 

No entanto, foi nesta gente que muitos portugueses votaram. Pelos vistos é disto que gostam. 

segunda-feira, julho 07, 2025

Sócrates & Montenegro
-- De novo, a palavra ao meu marido --
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No seguimento do último post que escrevi sobre os insucessos do governo do Montenegro, e não fui exaustivo porque o post já ia longo, fui brindado com vários comentários que, em vez de rebaterem o que escrevi mencionando os "sucessos" do Montenegro nas áreas que abordei, o que era manifestamente impossível porque aos erros iniciais seguiram-se outros erros e os sucessos foram zero, vieram comentar com a velha e estafada história do Sócrates. Como por acaso andava com vontade de escrever um post sobre as evidentes semelhanças entre a postura do Sócrates e a postura do Montenegro, vou aproveitar a deixa.

Devo referir que o Sócrates até ser condenado é inocente e que, obviamente, no caso do Montenegro, as más práticas e/ou a violação de lei só poderão ser consideradas factuais quando provadas.

Parece-me evidente que existem semelhanças na forma como têm actuado para desviarem a atenção das situações em que estão metidos. Em ambos os casos, fazendo fé nas notícias, ambos escondem, numa primeira fase, uma parte dos factos, fazem comunicações formais que depois são desmentidas e usam expedientes legais para que a verdade não seja conhecida (suponho que os comentadores de serviço sabem dos pedidos do Montenegro ao TC e também do comunicado do gabinete do PM que foi desmentido pela Entidade da Transparência). E nestes três aspectos estranho que os comentadores sempre prontos a zurzir o Sócrates nada digam sobre o Montenegro. 

Existe uma diferença clara entre ambos: o Montenegro recusa-se a falar sobre o caso (será que a explicação seria pior que a percepção?), esquecendo-se que o escrutínio faz parte da democracia. O Sócrates, pelo contrário, faz tudo para ter tempo de antena. Existirão certamente outras diferenças -- e uma delas é que o Sócrates tinha uma visão para o país e o Montenegro não. 

Talvez seja razoável os ditos comentadores terem um olhar mais sereno e fazerem uma análise mais desapaixonada sobre o Sócrates reconhecendo que, enquanto governou, o país se desenvolveu. 

Se o julgamento provar que é culpado, obviamente deve ser condenado e cumprir a pena respectiva -- o que, aliás, se aplica a qualquer político, seja ele qual for.

sábado, julho 05, 2025

Um mau governo
-- A palavra ao meu marido --

 

O Montenegro foi a primeira vez para o governo porque prometeu resolver os principais problemas do país e saiu reforçado na segunda eleição porque os portugueses terão ficado minimamente contentes com o que fez, muito provavelmente porque não eram fãs do Pedro Nuno Santos e porque a acefalia ainda não era um mal generalizado que pudesse dar o primeiro lugar ao Ventura. 

Os principais problemas do país apontados pelo Montenegro, bandeiras da campanha eleitoral e sobre os quais zurzia o PS, eram a saúde, a habitação, a educação, os incêndios. Para seguir a agenda do Ventura também levantou os pseudo problemas nacionais da segurança e da imigração. 

Ao fim de um ano e tal de governo, conseguiu o governo Montenegro resolver minimamente estes problemas? 

Não, não conseguiram! 

Senão, vejamos. 

O que está a passar-se na saúde -- cujos problemas Montenegro anunciou, antes de formar o seu primeiro governo, que seriam resolvidos em 60 dias --, é uma tragédia, a situação piora todos os dias e os resultados da política deste governo são assustadores em todos os aspectos. Com as tragédias que tem acontecido, como é possível que a ministra e o Montenegro não tenham um pingo de vergonha e a ministra não se demita ou não seja demitida? 

E, para variar, o Marcelo, sempre tão interventivo noutras ocasiões, agora mantem-se de bico calado. Que vergonha. A incapacidade do ministério chega ao ridículo de contratarem para o INEM uma empresa para fazer o transporte de doentes de helicóptero que não tem helicópteros nem pilotos. Inimaginável. Ninguém se demite nem é demitido? Pior é impossível. 

Depois de tudo o que aconteceu na saúde no último ano, a ministra continua. Diz que não se demite porque quer resolver os problemas, mas de facto só os agravou. Não se demite porque, como parece e muita gente o afirma, o objetivo não é resolver os problemas da saúde: é privatizar a saúde e o resto é paisagem. Como é  possível que os interesses dos lobbies da saúde se oponham aos interesses dos portugueses?

Relativamente à habitação, o governo conseguiu, com as medidas que tomou, aumentar de forma absolutamente insuportável o preço das casas. É certo que os jovens ricos, ou os pais por eles, compraram mais casas à conta das medidas do governo. Mas resolver o problema da habitação não é ajudar os que têm mais dinheiro. É exatamente o contrário. É criar condições para que quem tem menos rendimentos consiga ter uma habitação condigna. Exatamente o contrário do que foi feito pelo governo. 

Na educação iam resolver o problema de haver alunos que não tinham professores pelo menos a uma disciplina. O brilhante resultado foi haver 1,4 milhões de estudantes que não tiveram professores pelo menos a uma disciplina. Mais um "sucesso" do governo. 

Relativamente aos fogos, a área ardida triplicou. Obviamente mais um problema que não foi resolvido.

Relativamente à segurança, como era um pseudoproblema, nada foi feito e daí não veio mal ao país. 

A política do Governo não tem nada a ver com os reais problemas da imigração (a sua integração, terem habitação, educação para os filhos, saúde, etc). O objetivo é ultrapassar o Chega, se possível pela direita, e ganhar votos. Lamentável. 

Para atirar poeira para os olhos da malta e os jornais não falarem naquilo que não interessa ao governo lembraram-se de propor uma nova lei da nacionalidade que ainda por cima parece que é inconstitucional e que não era sequer tema. Aprenderam com o Trump. 

Em resumo, não resolveram nenhum dos problemas importantes que se propunham resolver. Mandaram a ética e os valores para as urtigas e criaram novos problemas e clivagens na sociedade. Infelizmente, parece ser disto que a maltinha gosta. A esperança em melhores dias já não é grande. O populismo através das redes sociais está a criar uma massa amorfa que não questiona e que não pensa, apostando no perceptível e esquecendo o essencial. 

É o que temos.

segunda-feira, junho 23, 2025

Varrer, regar, ver esquilos, fazer conteúdos digitais

 

Quem se dá ao trabalho de ver os meus inconcebíveis vídeos no Instagram, para além de constatar um indiscutível amadorismo e uma total ausência de propósito, já deve estar farto do chinfrim que faço ao andar, pisando caruma, folhas secas de azinheira ou de eucalipto, bolotas ressequidas e tudo o mais que por aqui se junta. 

É certo que eu poderia -- e, se calhar, deveria -- aprender a editar os vídeos, retirar-lhes o ruído ambiente, cortar e colar bocados disparatados, etc. Mas, sinceramente, não ando com paciência para gastar tempo com isso. E, ao escrever isto, receio que achem falta de respeito da minha parte apresentar produtos de tão insólita falta de qualidade alegando falta de paciência para aprender e para editar. Porém acreditem: não é falta de respeito, é mesmo uma quase incapacitante falta de paciência. Pode ser que me passe... Um dia que leve mais a sério isto de fazer 'conteúdos digitais' (como agora sói dizer-se) talvez me leve a mim mesma mais a sério (e agora devia aqui inserir um emoji a piscar o olho e a deitar a língua de fora para que percebam que estou a pensar que está bem, está). 

Em contrapartida, tenho passado os dias a varrer em volta da casa. Só que a casa, ainda assim, tem um perímetro que vai lá, vai, e os calores dos últimos tempos têm feito o chão encher-se de folhagem seca. Por isso, é um trabalho insano, uma never ending story, uma cena à moda do sísifo. Até não há muito, com as chuvas, era musgo por todo o lado e até nascia erva das pedras. Agora está tudo seco e é o que se vê.

Lá por baixo, na extensão grande do terreno, não há como varrer ou impedir que os meus passos façam barulho ao pisar isso, mas, em volta da casa, até por razões estéticas ou de segurança, obviamente tem que ser tudo limpo.

Em tempos, tínhamos contratado um senhor da aldeia para tratar das limpezas e das regas. Vinha duas tardes (completas) por semana. Queixava-se, dizia que não chegava, dizia que era trabalho a tempo inteiro. Mas também não queríamos que isto fosse o palácio de versalhes, não era nossa ideia ter um jardim imaculado em volta da casa. Sobretudo, o que queríamos era que, ao fim de semana, não tivéssemos que nos preocupar com isso. Mas o senhor, para nos demonstrar que duas tardes (inteiras) por semana não chegavam, pespegava-se cá ao sábado. Nós a querermos estar descansados e à vontade e ele a cirandar por aqui, a chamar-nos para nos mostrar isto, a chamar-nos para nos perguntar sobre aquilo, uma seca de que não havia memória. Mesmo quando lhe dizíamos que íamos cá ter pessoas, ele não despegava. Aliás, parece que fazia questão em estar, em ver e ser visto. Ficávamos passados. Com muita dificuldade e cuidado para não o melindrarmos, acabámos por dispensá-lo.

Mas isto não se dá conta. Precisa mesmo de manutenção. O ano passado o meu marido contratou outro senhor da aldeia. Veio recomendado pelo vizinho do início da rua. Avisou-nos que ele bebia um copito a mais mas que era trabalhador e sério.

Chegávamos cá e estava tudo na mesma, com excepção de beatas por todo o lado. E não era das puritanas que rezam, eram mesmo das que podem pegar fogo. Queixava-se que era um trabalho ingrato, que vinha limpar e varrer e apanhar ervas todos os dias e que chegava ao fim de semana e o que tinha sido cuidado na segunda-feira já estava outra vez a precisar de ser limpo. O vizinho confirmava que o via andar por cá a trabalhar, que não era tanga. No fim, pagávamos horas que nunca mais acabavam e não se via nada de jeito, só beatas. Dizia que tinha cuidado, que as apagava bem. Mas eu não podia ver beatas por todo o lado, é coisa que me me complicava com o sistema nervoso. No conceito dele, os cigarros são para se deitar para o chão e parecia não perceber que não o deveria fazer. Acabámos por agradecer e, uma vez tudo pago, nunca mais lhe dissemos para vir.

Resultado, somos nós que tratamos do assunto. O meu marido reclama, diz que é trabalho a mais.

A mim não me custa. Gosto imenso de varrer. Aposto que para a minha cabeça é como se estivesse a meditar: não penso em mais nada. Ando completamente focada a varrer e fazer montes. O pior é que, depois, encher os sacos ou os carrinhos custa um bocado. Uso uma pá grande mas, às tantas, o meu marido pega ele naquilo e anda ele a recolher os montes, a transportá-los para a terra. E queixa-se. Diz que, antes de eu acordar, já ele andou a cortar mato ou a fazer outras tarefas e que, depois, eu não sei parar e varro este mundo e o outro e que não está para isso. Mas esta nossa dinâmica, de reclamarmos um com o outro, já tem barbas, ou seja, já não ligamos muito aos protestos um do outro.

Outra coisa que fica para mim é a rega. Gosto imenso de regar. Quem me acompanha aqui há muito tempo, recordar-se-á que já contei que, de início, investimos fortunas (salvo seja) em sistemas de rega mas que, quando cá chegávamos ao fim de semana, estava tudo roído. Os coelhos (ou outra bicharada) roíam tudo. O meu marido substituía e eles comiam. Desistimos. O meu marido decretou que o que sobrevivesse sem rega seria bem vindo, o que carecesse de cuidados, podia desaparecer à vontade. E assim foi.

Mas o que está mesmo em volta da casa, do lado da frente, tem que ser regado. Agora do lado de trás e dos lados (se bem que a casa, pela sua arquitectura, na prática não tem frente, nem lados, nem trás) nunca é regado.

E, no entanto, está tudo gigante. Só as laranjeiras, e estão à frente, é que estão raquíticas e vão acabar por morrer. Não deveriam ter sido plantadas, não se dão aqui, é impossível. Quando comprámos o terreno já cá estavam, e já eram infelizes. Trinta anos depois ainda sobrevivem... mas coitadas.

E hoje já andei a apanhar orégãos, amanhã já vou montar o estaminé do costume: lençol em cima da mesa da casa de jantar e eles espalhados em cima, a secar. 

Adoro. São perfumados, frescos. Bouquets graciosos, delicados e com a graça adicional de serem comestíveis.

O campo, para mim é uma mistura de mil sensações boas: os sons, os cheiros, a luz, a paz, o vagar, o contacto directo com a terra, com o trabalho simples. Maravilha maior. Não há cá férias em resorts, em turismos de habitação cinco estrelas, o que for: aqui é que a minha alma rural se sente bem.

E, ao fim do dia, enquanto estava ao telefone com a minha filha, ia ela a caminho de casa depois de umas belas férias abroad, e eu por ali andava de um lado para o outro, uma surpresa daquelas que me deixam a sorrir, com vontade de agradecer, com vontade de trepar às árvores a ver se me aceitam como uma deles: um esquilo a andar por cima de um banco, a trepar a um muro e depois a subir pelo tronco da azinheira sob a qual eu estava. Que bênção, que alegria. Eu com receio que eles tivessem desaparecido e, afinal, ainda por aqui andam. Este é mais escurinho do que os que eu tinha visto antes. Este era mesmo castanhinho escuro. Lindo, fofo, um rabo enorme, ao alto.

Estava a falar ao telefone, não consegui fotografá-lo. Mas acreditem, ainda por aqui andam. Provavelmente, enquanto ando a varrer, estão eles lá em cima a tentar compreender que animal é este que, cá em baixo, se entretém a fazer montes de folhinhas e bolotas (e pinhas que eles deitam para o chão depois de as roer). Esse animal sou eu que, tal como eles, vim de outras paragens para usufruir do privilégio de respirar este ar tão puro, para viver nesta paz tão mágica.

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Desejo-vos uma boa semana

Be happy

domingo, junho 22, 2025

O MP, a PJ e os perigos para a democracia
-- A palavra ao meu marido --

 

A semana passada a PJ fez uma operação com o objetivo de desmantelar um grupo neonazi que atuava em Portugal. Curiosamente, só o fez depois de vermos reportagens jornalísticas sobre o grupo e de elementos do grupo terem agredido pacatos cidadãos que apenas faziam aquilo que conscientemente entendiam fazer sem qualquer prejuízo para a sociedade. 

Tenho sempre alguma dificuldade em entender a razão de as polícias não investigarem o que realmente é perigoso para a sociedade e para a democracia e andarem a reboque da comunicação social nestes assuntos. 

Soube-se, entretanto, que o grupo neonazi tinha militantes que pertenciam à polícia, à GNR e às Forças Armadas e que planeava acabar com o governo socialista por meio de uma ação violenta no parlamento. 

Enquanto se desenvolviam estas ações organizativas, criminosas e verdadeiramente perigosas para a democracia, o MP estava preocupado com os jantares do Galamba e com mais uma série de putativas parvoíces. É de " louvar" a perspicácia dos  magistrados que, por manifesta falta de qualidade ou por, porventura, terem agendas escondidas, em vez de investigarem assuntos verdadeiramente importantes, se ocupavam de menoridades inconsequentes. 

Não consta que durante quatro anos tenham feito oitenta e tal mil escutas telefónicas ao polícia que chefiava o grupo. Esqueceram-se ou não era prioritário? 

Também é curioso que a polícia e as forças armadas não consigam garantir que o respetivo pessoal cumpre os mínimos democráticos. 

Já agora não quero deixar de referir que a votação no Chega deu, em minha opinião, um forte contributo para estes grupos saírem do covil e aparecerem em público a defender ideologias intoleráveis, contra os mais elementares direitos dos cidadãos. Também se deve agradecer ao José Pedro Aguiar Branco o trabalhinho que fez como presidente da AR ao permitir que o Chega denegrisse o Parlamento durante toda a legislatura. Assim, se criam percepções que tornam as instituições alvos fáceis para quem quer destruir a democracia e se potencia o voto nas forças anti sistema. 

"Parabéns" José Pedro. Ou será que ainda é possível emendar a mão? Aguarda-se para ver o seu comportamento nesta legislatura.

Caminhamos numa direção muito perigosa e corremos o risco de em pouco tempo desbaratarmos o que levou muitos anos a conquistar. Os EUA, com o Trump, são um exemplo acabado deste retrocesso. Se não tivermos pessoas preocupadas e pressionantes e políticos à altura, isto não vai acabar bem. 

Infelizmente, do que se tem visto parece que a malta que agora governa está mais preocupada em seguir a agenda do Chega do que seguir um caminho escorreito. Tempos desafiantes.

sábado, junho 07, 2025

O meu dolce fare niente, o meu pequeno almoço, a overdose biográfica de Herberto Helder servida por João Pedro George e etc.

 

A minha cabeça parece que entrou em férias. O corpo já tinha dado sinais que era o que queria mas a cabeça teimava em meter-se em trabalhos. Mas agora, para além de festejar a ausência de horários, apetece-me não ter maçadas de qualquer espécie. 

Claro que elas aparecem e não há como não enfrentá-las: uma coisa que se avaria e que custa a encontrar quem a arranje, um outro estore elétrico que não funciona, agora este problema da infecção na perna do nosso amicão, afazeres que aguardam que alguém se ocupe deles. Isso acontece independentemente da nossa vontade e, se não formos nós a resolvê-los, não haverá quem mais o faça. Mas depois havia aquilo em que eu sempre fui pródiga: arranjava sempre ocupações com objectivos apertados que me obrigavam a uma disciplina que se sobrepunha à minha vontade (ou necessidade) de descansar.

Agora não. Agora sabe-me bem, cada vez melhor, poder passar a tarde a ler, ao sol ou à sombra, a fotografar, a olhar para a copa das árvores. 

Claro que antes disso fiz uma máquina de roupa, estendi-a, fui ao ginásio, estive a varrer o terraço, a regar os vasos, fiz o almoço, recebi e estive à conversa com uma pessoa que cá veio a casa, etc. Mas, a seguir, por mim está feito! e deixo-me levar pelo prazer de estar na boa, sem mais nada que fazer. Claro também que a seguir aparece o meu marido a dizer que está na hora de irmos fazer a nossa caminhada da tarde e vou e sabe-me lindamente e, uma vez regressada, vou fazer o jantar e depois vamos fazer o tratamento ao nosso fofo, que reage mal e o meu marido tem que o agarrar com força para ele não se virar, e depois vamos todos fazer um passeio nocturno, passeio mais curto, coisa para não mais que meia-hora e que também me soube bem. 

Ou seja, não é que não faça nada. Faço. Mas, pelo meio, permito-me estar descansada sem sentir que estou a ser improdutiva. Quase desde que me conheço que tinha a pancada de fazer coisas que se vissem, que fossem úteis, que ficassem. Agora não. Estou uma ou duas ou três horas na boa e não me sinto mal por isso.

O meu marido também está muito diferente. Está um jardineiro exímio. Anda sempre com a máquina da relva ou com o corta-sebes ou com a roçadora. Antes não tinha o mínimo dos mínimos de apetência para a jardinagem. Zero, zero. Agora, nem tenho que lhe pedir. Pelo contrário, tenho é que pedir que não corte tanto. 

E, como se isso não bastasse, hoje, quando entrei em casa vinda de estar a ler, cheirou-me a bolo. Pasmei. Tinha feito um daqueles simples que se fazem numa tigela, no micro-ondas. Diz que pediu ao chatgpt a receita de um bolo saudável, rápido e simples, que se fizesse no microondas. Fez de alperce com iogurte grego, ovo, mel, uma colher de azeite e flocos de aveia. Estava bom mas com pouco sabor, talvez por estar pouco doce. Então pôs-lhe uma colher de compota por cima, levou-o mais uns segundos ao microondas. Ficou melhor. Depois fez um que improvisou, com cacau em pó, mas deixou-o cozer de mais, ficou rijo, uma bolacha dura. Mas sou de boa boca, como de tudo de bom gosto. Só que não quero alargar-me nos doces. Como nunca faço doces, a cozinha nunca cheira a bolos. Por isso, gostei imenso de sentir aquele cheirinho. O mais parecido que faço são papas de aveia . E ficam boas. O meu marido agora, ao pequeno-almoço, para além de comer uma banana, come uma taça dessas papas.

Já contei como faço mas agora introduzo uma pequena variante: num tachinho ponho água a ferver com uma pitada de sal, um pouco de canela, casca de laranja (ou de limão) e agora tenho juntado também umas três ou quatro tâmaras. E, claro, flocos finos de aveia. Vou mexendo. Quando começa a fazer bolhinhas, mexo bem e deixo estar ali em ebulição controlada durante uns dois ou três minutos. E já está. Solidifica com uma textura de que gostamos. A aveia é muito saudável. Não faço com leite nem ponho açúcar. 

Eu, ao pequeno almoço, como uma laranja e depois preparo um copo de kefir ao qual junto uma colher de sopa cheia dessas papas de aveia, um pouco de mistura de sementes e um pouco de pó de latte dourado que compro no Celeiro (curcuma, gengibre, pimenta, noz moscada). Mexo tudo bem. Adoro. Começo sempre o dia com o prazer de ter um pequeno almoço que me sabe mesmo bem. Remato com café expresso, longo, sem açúcar. O cheirinho bom do café e o prazer de o beber ajudam a que o dia seja inaugurado a preceito. Agora só bebo esse café por dia. 

Quanto à leitura: continuo (e continuarei, nem que seja intercaladamente) com a biografia do Herberto Helder. É daqueles que leio saltando frases de quando em quando. É uma overdose. É como se ele tivesse juntado referências, opiniões, recordações de outras pessoas, documentos, recortes de jornais relacionados, correlacionados e nem por isso e, no fim, tivesse vertido tudo para o livro, tudo, sem edição. Mas ouvi que, no original, era quase o dobro. Uma loucura, portanto. Mas, o que mais me chateia nem é isso: o que mais me incomoda é quando ele, o João Pedro George, volta e meia se pôe a inventar pensamentos para o Herberto Helder, admitindo que é provável que, naquelas circunstâncias, ele tenha pensado aquilo. Ora isso parece-me não apenas estulto como desnecessário, até descabido.

Bem. Isto está uma bela mescla de assuntos... É que estou a ver notícias enquanto escrevo. A macacada entre Trump e Musk é daquelas que há de dar filmes, séries, paródias, dramas, tratados de política, de psicologia, sei lá. Como só me dá para ligar o computador às quinhentas e me ponho a escrever às tantas, já perdida de sono, chego aqui e já me falta o pedal para desarrincar todo o muito que haveria a dizer. A ver se um dia destes tenho a pachorra suficiente para escrever o no blog a meio da tarde para me pronunciar sobre esta desconformidade. Entretanto, partilho um vídeo:

Donald And Elon Attend Couples Therapy


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Os meus limões andam a cair, estão pesados, maduros. Não apenas os aproveito para temperos e etc. como para servirem de modelos fotográficos. As rosas, já se sabe, estão sempre disponíveis para serem amadas, adoram pôr-se a jeito para uma sessão fotográfica
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Olhem, é isto.

Desejo-vos um belo sábado

domingo, junho 01, 2025

Rui Rio foi à jugular do Marques Mendes (e à de Marcelo e, de certa forma, à do Montenegro).
Rui Rocha descurtiu e vai dar banho ao cão.
Eu, pela parte que me toca, prefiro defender as buganvílias e maravilhar-me com as efusivas rosinhas

 


Eu já tinha tapetes de Arraiolos antes de me dar a veneta de os fazer. Portanto, como desatei a produzi-los, fiquei com muitos. A minha mãe também os tinha com fartura. Ora, quando tive que tirar as coisas de casa dela, não era coisa de que me desfizesse. Trouxe-os. Portanto, agora até na cozinha tenho um tapete, ou melhor, uma carpete de Arraiolos pois cobre quase todo o chão. Por acaso até é confortável especialmente no inverno quando ando descalça e a pedra do chão está fria. 

Este sábado, dia de calor, foi dia dele ir à barrela. É uma coisa que gosto de fazer em dias em que secam bem: no terraço junto à cozinha, com agulheta no máximo, omo, vassoura forte, descalça, lavo-os e esfrego-os que é um mimo. 

No entanto, o tempo virou um bocado e não ajudou: pouco depois, o céu como que se encobriu e a temperatura baixou um pouco. Por isso, à noite ainda não estava bem seco. Espero que amanhã seque de vez pois tapetes de lã que não secam logo correm o risco de ficar a cheirar a mofo.

Também andei de mangueira a regar vasos de um lado e do outro da casa. Gosto de regar. Gosto de tudo o que mexa com águas.

Como sempre, pasmo com o que tudo cresce. 

As sardinheiras estão robustas, frondosas, cheias de flores. Umas suculentas crescem sem parar. A roseira que está junto a um dos portões tem crescido de uma forma inacreditável. Já vai no muro e já trepou para uma árvore que está perto. Agora já há rosinhas penduradas na cerejeira japonesa. E as buganvílias estão uma maravilha. O meu marido anda doido para avançar com o corta-sebes elétrico. Como não o deixo, faz chantagem, diz que o meu filho vai protestar, vai dizer que também tem que andar todo dobrado para não andar a levar com as flores na cabeça. Creio que é um falso problema, basta que se desviem. Uma delas, então, mais que todas, estão uma loucura, um cortinado de flores. 

O meu marido diz que qualquer dia não se consegue estar na mesa que lá está debaixo, que precisa mesmo de ser cortada. Explico que é um caramanchão, que é mesmo assim. Mas vejo, pela maneira como olha para ele, que qualquer não vai resistir. A única coisa que deve estar a travá-lo é que sabe que, se fizer isso, estará a pisar uma linha vermelha, linha essa fortemente minada.

Hoje, quando vínhamos da caminhada da tarde, reparámos que uma delas, do outro lado, já passou para o lado dos vizinhos e já está a enfeitar o telheiro deles. Também uma das glicínias, uma loucura de glicínia, uma avalanche de glicínia, já vai no muro que separa do vizinho e já enfeita o lado de lá. Claro que poderão cortá-la, se o quiserem, claro. Mas, pelos vistos, gostam.

Mas esta fartura de fertilidade tem um senão. Temos dois vasos, bem bonitos, que têm aloé veras. Mas os aloés estão estão grandes, reproduziram-se de tal maneira que as raízes já não cabem nos vasos, já estão a subir, e os aloés estão a querer definhar. Já falei com o meu marido que vamos ter que tomar uma resolução. Para tentar não destruir os vasos, não vejo outra maneira senão deitá-los de lado e puxar pelos aloés, tentando que se desprendam. E depois teremos que encontrar uns locais, fazer uns buracos grandes e plantar as plantas directamente na terra. O meu marido diz que não está a ver que seja tão simples assim e não lhe vejo qualquer vontade de se atirar à tarefa. Mas temos que tentar pois, se não fizermos nada, os aloés acabarão por ficar ressequidos. Neste momento são uma espécie de ilustração do Princípio de Peter. Cresceram, cresceram até atingirem o ponto em que se constata que, a partir daí, será para pior.

Com tanta flor e com as árvores também todas cobertas de folhagem, a passarada está sempre em festa, uma alegria de chilreios que é uma delícia. E há um perfume bom no ar. Estive lá fora a ler e a sentir-me feliz até já não haver luz. 

Entretanto, estou preocupada pois a rega não arrancou. Temos a rega programada para funcionar de noite e eu gosto de estar aqui a escrever e a ouvir os esguichos da água e a sentir o cheiro molhado da terra e das flores. E hoje não está a funcionar e não faço ideia porquê. Chatice. A minha vontade era ir lá fora ver o que se passa mas o meu marido já dorme e eu tenho um certo receio de andar lá fora sozinha a desoras. Além disso, o dog a esta hora dorme descansadamente e não quero sobressaltar toda a gente a abrir portas e a acender luzes.

Tirando isso, vi que houve mais um dano colateral do terramoto eleitoral: também o Rui Rocha saltou fora. Se vier a Mariana Leitão será bom pois há poucas mulheres na política. Claro que não deixará de ser curioso que, sendo tão poucas, logo sejam as duas Marianas. Mas acho que é mais genuína e mais atilada que a Mortágua. Pelo menos, parece-me. 

E, sem que nada o fizesse esperar, o Rui Rio foi à jugular do Marques Mendes, o que não deixa de ter piada. Imagino o Marcelo, o Marques Mendes e o Montenegro todos de cabeça à roda. Quanto ao inSeguro e ao desVitorino o melhor que têm a fazer é manterem-se na toca. Entretanto, fiquei a saber que um conhecido nosso está a pensar candidatar-se, parece que já anda a recolher assinaturas. Só visto.

E, pronto, é isto. Vou descansar que já vão sendo horas.

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As imagens foram feitas com recurso à minha inteligência natural

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Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, maio 17, 2025

Um jardim bem cuidado ou um pedaço de natureza selvagem?

 

Travo lutas antigas. Muitas tenho perdido e, mesmo se ganho, são frequentemente vitórias precárias. Mas nunca me dou por vencida. Uma das mais presentes tem a ver com a forma como se aborda a terra. Eu sou pela natureza. Gosto das ervinhas que nascem, gosto das florzinhas espontâneas, gosto que cresçam, que atraiam insectos. O meu marido é o contrário: para ele isso é mato que tem que ser cortado e não descansa enquanto a roçadora não avança. Diz que temos que poder andar sem termos que nos desviar ou sem nos picarmos. Eu, em contrapartida, não me importo de arrancar à mão o que acho que não tem cabimento.

Mas os meus filhos têm a mente formatada como o pai. Se vêem a buganvília a tombar, linda, como um pesado cortinado carregado de flores, se vêem os jasmins a cobrir os muros ou os arbustos das sebes laterais sem estarem aparados e, pelo contrário, altos e exuberantemente floridos, dizem que o jardim está mal cuidado. O meu marido rejubila quando ouve essas críticas e serve-se desse argumento ao longo de toda a semana, como se tivesse com ele uma claque unida para me convencer.

No campo é a mesma coisa: onde ele vê um matagal que precisa de ser arrasado, eu vejo rosmaninho, alecrim, sálvia, orégãos, tudo espécies que quero preservar. Só não me importo que arranque o tojo ou as silvas mas nem ele nem alguém que se contrate estão para estar a escolher pé a pé de erva antes de passar a máquina.

Portanto, uma luta. E, no entanto, sinto que, se deixarmos que a natureza seja livre, ela vai recompensar-nos, festejando a vida com pujança, cor, liberdade, alegria.

Já contei muitas vezes que a anterior dona desta casa, sempre que passa por cá, fica muito surpreendida com o que as árvores, os arbustos, as flores se têm desenvolvido. Ela tinha jardineiro salvo erro duas vezes por semana (diz que era muito lento...) e ela própria fez cursos de jardinagem creio que em Agronomia, ali à Ajuda. E diz que não percebe porque é que as coisas não se desenvolviam como desataram a desenvolver-se desde que nós cá estamos. O meu marido usa muitas vezes o argumento com um twist: ou seja, diz que, quando para cá viemos, estava tudo aparado e bem arranjado e que agora está tudo ao deus dará. E eu fico feliz pois, para mim, o deus dará é o que se quer, que as coisas sejam tão exuberantes quanto a sua natureza o dite.

Lá na nossa casa in heaven, como já contei tantas vezes, o pequeno bosque que se formou até esquilos atraíu. Por aqui, por enquanto, só gatos, passarada diversa e pequenos e delicados répteis. Nos dois sítios, gostaria de ter um pequeno lago pois sei que mais animais apareceriam e isso enche-me de felicidade. Mas não temos nenhuma nascente pelo que teríamos que estar sempre a abastecê-lo com água da rede e, se isso falhasse, morreria a vida que dependesse dessa água. Não se pode arriscar.

Mas, com estes diferendos sempre presentes aqui em casa, é com alegria que acolho vídeos como o que aqui partilho. Estive a mostrar umas partes ao meu marido que nem sequer queria ver, mas, tendo visto, acha que isto só lhe dá razão: são lugares em que só andando de botas até ao joelho senão fica-se todo picado, não são lugares em que se ande à vontade ou em que se possa colocar uma espreguiçadeira para estar tranquilamente ao sol. Não deve ser bem assim. Há zonas. Vou ter que estudar melhor o conceito. Pelo que aqui se diz, o conceito da 'arca' aplica-se inclusivamente às varandas, aos terraços.

Um deleite ver estas imagens. Tem legendagem em português.

Conheça a jardineira irlandesa que lidera um movimento global de renaturalização | WILD HOPE

No meio do colapso da biodiversidade em todo o mundo, Mary Reynolds, da Irlanda, está a construir um movimento para transformar os jardineiros em guardiões do planeta, devolvendo o nosso próprio pedaço de terra à natureza e restaurando a esperança de que as ações individuais podem criar mudanças duradouras.

À medida que as práticas agrícolas consomem mais terra e contribuem para as perdas de habitat em todo o mundo, Mary sublinha a importância de agir individualmente. Em nenhum lugar isto é mais fácil de fazer do que com a sua própria terra, criando uma ARCA – Atos de Bondade Restaurativa. Mary revela como rapidamente criar uma  e deixar a natureza colher os frutos, algo visto em primeira mão pelos antigos agricultores que se tornaram preservacionistas da natureza, Anita e Will Wheeler, que agora são o lar de uma infinidade de animais nativos que prosperam na sua ARK.

O movimento está a crescer, à medida que Mary alcança uma comunidade global que quer livrar-se das expectativas primitivas que os jardins exigem e trazer mais vida. Está até a criar raízes entre as gerações mais jovens. Uma visita à escola de Loreto, no condado de Wexford, prova como até um pequeno pedaço de terra pode não só restaurar uma comunidade nativa de plantas, mas também tornar-se um refúgio seguro para os alunos. “Pedacinho a pedaço, lá chegaremos” - garante Mary, “faça uma manta de retalhos de esperança”.

sexta-feira, maio 09, 2025

As espertezas saloias do Governo Montenegro -- ou os impostos como matéria de ilusão.
Agora é o IMI
-- A palavra ao meu marido --

 

Duas ou três perguntas. 

Quando há um apagão, não se pagam impostos ou apenas não se pagam impostos se isso acontecer no mês em que há eleições? A pergunta é retórica pois, como vem sendo claro -- já que usar os impostos como areia para os olhos parece ser vício do Montenegro --, a segunda hipótese é a verdadeira. 

Ou seja, mais uma espertice dos espertos do Governo: agora até adiam o pagamento do IMI e do IRC, com a desculpa do apagão, claramente para tentarem ganhar votos. Será que também vão adiar o pagamento do IUC para os carros de Maio?