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domingo, janeiro 28, 2024

Falamos junto à luz


Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen, em ‘Dia do Mar’


De tarde, chamados pela luz suave e dourada, pelo prenúncio de primavera que nos trouxe temperaturas muito aprazíveis, e, sobretudo, pelo menos pela parte que me toca, pela necessidade de oxigénio, fomos para a beira do rio.

O prazer de andar e conversar num dos lugares bons da cidade, a diversidade de gentes com que nos cruzamos, o sol sobre o rio, a boa companhia, tudo isso é remédio certo para lavar a alma.

Em tempos fotografava pessoas. Adorava. Sentia-me sempre uma observadora clandestina e, ao mesmo tempo, transparente. Já conseguia antecipar os movimentos das pessoas, as suas expressões. Estava de tocaia e, quando a ocasião se proporcionava, disparava. E, aparentemente, ninguém dava por nada.

Tenho muitas centenas ou, melhor, provavelmente, milhares de fotografias de pessoas. Mas depois temia sempre publicá-las pois receava que estivesse a pisar o risco da privacidade. É certo que há mesmo a modalidade de fotografia de rua e muito do que era a sociedade em tempos mal documentados se conhece através do trabalho de fotógrafos de rua. Mas, por via das dúvidas, encolhi-me. E, se não posso mostrar, para quê estar a fazer?

Portanto, agora tento evitar a presença de pessoas. Contudo, por vezes, é impossível deixá-las de fora. Mas, como sempre costumo dizer quando aparecem pessoas nas minhas fotografias, se alguém se reconhecer aqui e não quiser cá estar, bastará que mo diga.

Fomos lanchar ao CCB, depois fui lá tratar de um assunto e, de seguida, fomos passear para a beira do rio. 

O que abaixo partilho é parte da arte de rua que por aqui se pode ver. Escultura de homenagem ao pessoal clínico em tempos covid, a escultura Central Tejo, os big e engenhosos trabalhos da Joana Vasconcelos (se é arte ou gigantes trabalhos que incorporam design e montagem isso não sei), o mural em que vários artistas homenageiam o 25 de Abril, os belos murais de azulejos com poemas de Sophia, o próprio edifício do MAAT que é escultural.

A última fotografia não foi feita hoje nem é em Lisboa. É em Setúbal, no belo PUA, e é uma homenagem a José Afonso. A minha filha estava lá à frente mas, com o corrector, retirei-a. Não ficou perfeito mas como a escultura é algo 'incerta' a modos que disfarça.

Em dias como estes, é bom sair de casa, andar a passear, a laurear, a flanar, a desopilar, a vadiar, a turistar, a espairecer, a espanejar, a dar ar à pluma. Mas, para quem não possa fazê-lo, aqui fica um cheirinho.


























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E vi este vídeo de que gostei e que gostaria de partilhar. Já não é Green Renaissance mas Reflections of Life e são sempre tão tranquilos, transmitem serenidade, a vida a ser vivida com vagar, o contacto com a natureza, o prazer de existir de forma simples.

BELONGING - Finding Connection

Quando somos incompreendidos e sem apoio, é fácil sentir-nos sozinhos, como se não nos encaixássemos no mundo que nos rodeia. Mas algo lindo começa a acontecer quando entendemos que nossa singularidade não é uma falha, mas um motivo de comemoração.

À medida que aprendemos a valorizar e a partilhar os nossos dons individuais, reconhecendo a beleza das nossas diferenças, encontramos uma ligação renovada com o mundo - semelhante à harmonia encontrada na natureza, onde cada elemento contribui para a beleza geral da paisagem.

Inspirando-nos no mundo natural, entendemos que abraçar as nossas diferenças é um presente que podemos oferecer ao mundo, tornando-o um lugar mais bonito para todos que nos rodeiam.

A resposta reside em colmatar lacunas, cultivar a empatia e revelar a vibrante tapeçaria da nossa experiência humana partilhada através do reconhecimento e da celebração da diversidade.

Filmado em Singapura

Com Kathleen Yap


Desejo-vos um bom domingo
Saúde. Serenidade. Paz.

terça-feira, abril 14, 2020

Tudo por causa daquilo das 'emoções positivas'


Voltou a chover e a estar frio e isso maça-me. Não basta não ter tempo para me pôr ao sol de papo para o ar como, cúmulo dos cúmulos, nem sol há para eu poder ter raiva por não aproveitá-lo.

E tenho a dizer que, como não tive que fazer o almoço, almoçámos rapidamente. Quando vinha de lavar os dentes, passei pelo quarto e vi o meu marido estendido em cima da cama, de pernas e braços abertos. Conferi: 'Estás vivo?'. Respondeu: 'Se me deixares, estou a fazer meditação'. Achei boa ideia. Peguei numa mantinha e fui deitar-me no sofá a ver se também meditava. Por causa das coisas, pus o despertador para daí por vinte minutos. Quando o despertador tocou já ele estava a trabalhar. Disse-lhe: 'Acho que não cheguei a meditar'. Ele confirmou. 'Adormeceste instantaneamente'. Não tive como negar mas, se foi, não foi por muito tempo.

No resto do tempo já não surgiu oportunidade de dormir ou meditar. Mas falei com um filósofo o que também produziu em mim um efeito curioso. Como estava zen não exerci o contraditório.

Numa outra reunião, tentei falar o menos possível para ver se não atraía. Penso que consegui. Mas fiquei a roer-me pois um zelig escapou incólume quando deveria ter sido punido. Mas o efeito da meditação ainda perdurava pelo que relevei.

Depois disso, por entre os pingos da chuva ao cair do dia, fui dar uma circulada. Ao regressar a la maison li uma coisa que despertou la pasionaria que há em mim; e, vai daí, não foi tarde nem cedo, enviei um mail daqueles que não fica pedra sobre pedra. Depois, rosnando o ¡No Pasarán! que palpitava dentro de mim, peguei nesse mail e dei conhecimento dele a mais cinco pessoas e, não contente com isso, enviei um mail ao primeiro a informar que tinha dado conhecimento do mail que lhe tinha enviado a ele a cinco que não são de se assoar. ¡No Pasarán!, não senhor. Isso é que era bom.

A seguir, satisfeita por já ter feito a má acção do dia, fomos jantar. Arroz de bochechas. Belo.

E, estando a jornada concluída, vim informar-me sobre os sucedidos do dia. Do lido, apenas um vídeo prendeu a minha atenção. No Guardian, uma senhora explicava a importância das emoções positivas para reforçar o sistema imunitário e para fazer face à neura do confinamento. Sendo eu toda adepta da boa onda, coisa que me é natural e, logo, involuntária, a verdade é que encanito com tudo o que me pareça conversa de xaxa, do tudo em cima e conversa do pensamento positivo e enlatado. Portanto, ouvi a senhora à espera de pensar que melhor faria ela se fosse dar banho ao cão. Ao cão ou à Margarida Rebelo Pinto, que também é toda moderna e positiva. Ou ao Valtinho que eu nisso estou como o Diogo que parece que também não vai à bola com aquela pia alma que destila positividade e ternurinha pelas leitoras mas que a mim só me dá ânsias. No entanto, achei que, na volta, a senhora tem é razão e a gente andar na boa e fartar-se de rir também mal não faz. E vai daí, segui o conselho dela, e pus-me a ver cenas bem dispostas. 

Com vossa licença -- e que  me desculpem os tristes, melancólicos e ensimesmados militantes -- aqui estão algumas das macacadas que já me fizeram rir. Riam também, está bem?

















E este foi o vídeo responsável por isto tudo:


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E uma terça-feira bem disposta para si que aí está desse lado.

quarta-feira, julho 03, 2019

Será que ainda sou deste mundo?





Comecei o dia muito cedo e sabia que a coisa não ia ser fácil. Mas foi ainda pior. Na sequência de uma outra faena que tinha sido também bem complexa, ia preparada para esgrimir argumentos num sentido. Acho que sou dura na queda e, se acredito numa coisa, defendo-a com convicção. Mas não ia preparada para mais um flic-flac da outra parte. Suponham, os meus Caros, que, por exemplo, eu fazia uma cuidada e equilibrada dieta mediterrânica e tinha pela frente um pançudo que comia quilos de bifes a escorrer sangue, carregados de molhos picantes e acompanhados de quilos de batatas fritas. Ia preparada para o esclarecer sobre os malefícios do seu regime. Contudo, ao sentar-se à minha frente, para minha surpresa, ele apresentava-se como vegan. Eu a ver que não mas ele, convictamente, a esgrimir argumentos opostos aos expectáveis, a dar-me, a mim, lições de boa alimentação. Desconcertada, sairia dali furiosa. E, dias depois, indo eu preparada para rebater as vantagens do regime vegan, apanho-o pela frente e agora já não é vegan mas adepto de um regime à base de ovos crus e vinho do Porto. Ou seja, uma conversa de surdos, divergente, uma conversa impossível, assente em coisa nenhuma. Assim foi. Um cansaço e uma deprimente perda de tempo.

E quando, depois disto, me preparava para um almoço descansado, ainda que breve, eis que desaba um problema, coisa na base do susto completo: a possibilidade do céu nos cair em cima da cabeça vista de perto. Declaração de situação de emergência, um grupo sem saber bem o que estava a acontecer -- mas que não era bom não era. E sem que quem talvez pudesse ajudar atendesse o telefone. Uns com o telemóvel no silêncio, outros com o telemóvel no bolso e, no restaurante, sem ouvirem.

Depois, finalmente, uma explicação, um grupo de crise montado, a resolução a caminho.

Um almoço a correr, entre telefonemas, mails e mensagens.

E logo de seguida outra reunião e mais situações e diferenças de pontos de vista e mais coisas e mais coisas e mais coisas e mais reuniões nos próximos passos.

E, ao sair, mais uma chusma de mails e recados e problemas e sei lá que mais. E uma constipação a caminho.

Ao chegar a casa, meio exaurida da cabeça e a sentir-me engripada, diz o meu marido: eu se fosse a ti não ficava por dormir como dormes, sem nada por cima, janela aberta: ligava a ventoinha e apontava bem às costas.

É que não apenas sou eu que durmo do lado da janela (aberta) como durmo sem patavina em cima. Ele, ao meu lado, tapa-se com lençol e manta (fininha mas manta). Volta e meia ainda tenta pôr-me uma perna por cima mas tem a perna tão a ferver que o enxoto logo, não suporto dormir com um tição em cima. No inverno, como também durmo com pouca roupa, sabe-me bem encostar-me a ele mas no verão é impossível. 

E, na volta, ele tem mesmo razão, é mesmo capaz de ser o frescor da madrugada, que chega com gritos de gaivotas, que me causou um resfriado. Anda incerto este tempo. Todos os dias, ao ver o tempo que faz no dia seguinte, vacilo entre preparar vestes estivais ou prudenciais.

Mas isto tudo para dizer que há dias complicados, com pouca coisa boa.

Valeu uma coisa: enquanto conduzia, uma reportagem sobre  ECT, tratamentos com electrochoques. Juraria que foi na Antena 2 mas agora, antes de escrever, fui confirmar e não encontro. Para mim, um tema surpreendente. Falavam pessoas bipolares, outras com depressão, um com esquizofrenia. E falavam psiquiatras. E eu ia a ouvir com muito interesse, com vontade de conhecer melhor esta realidade, com muita pena das pessoas que sofrem assim, muitas vezes sentindo-se estigmatizadas, muitas vezes sem compreenderem porque se sentem tão arrasadas.

Pensei numa rapariga que trabalha numa das empresas e que desliza pelos corredores, com ar alheado, muitas vezes como se estivesse à beira das lágrimas. Quando a vejo passar assim, como se não estivesse ali, tenho vontade de a puxar para o meu gabinete e pedir-lhe que me conte o que se passa. Mas não sou psicoterapeuta, receio não saber lidar com o que imagino ser uma situação muito pesada, um outro mundo, um mundo onde não deve ser nada fácil estar, onde não se entra como se de visita -- teria que saber ajudar e temo não saber. 

E agora, enquanto escrevo, está a dar a Prova Oral com o grande Alvim e está lá o Manuel João Vieira e eu simpatizo tanto com ele. No outro dia, eu ia a descer as escadas que mergulham num parque subterrâneo e, à minha frente, ia um homem grande, de físico pesado, chapéu de aba larga. Ao fim do segundo lance, ele entrou para o parque e, nessa viragem, eu, que continuei a descer porque tinha o carro num piso mais abaixo, vi-lhe o rosto: era o Manuel João. E eu, em silêncio, soltei uma exclamação: 'Ah! O Manuel João!' e tive mesmo vontade de ir atrás dele e dizer-lhe: 'Simpatizo imenso consigo'. Mas nunca fiz isso com ninguém, não ia estrear-me logo com ele. Seria embaraçoso para ele e para mim. A fazer alguma coisa, teria que fazer uma coisa lógica, à altura dele, não um elogio dito de forma meio irracional.

No programa está também a Fanny que fala de coisas que não são já bem do meu mundo, diz que faz stories para manter o número de seguidores, e eles, ali no programa, mostram uns pequenos vídeos onde ela faz toda a espécie de parvoíces. Dá ideia que quanto mais parvoíces fazem para postar no Insta mais gente os segue. E nem sei bem que espectáculo é aquele em que ela vai entrar com o José Castelo Branco, fala creio que em roast. Quando lhe perguntaram um momento especial de manifestação de apreço, se foi quando saíu de algum reality show, a Fanny contou que uma mulher pôs uma mama de fora e pediu para ela a autografar. Uma coisa assim talvez fosse à altura do Manuel João. Eu, de salto alto, muito comportada, e fazer-lhe uma destas. Contudo, acredito que ele, na verdade um cavalheiro, ajeitasse o chapéu para disfarçar alguma estupefecção, e, a seguir, talvez mostrasse alguma caridade, talvez me aconchegasse o decote, me pegasse pelo braço e, cautelosamente, me levasse até ao Júlio.


E agora que aqui estou a descansar, percorri as news e dei com outra coisa desconhecida, uma coisa que penso que, se calhar, também já não é do meu mundo. E já nem falo da parvalhona da Ivanka, boneca insuflada, filhinha de papai, levada a passear ao G20, um absurdo que nem o mais maluco se lembraria de inventar. Falo de outra coisa. Falo destas pessoas que aqui abaixo se vêem.

Lil Miquela, Noonoouri, Shudu... Le phénomène des influenceurs virtuels

Aliás, terei que aprofundar porque nem estou certa de ter percebido bem de que se trata. Influencers virtuais. Vi as fotografias e fiquei na dúvida se é gente, se é coisa. Posam, mostram-se com roupas, parece que vão para o exterior, umas stars. Mas leio que é virtual, tudo virtual. Se calhar o exterior também é virtual. Mas têm montes de seguidores e parece que, agora, isso é que importa. E há vídeos com elas. E as casas de moda recorrem a elas. Elas e eles. E eu olho e não percebo o que é aquilo que vejo, nem percebo que descaminho é este em que os humanos parecem que gostam de seres inexistentes que emulam os humanos. Tudo demasiado estranho.


Sinto-me como que incomodada, aquela sensação estranha de não saber bem onde estou. Na volta é aquilo da zona de conforto, ou seja, é capaz de ser caso para dizer que esta gente virtual me tira da minha zona de conforto.

Por isso, fujo.

Leio, então, sobre árvores e livros, sobre lágrimas e terra, sobre coisas de estimação, frágeis, sobre pernas cruzadas que lembram o verão e figos e Godot e o mar, sobre sabores e cores e outros momentos e pensamentos de gente de verdade -- e isso traz-me o meu mundo, um mundo afável, diverso, humano, um mundo com recantos onde é bom estar, que apetece descobrir ou imaginar.

E, de caminho, vou em busca da paz dos bosques, do som da água, do canto dos pássaros, da música tranquila, dos gelados feitos com frutas, flores, vagares e sons familiares e envoltos em harmonia.


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I always wanted,
       to return
to the body
       where I was born.


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As pinturas que intercalei no texto são de Yoo Youngkuk

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Desejo-vos um belo dia. Alegria e saúde. E amor.

terça-feira, julho 18, 2017

Quase tão baderneiro como o Gentil Martins só mesmo o meu queridíssimo Manuel João Vieira.


Dedicado a todos os que andam assanhados com Gentil Martins como se ele tivesse usado a última coca-cola do deserto e agora, por causa de tão imprudente acto, o mundo virasse uma imensa fogueira onde arderá a maioria dos portugueses -- que, como é sabido*, é constituída por homossexuais, sado-masoquistas ou gente que gosta de ter sexo com animais -- aqui deixo o meu mui apreciado Manuel João de quem gosto de me fazer acompanhar de cada vez que as freiras saem do convento feitas castigadoras, arrastando atrás de si hordas de beatas de chicote em punho.


Claro que, sendo este um blog familiar, tenho que sujeitá-lo a algum crivo não vá alguns leitores ficarem assarapantados com a inspirada lírica de algumas das suas composições.

Hoje trago-o para interpretar o nosso 'Amar pelos Dois'. Querido Manuel João, sempre tão fora da caixa.


[* Lendo a prosa indignada do coro de virgens contra a afirmação de que a homossexualidade é uma anomalia (repito: uma característica de uma minoria) sou levada a crer que ando com a minha leitura estatística virada do avesso. Pelos vistos, aquilo que aprendi sobre leis estatísticas, sobre o que é a norma ou sobre todos os conceitos que a Lógica ensina, o que está em minoria, na franja da distribuição estatística, é agora o que é normal. O que me safa é que não sou professora senão nem saberia o que ensinar. Agora os conceitos estatíscos parece que têm, antes de serem usados, que ser benzidos pela moral politicamente correctazinha. Bolas, bolas, bolas]

Amar Pelos Dois


Actuação de Manuel João Vieira e Charles Sangnoir na cerimónia de 2017 dos Monstos do Ano.





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É bom amar pelos dois. E pelos três. E por toda a gente do mundo.

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Be happy.

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terça-feira, junho 07, 2016

Paulo Portas na Mota-Engil
Mais do que um prémio, uma aposta no futuro?


Cheguei a casa depois das nove da noite, nem meia dúzia de passos tive energia para dar quando me vi em terra firme.

Foi no percurso para casa que ouvi isto de o Paulo Portas ir trabalhar para a Mota-Engil. Mas apanhei a notícia a meio e logo depois tive que fazer uma chamada.


Por isso, só agora que liguei o computador é que fui à procura das notícias. Logo à cabeça o ex-irrevogável de capacete na cabeça e sorriso lustroso. Por cima aquilo que transcrevi no título desta mensagem: Mais do que um prémio, uma aposta no futuro. 

Fiquei espantada com a franqueza (um prémio...?). Só a seguir é que reparei - e estou a falar a sério! - que esta frase pertence a um anúncio da NOS, ou seja, não tem a ver com a contratação do Paulinho.

Portanto, lá fui ler a notícia. Vai para o Conselho Internacional da Construtora Mota-Engil com a prioridade do mercado da América-Latina. 


Ou seja, é um lugarzinho que lhe permite continuar a fazer aquilo de que gosta, isto é, bater perna por aí, frequentando bons hotéis e etc. Para a Mota Engil é, de facto, uma aposta no futuro, já que, nestes mercados, ter sido ex-ministro é um bom cartão de visita. E sendo um ex-ministro de um país europeu, melhor ainda. Não interessa se sabe ou não fazer alguma coisa: interessa que tem contactos, que se mexe bem, que tem desenvoltura para negócios. Se fosse mazinha, coisa que manifestamente não sou, até poderia insinuar que, se calhar, até tem alguma experiência em fazer negócios nos quais algumas das práticas correntes na América Latina são o pão nosso de cada dia. 

Podia dizer coisas assim. 

Mas não vou dizer. Por um lado acho que um ex-ministro não é forçosamente alguém com sarna que tenha que ser mantido em isolamento e a pão e água e, por outro, acho que mais vale que viva dos seus rendimentos do que ande por aí aos caídos, batendo com a cabeça nas portas que já não consegue abrir
-- e, sim, refiro-me ao Pedro (o que abria todas as portas, o tal que, entre outros lapsos, se esqueceu de pagar a Segurança Social, esse songamonga que deu cabo do País enquanto mandava os jovens emigrar ou chamava piegas aos que ia maltratando) e a quem, obviamente, ninguém de bom senso oferece trabalho.

Portanto -- e não estando eu a dizer que acho recomendável esta forma de actuar -- neste mundo dos grandes negócios da construção civil, em especial nos da América Latina (ou África) em que muita manha, algum savoir faire e um sorriso pepsodente, artes de dançarino e outras habilidades que tais são uma mais-valia, não estranho nem acho mal que a Mota-Engil contrate o ex-irrevogável Paulo Portas.


Nem, conhecendo-se os gostos de Paulo Portas e, naturalmente, a sua vontade de ter um emprego e um bom ordenado, me espanta que tenha aceitado o convite da Mota-Engil ou da TVI. Em ambos os casos junta o útil ao agradável: por um lado irá ganhar bem e, por outro, pode passear à borla ou vender refrescos em forma de comentário televisivo.


Ou seja, parece-me que tudo bate certo e que todas as partes ficam ganhadoras. E se é certo de que quando alguém muito ganha, outro alguém muito perde, poderá questionar-se: quem é que, nesta história, perde?
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Poderia alvitrar mas, a sério, não me apetece pois isso levar-me-ia para outros quadrantes temáticos e estou a cair de sono.
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E, para não acabarmos em seco, sai uma musiquinha. Como verão, não tem nada a ver nem com o ex-Irrevogável Portas nem com nada do que acima se falou. Apenas gosto do Lello Perdido e esta é uma oportundade para o ouvir. Desbocado e maluco mas, enfim, com uma irreverência que me agrada. Com vossa licença, silêncio que se vai cantar o fado.

Ser Milionário





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desejo-vos, meus Caros Leitores, uma grande terça-feira.

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quarta-feira, maio 04, 2016

Cá estão eles outra vez, os meus queridos malucos


Há lá forma mais eficaz de seduzir uma mulher do que dizer-lhe poesia? E, melhor ainda, infalível, se for em francês -- aí haverá mulher que resista?

E o humor? Há lá também arma mais eficaz? Qual é a mulher que resiste ao humor?

E à maluquice?

E tudo junto: poesia + humor + maluquice? Há lá cocktail mais afrodisíaco?

Se calhar há. Se calhar as mulheres ajuizadas preferem outro género de cocktails, por exemplo: ter muita erudição + usar botões de punho + escrever um blog a armar-se em engraçado.

Mas não sei. Não estudei suficientemente o assunto para me poder pronunciar. Portanto, abrevio que isto não são horas para a metafísica e passo já aos meus queridos malucos.


Pedro Paixão fala de Poesia




(Ah. Já agora uma pergunta: a poesia é coisa para preguiçosos?)

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Traduzir sem rede. Editar à pressa. Emprestar o nome. Riscos, riscos, riscos. Risos.

Luiz Pacheco, o Tradutor




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A sopa ou a cultura?

Alberto Pimenta, Vítor Silva Tavares e o caldo verde



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João César Monteiro e a Comédia de Deus



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E, para terminar em beleza, o querido Candidato Vieira


Em férias


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É verdade: será que não há malucas? Só malucos?
Tenho que puxar pela cabeça: gostava de ter aqui malucas. 
Enfim... é certo que estou eu aqui que, no que se refere a maluquice, tenho para dar e vender...
Mas gostava de aqui ter outras. Será que não há malucas encartadas em Portugal? 
Só betinhas, atadinhas, amarguradinhas, azougadinhas, liricazinhas, tiazinhas, vizinhas? 
Malucas a sério só eu?! Bolas. Quero companhia.

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Ah... E não deixem de visitar os comentários aqui já abaixo. Dir-me-ão se não há ali um negócio apetecível...


terça-feira, abril 12, 2016

Mande-me, se faz favor, um PDF


Os meninos por vezes perguntavam o que é que eu fazia. Tentava explicar mas, para eles, era coisa intangível: reuniões, telefonemas, escrever no computador, mandar e receber mails, visitas. Cenas que mais parecem uma brincadeira do que um trabalho. Pois. Mas é tanto pepino que uma pessoa se esvai e nem dá pela brincadeira. São macacos uns a seguir aos outros, todo o santo dia com macacos encavalitados em mim. 
Dantes era o pepino. Agora a moda é falar no macaco. Ah e tal, lamento, não te quero maçar mas tenho aqui um macaco para ti. Ou então, Olha, só por causa disso já vou é atirar o macaco para trás das costas. Ou Estou para aqui sem saber como dar conta disto, tamanho o macaco que me puseram ao colo.
Agora por macacos, até me estou a lembrar daquela que nem sei se já não contei aqui. Conto na mesma. Um colega nosso da fama não se livrava. Entre eles, homens-machos, referiam-se ao outro como a Claudette ou, então, como a concièrge, 'amiga' do leva e traz. Uma vez, numa reunião em que ele não estava, todos com risinhos e a falarem no Horácio. E eu, pelo tom, já a ver que naquele mato havia coelho. Quem é o Horácio?, perguntei. Risotas. Diz um, o mais afoito: 'A si conto-lhe tudo mas esta não dá.' Deve ter visto a minha cara decepcionada porque, logo de seguida, resolveu levantar o véu, mas só um bocadinho 'Só lhe digo que o Horácio é um macaco'. Risota dos outros. E ele 'E que a sua amiga ia gostar'. Vi logo tudo. A minha amiga era o nosso colega, era assim que eles se referiam ao outro quando falavam comigo. Tudo desmanchado a rir, uma galhofa. Não adiantaram mais e acho que nem era preciso. Contei à minha filha. A partir daí passou a tratar por Horácio um tal com quem o outro se dava muito.

Bem. Adiante.

Macacadas à parte, agora que a estopada-mor -- aquela coisa que só serve para arranjar chatices, para causar agonias e ataques de nervos entre pessoas cujo santo não cruza -- já está meio esfolada, sem um minuto de intervalo para poder pôr esse big chimpanzé para trás das costas, já estou atolada até ao pescoço noutra. 
E é pdf para aqui, ppt para ali, e pdf de novo, e mais outro pdf. 
E eu, a olhar pela janela enquanto uns raios de luz assomavam por entre a bátega de chuva, só me apetecia ir ao zoo, buscar meia dúzia deles de verdade e largá-los por ali. Acho que há coisas em que a metáfora fica a perder. Macacos a sério é que era mesmo, de preferência com gostos como o do célebre Horácio. A ver se depois alguém ainda se lembrava de andar a massacrar com pdf's.

Ena Pá 2000 - PDF



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quinta-feira, abril 07, 2016

E para a Marilú -- com a sua Ética de estimação, o seu lugar de deputada como biscate no intervalo da Arrow, o Banif que empurrou com a barriga, e o seu narizinho de pequena pinóquia -- não vai nada, nada, nada...?
Não. Era o que mais me faltava.
Não é por nada mas prefiro o Lulu.
Com vossa licença, que entre o meu amigo Manuel João.



Cheguei tão tarde a casa, tão tarde. Sento-me à mesa, cansada, ligo a televisão e lá estava a descarada, sempre com aquele risinho que tenta passar por faceiro, toda ela de narizinho empinado, toda feita fofinha, sempre com a resposta na ponta da língua -- e tanta mentirosa que eu conheci tal e qual assim -- sem ética nem moral, a displicência de quem sabe que nunca se vai dar por vencida porque aos outros tolhe-os a vergonha da frontalidade e aos descarados de alto calibre nada os tolhe.

Com o à vontade de quem se habituou a dizer e a fazer o que quer, ali estava ela, pimpona, lampeira.

Durou um minuto, se tanto, que logo de seguida se desligou a televisão. Não se aguenta ter uma desavergonhada destas, que tanto mal fez ao país e que agora, oportunista e provocadora, ali anda ganhando em dois carrinhos e fresca como se ainda lhe sobrasse tempo.

Agora, aqui chegada, sem saber de nada do que aconteceu durante o dia e cheia de sono, penso se não deveria mostrar a repulsa que sinto sobre tão manipuladora figura. Mas não. Não vou desperdiçar estes momentos da minha vida a falar de uma qualquer que por aí anda.

Fui então em busca de alguém que me desse vontade de rir. Ah, como são generosas as pessoas que nos fazem rir.
O Manuel João é cá dos meus, um ganda maluco. E deve ser uma boa pessoa. 
Como será na sua vida quotidiana? Divertido ou ensimesmado? Por acaso gostava de saber. Deve ser generoso, desinteressado, incapaz de prejudicar alguém. assim, pelo menos, o imagino eu.
Mas, então, dizia eu, chamei por ele e ele veio para me fazer rir. Thanks a lot, my good friend.

Lulu -- Ena Pá 2000


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As fotografias não têm nada a ver com o texto, como é bom de ver. Mostram a russa Katichka que gosta muito do seu lindo gato e, para provar a sua estima, fez um corte de cabelo que contempla a carinha do seu amiguinho. Além disso, usa o cabelo mais ou menos da cor do cabelo das partenaires do Manuel João e isto, como se sabe, anda tudo ligado. E desta forma podem comprovar como, para mim, até a querida Katichka é mais merecedora da minha boa atenção do que a cínica da Marilú.

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sábado, abril 02, 2016

Breve antologia de malucos
- ou umas quantas maluqueiras de antologia


Bem. Agora que já falei de, por pura distracção -- e logo no dia em que avantesma reapareceu travestida de assombração laranja -- ter passado ao lado do Dia das Mentiras, mas em que, nem de propósito, vivi um fantástico Dia dos Prodígios, resolvi dar mais uma volta pela net.

Antes, estava numa de tentar parecer vagamente erudita e já me tinha municiado com uns ensaios dantescos e até já tinha aqui uns coros a condizer, uma toda vestida de preto, da cabeça aos pés, numa igreja com aspecto sinistro, mais umas outras que tais ao fundo, todas a cantarem numa língua que não entendo (o que não é de estranhar já que pouca coisa entendo) mas que eu ia fazer de conta que percebia muito bem. Só que a natureza tem mais força. Bocejo, bocejo, bocejo. Portanto, como estou cheia de sono, resolvi que essa aventura fica para outro dia e que hoje nem meto o pé nos ensaios, que me fico pelos jornais online, pelos blogues. E, enquanto estava nisto, surprise, surprise, não é que dei com um outro prodígio...? A sério. E mais um daqueles de gargalhada.

E, talvez por isso, ocorreu-me fazer um post sobre malucos. Como é de todos sabido e consabido, há-os de toda a espécie e feitio. Os encartados, os engraçados, os tresloucados, os simplesmente parvalhões, os que mantêm a elegância, os que não têm jeito e se atiram para fora de pé -- há de tudo.

Ao escrever isto, apetece-me logo partir aqui para uma antologia. Podia pensar num âmbito alargado e transcrever excertos ou colocar links para a vasta amostragem que rapidamente colheria pela blogosfera. Mas não, há por aí muita fancaria, teria que perder algum tempo com avaliações para apenas aqui trazer malucos de qualidade. Por isso, não vai ser assim. 

Vai ser uma coisa na base da 'consulta directa': ocorre-me uma meia dúzia de nomes, portugueses, homens e ligados aos meios artísticos (em sentido lato), e desses é que vou buscar uma amostra. Com tempo a ver se alargo a amostragem, que malucos é o que não falta.

Aviso: não é de espantar nem deve ofender a linguagem algo libertina e desprovida de auto-censura que se encontra nos vídeos que selecconei (afinal são malucos, digamos assim). Contudo, por prudência, as almas sensíveis deverão abster-se e saltar directamente para o post seguinte.

Ora, então, vamos lá. Pedro, Miguel, Manuel, Mário, Luíz, João. A ordem é aleatória. Cada um que escolha o seu maluco preferido.

1. Pedro

Uma mulher e uma pistola


Pedro Paixão fala com Nuno Markl

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2. Miguel

Amores e saudades de um português arreliado


Miguel Esteves Cardoso fala com José Adelino Faria

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3. Manuel João

New in Town


Manuel João Vieira e uma entrevista de vida


4. Mário

Um pouco mais de sol


Mário Cesariny diz um poema
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5. Luiz

O Libertino


Luiz Pacheco, um querido muito cá de casa

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6. João Vuvu

Vai e vem
(lição com bolinha vermelha)


João Vuvu esclarece a uma amiga de longa data, em detalhe, como se pratica o Broche Chinês e, de seguida, contextualiza politicamente esta "tecnologia de ponta".

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(a continuar)
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Dado o adiantado da hora e o meu estado de sono absoluto, vou retirar-me. Queiram, por favor, continuar a descer que há não apenas se fala da pesca a amejua na tia doalvor como de outras aparições.

quinta-feira, novembro 12, 2015

Enquanto o Cavaco anda, no sossego do lar, a ensaiar engolir sapos sem sedação e sem dar estrilho, e enquanto, nas calminhas, vai ouvindo um e outro a ver se empata a coisa, o Marcelo resolve fazer das dele e começou já a ouvir os parceiros e mais não sei o quê, nem sei se não vai convocar, ele, o Conselho de Estado. Entretanto, nas televisões há duelos a toda a hora entre os que acham que ainda bem e os outros que ainda não conseguem encarar a realidade e que destilam ódio, sofrimento e raivinhas


No post abaixo voei nas asas de mulheres que as têem a nascer-lhes nas costas ou nas mãos ou nos pés ou na voz ou na alma. Enquanto voava, estava, como ainda estou, a ouvir a televisão -- e tenho ouvido coisas do além. 

Agora estou a ouvir um debate por acaso interessante. Jorge Reis Novais, constitucionalista, está a dar um baile, mas um senhor baile, a um tal Tiago Duarte, parece que do mesmo ramo, (um daqueles em que o fácies não engana), um passarinho que, desasado, anda para ali a rodopiar e a pipilar face à argumentação sustentada e credível do primeiro.


Mas antes deste debate em que até aprendi com o Jorge Reis Novais, um homem que gosto de ouvir (é objectivo, claro, contido), o que já para aqui ouvi. Os pafiosos estão de cabeça perdida, agressivos, desatinados, parece que ainda não perceberam que, em democracia, as coisas funcionam assim, por votação. 

Agora, por exemplo, no noticiário, tenho na televisão o Portas: completamente desbragado, provocador. 

Esta gente parece que saíu de um outro regime qualquer, não de um regime democrático. 

Estão ameaçadores, quase a tenderem para o arruaceiro. E azeiteiros de má figura - é que, alguns, nem é parecerem uns marialvas desqualificados é, mesmo, não passarem de uns arrojas saídos do antigamente ou lá o que é. 


Ou o mau perder lhes passa quando assimilarem o que lhes aconteceu ou isto vai ser bonito, vai, trauliteirices a toda a hora. 

Ao Portas, então, parece que encarnou nele, outra vez, o espírito do Indy: todo ele é sound bites, parangonas, e dali só saem termos vulgares a tender até para o ordinário. Ainda agora gozava alarvemente com o fraco aumento das pensões, referindo-se a isso como sendo uma medida da geringonça. Foi este sujeito, que assim linguareja, vice-primeiro ministro do meu País? Custa a crer.


Ai! Então não é que agora estou a ver o Paulo Rangel, franzino e mal encarado, a lavar roupa suja no Parlamento Europeu...? Não posso crer no que estou a ver... Então foi para ali fazer queixinhas feito menino enfezado e birrento...? Que vergonha. 


É certo que a Marisa Matias e a Elisa Ferreira (esta falando em inglês, para toda a gente perceber bem) lhe deram uns valentes puxões de orelhas mas, caraças, fica a má impressão. 


Como é que do valoroso povo português sai gentinha desclassificada desta boa maneira? Que figurinha mais triste que aquele sujeitinho ali fez, credo. Alguém proiba aquele mal encarado de falar em público, se faz favor...!

E agora ouço que o Cavaco prossegue com a sua agendazinha, ora vai aqui, ora ali, ora vai almoçar, depois deve ir fazer a sesta com a sua Maria, esta quarta lá fez o frete de receber o Ferro, esta quinta vai falar com parceiros, e por aí anda, na boazinha, nas calminhas. Deve andar a engendrar forma de se livrar desta à papo-seco, sem indigitar o Costa, quiçá que a Nossa Senhora lhe apareça na sala e lhe faça um milagre. Isto só visto.

Enquanto isso, na prática, o País está, desde antes das eleições, sem Governo.
É certo que mais vale estar sem governo do que com o láparo a fazer das dele. Mas o pior é que o País não se compadece com um dolce fare niente destes. É que os pafientos, com a bênção do Cavaco, nem dançam nem saem da pista. 
A equipa dos orçamentos de Bruxelas está piursa, querem fazer as contas e falta-lhes o orçamento português. E daqui nem vai orçamento nem o Cavaco se sente com pressa em resolver o assunto. Ou seja, e dizendo de outra maneira: com esta tropa a descomandar o País, nem o pai morre nem a malta come a sopa. 

Não sei se é por causa das tosses, ouço que o Marcelo já anda, ele também, a fazer uma ronda de audições, até o vi a dar música àquele insuportável da UGT, agora nem me lembro do nome - Carlos qualquer coisa, acho eu.
Quando o Proença se foi embora, pensei que este ia ser melhor (também não era preciso muito) mas, afinal, vou ali e já venho: que sujeito mentalmente mais balofo, senhores. 
Mas dizia eu que o Marcelo anda numa fona - não sei se acha que, se o Cavaco fraquejar, alguém o chama a ele como presidente suplente. Age e fala como se já estivesse em funções ou mesmo à beirinha disso.

E agora vejo na televisão também a Maria de Belém - toda cautelinhas, toda ela bonequinha bem comportadinha, nem sim, nem sopas, antes pelo contrário: uma princesinha. Ao menos o Nóvoa e o Padre Edgar falam claro, pão pão, queijo, queijo, que empossariam o Costa, pois é claro.

Mas isto de candidatos está bonito, está. O melhor ainda é o Candidato Vieira. Com ele na presidência, não havia paf que levantasse cabelo. Mal o tentasse levava logo uma desanda à boae saudável maneira Vieirã.


Para quem o queira conhecer melhor, aqui deixo uma entrevista de vida ao grande Manuel João. 
Este, sim, é cá dos meus: um ganda maluco.

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Ora bolas! Estive a ver e ouvir tanta treta e agora li que o Mário Centeno esteve a dar uma entrevista ao Vítor Gonçalves. Como é que não vi? Chatice. Gostava de ter visto, gosto dele. É outra coisa. Para além de ser fofinho, ar de boa gente, é uma pessoa normal. Percebe-se o que diz, fala linguagem de gente e, apesar de lidar com números, não se esqueceu que isto da economia e finanças só faz sentido se as pessoas entrarem na equação. Parece pouco mas, parecendo que não, faz toda a diferença.


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As fotografias en rose sobre um céu in blue não têm nada a ver. São da autoria de Gaile Martinenaite e achei que tinham piada.

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E agora, se me permitem, deixem-se deslizar por aí abaixo para ver se conseguem boleia nas asas de alguma mulher.


quarta-feira, outubro 28, 2015

Os novos ministros e os novos ministérios: quem é quem naquela que seria a equipa de sonho do próximo governo de Passos Coelho


No post abaixo já falei de Luaty Beirão, de José Sócrates e de quem se sentiu incomodado por José Sócrates ter pronunciado o nome do activista angolano - que entretanto, felizmente, já interrompeu a greve de fome -  como foi o caso de Daniel Oliveira ou do Embaixador Seixas da Costa.





Aqui, agora, a conversa é outra. Está por dias a tomada de posse do segundo governo de Passos Coelho e eu estou animada pois tenho a certeza que vai ser menos nocivo que o anterior. Mal posso esperar que tenha lugar a tomada de posse, estou desejando de ver aquela 'cena' dos cumprimentos, toda a gente em filinha de pirilau para dar os parabéns aos garbosos empossados. Estou também em felgas para os ver a apresentarem e a defenderem, no parlamento, o seu maravilhoso programa. Acho que vai ser ser um momento lindo. 

Entretanto, as minhas fontes, sempre muito bem desinformadas, dão-me conta de que as vicissitudes inerentes às actuais circunstâncias, impediram a concretização do que seria a dream team lapariana. Não o conseguiu, contudo, pelo que, coitado, teve que se ficar pelos pafientos do costume. De qualquer forma, com as devidas reservas e naturalmente sob sigilo, a vocês, e só a vocês, digo-vos o que as minhas fontes me contaram que Passos Coelho verdadeiramente queria.

Vice-Primeiro Ministro que acumula com o Ministério dos Vistos Gold e da Inside Information: Marques Mendes

Ministro da Justiça: Marco António Costa

Ministro da Educação e dos Romances Históricos: José Rodrigues dos Santos

Ministra da Cultura e dos Galos de Crochet: Joana Vasconcelos

Ministro da Reforma Agrária: António Barreto

Ministro da Saúde: Maria Helena (a taróloga que já dá consultas na SIC)

Ministra das Peixeiras: Assunção Cristas

Ministro das Putativas Finanças : José Gomes Ferreira

Ministro da Economia, da Motivação, dos Carros Janados e do Empreendedorismo: Miguel Gonçalves Bate-Punho

Ministro dos Assaltos à Segurança Social: Zé Pilha Galinhas

Ministro do Twitter e da Coutada Alemã dos Machos Latinos: Bruno Maçães

Ministros dos Papagaios Televisivos e Plurais: a dupla Maria João Avillez & Joaquim Aguiar

Ministro das Fotocópias, das Milhas de Avião e das Incursões Imobiliárias Nocturnas: Paulo Portas (disse que cedia o lugar de vice e o láparo aproveitou, ora não: agora é um simples ministro sem vice)

Ministro das Redes Sociais, dos Coros Infantis e do Ódio a Sócrates: a dupla João Miguel Tavares & Sofia Vala Rocha

Ministro das Forças Armadas: Cátia Palhinha (as tropas estão com inveja da GNR que já não passam sem um belo pernão bem ao léu quando lhes passam revista)


Ou seja, seria, sem dúvida, um grande governo. Nunca esperei que daquela cabeça saísse tão bem enquadrada ideia. Consta que, em Belém, o  Cavaco, a sua esposa Maria, o comendador costureiro e a fadista privativa estavam em delírio: amavam, amavam, amavam este elenco.
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Consta também que, para parecerem moderninhos e não ficarem atrás do Bush, do Obama e do Cameron, todos os ministros do novo governo de Passos Coelho se passarão a apresentar de rabichinho no alto da cabeça. Isto os homens, claro. Elas parece que irão com extensões pafianamente coloridas até ao rabo, lindas, poderosas.
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Lá em cima, para abrilhantar a festa, o João Manuel Vieira com os Irmãos Catita interpretam 'Eu vou', canção que, ao que se diz, o Láparo costuma cantar a toda a hora.
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E, por agora, fico-me por aqui.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quarta-feira bem divertida.

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sábado, outubro 10, 2015

Ó Prof. Marcelo, olhe que o último a dizer que queria pagar ao País o que o País lhe tinha dado, não se deu nada bem. Falhou em tudo e acabou por se demitir. Foi o colossal Vítor Gaspar que, depois de ter não ter percebido porque é que a receita aqui lhe corria tão mal, foi experimentar para outras bandas

E um planeta com um céu azul para quem quiser estar mais perto de mim.


Não posso fazer de conta que ando muito bem informada porque não ando. Os meus dias têm sido marados de todo, e o que sei é o que ouço no carro ou, agora, numa espreitadela à pressão depois de ter chegado a casa depois da meia-noite (cineminha, meus Caros, e o bem que me soube O Estagiário...).




Mas basta-me ter visto o título das notícias para achar que o Marcelo das Vichyssoises virtuais não está a começar bem.

Diz que está disposto a servir como presidente para pagar dívida a Portugal. Mas daqui eu lhe digo: se o País lhe deu muito, acho que ficamos assim, a malta é desinteressada, a malta não está à espera de retribuição, fique lá o que lhe demos, senhor.


Depois de, compulsivamente durante anos, fazer intrigas, depois de manipular tudo o que lhe ocorre, seja por uma causa, seja só porque sim, de falar de livros da treta à mistura com livros bons, de colectividades de beira de estrada à mistura com coisas sérias, augurar resultados eleitorais e se deitar a fazer palpites para jogos de futebol, fazer propaganda a telenovelas, aparecer em capas de revistas a fazer de conta que anda a paqueirar a Judite, a dar entrevistas à Cristina Ferreira ou a fazer ele entrevistas já nem me lembro a quem (seria ao Ronaldo?) ou a meter conversa com quem quer que lhe apareça com um microfone à frente, eis que, depois de andar há um ano a bater perna pelo país a fazer pré-campanha, aí o temos, finalmente, a cumprir o sonho de uma vida: ser candidato presidencial.

Já antes tinha tentado ser presidente da Câmara e espalhou-se ao comprido, já tinha tentado estar à frente do PSD e pouco tempo lá se aguentou. Nos comentários falava dessa sua experiência como líder da oposição como se tivesse sido coisa de décadas: qual quê, pouco tempo, uma aventura, só peripécias, tendo saído pela porta baixa como um vulgar mentiroso. Parece que é bom como professor e tem graça como entertainer. Tirando disso, não se tem dado bem*. 

É certo que, ao fim de tantos anos, todas as semanas na televisão, o povo já se lhe afeiçoou. É como o cão da minha vizinha, vejo-o sempre aqui na rua, um cão simpático, parece que já me afeiçoei ao bicho. Mas será que vejo o cão da minha vizinha como o sucessor do tal das cagarras? Não sei. Não digo que não. Só digo que não sei. É que para ser melhor que o tal das cagarras não é preciso muito mas, ainda assim, teremos mesmo que deixar qualquer um entrar em Belém? Não sei.

Digo isto sem ser capaz de dizer qual me pareceria na mouche. O Nóvoa é um querido, um intelectual despojado, um idealista, mas ainda não me convenceu. Da Mariazinha de Belém também não me chegam bons presságios, não me convence, acho-a muito seguradinha. Não sei. A coisa não está famosa. Mas o Prof. Marcelo não me parece. Acho que mal, por mal, mais vale deixar-se estar ali no renhonhó com a Judite.

Até ver, o meu voto ia era para o Candidato Vieira. 
Vai Vieira, avança! Estou contigo!



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As imagens são do extraordinário We Have Kaos in the Garden.


* - Chamo a vossa atenção para o comentário já aqui abaixo do Leitor Fernando Ribeiro no qual ele fala justamente dos feitos e desfeitos do Professor Marcelo.

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É tarde e eu, para variar, estou cansada. Mas não quero ir sem uma palavra mais pessoal.
Por isso, com vossa licença. mudo de registo, agora.


Quando se escreve aqui sem saber quem está aí desse lado, não se sabe se alguém recebe isto como sendo para si, em especial. Eu gostava de saber escrever de forma a que cada um de vós sentisse que as minhas palavras lhe eram destinadas. Mesmo que nem todos sentissem, que ao menos alguns sentissem. Ou, pelo menos, que uma pessoa, uma única, sentisse. Mas não sabemos, escrevemos como se soltássemos sonhos no ar, palavras aladas cruzando um céu infinito e, em segredo, desejamos que elas pousem no coração de alguém, que floresçam, que lá criem raízes, as nossas palavras a perfumarem de afecto o coração de alguém especial. 
E, hoje, é a pensar que ao menos um pessoa sentirá que é para ela que aqui venho, tão tarde -- e que escolho a música, a imagem -- que vou ao céu buscar um pequeno planeta. 
Este é um planeta que esconde gelos e véus, grutas e outras vidas, mas que se veste de azul de propósito para os poetas amorosos que embalam recordações boas não esqueçam o dia de céu azul em que, numa varanda florida, sob árvores suspensas, desceu ao seu encontro alguém que trazia sorrisos e silêncios, carinhos, surpresas no olhar. É para tocar o coração desse alguém que aí está desse lado que aqui estou. 
Não sei de que partículas é feita a atmosfera deste pequeno planeta, uma atmosfera talhada em mistérios e palavras azuis, não sei de Cinturas de Kuiper, nem consigo pegar nas minhas mãos para agora depositar nas vossas nem Éris nem Ixion, sequer Varuna, mas posso, sim, posso, trazer-vos este que aqui vos mostro, simples como eu gosto de pensar que sou, distante como sei que sou, cercado de azul como gostava que me imaginassem - e pedir-vos que o guardem convosco, num recanto secreto da vossa vida. 
Quando o virem, saberão que nele estarei eu, convosco, tão perto de vós, aqui tão perto de vós, tão perto que talvez consigam sentir a minha respiração azul.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.

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