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sábado, outubro 18, 2014

Alguém me explica porque é que ainda há quem convide um tal José Sá Carneiro para opinar...? Estou a vê-lo no Expresso da Meia-Noite e estou parva com o que ele diz. Há com cada mistério. Olhem, para me abstrair vou antes ver cenas que valem a pena.


Há notícias relevantes? Coisinhas que valham a pena? Não dou com elas.

O Secretário de Estado não sei das quantas plagiou ou esqueceu-se de referir os autores daquilo que disse? Pois, não estou nem aí.

As trapalhadas do BES continuam? O outro, não sei se era o comandante, disse que estava na altura de usarem o porta-Moedas? Também não estou nem aí.

Gravaram as reuniões, gravaram telefonemas, desbocam-se por todos os lados, divulgam actas, alcovitam, chibam-se e bufam-se por todo o lado? Não me admira. A gente fina vira gente grossa quando sente que o chão lhe está a fugir.

O Vítor Bento, temente à ética e bons costumes, esteve no BES enquanto membro do Banco de Portugal, tendo-se anunciado que não? Qual o espanto?

Mais, contem-me mais a ver se conseguem que eu me admire.

Nada.

O Nigel, um papagaio americano com sotaque do mais britânico que havia, desapareceu e apareceu ao fim de uns tempos a ladrar e a falar espanhol? Também não me admiro nada. Já aqui contei como a tia de um amigo meu, médico, teve um AVC, perdeu a fala e quando, ao fim de uns tempos, recuperou a fala, para espanto de toda a família só falava espanhol. Por isso, qual a admiração com o papagaio inglês que nem AVC teve?

A Michelle Obama pôs-se a dançar com um nabo em frente a uma câmara e o vídeo tornou-se viral?




Michelle Obama Dances in Healthy Eating:  Turnip For What?




Que é que isso tem? Quer ver que só dançamos com gente esperta, nunca com nabos. Ora.

Por isso, olhem, não me parece que haja coisa que valha uma prosa a propósito.

Estava para aqui a ver se me abstraía daquele sujeito que está ali na SIC Notícias e que não diz coisa com coisa, que faz (com ar convicto) afirmações que não batem certo com nada (a Manuela Arcanjo, depois de já o ter corrigido várias vezes, já está mortinha por gozar com a criatura e compreende-se) e que, para cúmulo, tem ar de pessoa do século passado e a única coisa que me ocorre é a seguinte: será com este artista que o Ricardo Costa se aconselha? Ou será conselheiro do Henrique Monteiro? Algum motivo tem que haver para trazerem esta criatura para a mesa. É de doidos.

Bem, vou partir para outra. Para alguma coisa que valha a pena. Se é para a paródia, então que seja com pândegos a sério.



Monty Phyton - Demonstração de mau humor


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Ouvi agora o Nicolau Santos dizer que este sábado explicam no Expresso que descaminho levaram os outros dezasseis milhões das comissões dos submarinos - e com isso estou curiosa. Na volta foram donativos para a caixa de esmolas da igreja.



Ouvi-o também a dizer que o Expresso vai contar que o láparo escondeu não sei o quê do vice-irrevogável, talvez tenha sido aquilo de não irem acabar com a sobretaxa, e que este saíu da reunião para falar com os ministros da sua facção. Há quem tenha dito que foi dar uma perninha, quiçá dançar com um nabo. Há também quem diga que, qual Nigel, reapareceu a ladrar, a rosnar e a falar espanhol mas pode ter acontecido que apenas se tenha ido aconselhar com o tal José Sá Carneiro. Seja como for, o láparo ficou a rir-se como um perdido por ter obrigado os do CDS a engolirem mais umas quantas promessas mas o vice-irrevogável já transformou o sapo que deglutiu à força e já o ouvi, com ar de filósofo, a dissertar em público, falando em crédito de imposto diferido, uma cena qualquer imperativa, essa sofisticada forma de criatividade orçamental.

Bem amanhã logo leio o Expresso (se conseguir, claro) que o dia promete.


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sexta-feira, setembro 19, 2014

Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz em modo 'Perdoa-me', Stock da Cunha, o senhor muita bom (' melhor não pode haver', cacarejaram logo os arraçados de papagaio) que veio substituir o filósofo anti-patriota Vítor Bento, diz que tem como missão fazer o que não deixaram o filósofo fazer; o Luís Filipe Menezes sob suspeita de corrupção e parece que o Passos Coelho também, coisas do tempo em que estava deputado em exclusividade e dizem que a receber dinheiro da Tecnoforma, e mais uma tal agência, a WeBrand, por onde rolavam milhões do PSD. E que mais?, ora deixa cá ver...


Agora vai ter que ser a despachar porque já são duas da manhã e daqui a nada tenho que estar a pé. 

Mas, antes, deixem-me que vos diga que, no post já a seguir a este, falo de uma descoberta fascinante por parte de neurocientistas ligados à Fundação Champalimaud e mostro um vídeo onde uma outra neurocientista fala da forma como a meditação muda a configuração do cérebro. Um tema que me deixa à beira de uma sucessão de epifanias, coisa quase da ordem dos êxtases místicos. Quase.
A seguir há dois posts deliciosos. Coisas de gajas...? Pode ser. Mas é das boas. E é ver para crer.

Mas, atendendo a que isto agora - e, caraças, era sobre isto que eu vinha com intenção de me alongar - é para atar e pôr ao fumeiro, vou já direito ao assunto.

Na quarta feira vi um casal de criaturas sinistras, pareciam desenterradas, um que parecia que não dormia há mais de um ano e que não percebi bem o que queria e a sua patroa, farripas amarelas escorrendo ao longo da cara igualmente mal encarada, dizendo que pediam desculpa pelo transtorno. Falavam do Citius, assunto que me arrepia só de pensar. 

Gente incompetente que não faz ideia do que é gerir, pensam que isto vai tudo na base das bocas e dos cortes e o improviso. Os juízes andam doidos e imagino a felga que por lá vai, sem saberem a quantas andam. 

A Teixeira da Cruz, ar de mulherzinha pedante, como se estivesse a ter uma atitude corajosa, veio, pois, pedir perdão pelos transtornos. Não sei o que é que ela acha que resolve ou ganha com isso mas gente desatinada é assim mesmo, faz o que lhes vem à cabeça.


A seguir, na quinta, vejo uma reprise: o Crato, cada vez mais com ar de rato, na mesma cena, a pedir desculpa. Pediu desculpa aos pais, aos alunos, aos professores, aos deputados, ao País, e provavelmente aos restantes ratos da bancada. A fórmula de cálculo na colocação dos professores da bolsa de colocação de escolas estava engatada como toda a gente lhe andava a gritar aos ouvidos. Entretanto, o director-geral já se demitiu. O Crato, que só tem feito porcaria desde que foi para ministro, agora deu nisto, pede desculpa. E gaba-se de estar a pedir desculpa. Esta gente não tem vergonha na cara; como se as cavalices se resolvessem com desculpas. Mas mais: ao desculpar-se, arranjou uma expressão que podia ser usada por qualquer vice-irrevogável, trauliteiro ou pequeno arauto de serviço ou papagaio analfabeto, nunca por um matemático de quem se espera um mínimo de rigor: disse que tinha havido incongruência na harmonização da fórmula. O que será isso?


Vale tudo para esta gente.

Parece até que o Marques Mendes anunciou que a Alexandra Lencastre vai voltar a apresentar o Perdoa-me, agora  em versão governativa. Um a um vão sentar-se-lhe no sofá a pedir perdão a alguém.

Ai minha mãezinha, que ninguém me poupa. A ver quem é que esta sexta feira nos aparece a pedir desculpa. Talvez o vice-Portas ou o próprio Nóia por terem insinuado que o ex-incensado Vítor Bento é anti-patriota.

Ai.

Não são bons da cabeça, é o que é.

Mas é que parece mesmo que anda tudo doido. Ao vir para casa, debaixo de chuva e no meio de um trânsito engaiolante, ouvi na rádio p comunicado do rei dos bifes, o génio dos bancos, o melhor possível (assim o declararam os papagaios do costume e não cito nomes para não pecar por defeito), o Stock da Cunha. Dizia ele - e eu vinha pasmada - que queria criar valor para o banco, angariar clientes, e que não tinha pressa, que a prioridade era valorizar o Novo Banco. Como estava sozinha no carro, soltei umas interjeiçoes jeitosas. Mas não foi por ser esta a sua ideia, uma ideia desalinhada com os accionistas, que o Bento se foi embora? Não foi por defender isto que deixou de ser abençoado para passar a ser um excomungado? Raios partam estas alimárias que não sabem a quantas andam, nem o que querem nem o que dizem.


E comprei a Visão com a face Oculta do PSD e nem tive tempo de a ler. Primeiro saí tarde, já quase de noite, num pára arranca que não dá para ler nem nada, depois caminhada, depois jantar, depois macacadas aqui, e, com isto, ainda não sei que moscambilhas andou a maltosa do PSD a tramar, gastando dinheiro à tripa forra à custa do pagode. Parece que passa ou que a desconfiança começou com uma tal Cristina Ferreira (outra, não a da TVI) de uma agência amiga do PSD, a WeBrand. Mas tenho que passar dos primeiros parágrafos para perceber onde está o cabeludo da história.



Já para não falar do ilustre gaia-caloteiro Menezes que parece que tem milhões de património quando não teria rendimentos para isso e que, portanto, já está a ser investigado por corrupção para enriquecimento pessoal. Logo ele, o choramingas, esse paladino da moral e dos bons costumes. Dá para acreditar?


E, como se não bastasse, leio que o Láparo, esse outro modelo de virtudes, a criatura do seu criador Relvas, também está sob suspeita, ó que admiração, por causa de uns trocos que recebia da Tecnoforma quando estava como deputado em regime de exclusividade (segundo a Sábado, qualquer coisa como uns 150.000 euritos). Mas diz ele que está de consciência tranquila, que não pisou o risco. A ver vamos como diz o ceguinho.


E eu só pergunto: mas o que vem a ser isto? Os anjinhos afinal têm pezinhos de barro e segredos cabeludos? Mas não eram todos tão santinhos? Competentes, inteligentes, cultos... e santinhos? Não eram eles que iam cortar gorduras, sanear as finanças, reduzir a dívida, equilibrar as contas, moralizar a política? E não houve tantas virgens que rasgaram as vestes por eles? E tantos papagaios que repetiram que eles eram bons, ai tão bons, e que vinham para pôr ordem na piolheira?

Não me venham agora dizer que era tudo treta... Não façam com que eu deixe de acreditar no Pai Natal. Se faz favor.


Bem, assim como assim, e já que daqui a nada são mas é horas de me pôr a caminho do trabalho, fico-me por aqui - mas não sei antes ver o legítimo Perdoa-me da SIC quando a Alexandra Lencastre ainda era morena e as maminhas ainda não lhe tinham crescido.






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Relembro que por aí abaixo há mais três posts, espero que aproveitem algum.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.

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terça-feira, setembro 09, 2014

Missa do 1º mês mais uns dias pelo moribundo BES (que ainda não morreu) e encomendação de algumas almas. Quando o Novo Banco começar a funcionar logo faço aqui a missa do baptizado. Hoje limito-me a trazer a Quadrilha e a dançar em volta do Buraco.


Pedro Queiroz Pereira, primeiro, e José Ricciardi depois, denunciaram a situação de sobre-endividamento do Grupo Espírito Santo e de basculação de liquidez do Banco para o Grupo e, em sentido inverso, o basculamento de dívida periclitante para dentro das contas do Banco.

O Expresso e o Jornal de Negócios pegaram no assunto e, quando Pedro Santos Guerreiro transitou para o Expresso, pôs de vez a boca no trombone.


Carlos Costa foi, então, obrigado a chegar-se à frente. Mandou de castigo para casa Ricardo Salgado e pediu que ele indicasse sucessor. Mais tarde, Carlos Costa veio a dizer que desde Outubro do ano passado que já andava de olho no que se estava a passar. Veio a dizer, através de informação que foi mandada plantar nos jornais, informação essa devidamente papagueada pelos papagaios e catatuas do regime e da comunicação social, que tinha blindado o BES e que este não apenas estava imune ao regabofe que ia no Grupo como tinha até uma sólida almofada financeira. O aumento de capital social do BES destinava-se mesmo a isso, a aumentar a estabilidade financeira do banco.

Lembro-me, mas ó tão bem, de como a papagaiada tecia loas ao Governador e como afirmavam, serenos e convictos, que o assunto BES não tinha nada, mas ó nada mesmo, a ver com o caso BPN.

Supostamente também com base na informação do Banco de Portugal, Passos Coelho e a sua chefe, a ministra das Finanças, vieram dizer que não havia problema nenhum com o BES mas sim com o GES e que, de qualquer forma, não havia plano nenhum para agir no banco, que o problema do banco era dos accionistas, que o Estado não tinha nada que ajudar privados. Os papagaios rejubilaram, assim é que é!, as catatuas aplaudiram e as galinhas da oposição continuaram entorpecidas.

Disse supostamente pois custa-me a crer que não haja no Ministério das Finanças uma única alma que se dedique a acompanhar o sistema bancário, que estejam todos intelectualmente dependentes da informação que lhes é dada à boca pelo BdP. E quem diz o Ministério das Finanças diz também o adjuntinho do láparo, o trokinhas. Tantos testes de stress, tanta coisinha e tão competentinho que ele é todinho e passou-lhe tudo ao ladinho? Ó que belo comissário que ele vai ser, tadinho.
Adiante.

Ricardo Salgado indicou como sucessor o seu braço direito, um Sr. Silva, digo o Sr. Amílcar, leal súbdito. Carlos Costa não disse nem sim nem sopas e o Expresso dizia que a escolha não agradava lá muito ao senhor Costa mas que a Assembleia Geral que dissesse. E a equipa de gestão manteve-se em gestão e Ricardo Salgado, em vez de ir para casa, continuou a tratar do expediente já que não havia sucessor em funções e um barco daquela dimensão não pode ficar sem comandante.

Enquanto isso, o Expresso continuou a lavar a roupa suja do Grupo em público. Ora era o investimento da PT sem se perceber como, ora era a bandalheira em Angola, ora eram os empréstimos com garantias cruzadas e efeito nulo.

De cada vez que o Expresso fazia nova barrela, o inefável Carlos Costa dava mais um soluço. O Sr. Amílcar Pires não!, veio então a balbuciar. E que tinha é que ser Vítor Bento, homem sério (embora sem experiência como banqueiro mas isso de se ser banqueiro em Portugal já não é medalha, isso já é bafo de onça, por isso que venha gente sem cadastro). 

Mas o Vítor Bento, que não tem apenas a cabeça pelada, tem o rabo também já razoavelmente coçado, disse que só ia quando Ricardo Salgado e restante pandilha fechassem as contas. Carlos Costas, como de costume, disse que sim.

E, portanto, o BES continuou sem outra gestão que não a de sempre: a da equipa de Ricardo Salgado.

Enquanto isso, o Governo foi a banhos. Entrevistado na Manta Rota, Passos Coelho reagiu como se o BES fosse drama de desocupados lisboetas: que estava tudo bem, tudo controlado, nada que lhe dissesse respeito. 

Nas televisões continuava a louvar-se o fantástico papel de Carlos Costa: tinha prevenido tudo, o BES estava solid as a rock, refastelado numa folgada almofada financeira de centenas de milhões.

Mas o sacana do Pedro Santos Guerreira, sempre pronto a atirar baldinhos de água fria, dava a entender que não.

Claro que, perante tanta delonga, semanas nisto, suspeitas, dúvidas, gente que reage a pedal e que demonstra que não é capaz de ver um boi à frente dos  olhos, o dinheiro começou a fugir do Banco. A PT, os petróleos da Venezuela, grandes depósitos de empresas e particulares, tudo a fugir de lá. Em situação de chatice, ficam defendidos os depósitos até 100.000 euros por depositante. Mas, quem tem muitas centenas de milhares ou milhões, safa enquanto é tempo!

Claro que o Banco de Portugal teve que injectar liquidez e, com a situação a arrastar-se desta maneira, não havia como não agir. Mas a verdade é que não agia. Então o BCE, vendo a arrastadeira em que o BdP  estava armado, encostou-lhe a faca ao peito: ou fazem alguma coisa ou a gente fecha essa porcaria em três tempos.

Durante esses últimos tempos, a confusão reinava no Banco de Portugal. Sem gestão nova em funções no BES e com um clima de desconfiança em relação à anterior, ninguém sabia ao certo o que se passava nem a real dimensão do buraco.

Ricardo Salgado começava a organizar-se no Palácio do Estoril, a tratar de algum expediente, coisa pouca, umas cartitas de conforto, nada de mais, e o hotel começava a ser o escritório onde se organiza a defesa do ex-Dono Disto Tudo.

Mas, enquanto isso, os papagaios e catatuas continuaram a louvar a eficiência e presciência do grande crânio Carlos Costa, esse génio de imaculado curriculum, sempre a agir atempadamente, nada que se compare com a actuação do BdP no escândalo, esse sim, um escândalo, do BPN..

No fim de semana da confusão final, sob pressão, sem cabeça já para saber bem o que fazer, com um Vítor Bento instalado mas a declarar não se responsabilizar pelas contas do 1º semestre, com o BCE à perna, foi parida uma solução aberrante, confusa e operacionalmente difícil de implementar. Carlos Costa, titubeante, apareceu perante o País como o único pai da criança, criança essa que viria a materializar-se como uma borboleta verde.

Entretanto, o BES já repescou alguns administradores da anterior equipa, já contratou assessores, consultores, certamente muitos advogados, já mudou de nome, já lançou publicidade, etc. Mas que eu saiba tudo continua na mesma, todos os movimentos e todas as contas a serem contabilizadas no BES. 

Na altura, disse-o aqui que na melhor das hipóteses precisariam de 3 meses para montar toda a máquina informática, contabilística, administrativa para acomodar o Novo Banco e para migrar para lá tudo o que foi apregoado, incluindo o respectivo histórico de movimentos mas que, para a coisa ser feita como deve ser, seriam precisos cerca de 6 meses, e isto com uma equipa experiente a liderar o assunto. Presumo que seja, neste momento, a prioridade deles e espero que consigam chegar a bom porto. Não é coisa fácil e só gente experiente pode montar de raiz toda uma nova máquina, segregar as coisas e passá-las de um banco para o outro de forma a não ocorrer paragem de operações ou algo pior.

E, entretanto, a que assistimos?


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(intervalo)



Que entre a Quadrilha






(fim de intervalo)
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A que assistimos, entretanto?, perguntava eu.

Pois bem.

Carlos Costa, tendo constatado as críticas e acusações que lhe eram feitas, começou por insinuar que a culpa tinha sido do auditor do BES, a KPMG, que não o tinha avisado a tempo. Depois que a culpa era também do fraudulento Ricardo Salgado que tinha armado trambique quando já tinha sido posto de castigo. Finalmente, não sabendo quem mais culpar, saíu de cena, foi mandado para casa. Não sei se já regressou e se veio em condições. Mas não há milagres: mesmo que tenha dormido 15 dias de seguida, não será o crânio que nunca foi.


Por sua vez, não contente com as acusações, a KPMG anda pelos jornais a dizer que avisou vezes sem conta o BdP e que não tem culpa que não tenham percebido os alertas ou que não tenham sido capazes de agir. 

Um advogado de pequenos accionistas, Miguel Reis, diz que não quer saber de misérias: que neste processo falhou tudo e falharam todos e que foi tudo feito a trouxe-mouxe e que alguém vai ter que responder pelos prejuízos sofridos pelos pequenos accionistas a começar por Carlos Costa e Cavaco Silva. Nem que seja com o próprio património. Pumba! Uma bomba em cima da mesa.

Cavaco Silva que parece que tem um karma muito negativo com bancos e que está no palácio para ficar bem no retrato e não chamuscado, saíu logo a terreiro, ar de quem anda cismado, boca arreganhada, a espadeirar contra um alvo bem definido: que a culpa não tinha sido dele, que tinha dito que o BES estava sólido porque eram essas as informações que tinha do Banco de Portugal. Toma!


Quando os jornais lhe caíram em cima dizendo que lá tinha ele tirado o tapete a mais um amigo e que, face a isto, já era questionável se Carlos Costa tinha condições para se manter em funções, voltou a sair a terreiro, desta vez para corrigir o tiro: em tom profético retardado disse, sibilinamente, que esperava bem que o Governo o tivesse avisado caso tivesse em sua posse dados relevantes. E frisou que essas são as obrigações do Governo face ao estipulado pela Constituição. Penso que foi uma indirecta, a chamada boca para a geral: é que se há rapazes que se estão a marimbar para a Constituição, sabemos bem onde se acoitam.


Por seu lado, Passos Coelho, como desde o início, continua na moita. Quanto menos falar sobre isto, melhor e, com um bocado de sorte, os papagaios e catatuas nem se vão lembrar de o relacionar com o assunto. Se apertarem com ele, sumirá o que ainda lhe sobre dos estreitos lábios, colocará ainda mais os olhinhos a meia haste e ensaiará um número qualquer, daqueles redondos em que não se percebe onde começa ou acaba a prosa, onde nada se percebe ou bate certo mas em que, enfim, poderá uma vez mais mostrar o efeito positivo de uma voz bem colocada. Isto se não se limitar a rir desbundadamente como é seu apanágio ou se não largar a correr para cantar a Nini a plenos pulmões, que também é moço para isso.


Face a este passa culpas, quem é que eu acho que esteve mesmo mal nisto tudo?



  • A administração do BES (e do GES, claro - mas, para este efeito, o mais preocupante pelos riscos sistémicos é o BES). 
  • O Banco de Portugal e provavelmente também a CMVM (que deixou que o aumento de capital tivesse tido lugar quando já deveriam ter elementos que apontavam para a necessidade de uma intervenção a sério e não através de um saque aos accionistas). 
  • E também o Governo que, em vez de dizer que o BES estaria seguro fosse de que forma fosse e em vez de ter criado imediatamente uma equipa de coordenação do problema - equipa envolvendo o BES, o BdP, a CMVM, elementos do BCE e logicamente elementos do Ministério das Finanças e dos Negócios Estrangeiros (para lidar com os casos de Angola, Venezuela, Panamá, EUA, etc) - lavou as mãos e ficou na moita a assistir à derrocada e a assobiar para o lado. 
  • E também o Presidente da República que, se mais ninguém percebeu que alguém tinha que puxar as rédeas a si e gerir tudo ao mais alto nível e de forma muito controlada, ele tinha obrigação de o ter percebido e ter imposto uma gestão profissional e responsável para o problema. Não apenas é um político com décadas de tarimba, como já foi ministro da área e primeiro-ministro, foi funcionário do BdP, é professor e economista.


O deixar a situação degradar-se de dia para dia, agindo a reboque e sempre a meio gás, não garantindo a coordenação global de um assunto tão complexo e não garantindo que todas as pontas ficassem agarradas, só poderia dar em bagunça como deu.


Que mais de um mês decorrido ainda andem todos a negar a paternidade da borboleta ou a dizer que agiram sob o efeito de substâncias que os outros lhes ofereceram ou que desconheciam os efeitos secundários da coisa é sintomático do bardinanço que tem sido todo este processo: gerir o assunto com os pés em vez de com pinças cuidadosamente manuseadas, uma descoordenação incompreensível, um amadorismo aterrador, um experimentalismo leviano, uma ligeireza que demonstra desconhecimento da realidade prática da gestão e, também, muita, muita cobardia.

Pode não penalizar os depositantes mas a ver vamos o efeito sobre os outros bancos e sobre a economia em geral. Já para não falar no efeito de desconfiança no sistema bancário português que já há-de ter levado muitas poupanças para bancos estrangeiros, nomeadamente para bancos alemães.


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O buraco




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O poema Quadrilha é da autoria de Carlos Drummond de Andrade que aqui também o lê.

O último vídeo é um excerto do bailado The Hole de Ohad Naharin numa interpretação pela Batsheva Dance Company 


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Ainda não é hoje que acabo o dito post que comecei há uns dois dias e que está quase pronto. Há bocado, em vez de o acabar, pus-me a fazer isto que acabaram de ver e, como de costume, fui escrevendo, escrevendo, e depois ponho-me a enfeitar o texto com imagens e depois mais isto, aquilo e o outro e agora já passa da uma e meia da manhã. E esta minha semana é tão repleta de coisas para resolver e tantos telefonemas e reuniões que tenho que me levantar cedo e ir de cabeça fresca. 

E esta terça feira é o debate dos Antónios na TVI - e tomara que o Seguro contenha o ódio e não desate a cuspir na cara do Costa ou que não lhe dê para fazer birra em directo - que o mais certo é que depois me apeteça falar nisso.  


[A ver se a pobre Judite Sousa (... sem 'de'!) já está operacional pois esta segunda feira não apareceu e ouvi, no domingo, o José Alberto Carvalho dizer ao Prof Marcelo que lhe tinha morrido mais um familiar próximo. Pobre mulher, credo. Tomara que consiga ultrapassar este período negro da sua vida e que as marcas se vão esbatendo com o tempo. E tomara que tenha junto a si alguém que a apoie neste período tão difícil da sua vida.]


Bem, logo vejo quando é que completo e publico aquilo. Qualquer dia perde a oportunidade. Eu devia escrever menos ou aprender a portar-me como gente séria que enfeita o texto com gráficos e não com carinhas de pau.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira. 
Muita saúde e muita sorte é o que vos desejo.



quinta-feira, agosto 07, 2014

Alô, alô, alguém me informa? Mas que raio de ultra-poderes é que desceram no corpo de Carlos Costa-o-Mau que anda a tratar tudo o que lhe cheire a Espíritos como se fossem os Távoras...? Senhores, que o Caça-Espíritos não poupa nem avós nem netos, vai tudo à frente. As contas de Marcelo Rebelo de Sousa ou Miguel Sousa Tavares também terão ido no arrastão? Pergunto.






Eu devia ter sido benzida à nascença para os neurónios se me terem desenvolvido como deve ser e não me sentir tão burra perante coisas que são tão claras para luminárias como o Gomes Ferreira ou o Henrique Monteiro. 

Aconteceu esta coisa do BES que para mim é estranhíssima e, quando estou para aqui a fazer Ts mentais ou a ver se percebo o racional da coisa - sem perceber que balanço é que engendraram para o BES novo e para o BES velho, e se tudo o que era mau ficou no BES mau, por que raio de carga de água é que é preciso tanto dinheiro fresco no novo (será que há mais porcaria nas contas? crédito à habitação excessivo face ao valor das casas? coisas assim...?) - ouço o Gomes Ferreira ou leio o Henrique Monteiro e ambos, doutos e iluminados, concluem que, uma vez mais, batatinhas, que é como quem diz: TINA

E que isto não foi uma nacionalização e que isto é uma coisa tão boa que a gente até lambe os beiços perante coisa tão bem esgalhada, ou seja, que não apenas TINA como a TINA é do melhor que há. 

E lá me aparece também na televisão a Poiazita a dizer que é bom mas tão bom que a partir de agora tudo se regerá por tão bons parâmetros e depois o Vice-Irrevogável a dizer que foi aceitável e mais uns quantos na televisão, já um bocado a medo, sem perceberem que cena é esta mas, por via das dúvidas, TINA. E agora aparecem-me uns desconhecidos a dizer que o que isto é, é uma valente trapalhada. Bolas. Em que é que ficamos?

NOVO Carlos Costa,  só carne limpa;
o velho Carlos Costa, o Caça-Espíritos, é outro

É que eu, confesso, quanto mais sei disto, mais baralhada me sinto.

Parece que adormeci e que, quando acordei, acordei numa outra era.

Para minha surpresa, um sujeito de cabelinhos brancos que a gente pensava que andava a dormir na forma, a deixar os bandidos actuarem na maior descontracção, afinal é capaz de pintar a manta toda.

Às tantas, se os deputados esta quinta-feira o obrigarem a despir-se, ainda ficam banzados: só músculos e abdominais de aço. Carlos Costas, o novo CR7. E com a D. Inércia ao lado, a Albuquerca fofinha, do narizinho franzido, toda mignonne.

Bem. Adiante.

Hoje só tive conhecimento de coisas bizarras.



O casal do casal da Coelha

Uma delas é que, aparentemente, por ele e o conhecido Láparo, coadjuvados pela Bela Adormecida que jaz em Belém (agora provavelmente também a banhos na Coelha), terem dito que não mexeriam uma palha pelo BES, os chacais dos Fundos ficaram de dente afiado e vieram filar a presa indefesa, apostando forte em como conseguiriam atirar com o banco ao tapete. Já antes, quando foi a crise da dívida, a maltosa que cheira à distância a carniça se fartou de ganhar dinheiro com os CDS à conta da Grécia. Pudera. Gostam de carninha ainda fumegante e têm o caminho livre. E conseguiram, claro.


Portanto, e já Lavoisier tinha desconfiado disso, se uns perdem, outros ganham - e com a bolsa aberta e sem que o BdP ou o Governo se dessem ao trabalho de informar a CMVM de que qualquer coisa se ia passar, o galinheiro continuou alegremente ao dispor enquanto os especuladores se serviam, no maior forrobodó. Ah que bom que é este Portugal, gente mais hospitaleira e mansa.

O arauto do regime passo-cavaquista


Ouvi agora Pedro Silva Pereira na SIC N a dizer que antes do decreto assinado pelo vice-Portas no domingo, no tal Conselho de Ministros virtual, já o Conselho de Ministros de dia 31 tinha aprovado um decreto que abria o caminho para a solução que o porta voz do regime, o conhecido calmeirão de serviço, haveria de anunciar ao País no sábado.


Ora pois. Então já se sabe como é que os 'mercados' adivinharam que a bomba ia rebentar. Já para não falar na PT, esse modelo de excelentíssima governance, que antes teve o cuidado de sacar de lá os depósitos todos.

Ah, meus Caros, os escritórios de advogados já devem andar a esfregar as mãos: ui, ui, tanto material para litigar....

Bem.

Ainda mal eu estava aqui a digerir isto, quando dou uma volta pelos jornais e vejo aquilo de que ontem já tinha ouvido referência. Contas dos Espíritos, dos administradores, dos TOCs, e das famílias para cima e para baixo tudo no banco mau. Tudo a arder. Resta saber até onde chega a sanha persecutória ou, na árvore genealógica, em que ramo Costa dá tolerância.

O namorado de uma Administradora do BES
que, às tantas,
para tomar banho, só se for no alguidar

(mas, mesmo assim,
há-de continuar a dar-nos música)


Claro está que não me vou pôr aqui a chorar por eles (apesar de ser sabido que sou um coração de manteiga). Sei lá se essas pessoas ainda lá tinham alguma coisa nas contas...? Às tantas já estavam todos avisados e já estava tudo rapadinho. Às tantas, para além dessas contazitas, já têm as almofaditas em offshores ou no colchão. Não sei.


Mas a questão não é essa. A questão é ainda a mesma: uma pessoa que tem o seu dinheiro aplicado num depósito de um banco que tem por bom, lá porque é casada, ou namorado, ou nora, ou compadre, ou prima de algum safado, medroso ou ceguinho, pode ver-se, de repente, sem dinheiro nenhum?

Isto não carecerá de decisão judicial prévia? Qualquer um, lá porque tem qualquer coisa a ver com alguma das pessoas da família ou da gestão, pode ver isto acontecer-lhe? Assim? À bruta?

Não percebo nada disto.

De resto, com esta atitude à leão, anda cá que és meu, o que esta gente está  a fazer é que qualquer dia outro banco vá ao tapete, senão mesmo, outra vez, a dívida pública. Quem é o maluco que se arrisca a meter cá dinheiro sabendo que anda por aqui um xerife que, de vez em quando, saca das pistolas e desata aos tiros a quem mexa um dedo? Só se for a malta das apostas, os tais dos CDS. Está bem que isto parece o Far-West mas, caraças, isto é mesmo assim? Já vale tudo? Faz-se um decreto à noite e fica-se com poderes de Super-Homem?

Mas que raio de País de plástico é este? Depois de andarem ao tiro aos velhos, doentes, desempregados e jovens, agora desataram ao tiro aos investidores? Ou ainda não perceberam que é isso que estão a fazer?


Ponho isto no plural mas não sei quem é. É o Carlos Costa, é certo, mas quem são os outros? O Láparo e o Rei das Cagarras estão a banhos, o Bento (o tal que parece que foi promovido no BdP sem lá estar) parece que está perdido no meio dos labirintos do BES. Só se for o Mr. Rato. Ou há mais? [Nomes, quero nomes].


Olhem: não sei.

Acho que preciso que o Gomes Ferreira me dê explicações. Coaching, como se diz.


É que, ainda por cima, volta e meia, vejo pessoas com ar de gente atilada a dizerem coisas que parece fazerem sentido. E fico num estado de estupor catatónico ainda mais profundo.

Transcrevo:

O presidente executivo da MTT Investment Consultants diz que o Banco de Portugal sabia o que se estava a passar e não transmitiu informação atempada aos mercados. Em entrevista à RTP, Marco Silva diz também que a solução encontrada pelo Banco de Portugal foi um negócio feito à margem da lei.



Não consigo colocar o vídeo mas deixo aqui o link para que não vejam, se quiserem. E digam-me se isto não parece estar para aqui uma caldeirada armada.

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As três últimas imagens são do blogue We Have Kaos in the Garden que nunca mais acorda para nos vir animar.

A música é a Canção do Beijinho do Herman.


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sábado, agosto 02, 2014

O BES vai ter que ser intervencionado pelo Estado, o BES foi contagiado pelo GES, o BES é pior que o BPN - tarde e más horas, quem o deveria ter percebido antes, começa agora a acordar. Uma actuação reactiva e ao retardador, a revelar impreparação e falta de inteligência - assim tem sido a actuação do Governo, do Banco de Portugal e de parte da Comunicação Social (e do António José Seguro). O não terem percebido a tempo o que estava a acontecer, tem custos dramáticos para o País, em geral, e para muitas empresas e pessoas, em particular.




Como é sabido por quem por aqui me acompanha, o tema BES, para mim, e desde que dele tive conhecimento, passava por:
  1. uma intervenção rápida de forma a estancar hemorragias e para desincentivar ataques especulativos, intervenção essa que poderia passar (mais do que certamente) por uma intervenção pública na recapitalização do banco
  1. por suspender a actuação dos responsáveis pela descapitalização e descredibilização do BES e por apurar responsabilidades (aos níveis que fossem).






Contudo, como é sabido, a linha dominante (Passos Coelho, Carlos Costa, Comunicação Social) apontou para a direcção oposta, a saber:

  1. desvalorizar a situação, decretando que o Banco de Portugal tinha tido uma actuação exemplar, louvável, que tinha blindado completamente o BES, que não tinha havido contágio do BES por parte do GES, que a almofada era mais do que suficiente, e que o BES não era o BPN já que o BPN é um caso de polícia e o BES nem pouco mais ou menos.
  2. face a isso, decidiram deixar correr o marfim, esperar que Ricardo Salgado indicasse um sucessor, tendo ele indicado Amílcar Morais Pires, depois deixar passar imenso tempo até mostrar que este não seria aceite, deixar que outro nome fosse testado na comunicação social (Joaquim Goes), depois, enquanto a situação se degradava - e toda a mesma equipa de gestão se mantinha em funções - avançar com o nome de Vítor Bento mas, tendo este exigido, prudentemente, que as contas fossem fechadas por Ricardo Salgado, esperar que isso acontecesse, etc, etc, até que o Luxemburgo começou a actuar, o Panamá tomou conta do BES local, as empresas começaram a declarar falência, etc. Só então as autoridades acordaram e fizeram com que Vítor Bento entrasse e Ricardo Salgado e o seu braço direito Amílcar, saíssem (... mas deixando que os demais se mantivessem em funções...). Mas continuaram a decretar que o Estado não tinha nada que intervir, que este era um assunto dos 'privados' e que o BES não era o GES e que o BES não era o BPN. O ar convicto de grande parte dos comentadores a dizer isto deixava-me desnorteada (Ricardo Costa, Henrique Monteiro e tantos, tantos mais)
  3. entretanto, as acções começaram a ser descartadas a toda a velocidade, os especuladores desataram a ver se as acções baixam o mais possível, cada acção a valer pouco mais do que a minúscula moeda de 10 cêntimos, o BES a valer menos cerca de 70% menos do que valia, o Banco em incumprimento de rácios de solvabilidade, o BdP a ter que injectar liquidez para evitar o colapso mais do que certo, as pequenas e médias empresas a manifestarem pânico já que era no BES que maioritariamente se costumam financiar.
  4. até que veio o tão esperado relatório de Resultados do 1º Semestre. Um buraco brutal. Pelo tipo de coisas que se evidenciou, torna-se expectável que mais esqueletos sejam descobertos. A equipa de Vítor Bento diz que não se responsabiliza por aquelas contas (e percebe-se). E diz que há-de vir um plano (mas qualquer pessoa percebe que é difícil montar um plano em cima de uma realidade em acentuada decomposição).
  5. perante a incerteza, perante a forma reactiva como isto está a ser conduzido (reactiva e ao retardador), perante o avolumar de depreciação e o avolumar de suspeitas, é o ver se te avias de fugir a sete pés de um activo que parece ser todo ele mais do que tóxico. O goodwill precioso que era o nome Espírito Santo transformou-se num badwill, o nome de gente de terceiro mundo que usou dinheiros alheios para benefício próprio, que, perante toda a espécie de auditorias, se marimbou para regulamentos e leis e agiu como se Portugal fosse a República das Bananas e a família não passasse de um ramo da máfia.

  • Agora, no dia em que mais duas empresas declararam falência, em que a venda de acções em bolsa está suspensa, e em que o TotóZero Seguro continua a choramingar que o enganaram e que não quer intervenção estatal, começa finalmente, uma vez mais tarde e más horas, a falar-se que a mais do que óbvia necessária intervenção estatal está a ser equacionada.



Até que enfim.

Mas a toda esta forma de agir por parte das autoridades e dos opinion makers, chama-se amadorismo, falta de inteligência e de competência, falta de visão. Isto que estou a dizer poderia não ser grave, poderia ser apenas uma questão de ficarem mal na fotografia. Mas o drama é que é mais do que isso. 



Esta sexta feira, parte do BES estava paralisado, reuniões internas, pânico, as equipas de gestão desorientadas e assustadas. 
Se a liquidez começa a escassear não é apenas o pânico que começará a alastrar, como a economia começará a ficar ainda mais paralisada. 
Quando as empresas começarem a precisar de financiamento para fazerem face a pagamento de ordenados ou a pagamento a fornecedores e o BES não tiver como acorrer, será um desastre cujas dimensões não me atrevo a prever. 
E nem falo de outro problema dramático mas que acaba por ser menor quando comparado com o que acabo de referir: o drama do mais do que expectável despedimento de um numeroso grupo de colaboradores. 

Com esta hecatombe, o BES já é um Banco pequeno e não apenas vai ter que alienar activos como reduzir drasticamente custos. O fecho de agências e o despedimento de pessoas vai ser, provavelmente, inevitável. E quanto mais tempo este impasse durar mais rapidamente tudo isto desaba.


E nem falo de um outro escândalo que um dia vai ter que voltar para a ribalta: a destruição do valor da PT, uma das jóias da Coroa. Os prejuízos a curto, médio e longo prazo para Portugal são enormes e quem fez este lindo serviço deve ser responsabilizado e punido.


Por isso, lamentando que o País esteja entregue a gente tão impreparada, só espero que um plano, ainda que incipiente venha a público, que o Estado intervenha rapidamente e que seja posta no terreno uma estrutura organizativa que inspire absoluta confiança a Vítor Bento (a quem, apesar de não ter experiência como banqueiro, nem ele nem José Honório, dou o benefício da dúvida, achando que merece um grande apoio neste momento tão crítico). Vítor Bento não poderá sanar as contas e tomar decisões rápidas e seguras se lá tiver gente com funções de responsabilidade conotada com os vícios de gestão de Ricardo Salgado. Seja por nacionalização parcial, mesmo que disfarçada, seja por empréstimo, seja por uma solução mista, seja por isolar os activos tóxicos num qualquer 'veículo' - que isso seja feito e que seja rápido.


Sobra para nós? Claro. Sobra sempre. O que agora é preciso é cabeça fria para perceber qual a forma mais benigna. Quanto mais tarde se perceber isto, mais o desastre alastra, mais difícil será estancar, mais 'custosa' será a intervenção. 

Passos Coelho, depois de ter escolhido o seu porta-Moedas de bolso para a equipa de Juncker*, já apareceu em férias com a  D. Laurinha a seu lado como se não estivesse a acontecer um problema seriíssimo no País e o Tozé Seguro já apareceu a repetir que rejeita uma intervenção estatal no BES. A irresponsabilidade continua a campear, portanto.


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* Quanto à escolha do Moedas, em completo desalinhamento com as indicações de Juncker, ainda tenho esperança que o Parlamento Europeu não sancione a equipa por não obedecer a parte dos critérios e que Juncker mande o Trocos de volta. Seria um bom sinal para início de 'reinado' da nova Comissão Europeia mas temo que isso seja optimismo a mais da minha parte.


As imagens foram obtidas na internet a desconheço a proveniência original.


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Estou neste momento a ouvir José Gomes Ferreira na SIC N (eu não digo que ninguém me poupa...?) a dizer aquilo que qualquer pessoa com dois dedinhos de testa percebia logo a olho nu: que o Estado vai ter que entrar na recapitalização do BES já que preparar um aumento de capital pelos processos normais requer tempo (semanas, no mínimo) e requer conhecimento de causa e confiança. Ora, OBVIAMENTE, nenhuma destas 3 premissas é viável. Ou seja, já cá está o Gomes Ferreira a cavalgar a onda, a dizer que vê coisas quando as coisas já se metem pelos olhos adentro de toda a gente. Mas, com o usual ar douto, explica que isto não tem nada a ver com nacionalização. Como se ele soubesse do que fala. Se isto é um especialista em assuntos económicos e financeiros, vou ali e já venho. 


Estou também a ver Passos Coelho a dizer que a estabilidade financeira é fundamental e que o Estado intervirá se for necessário. 

Ora bem. Assim é que é - e era, justamente, por aqui que ele deveria ter começado. Muitos danos colaterais se teriam evitado se ele tivesse tido cabeça. (Eu não ando há tempo a dizer que ele ia ter que engolir a fanfarronice de dizer que o Estado não se iria meter no assunto Espírito Santo?)


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Vi agora um video com a opinião de Pedro Santos Guerreiro, 

(confesso: é o meu alter ego, embora, de início, também tenha engolido aquela pastilha do importante papel do BdP na blindagem e a almofada e etc mas, enfim, desculpo-o porque ainda é novinho; com mais uma ou duas destas, ganha endurance e, não tarda, estará homem feito e já não comerá tão facilmente tudo o que lhe dão a comer), 

opinião esta que, como sempre, é crystal clear. Diz ele que só há uma solução para isto, que é óbvia e que deve ser rápida. Não consigo incluir aqui o filme pelo que deixo o link para lá. Se o Expresso só tivesse gente do calibre dele ou do Nicolau Santos (que acha que deveriam estar todos presos), a ver se eu não assinava o Expresso Diário Online. Agora com Gomes Ferreiras, Duartes Marques, a par dos Henriques e outros que só dão mau nome ao local onde escrevem, é o ver se lá me apanham...



quinta-feira, julho 31, 2014

BES (quase) ao fundo: em 6 meses um prejuízo de 3,57 mil milhões de euros. E as contas, ' informação financeira não auditada', não foram assumidas pela equipa de Vítor Bento. Percebe-se. Se ainda lá está grande parte dos membros da equipa de Ricardo Salgado, equipa responsável por este buracão, que assumam eles o lindo serviço que ali está! [Actualização: Entretanto, saíu um comunicado do Banco de Portugal a suspender administradores que vinham da anterior equipa (presidida por Ricardo Salgado) e a proibir o direito de voto do GES no BES. Aleluia! Aleluia!]



Let the power fall





Numa leitura rápida do documento entregue à noite à CMVM relativo às contas do BES no 1º semestre o que vejo, em primeiro lugar, é que a equipa de Vítor Bento, Moreira Rato e José Honório foge destes números como diabo da cruz. Dizem que o buraco (de 3,57 mil milhões de euros que ali está) resultou de uma gestão anterior à chegada deles e que, nos poucos dias em que lá estiveram, não tiveram tempo para validar se o que ali está é mesmo aquilo e, muito menos, explicar como se chegou ali.


Percebo-os. Aliás, acho que outra coisa não poderiam fazer.




Vejo no site do BES que a Comissão Executiva (para quem não esteja muito por dentro destas coisas, poderei dizer que a Comissão Executiva de uma empresa é o grupo de pessoas que, na administração, de facto gere a empresa, neste caso o banco, no dia a dia) tem a seguinte composição:



Vítor Augusto Brinquete Bento - Presidente, necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral 
José Alfredo de Almeida Honório - necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral 
António José Baptista do Souto 
Jorge Alberto Carvalho Martins 
Rui Manuel Duarte Sousa da Silveira 
Joaquim Aníbal Brito Freixial de Goes 
Amílcar Carlos Ferreira Morais Pires  
João Eduardo Moura da Silva Freixa  
Stanislas Gerard Marie Georges Ribes 
João de Almada Moreira Rato, necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral

em que, a bold, estão os membros da Comissão Executiva que trabalhavam com Ricardo Salgado e que ainda estão em funções no BES. 






A Comissão Executiva (CE) é, pois, parte integrante do Conselho de Administração, o qual não tem funções executivas mas que, de forma geral e descrito de forma simplista, monitoriza a actividade da  CE e analisa e aprova operações estratégicas.

Se analisarmos a composição do Conselho de Administração do BES temos outra surpresa:


Alberto Alves de Oliveira Pinto - Presidente

Vítor Augusto Brinquete Bento- necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral

Bruno Bernard Marie Joseph de Laage de Meux – Vice-Presidente

José Alfredo de Almeida Honório - necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral 

António José Baptista do Souto

Jorge Alberto Carvalho Martins

Aníbal da Costa Reis de Oliveira
Rui Manuel Duarte Sousa da Silveira
Joaquim Aníbal Brito Freixial de Goes
Ricardo Abecassis Espírito Santo Silva
Amílcar Carlos Ferreira Morais Pires
Nuno Maria Monteiro Godinho de Matos
João Eduardo Moura da Silva Freixa
Pedro Mosqueira do Amaral
Isabel Maria Osório de Antas Mégre de Sousa Coutinho
João de Faria Rodrigues
Marc Olivier Tristan Oppenheim
Vincent Claude Paul Pacaud
Rita Maria Lagos do Amaral Cabral
Stanislas Gerard Marie Georges Ribes
Horácio Lisboa Afonso
Pedro João Reis de Matos e Silva
Xavier Musca
João de Almada Moreira Rato - necessidade de ratificação da cooptação em Assembleia Geral 

Idem, a bold, os administradores que faziam parte da equipa liderada por Ricardo Salgado e que ainda estão em funções: a grande maioria.



Ou seja, pasme-se - depois de tudo o que tem vindo a ser descoberto, coisas que do ponto de vista da gestão são gravíssimas e do ponto de vista de ética e de respeito pela regulação são reprováveis e que, conforme os jornais noticiam, indiciam comportamentos que podem vir a ser considerados ilícitos criminais - a maioria dos seus responsáveis ainda está em funções.

Saíram os membros da família mas os outros, que também puseram em prática ou foram coniventes com essas práticas, ainda lá estão.

Note-se que o buraco brutal não é apenas um rombo no património da família Espírito Santo, porque, se fosse só isso, azarinho o deles já que tudo isto resulta da gestão que sancionaram  - o brutal buraco é também, e sobretudo, um rombo no património de muitas famílias e empresas. E parece que se anda a brincar com isso.


Agora as contas:

Vejo que todos os rácios que aferem a solvabilidade bancária baixaram para níveis que não cumprem os mínimos recomendáveis e vejo que a exposição às empresas do Grupo é escandalosa. 

Sabendo-se que são empresas falidas ou em vias disso, prudentemente foram consideradas provisões para encaixarem o incumprimento. 

Vejo que foi reconhecida a imparidade entre o valor contabilístico da participação da PT e o seu real valor. 

Em relação a Angola, assumiu-se a opção benigna (isto é, que o governo de Angola vai chegar-se à frente).


Claro que muito mais há a dizer e, claro, se cada dia que passa se vão descobrindo mais cadáveres em decomposição, é difícil saber se o que está espelhado nas contas é tudo o que há a espelhar. O perímetro de consolidação é grande, disperso, muitas empresas fora e, portanto, parece difícil apurar todas as práticas desviantes em tão pouco tempo. Tomara que não apareçam mais desgraças nas auditorias que estão em curso mas é difícil que não apareçam. Talvez não sejam é da monta das que apareceram em catadupa nestes últimos dias.

Ou seja, admitindo que o 'grosso' da porcaria já veio ao de cima, parece ter havido a vontade de evidenciar grande parte das ligações perigosas entre as empresas da família (e que perigosas elas são!) e de contabilizar já tudo o que é buraco. Ora isso é benéfico. O que se pretende é transparência pois só assim se poderá restaurar a confiança. E a confiança é o motor que faz mover a economia e o sistema bancário.


De notar, contudo, que o trabalho de evidenciação dos 'podres' parece ter-se cingido ao crédito concedido às empresas do Grupo, isto é, dinheiro canalizado do BES para financiar empresas falidas do Grupo Espírito Santo. Penso que não foi feita uma análise do mesmo género a outras empresas que receberam financiamentos e que dificilmente vão poder cumprir com as suas obrigações.

No entanto, admito que o Banco de Portugal (que andou ceguinho no que se refere às transferências de dinheiro do BES para as empresas do Grupo) tenha andado minimamente atento no que se refere a crédito concedido em geral (a outras empresas ou organismos). Por isso, não vou entrar por aí. Mas era bom saber-se que isso está sob vigilância não vá terem sido concedidos avultados empréstimos a empresas que não apresentaram as correspondentes garantias, não vão somar-se novos grandes buracos a um buraco que já não é passível de ser tapado 'às boas'.

Era também bom que fossem rapidamente detectados quem foram os responsáveis, mandantes e executores, de práticas gravíssimas como as de desviar dinheiro dos clientes, sem o acordo deles, para financiar empresas falidas do Grupo. Isto, a ter mesmo existido, é crime e grave e, dados os montantes em causa, é mesmo muito grave. Era bom saber-se que essas pessoas iam ser afastadas e o mais brevemente possível. O sistema bancário só vive com agentes acima de qualquer suspeita.

É que as práticas muito graves de que se tem tido notícia são tanto mais graves quanto afectaram pessoas que tinham as suas poupanças no BES, pensando que era um banco de gente séria, e que, quando deram por ela, o dinheiro tinha sido convertido em obrigações ou títulos que valem bola, zero, coisa nenhuma.

Mas, partindo já para as conclusões, uma coisa é certa: o banco precisa de se recapitalizar. Como já aqui vos tinha dito, reinava o nervosismo no Banco de Portugal ao perceber-se que, de facto, não sabiam de nada e que tudo o que Carlos Costa andava a dizer não passava de andar a vender refrescos. Que a almofada chegava, que o banco estava blindado, que a exposição estava contida. Ele a dizer isto e os factos a transvasarem para a opinião pública, denunciando a incorrecção do que ele dizia. entretanto remeteu-se ao silêncio - e ainda bem. Quando fala e a gente uma hora depois vê que ele se voltou a enganar, só desprestigia ainda mais o papel do BdP na regulação bancária a que se tem vindo a assistir em Portugal.

Diz Carlos Costa que há privados interessados interessados em acudir ao BES. Acredito que sim mas apenas em abstracto. O Banco vale uma ninharia, as acções estão a preço de uva mijona. Tentador. Mas, na prática, nas presentes circunstâncias, quem é que se arrisca a meter-se numa 'furada' destas sem saber ao certo as contas, com a maltinha da equipa de Salgado toda ainda dentro do Banco? 

Ou isto havia um raide, com aquela gente toda dali para fora e uma equipa experiente a tomar conta de tudo, e a chegar a conclusões em tempo recorde, ou não vejo como é que o BES escapa sem uma injecção de apoios de outra ordem (ou a verba que a troika tinha reservado mas cuja utilização agora vai ser penosa pois vai exigir cortes em quem não os esperava ter, ou qualquer outra figura que se arranje).


Parecer-me-ia razoável que a família vendesse rapidamente a sua participação no BES para com, o fruto da venda, saldar algumas dívidas, e que os novos donos convocassem uma Assembleia Geral para nomear nova administração. Se isso não acontecer, não terá o BdP poder para impor uma administração completamente 'limpa' do passivo reputacional que esta carrega?

Os novos depósitos baixaram consideravelmente e tenderão, nesta fase de incerteza, a reduzir-se à mínima expressão. Tomara que os clientes não acorram aos balcões. Ora sem depósitos, o banco não se aguenta. E se não se aguenta isso será uma desgraça impensável para o País.



O BES não é o BPP. O BES é um Banco cuja queda feriria de morte muitas famílias e muitas empresas. Como o disse aqui quando Passos Coelho - armado em farroncas, acompanhado pelo seu séquito de papagaios - disse que o Estado não se iria meter neste assunto, acho que é preciso prudência nas palavras e sangue frio e muita cabeça na análise das implicações de cada acto.


O que ele deveria dizer é justamente o contrário: que o Governo e o BdP tudo farão para que o BES não vá ao fundo, ou seja, o equivalente ao que o Draghi fez quando, ao dizer que o BCE tudo faria para combater a especulação e a crise financeira, estancou a especulação, isto é, a crise.



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Entretanto, vi que saíu um outro Comunicado, um Plano de Reestruturação do BES, Plano do BES para o Futuro, este já assinado por Vítor Bento. Não acrescenta muito, claro, nem poderia acrescentar (não houve tempo para ir mais além), mas assume que é indispensável um aumento de capital e uma responsabilização de quem causou tamanha ruína e fala no que é a medida mais óbvia e imediata (se bem que, nestas coisas, nunca é possível o imediatismo): a venda de activos. Já aqui falei nisso várias vezes. Vender à pressa para tapar alguma coisa. Só que, face à dimensão do buraco, não estou bem a ver que activos possam ser vendidos no curto prazo que valham coisa que se veja. Mas, enfim, isso é obviamente parte do que tem que ser feito. 


Falo nisto e tento abstrair-me da aflição em que estão os trabalhadores do GES e do BES. Não mereciam isto. Aliás, nem os trabalhadores, nem os clientes, fornecedores, nem os contribuintes (porque, de uma maneira ou outra, isto vai pesar em todos eles - isto é, em todos nós).

Quanto aos culpados de toda esta infame situação, a justiça que faça o que tem a fazer. Esta quarta feira decorreram novas buscas, desta feita na sede da Rioforte. Tomara que não se embrulhem em infindáveis investigações. Tomara que tudo isto seja rápido para a credibilidade no sistema bancário português se restabeleça rapidamente.



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Caraças. Isto não acaba. Quando vou dar isto por terminado, espreito as notícias e já há novo comunicado. Mas esta gente não me dá tréguas?

Agora parece que Carlos Costa está a acordar. Como sempre, acorda tarde e devagarinho. De qualquer maneira: aleluia!



Banco de Portugal inibiu direitos de voto do grupo Espírito Santo no BES. 


O Banco de Portugal determinou a "inibição dos direitos de voto inerentes à participação qualificada que a Espírito Santo Financial Group e a Espírito Santo Financial (Portugal) detêm no BES", afirmou o regulador em comunicado.


Na prática esta decisão retira à família Espírito Santo qualquer poder de decisão sobre o banco.



Banco de Portugal suspende Joaquim Goes, António Souto e Rui da Silveira


Suspensão de administradores do BES e inibição dos direitos de voto da ESFG são algumas medidas adotadas pelo regulador para garantir estabilidade do banco e a concretização do aumento de capital


O regulador anunciou  em comunicado a "suspensão, com efeitos imediatos, dos membros dos órgãos de administração com os pelouros de auditoria, compliance e gestão de riscos, bem como os titulares do órgão de fiscalização", assim como a inibição "dos direitos de voto inerentes à participação qualificada que a Espírito Santo Financial Group (ESFG) e a Espírito Santo Financial detêm no BES".


O regulador liderado por Carlos Costa  refere que "a substituição destes membros deverá ser assegurada por proposta dos acionistas, com eventual cooptação pelos membros em funções".

Estas medidas juntam-se à imposição da "realização de um aumento de capital por parte do BES" tendo o Banco de Portugal incumbido a administração de "apresentar um plano de capitalização cuja execução permita, a curto prazo, o reforço dos fundos próprios para níveis adequados de solvabilidade".


Aleluia! Aleluia!


Uma vez mais dá ideia que este Carlos Costa anda a reboque do Pedro Santos Guerreiro que esta quarta feira já tinha alertado para o óbvio: os que, na anterior equipa de gestão de Salgado, eram responsáveis pelos pelouros de auditoria, compliance e gestão de riscos ainda estão em funções no banco.

Não seria melhor o Pedro Santos Guerreiro ir tomar conta do Banco de Portugal e pôr o Carlos Costa com dono? Ou assumir que o Carlos Costa passa a não executivo do BdP e que a sucursal executiva é o núcleo duro da Economia do Expresso (Pedro Santos Guerreiro/Nicolau Santos/ e, vá lá, talvez também o João Vieira Pereira)...? A mim parecer-me-ia melhor.



A mim também me teria parecido melhor que o Costa tivesse saído com este comunicado mais cedo para eu não ter tido que gastar o meu latim com o que escrevi acima. A esta hora já podia estar a dormir. É que ninguém me poupa, senhores.

Adiante.

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A música lá em cima é Robert Fripp: 1986 from "Let the power fall".

As imagens são graffitis, fotografias, cartoons - o que, assim à pressa, arranjei na net sobre o tema.

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Ia descansar a cabeça, escrevendo outra coisa qualquer num post autónomo mas vi as horas, quase uma e meia da manhã e amanhã tenho que me levantar mais cedo e começo o dia logo com uma reunião em que tenho que estar acordada, tanto mais que me cabe a mim fazer a despesa. Por isso, fico-me por aqui. Mas, para não me ir deitar a pensar em provisões e implosões, imparidades e barbaridades, é aqui mesmo que junto uma música e um poema.


Com vossa licença, portanto: Stabat Mater

Arvo Pärt





O homem que visou o pássaro no seu voo já não existe.
Nem a sua tosca mão segurando o punho do revólver.
Nem o passo caindo em espiral entre as ervas.

O beijo. O encontro das bocas no seu último degrau.
Nem sequer a escada de caracol
Subindo como volutas de madeira até à varanda,
Nem a varanda onde sonhavas sob o traje de linho.

Não existe a mulher
Que saboreava furtadas cerejas
Nem a ira do ginete no seu cavalo atrás dela
Nem o cavalo como um vento encerrado na sua pelagem.
Chegado o momento, tocados pelos dedos do vazio,
Qual a diferença com o que nunca foi?



[Estações de Juan Manuel Roca in Os cinco enterros de Pessoa, numa tradução de Nuno Júdice]


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Nota: Volta e meia transcrevo excertos de artigos, nomeadamente do Expresso online como é o caso vertente. Ora, quando transcrevo, faço copy paste e, portanto, vem como lá está. Se tem erros ou letras a menos ou outras coisecas do AO, é assim que fica. Essas partes acabam por destoar daquilo que eu escrevo, em que escrevo sem ligar ao AO. Posso, além do mais, dada a pressa com que escrevo e o estado de sonolência que, às horas a que escrevo, já me ataca, cometer erros, faltas de letras, vírgulas fora do sítio. Feito este aviso, só posso pedir a vossa compreensão para o pot pourri que aqui vos apresento.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira. 
Sejam felizes, apesar de tudo, está bem?

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