- Extenuada depois de um dia muito cansativo (sim! porque a minha vida não é só 'mandar bocas' aqui, tenho também que meter as mãos na massa e isto de fazer funcionar a economia real - que é muito diferente da que se encontra nas folhas de cálculo maradas do Gaspar-não-Acerta-Uma - dá muito trabalhinho);
- depois de, há bocado, já ter adormecido no sofá para onde me atirei quando cheguei a casa (e, no momento em que estava a ver o Paulinho na Assembleia da República a dizer umas verdades muito lapalicianas e inconsequentes e, depois, sentado ao lado do dito artolas das contas, os dois muito apertadinhos, muito amigos);
- e, agora que despertei, sentindo-me incapaz de juntar muitas palavras;
- e incapaz de, uma vez mais, responder a comentários e mails (desculpem-me, está bem?),
só me ocorre dizer que só ainda não estou a caminho do Marquês porque quero ver se ponho o sono em dia.
Mas amanhã lá estarei, pronta para a luta (e para uma reportagem fotográfica e só não sei se leve uma, se duas máquinas fotográficas).
Poderia introduzir aqui um toque de ligeireza e dizer que já estou a pensar no que vou levar vestido (sim! porque uma pessoa não pode ir para a revolução vestida de qualquer maneira) e, sobretudo, levar calçado (porque, se, por um lado, iria mais confortável se fosse de ténis próprios para caminhada, por outro lado, isso faz pouca toilette e eu, em regra, entre o conforto e a elegância opto pela elegância*).
Poderia tentar, para contrabalançar, falar de alguma coisa inteligente mas, perdida de sono como estou, não há uma única que me ocorra.
Estou a ver, neste instante, o Expresso da meia Noite onde fala um menino que está tão perdido como eu, só que não é perdido de sono e que se contradiz a cada frase que diz, o João Pereira Coutinho. E já ouvi os outros mas a minha memória está, neste momento, tão curta que, agora que estão calados, só me lembro que um deles é o Rui Tavares.
Mas, da maneira como ando, já me parece que dizem todos a mesma coisa.
Devia aparecer alguém que saltasse para cima da mesa, que desatasse a dizer poesia mas a dizê-la com febre e aparato, ou a dançar ou a fazer qualquer coisa de inesperado.
É que isto de facto, no meio de tanto burocrata, de tanto comentador, de tanto chato, só apetece é mudar de registo, credo, e ver alguém com um mínimo de graça. Deve ser por isso que isto está mesmo bom é para os palhaços. Ou seja, deve ser por isso que tanta gente voltou no Grillo ou lá como se escreve o nome daquele comediante italiano.
Ai senhores, que sensaboria, tanta gente parva, tanta gente bem comportada, tanto fala barato, tanto papagaio, tantas virgens, tantos pensadores. O País a despedaçar-se e parece que não aparece uma voz diferente. Que seca.
Dei agora um giro muito rápido pela internet e só vejo coisas desagradáveis - um assessor qualquer de Passos Coelho, um tal de Rodolfo Rebelo cujo fácies não augura nada de bom, resolveu armar-se em esperto e em engraçado, fingindo que é a Lagarde a responder ao Passos Coelho; o Campo Real em Torres Vedras, uma coisa enorme e óptima (na qual já estive em eventos profissionais) vai encerrar, falido; o troca-tintas do Gaspar saíu-se com mais uma, que Portugal tem um povo de marinheiros capaz de superar as maiores tormentas e não sei se alguém o mandou dar uma curva - e, face a isso, chego aqui, e apesar de me estar a esforçar, continua a não me ocorrer um único tema do qual me apeteça falar.
Nestas situações costuma-me valer a poesia mas... poesia numa hora destas, como dizia o outro...?
Então, se me permitem, dado que sou muito proleta mas nada de exageros - tenho sempre que pôr um espirrinho de Chanel - aqui vos deixo com um momento que mostra bem o verdadeiro espírito de uma mulher Chanel (uma mulher intrépida, que adora romance e que adora trocar as voltas aos apressadinhos).
E, brincadeirinhas à parte, com ou sem Chanel, vamos lá todos - de mota, de bicicleta, de barco, de comboio, ou a pé - para a rua. Que ninguém fique em casa. Todos para a rua. É na rua que podemos mostrar a nossa dimensão. O que pode um pequeno bando de incompetentes perante um país na rua?!
E à hora certa (18:30, acho eu) que Portugal inteiro cante a uma só voz que
O Povo é quem mais ordena!
(* - Temo que os meus Leitores mais eruditos fiquem chocados com a minha frivolidade e, por isso, para tentar limpar a minha barra, para ver se não me viram as costas de vez, mudo um bocadinho de registo e esclareço: entre o conforto e a elegância opto pela elegância desde que ela seja confortável. Está melhor assim? Ou seja, talvez vá de saltos altos mas de salto de cunha. Ou, para um just in case, levo uns ténis na carteira... Mas, assim, já teria que levar não uma carteira mas um malão, o que lá ia estragar o conjunto... Ainda vou mas é ver se descubro qual o blogue de uma tal Pepa que é bem capaz de ser a minha alma gémea, capaz de ela já ter dissertado sobre o tema. É que preciso de algum coaching para resolver este dilema. Ou então, ainda vou ver se a Maya dá consultas ao sábado para ver se ela me orienta.
Bom. Eu bem alertei para o facto de, no estado em que estou, não conseguir alinhar três palavras acertadas. Vou-me mas é deitar já para não chocar os bem comportados que me estão a ler...)
Beijinhos e abraços e à tarde lá nos encontramos todos, está bem?
Como no Allô, allô, para vocês saberem quem sou, informo que levo uma réstia de cebolas ao pescoço.
Entretanto, vou apanhar aqui um bocadinho de ar e depois vou dormir.
Um grande sábado para todos!
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Volto aqui, seguindo a sugestão da Leitora A.de Sá [e, também (confesso) na esperança de que haja aqui hoje alguma coisa que valha a visita], para incluir a Grândola segundo Jorge Palma
Até mais logo!