Mostrar mensagens com a etiqueta Tawaraya Sotatsu. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tawaraya Sotatsu. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, março 28, 2019

Um post cheio de mistérios



Não vou contar onde estive hoje porque ninguém acreditaria. Se eu não tivesse fotografias nem eu própria acreditaria. Mas não é por não acreditarem que não conto porque se não acreditam, não acreditam, paciência. Não conto porque se, por absurdo, aqui o contasse, o meu marido rifava-me e isso eu também não quero -- a ser rifada que seja por um motivo mais espectacular. Se bem que mais espectacular do que o lugar onde estive não deve ser fácil. 

Comigo acontecem-me coisas assim. Até há dois dias jamais me passaria pela cabeça a possibilidade de ali pôr os pés. Mas é que nem por sombras. E, no entanto, por um insignificante imprevisto, apareceu a possibilidade. Talvez um dia, daqui por tempo razoável, eu o refira, coisa en passant. E tenho a certeza que alguém aparecerá a dizer que é mais uma das minhas fantasias. Mas não: as minhas fantasias não são tão delirantes.


O que sei é que com tal programa de festas consegui vir mais cedo para casa e a coisa foi de tal forma fora de qualquer contexto que, quando cheguei, me apeteceu ir passear. Sentia-me como se estivesse de férias, recém-chegada de um outro planeta. Vim a casa buscar a máquina fotográfica e fui laurear e, de caminho, comer um gelado. Andava com o desejo do gelado atravessado desde domingo e, para a criança não nascer aguada, fui dar-lhe um ice cream a lamber. 

E agora, aqui refastelada, cheia de indolência e uma certa vontadezinha de estar a milhas, por exemplo em Amesterdão ou a passear de comboio pelas margens do Reno, pus-me para aqui a assistir em directo à palhaçada do brexit -- a malta a votar não e não e não e não, oito vezes não, e uns a rirem-se, outros a não acreditarem, outros passados e outros nem aí.


Eu ainda hei-de, um dia, dar-me ao trabalho de perceber para que é que a Rainha serve, para que é que a agremiação dos Lordes serve e o que é que os conservadores e os trabalhistas andam a fazer para se terem ensarilhado mais do que o enredo de linhas dentro da minha caixa da costura. Será que o espírito das comédias britânicas baixou neles todos e a única coisa que já sabem fazer é imitar os Monty Python ou outros que tais?


Tirando isso, estive a ver o livro que comprei para dar à minha mãe. E, depois de lho dar, logo vos conto. Agora não porque seria deselegante para o livro -- porque, se vai ser presente, deve estar é embrulhado e não aqui exposto. O que posso dizer é que acho que ela é capaz de lhe achar graça porque eu também acho.

Mas o facto de eu achar graça a um livro destes também é um daqueles fenómenos do além para o qual não encontro explicação. E a coisa é ainda tão mais bizarra quanto estou cheia de vontade de começar a pôr em prática parte do que ali se ensina. Mas sem fundamentalismos. Há coisas em que sou fundamentalista (mas não posso dizer quais -- e não posso porque agora não me lembro e não me apetece puxar pela cabeça). Mas nisto de que trata o livro não sou. Se fosse, se levasse à risca, isso violentaria a minha natureza e a minha natureza é sagrada. Sou obra dos meus pais e do acaso e das circunstâncias e este mix é um cocktail que merece respeito.


Resumindo (nb: a palavra 'resumindo' aqui está mal aplicada): há um tema sobre o qual gostava de falar, tema da actualidade portuguesa. Mas é tema pesado e eu, sinceramente, não estou para aí virada. Tema pesado não é coisa que se traga para aqui a uma hora destas e, ainda por cima, depois de um dia como o que tive hoje. Tema pesado deve vir envolto em negrume, pegado com pinças, transportado em carreta. Não é, pois, o momento.

Vou mas é curtir uns bailados. E, calma, curtir mas na base da inocência, nada de curtir na base das mocas. E isto a propósito da JV e do P. Rufino que, por eu nunca me ter pedrado, quase me fizeram sentir uma bota-de-elástico do mais cinzento e maçador que há. Mas é verdade: sou. Botinha, mesmo, das cinzentinhas e tudo. Nem erva nem piela. Nunca. Continuo virgem e, cá para mim, assim continuarei. Aliás, sou muito dada a virgindades. Por exemplo, também nunca me corrompi nem corrompi ninguém. Não que sejam coisas comparáveis. Mas pronto. Foi agora o que me ocorreu a propósito de virgindades. Há também um palavrão, um em particular, que nunca disse. Virgem também disso.

Bem. Vou mas é ficar-me por aqui que isto hoje está ainda pior do que é normal.  Que entrem mas é os bailarinos do Nederlands Dans Theater que nunca na vida me vou cansar deles.



-----------------------------------

Isabel, hoje deu-me para ir buscar as pinturas de Tawaraya Sotatsu e, como é bom de ver, não têm nada de nada a ver com o que desescrevi. Mas são muito bonitas, não são?