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sábado, março 16, 2013

Contra a adversidade, sorrir e ir em frente porque para a frente é que é caminho. Smile, disse Charlie Chaplin e (aqui) canta Nathalie Cole: Smile and maybe tomorrow you'll see the sun come shining through for you. Smile...!


Depois de, acima, ter escrito dois posts contra estes colossais incompetentes que nos (des)governam, aborrece-me acabar o dia assim, com estes ignorantes colados aos meus dedos. Por isso, xô, xô, fora com esses carrapatos que se alaparam a nós para nos sugarem até ao tutano!

É agora tempo de sacudir o desânimo, sorrir e avançar. Com força, com a força que vem da esperança.

Smile!





Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking.
When there are clouds in the sky
you'll get by.

If you smile through your fear and sorrow


Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through
For you.

Light up your face with gladness,


Hide every trace of sadness.
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying.
You'll find that life is still worthwhile-
If you just smile.




:...:...:

Se vos apetecer ficarem um bocado indispostos  com os indivíduos mais incompetentes de que há memória, não deixem de ir por aí abaixo que eu hoje passei-me mesmo com tanta estupidez, hipocrisia, sem.vergonhice.

Mas, se vos apetecer antes recordar Natália Correia que já foi partir a louça para outro lado há vinte anos, então não deixem de dar uma espreitadela ao meu Ginjal e Lisboa. Hoje o Botequim assentou arraiais por aquelas bandas.

:...:...:

E, por hoje, nada mais a não ser desejar-vos um sábado muito bom. 
Parece que vai chover mas isso é uma previsão e previsões são previsões,  o inteligente Passos Coelho dixit

E sábado molhado é sábado abençoado (é sábado ou é casamento?)




terça-feira, maio 15, 2012

A paz interrompida de Ana


Música, por favor

Maria Bethânia - Casinha Branca


Aos poucos, a transformação que se vinha operando na vila começou a ser notada. O progresso crescia, novas lojas abriam, o dono da residencial expandiu o edifício, o número de restaurantes duplicou, as pastelarias aumentaram e vinham já pessoas de fora para passear, ver as bordadeiras e comprar os doces regionais

O presidente do município organizou uma série de conferências, tendo convidado Ana para explicar qual tinha sido o seu papel, dado que era unanimemente reconhecido como determinante.




Ana, com simplicidade, explicou que se limitou a aplicar um dos princípios empíricos da economia e que consiste em que o que é necessário é pôr a máquina em movimento, restituindo a confiança aos consumidores e investidores. Uma vez isso acontecendo, as coisas correm por si. O dinheiro em circulação até pode ser o mesmo mas muda de mãos, gerando sustentabilidade. Explicou ainda que se o dinheiro em circulação for o mesmo mas mudar de mãos já não é mau, pois mau mesmo é haver retracção, uma vez que isso conduz à paralisia da actividade, à saída de cena dos agentes mais fracos, ao desemprego e, logo, ao empobrecimento. Mas que bom mesmo é entrar dinheiro de fora pois havendo mais dinheiro em circulação, isso significará crescimento. Explicou que foi isso que aconteceu na vila pois, ao passar a haver produtos inovadores e amplamente divulgados, começaram a acontecer vendas superiores a clientes de fora, o que acrescido da vinda de pessoas em turismo - mesmo que apenas para gastar em restaurantes - significava mais dinheiro livre entre as pessoas da vila, que o aplicavam em poupanças, em consumo ou em investimento.

Alguns ainda se interrogavam como é que uma bordadeira falava assim mas a maioria já se tinha habituado a conviver com a estranheza da situação.

E Ana sorria, agradecida por ver o fruto da sua iniciativa. Ana sorria porque sentia que as pessoas se queriam unir, queriam progredir, apostavam na juventude, apostavam na troca de experiências e saber entre novos e velhos.

A melhoria de rendimento escolar e a empregabilidade dos estudantes da vila começou a aumentar e essa era a maior alegria e a maior recompensa que Ana poderia desejar.



Ana andava feliz.

Na sua casa, no rés-do-chão forrado a estantes, com sofás, mesas, com as paredes decoradas com fotografias, pinturas, havia sempre jovens a ler, mulheres das oficinas que vinham praticar informática com os jovens, havia gente que tirava dúvidas aos miúdos, lia-se poesia, ouvia-se música. Era um local de tertúlia, de aprendizagem, de partilha.

A sua pequena casa com um pinheiro e uma pequena horta, as suas pequenas divisões muito claras, cheias de luz, muito simples, a alegria que ali reinava, enchiam-na de orgulho. 

Mas não há paz que sempre dure.

*

Música, de novo, por favor

Nat & Natalie Cole - Unforgettable



Um dia, quando Ana se levantou e, como sempre fazia, abriu as janelas do piso de cima, apercebeu-se de algumas vizinhas espreitando a rua, por detrás das cortinas. Estranhou e, então, espreitou ela também.

Ia-lhe dando uma coisa. O primeiro impulso foi fechar a janela e esconder-se. Com o coração descompassado, sentou-se. Ficou assim sentada, como se tivesse levado uma pancada na cabeça, por largos instantes, sem saber o que fazer.

Aos poucos foi vindo a si. ‘Estupor!’, ‘raios o partam!’, ‘estou feita!’, ‘o que é que eu faço agora à minha vida?’, ‘mas como e que o estúpido me descobriu, senhores!?’, ia ela dizendo num desespero, num lamento ,enquanto girava pela casa, sem saber o que fazer.

Voltou a espreitar mas agora com muito cuidado, não fosse o estupor vê-la. Devia estar metido dentro do carro porque não se via. Mas o carro, o carrão, estava mesmo encostado à porta, seria impossível sair sem ser vista.

Então foi tomar banho e, aos poucos, foi serenando. As feras encaram-se de frente e assim o faria.

Arranjou-se com cuidado como há algum tempo não o fazia, cuidou dos pormenores, perfumou-se, e foi à luta.

Ele devia estar atento pois, mal sentiu a porta a abrir-se, saltou do carro e colocou-se em frente dela com um ramo de rosas na mão. Sorria a medo mas o ar de galã tímido era o mesmo de sempre.

Ana reparou que as rosas estavam quase murchas, estava mesmo a ver-se que devia ter comprado as flores na véspera e deixado ficar no carro. Mas fez de conta que não tinha notado.

Ana aguentou firme : 'O que é isto?! Não deixei bem claro na carta que enviei há tempos atrás?!’

Ele não disse nada, Ana sabia que devia estar um pouco nervoso. Continuou a barafustar, ar de zangada: 'E vires para aqui neste espalhafato, pores-te aqui assim à minha porta com esse carro... e não percebes que as pessoas te conhecem? E olha essa figura de flores na mão...! Estás habituado a dar espectáculo, não é? Não perdes uma oportunidade... Ridículo.'

Ele nada, nem uma palavra. Com a habitual falta de perspicácia masculina, ainda não tinha percebido no que aquilo ia dar.

Ana continuou, mas quem a conhecesse pressentiria que, na escolha das palavras, estava já um indício e cedência: ‘Posso saber o porquê deste acto de desobediência civil?!

Ele arriscou: ‘Admiti que o castigo para a desobediência valesse o risco… Admiti mal...?’ e, olhando-a nos olhos, pressentiu que a coisa estava a ficar bem encaminhada. E, então, sorriu, sorria, com o sorriso de quem pede indulgência intuindo, à partida, que já a tem.

Ana, ainda simulando ar de má: ‘E as flores são para ficares aí, nessa figura triste, plantado no meio da rua com elas na mão, para as vizinhas todas te poderem tirar uma fotografia com o telemóvel, ou serão para eu as ir colocar numa jarra?’ mas já se ria, e ele conhecia bem esse sorriso.




Riu-se também: ‘Não te quero dar trabalho. Diz-me onde está a jarra que eu trato disso’ e entrou dentro de casa, atrás dela.

Mal a porta se fechou, agarrou-a pela cintura e dobrou-a, um verdadeiro beijo à Hollywood. Depois ela deu-lhe uma palmada no peito, como se estivesse zangada: “Mas isso faz-se? És mesmo um estupor!”.

A seguir, levou-o pela mão a ver a casa. E, pela primeira vez, chegou atrasada à oficina.




Cinema, por favor: it's Hollywood time

Richard Gere e Julia Roberts, o beijo do reencontro - Pretty Woman
*

Recordo, de novo, que, se quiserem ler a história de Ana desde o início, poderão procurar nas etiquetas aí ao lado, em baixo, 'Ana muda de vida'.

E, de resto, hoje no meu Ginjal e Lisboa as minhas palavras voam em volta de um belíssimo poema de  Manuel António Pina. A música é maravilhosa, Donizetti claro. Se estiverem para isso, eu gostaria de vos receber lá.

***

E tenham, meus Caros, uma terça feira cheia de beijos (reais, imaginados, consentidos, roubados... como queiram). E divirtam-se à grande, está bem?