Música, por favor
Domingos António, magnífico! - Liszt, Concerto Nº2, 2 pianos
Os meus caros leitores são maioritariamente pessoas inteligentes – já perceberam, certamente, que, de vez em quando, em
situações claramente identificáveis, me apetece fazer de conta, divertir-me, ficcionar,
aliviar a pressão e transportar-me a mim própria (e, desejavelmente, a quem me
lê) para territórios mais apelativos. Foi o óbvio caso dos dois últimos dias.
Gosto de escrever, gosto de música, gosto de poesia, gosto de tudo isso e gosto
de fazer misturas à mão livre. Escuso de dizer que nada daquilo aconteceu (que
eu saiba). Seria uma coisa extraordinária que, em plena recepção com
governantes e investidores, alguns desatassem a declamar poesia, nomeadamente
que aparecesse um príncipe de ébano a declamar Herberto Helder. Mas, enfim, neste mundo acontecem tão
extraordinárias que, quem sabe, em situações análogas não acontecem coisas
ainda mais delirantes…?
Mas, subjacente à história,
estava a preocupação, expressa no desfecho final, e tantas vezes já aqui
referida, relativa ao fraco crescimento económico ou melhor, à inexistência de
crescimento económico no País, o que tem graves implicações de todas as
naturezas.
Felizmente vê-se que o
discurso oficial começa a mudar e que as mais decisivas instâncias
internacionais no que à resolução destes problemas diz respeito, começam a
traçar linhas de rumo distintas daquelas pelas quais, até há pouco, se
regiam.
Assim, é com alguma surpresa
mas enorme agrado que venho ouvindo que Jean Claude Junker, presidente do Eurogrupo, reconhece que se falhou na
estratégia imposta à Grécia como contrapartida para o apoio providenciado, estratégia
essa que, segundo refere, tem levado à destruição do tecido económico e social.
E Poul Thomsen, responsável do
FMI na troika na Grécia e, até há pouco tempo, em Portugal, reforça a tese, dizendo que, na Grécia, o aumento de impostos em detrimento do corte da
despesa pública, degradou o consumo interno, degradou a economia e fez disparar
o desemprego e que essas políticas deverão ser corrigidas, passando a apostar-se, agora, no renascimento do tecido económico.
Ainda bem que os autores dos erros começam a admitir que estes experimentalismos absurdos falharam e que é indispensável emendar a mão. Talvez até os nossos governantes domésticos que, acríticos, se têm limitado a ser a voz do dono, fazendo gala da política do 'custe o que custar', façam agora a agulha, tornado-se defensores do crescimento económico. Tomara.
Leio também no blogue do FMI (de
que aqui já vos falei e cuja leitura é sempre interessante por permitir ir
aferindo as susceptibilidades que enformam as diferentes actuações dos grandes agentes das intervenções que mudam a situação dos países em dificuldades) um
interessante artigo de Nemat Shafik datado de 15 deste mês, cujo título é
Evitando uma Geração Perdida.
Christine Lagarde e Nemat Shafik |
Nemat Shafik nasceu em 1962 em
Alexandria, Egipto, é casada, tem filhos, é conhecida pelo carinhoso diminutivo Minouche e
em 2009 foi nomeada ‘Woman of the Year’ para The Global Leadership and Global
Diversity. É economista, já exerceu numerosos cargos e é actualmente Deputy Managing Director do FMI.
O post refere-se ao drama de
milhões de jovens que não conseguem encontrar emprego estável e que, por causa
disso, não conseguem autonomizar-se e que, por causa disso, não têm esperanças,
não alimentam expectativas, não conseguem construir o futuro. E que, por causa
disso, não efectuam descontos, o que enfraquece a
sustentabilidade dos sistemas sociais. E por aí fora, um descalabro em cadeia.
Diz ela que o FMI deve ter o
papel de ajudar os países a reconsquistar a estabilidade macro-económica e a
readquirir a confiança económica. E que é necessário estabelecer políticas que
levem à criação de empregos e não à sua distruição.
Para os países europeus em
situação débil e em crise, recomenda que a prioridade passe a ser a sustentação
do emprego e o redireccionamento dos gastos para sectores que devem ser
considerados altamente prioritários tais como a saúde, a educação e as
infraestruturas. Recomenda igualmente que deve ser restabelecido o acesso ao
crédito, pois só assim a economia pode voltar a funcionar.
Do referido artigo consta este
filme do próprio FMI que para aqui respigo (gosto deste verbo!) e que vos convido a ver. A mentalidade começa a mudar. Tenhamos, pois, esperança.
:::::::::::::::::
Tudo tão sério, dirão talvez os meus leitores, hoje não temos rêverie, pândega, maluquice de nenhuma ordem…?
Pois é, meus Caros, hoje deu-me para isto. Mas, aqui chegada, confesso que também já me apetece alguma folia.
Música, outra vez, por favor
Então, vamos lá. A ver se me ajudam a equacionar se hei-de dar continuação à história dos dois últimos dias, vou aqui publicamente equacionar alguns cenários de hipotética evolução:
Então, vamos lá. A ver se me ajudam a equacionar se hei-de dar continuação à história dos dois últimos dias, vou aqui publicamente equacionar alguns cenários de hipotética evolução:
Cenário 1 - A mulher de olhos verdes, como
a Leitora Era uma Vez sugeriu num poema que enviou e que pode ser visto como
comentário ao post do dia 21, passeia-se num aparatoso descapotável branco, é
uma incorrigível sedutora e uma terna romântica e tem um tórrido (e público? ou clandestino?) amor
com uma amiga de cabelo curtinho, espetado, uma mulher elegante que se veste com roupa de homem.
Cenário 2 - A sedutora de olhos verdes é hetero, uma conhecida devoradora de homens, e gosta de se portar mal. Entra devagarinho, sorridente, fala de poesia e, mal apanha todos desprevenidos, pinta a manta, parte a louça toda, pelo que, antes de ser convidada
para qualquer evento, coisa que só acontece quando não pode deixar de ser, a entidade organizadora reúne um gabinete de crise que
estuda planos de contingência para cada possível desmando que ela possa provocar.
Cenário 3 - Até há algum tempo atrás, mais concretamente até ter ganho o euromilhões, a femme fatale era baixota, mal jeitosa, amargurada, despeitada; nessa altura fez uma plástica e apareceu outra, mais alta, giraça, autêntica capa de revista e, até, mais inteligente e com sentido de humor; investiu não se sabe bem em quê, só se sabe
que apareceu empresária e milionaríssima, sendo agora uma disputada
investidora, uma conquistadora. Tem seis casas, seis descapotáveis, seis
barcos, seis amantes, seis dálmatas, seis catatuas falantes, e, ao mesmo tempo, é
uma grande financiadora de vários movimentos ecológicos, uma aclamada mecenas e
uma incorrigível esquerdista.
Cenário 4 - O governante poderoso, que tem
meio mundo na mão, na política, nos negócios e na comunicação social, em
privado é um submisso bichano de quem uma certa senhora residente num
apartamentozinho algures numa rua sossegada faz gato-sapato (ah… e se, além disso, a senhora
do apartamentozinho que põe o governante de gatas for afinal a sedutora que, ou
à hora de almoço ou ao fim do dia, antes de ir para a sua fantástica maison se
vai encontrar com ele, quiçá até para lhe dar algumas instruções?)
Cenário 5 - O príncipe de ébano, ah o príncipe, lindo, rico, perante cuja fortuna todos os poderes ajoelham, é, afinal, o dono do palácio onde decorreu a recepção para além de ter, também, uma casa em Portugal (e, pasme-se, perto da casa onde vive a mulher de olhos verdes) e é ele também um delicioso sedutor, e culto e, ainda, um poeta, para além de ser, obviamente, um fantástico amante (só que, maçada das maçadas, tem dez mulheres, e todas temíveis - uma é cinturão negro de várias artes marciais, outra é uma dentista conhecida por arrancar dentes a sangue frio, outra é a terceira irmã gémea da Júlia Pinheiro e da Ana Gomes e grita tanto quanto as manas, outra é gémea da Manuela Moura Guedes e, desta, por prudência, mais nem digo; e por aí fora: todas assim). Quem se arrisca, pois, a chegar perto do belo príncipe...?
Que me dizem? A história tem
pernas para andar? Opto por qual cenário? Ou há outros melhores?
Aguardarei sugestões.
:::::::::::::::
Até me decidir, vou ver um ministro que, este sim, é cá dos meus.
Até me decidir, vou ver um ministro que, este sim, é cá dos meus.
^^^^
Sobre aquilo do pai da criança (e simpatizante ou sócio do FCP) que se queixou ao Ministério da Educação porque a professora, no fim da cantiga 'Atirei o pau ao gato', acrescentou: 'Batata frita. Viva o Benfica' nem sei que vos diga. Então o homem não se importa que ensinem à criança cantigas que apelam à violência sobre animais e não gosta é de batatas fritas? Ou será que é porque 'frita' não rima bem com 'benfica' e não suporta rimas fracotas? Ou será que toda a gente do FCP é assim, mais para o peculiar...?
![]() |
Um gato mal humorado, do FCP ainda por cima, depois de ter comido batatas fritas |
^^^^
Bem. Hoje, no meu amado Ginjal temos uma Alternadeira segundo Inês Lourenço que acompanha com um concerto de Ravel. Passem por lá, que se está bem por aquelas bandas.
^^^^^^^
E já é sexta feira.
Ufffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff!
Divirtam-se, está bem?