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quarta-feira, dezembro 01, 2021

Sim, o tamanho importa.
Em especial se for mesmo grande, espectacular... e para usar atrás.
[E, ainda, uma ideia para combater a Ómicron]

 

Bem... se dúvidas eu tivesse agora tê-las-ia desfeito. Claro que importa. Para o bem e para o mal, importa. 

Para os cépticos, tenho aqui uma fotografia que mostra como uma coisa destas não apenas limpa as teias de aranha dos mais conservadores como impressiona não apenas quem o usa como quem o vê. Enorme, nunca visto, de um tamanho inimaginável. Claro que não é qualquer um(a) que aguenta com uma coisa de tal calibre. Requer fôlego, presença de espírito. 

Imagino-me a dar uso a tal exagero... E, confesso, fico na dúvida. Se calhar já não tenho idade para tanto. Mas, por outro lado, porque não? Sim, caraças, porque não? Estou viva, não estou? Então, porque não?

O desconcertante no bicho é que não apenas é enorme... como, ainda por cima, tem duas cabeças. E isso não sei. Se um bicho deste tamanho já daria que fazer com uma só cabeça, imagine-se com duas. Nem sei se esteticamente é apetecível. Não sei. Talvez seja mais um daqueles casos em que primeiro se estranha e depois se entranha. Um coiso grandalhão com duas cabeças que se entranha...? É capaz disso, é capaz disso...

E estou a pôr estas reticências todas apenas porque tenho algumas dúvidas. É daqueles casos em que o tamanho importa mas, se calhar, passa um bocado da conta. Não sei. 

Só mesmo experimentando... 

E, uma vez mais, não é indiferente o que se veste para a ocasião. Costas nuas, evidentemente. E digo evidentemente mas, como é óbvio, é apenas uma questão de gosto. Claro que se pode usar estando vestida da cabeça aos pés, toda coberta como uma irmãzinha da caridade. Mas, lá está, não seria a mesma coisa. É que, para experimentar um coisão gigantão daqueles há que ter muita pele disponível. É que não é apenas uma degustação visual. Melhor: a bem dizer, a partir do momento em que se começa a usar, nem se vê. Só se vê antes e depois de usar, não enquanto se usa. Mas há que senti-lo, senti-lo bem. Dar-lhe toda a pele disponível de que ele precisa.

Aliás, agora que falo na sua utilização, até fico na dúvida: é de tal maneira que, certamente, requer ajuda. Sim, sim, mais do que certo que requer ajuda extra. Senão como é que se consegue?

Claro que, em vez de se usar atrás, se pode usar à frente. Mas aí a coisa apresentará outros desafios. Em privado, sem expectadores, capaz de arriscar na utilização frontal, talvez até desse para umas fotografias bem interessantes. Ah sim, acho que, pensando bem, para utilização frontal, as duas cabeças até viessem a propósito. Até porque as cabeças estão de boca aberta. Já as vejo, cada uma com seu mamilo na boca. 

Com tudo isto já só me falta saber onde desencantar um igual a este. Em casa não tenho nada que se pareça senão ia já experimentando.

Este que aqui exibo -- digo, partilho -- foi usado por Zendaya na gala da Bola de Ouro e, claro está, causou sensação. Dizem que hipnotizou Paris e eu acredito. O vestido sei que é um original Roberto Cavalli revisitado por Fausto Puglisi. Agora o enorme escorpião dourado com duas cabeças que se lhe cola às costas como uma espinha dorsal não sei a quem se deve. O que sei é que é uma jóia extraordinária.

Portanto, na continuação da celebração do amor que aqui ontem trouxe, cá fica a dica. Quem estiver desinspirado, sem saber como impressionar a sua namorada, agora já sabe. 

[E não venham dizer que isto aqui não é serviço público de primeira.]

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E ainda mais uma coisa: sobre isto do corona e desta gracinha da Ómicron e destas vacinas que parece que têm que se apanhar de três em três meses, ocorreu-me que o melhor era arranjarem umas coleiras repelentes para a gente usar, como a dos cães. Podiam fazê-las cravejadas a esmeraldas, a rubis ou safiras, minimalistas, alternativas, ou em couro negro para homens que só usam coisas discretas. Podiam dar-lhe um toque Cartier, Chanel, Timberland ou whatever, mas que servissem para a gente estar sempre protegida. Não é uma boa ideia?

Aquela malta da Nova que enfia transístores em folhas e papel ou que sabe como falar com moléculas não quer pegar na ideia?

É que não precisa de ser colar ou broche dorsal: pode ser pulseira, anel, brincos. Qualquer coisa que largue um cheirinho ou uns ultra sons ou o que for que enxote pulgas, coronas, mosquitos e chatos, está bom. Eu usava.

[Lá está, serviço público]

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E um bom feriado!

terça-feira, novembro 30, 2021

Dizem que é uma celebração do amor.
Mas, cá para mim, isto das joalharias faz-me é lembrar aquela história do Cesariny...

 


Que o vídeo é uma alegria e uma explosão de movimento envolta no mais luminoso rubro lá isso é verdade. Mas o que é que isso tem a ver com a celebração do amor não sei. 

Se calhar, para os cavalheiros que vão à Place Vendôme escolher uma jóia para a sua bem amada, isso é um sinal de amor. Não digo que não. Claro que é para quem pode mas, enfim, não é por poder que tem menos sentimentos. E, nestas coisas, cada um é como cada qual. 

Agora uma coisa eu sei: se eu não fosse eu mas alguém estupidamente apaixonado por mim e, ao mesmo tempo, estupidamente rico não sei se, para celebrar o amor, a primeira coisa que me ocorreria seria gastar uma fortuna numa gargantilha cravada a diamantes. 

Gosto de jóias. Sim, gosto. Mas o meu gosto tem mudado. Se alturas houve em que me deslumbrava com um clássico ornado com umas belas esmeraldas, safiras, rubis ou, mesmo, diamantes, mais tarde evoluí para a simplicidade, mas uma simplicidade com arrojo. Peças modernas com um design elegante mas algo inesperado. 

Ultimamente já era a simplicidade em absoluto. 

Mais até do que simplicidade: peças com alguma piada a nível estético mas baratas. Por exemplo, algumas peças da Parfois fazem maravilhas numa toilette.

E, como já tenho que chegue para esta vida e para a outra, evoluí para o estadio limite: zero aquisições. Nem jóias nem social-jóias, nem Parfois nem coisa nenhuma. 

Tinha uma pulseira de ouro com um belo design urbano. Pesada, muito bonita, um fecho muito original. Gostava imenso de senti-la no pulso. Era uma peça e tanto. Até que um dia à noite, ao chegar a casa, não a tinha. Fiquei para morrer. Não era apenas o prejuízo mas a pena por ter perdido uma joia tão especial. Voltei atrás e, à noite, percorri a pé o último percurso. Andei dias a perguntar se alguém a tinha visto. Deixei o meu contacto em todas as lojas possíveis e imaginárias. Nada, claro. 

Serviu-me de emenda: usar peças assim no dia a dia nunca mais. 

O que uso -- e uso sempre, fazem parte de mim -- são dois fiozinhos muito fininhos. Tenho-os, como integrantes da minha pele, há décadas.

Quando, no verão, fiquei no hospital em observação de um dia para o outro, tive que os tirar. Coloquei-os na carteira. Quando a minha filha lá conseguiu entrar, pedi-lhe que a entregasse ao meu marido. Tinha ideia que os tinha posto de lado, numa bolsa sem fecho. Quando a dei, esqueci-me de avisar que ele não virasse a carteira. No dia seguinte,  pedi ao meu marido para ver se lá estavam. Não estavam. Ia-me dando uma coisinha má (em cima da que tinha tido). Perguntei se tinha tido cuidado. Enervado, sabia lá ele como é que tinha pegado na carteira. 

Em cima da preocupação pelo estado do meu coração, ainda mais o desgosto por ter ficado sem os meus inseparáveis fiozinhos. 

Quando nesse dia tive alta e cheguei a casa, com a pressão arterial altíssima e sem saber se devia voltar para o hospital, arranjei disponibilidade mental para fazer um break para ir vasculhar a carteira na esperança que o meu marido, pura e simplesmente, não os tivesse visto. Nada. Então, de súbito tive um lampejo e lembrei-me que, na véspera, no hospital, ao tirá-los e guardá-los tinha pensado que tinha que os pôr a bom recato, num separador com fecho, na carteira. Salve.

Quanto a jóias, recordo também sempre o primeiro desgosto que o meu marido me deu, revelando a sua maneira de ser. Tínhamos casado há poucos meses e eu tinha visto numa montra na Rua Augusta um anel de ouro muito fininho com dois pequenos corações em que um se sobrepunha ligeiramente ao outro. Eram de marfim com um aro fininho também de outro. Super discreto, mimoso. Descrevi-o com pormenor. Quando recebi o presente, nem queria acreditar. Um anel em ouro branco e com um lustroso rubi. Um anel descarado. De facto, lindo mas que não passava despercebido. Nada do que eu queria. Tinha vinte anos, vestia-me como as adolescentes se vestiam naquela altura. Não podia imaginar-me com anel tão exuberante. Perguntei porque me tinha oferecido aquele se eu lhe tinha dito tão claramente qual o anel que gostava de ter. Pouco ligou, disse que simplesmente tinha visto aquele anel e tinha achado que me ia ficar bem.

Depois disso fez muitas mais do género, geralmente deixando-me sempre perplexa com o que recebia e que era tão diametralmente oposto em relação ao que lhe tinha sugerido. 

Depois deixei de sugerir o que quer que fosse. Agora, quando quero uma coisa, não peço. Compro. Deixei de esperar o que quer que seja. O que vier está bem. Aliás, estou numa fase em que se não receber nada está também muito bem.

Mas não vou terminar este post natalício sem relembrar uma história, já aqui referida, do Cesariny. Contou ele que estava num alfarrabista ali ao Chiado quando entrou uma madama muito madama, muito sofisticada e cheia de nove horas, e lhe perguntou: Cavalheiro, desculpe-me, isto aqui é uma joalharia? Perante o insólito da pergunta e o ar cagão da baronesa, Cesariny não resistiu e disse: É sim, minha senhora, já aqui fiz muitos broches de joelhos.


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E, conversa à parte, que se entoe o Love is all e que venham as donzelas adornadas a rigor para dançar e celebrar o dito amor e, en passant, para honrar as jóias da Cartier: Monica Bellucci, Khatia Buniatishvili, Lily Collins, Golshifteh Farahani, Willow Smith e outros. Uma festa. E se quem me vê não pode com p pois que não perca tempo nas lastimações. Junte-lhe um h que vai ver que a festa ainda vai ser melhor. 

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E que venha daí um belo smile
Um dia muito bom para todos os que aí, desse lado, fazem o favor de me aturar

quarta-feira, novembro 17, 2021

E afinal... o tamanho importa?


Há esta dicotomia célebre, questão dialéctica, coisa quase fracturante. Muitos tratados, de várias disciplinas, já devem ter sido produzidos a propósito do incontornável e cabeludo dilema. 

Há as pessoas que têm bom feitio e para quem tudo o que vem à rede é peixe e há as mais exigentes que não se contentam com qualquer coisa. Claro que há ainda os extremos: aqueles para quem o tema nem é tema e, no extremo oposto, os que põem defeito em qualquer coisa e só se contentam com o que é feito por medida.

Eu não vou dizer exactamente onde me situo. Mas acho que nem preciso de dizer. Quem por aqui me acompanha já deve adivinhar-me os gostos.

Bem, pensando melhor, não vou fazer suspense.

Claro que, prudentemente, poderia optar pelo nim. O tamanho importa? Nim. 

Ou por dizer: depende. Depende de quem o porta e de como o porta. Depende do feitio. Depende da cor. Depende da beleza. Sim, tal como em tudo o mais, aqui a beleza também é fundamental.

Em tempos, era dada a exageros: não me importava nada, muito pelo contrário, de usar bigalhadudos, bem fornecidos, mesmo exuberantes. Cada uso era quase uma performance.

Com o tempo fui ficando mais moderada. Uso, gosto de usar, aliás não dispenso o uso regular, mas aprecio a moderação, o bom gosto.

Consultando a imprensa de especialidade, vejo que agora se apregoam os de alto gabarito, grande volume, dimensão que não passa despercebida, porte arrojado, desafiador. Claro que, para serem usados, não pode ser de qualquer maneira. Senão o exagero vira coisa feia de se ver.

Penso que, para ficar bem, deverá ser como aqui o mostro: sobre a pele nua, os seios cobertos (mas facilmente em vias de ser descobertos. como convém a mulher decente que se preze).

Como influencer que me preparo para ser, partilho convosco um belo exemplar adequado ao tempo frio, para acompanhar um colete peludo e quentinho e, ao que consta, para reforçar a libido (Stones Club) e um mais refinado, adequado a uma festa (Balmain


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Para não decepcionar os que vieram ao engano julgando que aqui se iria tratar de miudezas, em especial para os Leitores homens, aqui vai um vídeo para que se mentalizem para o que, um dia destes, vos pode acontecer.

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Bom. Para tentar agradar a gregos e troianos, mormente aos que procuram esta vossa Staª UJM em busca de alguma arte, aqui ficam algumas das mais perfeitas obras de arte, no caso esculturas de se lhe tirar o chapéu. E que quem nunca duvidou que atire o primeiro diamante.

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Desejo-vos um dia feliz, em grande

sábado, outubro 16, 2021

Os broches estão outra vez na moda?
O Rangel é o homem de que Portugal precisa?
Porque é que tantas pessoas têm empregos da treta?

 


Começo a escrever quando ainda é sexta-feira. Ora as sextas-feiras produzem um certo efeito em mim. Não é tanto o espírito desorbitado das black fridays mas mais o desenfreado de thank's god it's friday

Dantes, às sextas à noite, ia às vezes dançar até às quinhentas ou, mais recentemente, jantar e passear na praia. 

Agora, apesar de ter mudado substancialmente os meus hábitos, chego ao fim do meu dia de trabalho à sexta feira e apetece-me chutar a bola para bem longe, para o alto, desatar a correr, atirar-me de mergulho, furar as ondas, voar -- coisas assim.

Claro que agora só o faço com palavras e, portanto, onde vos parece uma sucessão de palavras iguais a tantas outras usadas ao longo da semana peço a vossa generosidade para acreditar que, sob elas, se esconde a minha vontade de sacudir a plumagem, de uivar na noite, de rastejar como um tigre azul, de açoitar a monotonia dos dias e saudar a noite que chega.

Para hoje não tenho, pois, tema arrumado. Trago antes três perguntas, qual delas a mais profunda. Nada têm umas a ver com outras e haverá até quem não ache de bom gosto misturar no mesmo post o Rangel, broches e ocupações da treta. Mas numa sexta a derrapar para sábado poderá exigir-se mais a uma pobre de espírito como eu?

Primeira pergunta: 

É verdade que os broches estão outra vez na moda?

Eu diria que nunca de lá saíram mas, já se sabe, cada um é como cada qual e, além do mais, gostos não se discutem. 

Uma vez, ia num autocarro apinhado a caminho da escola onde dava aulas. Ia com a minha amiga Fátima, também professora e alentejana dos quatro costados, voz desempoeirada e bem colocada. Íamos na conversa, daquelas conversas que não se recomendam muito menos a duas professoras rodeadas de testemunhas. E, então, sai-se ela com esta: 'É como os broches. Nunca ninguém os faz mas a verdade é que eles aparecem feitos'. Até hoje não me esqueço. Desatei a rir e tenho a certeza que todos os que nos rodeavam fizeram o mesmo. Ou, então, não. Se calhar ficaram escandalizados perante tal declaração. Devo ainda ter dito para ela falar mais baixo, coisa que nela não deve ter produzido efeito algum. 

Eu sempre gostei deles, dos broches. Houve alturas em que preferia os bem aparatosos. Ultimamente já mais comedida, ia na coisa em clássico. Também já estive virada para as obras de autor, coisa artística mesmo.

Mas depois a simplificação nos hábitos levaram-me a optar pela discrição, coisa que mal se desse por ela.

Pois bem. Qual o meu espanto quando agora leio que os broches voltaram a estar na moda. E já não se fala em broches mas em neobroches. Gosto. Neobroches parece-me daquelas de que não apenas podemos encher a boca (a falar deles) como os poderemos ostentar orgulhosamente (na lapela). Sou dada a novidades e quanto mais inesperadas melhor. Versatiles, ces néobroches viennent corser les blazers féminins et masculins. É que nisto, como em tudo o mais nesta vida, há que não haver discriminação de género. Broches são broches são broches, seja para homem seja para mulher. 

(Artigo completo para poder conferirLa broche de grand-mère fait-elle son grand retour mode ?)

Segunda pergunta: 

Rangel está a chegar-se à frente no PSD porque acha que o país pode vir a querê-lo como Primeiro-Ministro?

Eu diria que só se os portugueses estivessem todos com os copos quando fossem votar nas legislativas. Ora não acredito. Impossível que uns quantos milhões de portugueses se apresentassem a votar com uma valente piela. 

Claro que há os burros de nascença que não se importam de votar na primeira galinha que lhes apareça à frente. Depois há os que já estão bem aviados de demência e não sabem a quantas andam, botando a cruz onde calha (e algumas lá lhe calhariam). E há, claro, concedo, os que votam depois de almoço e vão para a mesa de voto sem se lembrarem bem do que querem nesta vida nem conseguirem ver bem o que corresponde a cada quadrado. Portanto, alguns votos o Rangel talvez conseguisse ter se algum dia se apresentasse a votos nas legislativas. Mas mesmo levado ao colo pelo Expresso e demais comunicação social, com o Relvas a mudar-lhe as fraldas, com o láparo (agora em versão neo-taliban) a dar-lhe o comer à boca, com a múmia paralítica a sair da tumba para o benzer, e mesmo somando os burros, os dementes e os embriagados, ainda assim acho que o Rangel não conseguiria ter mais votos dos que o meu neto que é sub-delegado de turma teve. Até porque uma coisa é certa. Se há coisa de que o país não precisa é de um vulgar trauliteiro, de um histérico encartado, de um totó armado em fracturante, de uma irrelevante figura que melhor estaria num livro do Eça do que na vida política real.

Terceira pergunta: 

Porque é que tantas pessoas têm trabalhos da treta?

O tema agora apenas é apropriado a uma sexta-feira pois o que aqui se defende é coisa das boas. Mas é coisa séria e para levar a sério. Trabalhar apenas no que se gosta e apenas o estritamente necessário -- é o tema. Por exemplo, nos serviços, reduzir o horário semanal a um máximo de vinte horas (acho que esta não é aqui dita no vídeo, esta sou eu a dizer). Anular as tretas, as tarefas inúteis. Organizarmo-nos para que sobre sempre tempo para a vida pessoal, para o lazer. Não é possível em todas as áreas. Sempre que é necessária mão de obra especializada e escassa, não é possível. Mas então que esses sejam bem pagos por terem que trabalhar o dobro dos outros.

Claro que não é tão simples assim e claro que, para lá se chegar, há muito a planear, muito a ajustar. Mas, quando se quer uma coisa, geralmente basta trabalhar para isso.

Mas o melhor é ver  vídeo. Para quem prefere ler, transcrevo:

Our society is fixated on working. Some of us work 80 hours per week at jobs that don’t fulfill us simply for work's sake. Expert anthropologists, such as James Suzman, even go as far as to say that many of the jobs we work could be considered "bullshit jobs" - a complex job that is not entirely needed in the workforce. These jobs are created and executed because our culture, and lifestyle, are organized around the 8-hour workday. 

So why do we work "bullshit jobs?" Many economists would say it is to fix the problem of scarcity. But what many do not know is that in our society, we passed the scarcity threshold in 1980, and most everyone has their basic needs met. So much so that more food goes into our landfills than goes into our stomachs. If scarcity is no longer an issue, why are we still working over 40 hours per week? It's because people have a humane instinct to work and be productive. 

If the 40-hour workweek is no longer serving our society, could we be approaching a new economic utopia? Suzman thinks so. In the present day, especially since the COVID-19 pandemic, many workers are turning away from unfulfilling jobs and diving headfirst into their hobbies - cooking, writing, painting, and creating. If we keep on this path, our entire economic system is bound to change, making for a richer world where everyone does the work they want to be doing. 


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Desejo-vos um belo sábado

terça-feira, agosto 31, 2021

Há uma altura certa para começar tudo de novo?

 


Atrai-me a perspectiva de mudar de vida. No outro dia li no Guardian um artigo sobre uma pessoa que se reformou e resolveu fazer o que sempre tinha desejado: escrever um livro. Correu-lhe bem e já vai a caminho do terceiro. Anne Youngson tinha uma outra profissão, era engenheira, e, ao mudar, tudo na vida dela ganhou novo sentido. Gostei de ler e pensei que tomara que comigo aconteça o mesmo.

Quando estou de férias, com a perspectiva de não ter nada que fazer, penso: vai ser assim quando me reformar, não ter nada que fazer. Ou seja, uma seca. E sei que dificilmente suportarei estar muito tempo sem nada que fazer. Por outro lado, sei que o tempo pode ir passando sem quase a gente dar por ele se encher a vida de pequenas rotinas: levantar, pequeno almoço, caminhada, compra de frescos, fazer o almoço, almoço, arrumar a cozinha, descansar um pouco, arrumar a casa, regar o jardim, fazer outra caminhada, fazer o jantar, jantar, ver televisão, escrever no blog. A vida pode ser tranquila se for preenchida com rotinas assim, cada rotina um porto seguro. Quem vive uma vida assim jamais se sentirá perdido pois a navegação será sempre curta, com terra à vista, de pequena actividade em pequena actividade. Os anos irão passando, se a pessoa tiver cuidado consigo própria irá vivendo uma vida saudável, e os anos irão passando na boa.

Mas creio que isso não funcionará comigo. Se tiver saúde e os anos de vida suficientes, acho que iniciarei uma nova vida. No outro dia, ao falar com os meninos, o querido e irrequieto mano do meio falava na doença do Jorge Sampaio e dizia que, enfim, também já tinha quase oitenta e dois anos. Contrapus que a bisa tem mais que isso, que já vai a caminho dos oitenta e nove. Ficou muito admirado. Então disse-lhe que isso não tem nada de mais, que eu vou viver até aos cento e tal. Ele repetiu, incrédulo, como se não acreditasse. Repeti, convicta. Mas sei lá quantos anos vou viver ou se, estando lá, na provecta idade, quererei viver muitos mais anos. 

Quando faço anos, gosto de perguntar aos meninos se sabem quantos anos faço. E acertem ou não, costumo dizer que faço cento e tal. Por exemplo: 'Não senhor. Cento e três.'. E eles, espantados, pensando que ouviram mal: 'Sessenta e três?' E eu: 'Isso é que era bom... Não senhor, já disse: cento e três...'. Ficam sempre baralhados. Gosto de baralhá-los com a minha idade. No fundo, gosto de fingir que tenho diferentes idades pois assim vou vivendo por avanço idades a que não sei se chego. Mas chegue onde chegar, o que quero é ter sempre a impressão de que estou a fazer o que me apetece fazer.

Não fazer fretes, não deixar a vida passar sem pelo menos tentar fazer o que me apetece -- isso é o que tenho sempre em mente, até com algum sentimento de urgência.

Ao escrever isto dos fretes, ocorreu-me que já vivi situações na minha vida que hoje não viveria de modo algum. 

Por exemplo, na minha adolescência tomei uma decisão errada, quase involuntária. Porque estava furiosa com um namorado que tinha ciúmes de um outro mas que não fazia o que deveria -- que era, simplesmente, agarrar-me, abraçar-me e beijar-me --, para me vingar e para o picar, resolvi começar a namorar o outro, o alvo dos seus ciúmes. Na minha cabeça impulsiva, aquilo era mesmo só para ver se ele acordava para a realidade e vinha atrás de mim. Se viesse, de forma aberta e assertiva, se me agarrasse e dissesse que me deixasse de parvoíces e que me deixasse estar quieta, nos seus braços, a coisa ter-se-ia resolvido logo ali. Mas isso não aconteceu. Ficou sentido, passado, zangado. Acreditou que eu tinha mesmo optado pelo outro. E ao outro nem lhe passou pela cabeça que eu queria simplesmente provocar o primeiro e, apaixonado que era por mim, levou aquilo a sério. E eu, envergonhada, não consegui desiludi-lo. Gostava dele, era amiga dele, admirava o seu lado artístico. Mas claro que não era apaixonada. Foi um castigo para conseguir manter algum distanciamento físico quando, naturalmente, ele queria muito mais. Escreveu belos poemas sobre isso, sobre a minha estranha e persistente inacessibilidade. Eu inventava mil desculpas para fugir à intimidade que ele procurava. E fazia um sacrifício dos diabos para aturar os pais deles, que eram uma simpatia e que gostavam muito de mim, ou as tias, também amorosas, e que falavam comigo como se eu fosse alguma vez casar-me com ele. Por exemplo, lembro-me bem de como fiquei passada, passada da vida, quando ele, que adorava o meu cabelo e fez vários poemas sobre ele, me disse que queria que eu, toda a vida, tivesse o cabelo comprido pois era assim que queria ver-me até ao resto dos seus dias. Fiquei com vontade de lhe dizer: mas olha lá, acreditas mesmo que vais viver a tua vida ao meu lado...? Mas não disse, tive acanhamento, tive pudor, tive vergonha. E, sobretudo, tive pena dele.

Hoje já não suportaria viver um namoro de faz de conta, que aos olhos dos outros e dele parecia verdadeiro mas que eu, no meu íntimo, sabia que era uma ficção construída em cima de um equívoco que, por cobardia minha, não esclareci atempadamente. 

Quem me conhecia apenas percebeu que, da minha parte, aquilo era uma coisa forçada quando me viram deveras apaixonada por aquele por quem o meu coração se rendeu incondicionalmente, num daqueles coup de foudre que fazia estremecer as pedras da calçada. 

Se eu pensar na minha vida em retrospectiva posso dizer que esse período em que namorei alguém por quem não estava apaixonada, alimentando-lhe falsas expectativas e, depois, causando-lhe um profundo desgosto de amor, é o que mais lamento. Hoje nada daquilo aconteceria. Hoje, se gostasse deveras de outro, diria claramente a esse outro o que sentia em vez de o deixar a sofrer e em vez de agudizar a dúvida namorando com outro. E, se, sem saber como, me visse metida numa situação dúbia, em vez de fazer fretes e alimentar uma absurda ficção, rapidamente a enfrentaria e me veria livre dela.

Na altura, a inexperiência, o medo da reacção dos outros, a insegurança, sei lá, fez com que alimentasse durante três anos uma coisa que jamais deveria ter durado mais do que três dias.

Mas, enfim, talvez tudo tenha uma razão de ser e talvez a aprendizagem dessa duplicidade que a gente, mesmo sem querer, vai alimentando tenha servido para me me fazer saber até onde se pode ir nesse jogo de disfarces em que, às tantas, nós próprios já acreditamos. 

Agora sou diferente. Tal como Anne Youngson diz:  

You have a better sense of yourself as you get older," . 

“You begin to understand where you fit, and you are not so anxious about who you are and what people think of you. It is liberating. Actually, I’m a big fan of old age. I think everybody should experience it.”

Agora é tudo pão-pão, queijo-queijo. Se quero digo que quero, se não gosto digo que não gosto.

E se me apetecer ser jardineira ou escritora é isso que irei tentar ser. Não quero saber dos anos que terei pela frente, do trabalho que isso dará, dos escolhos que poderei ter que enfrentar. Se é por ali que quero ir, é por ali que irei. 

Entrar numa nova actividade, num novo mundo, conhecer outra realidade, ter que aprender tudo de novo, ter a humildade de ouvir quem sabe e agradecer a ajuda que queiram oferecer-me, conhecer outras pessoas -- tudo isso é das coisas que mais me entusiasma. Começar de novo. Começar tudo de novo.

Foi como a sensação boa de mudar de casa, mudar para um local completamente diferente. Vizinhos novos, hábitos novos. Um corte radical com a vida anterior. Tão bom.

E agora, cada vez mais, tenho vontade de começar a pensar numa mudança ainda mais radical. Nascer de novo. Dar os primeiros passos. Que vontade sinto, caraças.


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As joias são de diamantes e rubis e quem esteja interessado nelas pode deslocar-se até à Oūmäem
E Isak Danielson tira-me as palavras da boca quando canta: Remember To Remember Me

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Dias felizes

quinta-feira, dezembro 03, 2020

Natal à moda da Sta UJM: br>três presentes úteis, um bolinho fofo e um outfit à maneira, incluindo lingerie para donas de casa convencionais
-- e ainda uma criativa, requintada e muito eco-friendly árvore de Natal ---

 

O quarto ali do fundo está a servir de armazém de presentes de Natal. Fraco armazém. Este ano não há frescuras nem excessos. Apenas utilidades. Utilidades por contraponto a futilidades. 

Dito assim parece bem. Até a mim, que sou suspeita, me parece bem. 

Contudo, note-se que a utilidade e a futilidade são conceitos fluidos. O que utilidade para um é futilidade para outro. Um livro é útil ou fútil? Depende do livro, depende da pessoa que o vai receber. Ou umas meias. Se forem do tipo meias da tia pode ser que sejam utilidade. Se forem meias malucas pode ser futilidade. Ou o contrário.

Portanto, resumindo: nada a acrescentar.

Para mim só há uma coisa que eu gostava de ter. Já o anunciei. Há anos que alimento um secreto desejo de tal. Mas nunca me atrevi. Há coisas que requerem circunstâncias. E não que eu esteja certa de que as circunstâncias já existem mas, naquela minha nova onda de fazer (quase) tudo o que quero, achei que idos são os tempos de procrastinação. Se alguma vez os houve. Perguntei ao meu marido: 'Sabes o que é que eu gostava de ter pelo Natal, não sabes?'. Olhou para mim, espantado: 'Não. O que é?'. Há coisas que não dá para acreditar: 'A sério?! Não sabes? Já disse mil vezes'. Espantado: 'Não sei. Não faço ideia'. Voltei a dizer-lhe. Não disse nada, nem sequer quis detalhes. Isso preocupa-me. Se fosse eu, perguntaria logo mil coisas: cor, tamanho, tipo, etc. Ele nada. Fico sempre meio arrependida pois pode acabar por me aparecer o oposto. Uma vez, no início dos inícios, eu tinha-lhe dito que tinha visto um anel de ouro muito fininho com dois corações juntinhos, de marfim, debruados a ouro. Na altura ainda não havia consciência em relação ao marfim. Ou não seria marfim? Seria madrepérola? Não me lembro. Só sei que, quando o recebi, ao abrir a caixinha, vi um anel de ouro branco com um rubi. Fiquei parva. Nem queria acreditar. 'Mas o que é que isto tem a ver com o que eu gostava?'. Não se torceu nem amolgou: 'Gostei deste'. Pronto. Como se o que eu tinha dito fosse irrelevante. Outra vez vi uma moldura linda, em ouro velho, uma coisa em talha mas não excessiva, até com um toque de elegância. Íamos a passar e eu disse: 'Olha, se não souberes o que me oferecer, acho esta moldura muito bonita'. No Natal recebi uma moldura. O oposto, do mais linear e moderno que se possa imaginar, em aço escovado. Fiquei furiosa. Naquela altura ainda não tinha percebido que o mindset dele é o oposto do meu. 

Portanto. 

Ou seja, já não digo nada. 

Mais:

Ontem, estava eu ao sol, tocou-me o telemóvel. Um número não identificado. Atendi. Uma voz de homem perguntou se era eu. Confirmei. Disse que estava ao portão com uma coisa para mim. Quando me viu, disse que deixava ali. Deixou e pirou-se. Abri o portão e apanhei. Hoje, ainda mal estava eu a acabar de saborear a minha saborosa papa matinal (kefir, abacate, cajus, arandos, mel, canela) tocaram à campainha. Espreitei. Um rapaz ao portão perguntava se eu era eu. Confirmei. Disse-me que deixava ali. Deixou e pirou-se. 

Este é, pois, o 'novo normal' no meu Natal. Não é mau de todo. Excepto que, ao abrir as caixas, fico na dúvida com o que vejo. Ao vivo, teria ponderado. Mas penso que neste 'novo normal' do Natal, as ponderações devem ser guardadas para coisas mais úteis. Por exemplo, para decidir o tipo de pão que trago do supermercado. Aliás, devo aqui confessar, o pão é que anda a dar cabo da minha elegância. Há pão de toda a espécie e feitio e eu, que sempre gostei de pão e que, ainda por cima, gosto de experimentar coisas diferentes, não resisto. Ou isso, ou variedades de kefir. Ou frutos secos. Misturas de. 

Bem. 

Dilemas à parte.

Voltando aos presentes, tenho aqui três sugestões para presentes úteis. 

Umas luvas de tricot, quiçá até fáceis de fazer em casa, quentinhas e muito práticas, em especial para quem conduz:


Nestes tempos de confinamento, uns capacetezinhos das obras para os dedões dos pés para que, quando andamos descalços em casa, se dermos alguma topada, não os magoarmos. Muito, muito útil. Incontornável, mesmo:


Um prático porta fatias de pizza para quando queremos ir a algum lado, por exemplo, para a sala ver televisão, e nos apetece ter pizza para comer.


Tenho ainda a sugerir uns biscoitinhos adequados à época fria. Devem ser tão bons que estou capaz de dar uma trinca no ecrã. E isto não é para rir, é mesmo para levar a sério. Claro que comer ursos polares pode parecer a bit anti-ecológico (já para não dizer que nada vegan) mas, lá está, é o 'novo normal', ninguém leva a mal.


E grandes momentos requerem grandes toilettes. Portanto, aqui vai a minha sugestão para um outfit no masculino para homens de verdade. Os homenzinhos, ou seja, as amostras de homem, podem ficar-se pelo tradicional. Cuecas largas, meias da tia, carinha a descoberto. Mas os homens de verdade devem arranjar-se para o novo normal. Ficarão lindos. Podem até não ter mais nada em cima que esta sugestão é todo um programa. Jingle bells, jingle bells.


Quanto a mim e aos meus gostos, não foi este menino aqui abaixo que pedi, nada que se pareça, mas, se me aparecer no sapatinho, também não vou protestar. Acabei por me habituar a receber coisas que nada têm a ver com o que peço. Portanto, se vier, terei que me resignar e dizer: 'anda cá que és meu'. 


Finalmente, posso ainda sugerir aos maridos que têm esposas pudicas e conservadoras um conjunto de lingerie à moda antiga, coisa toda coberta, com uma camisolinha interior e tudo, verdadeiramente do tempo em que as mulheres ainda eram como deviam ser.


Ah não, agora é que é para terminar. 

Aqui deixo uma sugestão de árvore de Natal à moda do 'novo normal', eco-sustentável, um grito de revolta contra o consumismo e coiso e tal. Obtive-a aqui e acho que tem muita pinta. Fica bem em qualquer cantinho.

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Ficha técnica

Os três presentes são uma pequena amostra das criações de Matty Benedetto. O ursinho e outras iguarias podem ser vistas na Vogue francesa. O belo adereço de moda pode ser visto na Vogue italiana e a fantástica gargantilha Bulgari também. tal como a lingerie que é La Perla 

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E a si que está aí desse lado desejo um dia feliz 


sábado, março 17, 2018

Objectos de desejo






Gosto de sapatos mas não sou maluca por eles. Lembro-me de, em pequena, querer ter uns sapatinhos encarnados. Naquela altura não havia a variedade de tudo que há hoje. Lembro-me de ir pela mão da minha mãe, de sapataria em sapataria, procurando uns sapatinhos assim. Encontrámo-los e encheram-me de felicidade.Tenho fotografias com eles. Um orgulho bom.


Ao longo da minha vida tive vários sapatos encarnados. Agora tenho dois pares de saltos altos em camurça, uns simples, corte princesa, em encarnado rubro, e uns outros, em cor de tijolo escuro, com um franzido em cima. Tenho uns outros quase rasos, uma espécie de sabrina com uma ligeiríssima cunha. Esses são também de carmurça mas debruados a preto, um filet milimétrico de verniz preto, que lhes dá uma certa graça. Mas esses são muito baixos, não me dão tanto jeito. A verdade é que, de cada vez que vejo uns sapatos encarnados, tenho que me forçar a resistir à tentação. 

Esse gene dos sapatos deve ser forte porque passou para a minha menininha mais linda. Ela é que nem eu mas, em tudo, mais que eu: toda ela coquette e toda ela apaixonada  por toilettes e sapatinhos. 

Será futilidade isto que existe dentro de nós e que vem do nascimento, será. Mas não sei se há ser humano cujas células sejam todas fechadas, hirsutas, só profundidade, destituídas de leveza. Talvez haja. Mas há-de ser gente chata, chata, chata de meter dó. Digo eu. 


Também gosto de jóias, de pérolas, de ouro e brilhantes, de esmeraldas, de safiras, de rubis. E tanto mais quanto as há, lindas, em parecenças, a meia dúzia de euros cada. Gosto muito e ainda mais destas quanto não tenho que ter receio de as perder como quando são jóias de milhares. É um facto: não consigo andar desprovida de adornos. Por exemplo, não consigo sair de casa sem brincos. 

E gosto de objectos que sejam belos. Pode até ser uma pequena peça de cerâmica com gravura de Lalique, pode ser uma ampulheta com uma figura esbelta, uma bola de vidro transparente com uma gota atrevida lá dentro, pode até ser uma caneta com as flores do imperador. 

Que me desculpem os sisudos, as bem comportadas, os inofensivos e os amuados, os arrumadinhos por vocação, os que sabem a hierarquia académica dos valores, mas a beleza é fundamental e beleza que seja simples, espontânea, sem definições ou regras. E, para nos enlevar com um prazer inocente e bom, deve ser consumida em sãs misturas -- sapatos com colares com flores com conchas com um raio de luz com uma palavra secreta. Por exemplo.


Escrevo enquanto ouço a chuva a cair. Som tão bom. Da minha janela hoje não avisto gaivotas. Acolheram-se, não gostam de voar à chuva. Uma gaivota voando na janela, contra o rio em dia de invernia seria o apontamento de voo e leveza que traria aquele subtil toque de beleza de que os dias de chuva precisam. Mas, não havendo, há a música que estou a ouvir, as imagens que estou a escolher e é também igualmente bom. E estão vocês aí desse lado e isso, então, é mesmo, mesmo bom. Sentem como é bom?

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Um belo dia a todos.

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E aos que acabaram de aqui chegar e que não são dados a estas conversetas de tipo lero-lero, pois, então, recomendo que desçam que, abaixo, a conversa é muito outra.

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sexta-feira, novembro 17, 2017

Assunção Cristas e Marcelo estão em sintonia.
Jingle bells! Jingle Bells!

[O turbilhão da vida. Gosto.
Puro excesso. Tenho que conhecer.]



Já vi iluminações de Natal nas ruas, rotundas e praças. A meio de Novembro e já a rua se ilumina para acolher o Pai Natal. O Pai Natal ou o Menino Jesus. Quando eu era pequena, era o Menino Jesus que dava presentes. Ainda havia uma mística com cheirinho a religião. Veio a Coca-Cola e profanizou a cena. De um recém-nascido nuzinho, nas palhinhas, passámos para um barrigudo, barbudo e de pijama encarnado. Mas, claro, whatever. No outro dia, o que em tempos foi o ex-bebé da família e que agora está um rapagão enorme de seis anos, perguntava à mãe se havia mesmo Pai Natal. A mãe respondeu que isso era ele que tinha que descobrir. Ficou-se. Um desafio que vai querer superar.

Adiante. As lojas estão cheias de atractivos, luzinhas, ar de Noël. Ainda mal a gente não se despegou das roupas de verão e já é isto. Ao longo do dia, vou recebendo sms com promoções de toda a espécie e feitio. De perfumarias recebi hoje duas. Ontem outra de outra perfumaria.  Nem vejo. Melhor: nem vejo as outras. Descontos na segunda peça, bónus de não sei quantos euros, promoções que chegam ao 50%. Corrijo: espreito. Mas fecho logo a sms e não vou conferir às lojas.

Mas isto dos perfumes... que sacrifício tenho que fazer para não ir a correr para trazer uns quantos. Bem. Não precisava de ser muita coisa. Só para aí um Chanel. Um de cada perfumaria, bem entendido. Mas tenho resistido.

Ontem, ia a passar e deu-me o cheiro. Quando virei a cara, já vinha uma menina na minha direcção a dar-me uma fitinha com o novo Nº 5. Caraças. Que cheirinho. Um toque diferente. Mas, claro, upa, upa. Enfiei logo a fitinha dentro da carteira. Fica a perfumá-la. Cheirinho mais bom...

E, com isto, claro está que já aí estão os anúncios de perfumes. Um luxo.

Perfumes e jóias. Ah, o que eu também gosto de jóias. Dantes, quando eu dizia jóias referia-me a minudências que se vendiam em ourivesarias. Pérolas, por exemplo. O que eu gosto de pérolas. Tenho um colar em duas voltas de genuínas pérolas com um fecho em ouro e brilhantes. Tão bonito. Depois, uma vez, cedi ao facilitismo e comprei um longo, de pérolas de criação. Outros tempos. Sou completamente de outros tempos. Mas facilmente me adapto ao air du temps. Agora, quando falo em jóias, refiro-me a bugigangas a bom preço que se vendem por todo o lado e tão bonitas ou ainda mais do que as outras. 

No outro dia fui ao Continente. Ao passar, sempre à pressa, pareceu-me ter uma ilusão de óptica. Voltei atrás e era mesmo um expositor cheio de colares e brincos. Bonitos que só visto. Trouxe um colar giríssimo por 7€. Um fio elegante com umas quantas pérolas em rosa-chá intercaladas com pequenas bolinhas de ouro. Chique, chique.

Bem. 


O primeiro vídeo tem a Keira Knightley e trago-a aqui mais pelo que ela canta. Le tourbillon de la vie, antes interpretado pela Jeanne Moreau e que mais tarde a Vanessa Paradis reproduziu. Não terá a Keira uns dotes vocais ou uma sensualidade provocante que fiquem para a história mas, também, bolas, não queiramos tudo a toda a hora. Não canta...? Ok. Não canta mas encanta. E isso não é pouca coisa. Digo eu.

A seguir, um outro vídeo, daqueles que a gente até tem que respirar fundo. XS. Pure XS. Puro excesso. Não conheço o perfume. O meu compagnon de route usa o mesmo perfume há cinquenta mil anos, o Acqua di Gio de Armani pelo que não tenho pretexto para andar a experimentar perfumes masculinos. Mas o vídeo do Paco Rabanne é todo ele um excesso. Um excesso em bom. Um bom excessivo. Se bem que isto, o que é mesmo bom, nunca é excessivo.

Enfim. Adiante. Avialiemos.




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E jingle bells para todos


E, em época natalícia, uma boa notícia:

Assunção Cristas e Marcelo estão em sintonia.


Não sei se apenas sobre incêndios sobre se mais. Não interessa. Mesmo que apenas sobre isso, já é bom. Nem li o corpo do artigo, bastou-me o título. Boas, boas notícias. O país pode respirar. Estamos salvos. Com a Cristas a vender postas de pescada e o Marcelo a distribuir afecto, já ganhámos. Um salto quântico no desenvolvimento rural, na problenáutica da falta de água e na qualidade de vida em geral já cá cantam. Grande dupla. Só falta o Santana Lopes para se ter a neo-troika perfeita.


Jingle bells!

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sexta-feira, julho 14, 2017

Beleza e rêverie


Palavras, palavrinhas de que servis minhas meninas? Se eu convosco posso fazer o que quiser e pôr-vos a sonhar, a espernear, de pé, deitadas, a falar verdade, a falar mentira, a desenhar abraços ou a portarem-se como ingratas espadas, então, minhas lindas, de que servis vós?

Palavreio, palavrosa, palavroada, palavrainha, minhas coitadas meninas, para que vos hei-de eu querer? Se outros convosco vos melopeiam, vos tartamudeiam, se vos atiram ao charco, se vos amassam, lambuzam, torpedeiam, violentam, agridem, de que, minhas insignificantes menininhas, de que servis vós? Dizei-me. Falai.

Poemas, passeios descritos, argúcias dissimuladas, agressões, preversões, ilusões, para tudo, tudo, vós servis, vós, vós mesmas, suas vendidas. Para que vos hei-de, então, querer, suas malucas?

Páginas cheias de símbolos vazios de significado, páginas repletas de símbolos prenhes de significado, frases, parágrafos, tudo, tudo, tudo vago, tudo lábil, tudo levável pelo vento, tudo lavável pela chuva, embranquecido pelo sol, tudo despido de sentido, tudo carregado de sentido. Para que voais em torno de mim? Para que quereis que eu vos tome em minhas mãos? Para quê? 

Deixai-me. Deixai-me apenas ver em que param as modas. Deixai-me ficar a ver palácios, jóias, lábios pintados, olhares sedutores, balanceamentos elegantes, dourados, coloridos, olhares rendidos, apaixonados, ruas ao sol, brilhos em candelabros, passos atapetados, reflexos, inverdades. Não me tenteis. Deixai-me estar aqui apenas a querer ter aqueles colares, aqueles artísticos brincos, deixai-me pensar que quem ali vai tentando e abusando de tanta beleza sou eu. 

Quero sorrir sem ter que descrever o sorriso, quero maliciar sem ter que confessar a razão das minhas safadezas, quero desfilar o meu olhar sem ter que levar pela mão palavras que se põem feitas tontas a pôr em causa o que eu penso. Se penso que isto é beleza, logo me desafiam, que não, beleza é outra coisa. Se eu me ponho a imaginar-me vestida assim, sorrindo com uma boca feliz, logo as petulantes se empertigam nos meus dedos, que não, que não, que tenha eu juízo, que eu não, que eu não.

Desavergonhadas palavras. Falsas. Belicosas. Tentadoras. Insinuantes. Deixai-me. Não vos quero perto de mim.

A menos que me tragam ternuras e flores e abraços nas mãos ou escândalos presos nos dentes, não vos aproximeis de mim. Longe. Longe de mim. Dai-me descanso.

Agora vou ver os filmes. Depois logo vejo se vos dou nova oportunidade.


Dolce & Gabbana


Alta joalharia





Miss Sicily da Dolce & Gabbana: um baton irresistível




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Que bom poder não usar palavras

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quinta-feira, maio 18, 2017

Sara, olhos de diamante





25 anos. Linda. Belíssima. Toda ela flexibilidade, um corpo de jovem gazela. Desde pequena que se percebia haver ali uma bela mulher em potência. Nas adolescentes, percebe-se isso na forma como falam, na segurança que transparece dos seus gestos e expressões.

O querido Dr. Alberto Vaz da Silva dizia que a letra de uma mulher bonita é reconhecível. Mas não é só a letra. É a forma como olha, como sorri, como fala, como anda.

Sara é dessas mulheres. Gostava de ler a letra dela. Deve ser uma letra solar, solta, descontraída.

Aparece nas grandes revistas do mundo como uma das mais belas. Mais bela que os seus olhos esfumados só a sua meia trança quase desfeita -- dizem por graça

Dispa-se ou vista-se seja como for, de Anjinha ou de bad girl, Sara Sampaio dá sempre nas vistas. 

As revistas acompanham-na. Desde há algum tempo namora com Oliver Ripley, beautiful milionário inglês, CEO do Ocean Group, um grupo de empresas dedicadas aos investimentos. É lindo, uma coisa quase impossível e, anteriormente, foi casado com outra modelo.


Beleza puxa beleza, dinheiro puxa dinheiro, investimento puxa investimento. Tudo certo no beautiful word da moda, dos investimentos, das festas, dos altos cachets.

Sara foi a Cannes e deu nas vistas com a sua beleza. Presumo que não tenha superado o impacto das extarordinárias mamas de Susan que deixaram os fotógrafos embasbacados -- mas, ainda assim, não terão passado por ali muitas (mulheres) tão ou mais belas que ela.


Contudo, Sara Sampaio não desfilou com o belo e rico namorado que tem iates e outros luxos. Desta vez apresentou-se com o ainda mais bilionário libanês Fawaz Gruosi, um tal que costuma aparecer nestas cenas sempre com a mãozinha sobre uma bela modelo. É conhecido como o Rei dos Diamantes Negros e é o fundador do império das jóias De Grisogono


Vejo a mão de Fawaz na anca de Sara e vejo o seu sorriso algo forçado e imagino o frete que ali está a fazer ao desfilar com aquele homem de olhos azuis a meia haste quando certamente preferiria estar com o namoradinho de olhos igualmente azuis mas bem abertos. Mas, quando se circula no alto mundo da moda, grande parte do tempo deve ser isto: usar jóias deste e daquele, vestidos deste e do outro e, pelo meio, ter que aturar toda a espécie de chatos.

Ou seja, não era vida para mim. Gosto de jóias e de vestidos bonitos, não me importo de andar com gente com dinheiro mas uma coisa é certa: chatos não aturo, fretes não faço. E acho que não há diamantes negros, brancos ou frutacores que paguem a violentação da nossa consciência ou da nossa vontade.

Mas isto, lá está, sou eu a falar. Como a mim nunca ninguém se propôs pagar-me um batatão de massa para usar uns brincos e levar um velhinho pela mão, não posso falar com conhecimento de causa. Acho que diria que se fossem catar mas, sei lá.

Supondo que me aparecia um velhinho daquelas bandas e me dizia: pago trinta mil euros, pago o vestido e, no fim, ofereço os brincos. Só tem que andar comigo ao lado durante cinco metros e no fim tirar fotografias e fazer de conta que não está enjoada. Se fosse isso, sei lá se não aceitava. 

Cigana como sou, punha-me logo a regatear: trinta mil nem pensar, cinquenta. E os brincos têm que ser estes que vou mostrar. E nada de mãozinha nem na anca nem em lado nenhm. E faz favor de vir de pastilha elástica fresquinha na boca para não lhe sentir o hálito. E frete para não mais de quarto de hora, e olha lá. O taxímetro vai estar a contar, por cada minuto a mais, mais um par de brincos. E da Melody of Colours. E ao fim de cinco minutos, caem-lhe cinquenta baldes de água gelada encarnada em cima que é para ver se desiste de vez. E é pegar ou largar. 


Portanto, está-se mesmo a ver que, mesmo que algum velhinho, ceguinho e maluco, me convidasse, a coisa nunca iria resultar.

Tomara é que a bela Sara saiba também fazer-se cara e nunca chegue a casa enjoada com o que teve que aturar. Tirando isso, tudo certo.

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E desçam, por favor, para verem um monumento de fazer tirar do sério qualquer um/a:

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