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quarta-feira, janeiro 05, 2022

Jerónimo de Sousa versus António Costa; Ventura versus Rio; Catarina Martins, a loura, versus Ventura; Tavares versus Costa; etc, etc.

Com vossa licença, vou mas mas é aprender a Como não morrer

[E, de caminho, vou uma vez mais constatar que it takes two to tango]

 




Vi o debate entre Jerónimo de Sousa e António Costa. Jerónimo de Sousa, com ar vendido, sem viço, com uma conversa que frequentemente roça o populismo, usa um discurso vago, oco, dizendo verdades inegáveis mas sem apresentar uma única solução. O PCP disfarça o estado de exaustão ideológica dizendo banalidades. Não conseguiu explicar porque é que chumbou o orçamento quando era um orçamento que ia mais longe do que alguma vez se tinha ido na defesa dos direitos dos mais vulneráveis e na concessão de regalias aos mais carentes. Não consegui explicar, claro. Enunciou pretensas medidas inexequíveis e ilusórias mas enunciou-as de forma gasta, sem vida.

A questão do salário mínimo, por exemplo. Claro que toda a gente gostaria que o salário mínimo desse um valente salto. Mas... e depois? Iria encostar-se ou ultrapassar os outros salários? Esses teriam que subir. Mas... iam encostar-se ou ultrapassar os seguintes...?

E as empresas iriam aguentar o embate dessa subida generalizada dos custos de mão-de-obra sem repercutir nos preços de venda? Provavelmente não. Com as margens de lucro esmagadas como andam por quase todo o lado... Mas os clientes iriam suportar o aumento de preços...? Bom, se calhar não.

É que, como António Costa referiu, grande parte dos possíveis beneficiários não são funcionários públicos ou trabalhadores de empresas altamente lucrativas. Grande número das pessoas que usufruem do salário mínimo trabalha em pequenos restaurantes, pequenos cafés, pequeno comércio. Numa altura em que todas essas pequenas empresas estão tão causticadas pela pandemia, como infligir-lhes ainda outro golpe...?

Subir o salário mínimo, sim, claro. Mas de forma gradual, de modo a que toda a cadeia económica consiga adaptar-se. 

O PCP e o BE não percebem isto? Bom. Se não percebem isto, então, mais vale que se dediquem a outra actividade, não à política ou a qualquer função em que se exija algum sentido de responsabilidade.

E, se percebem isto e, ainda assim o defendem, então das duas uma: ou querem o mal do país ou acreditam que a malta não percebe a sua hipocrisia.

Agarrado a conversas velhas, sem vida, o PCP continua, pois, a sua trajectória descendente. Não tem nada a propor. Continua a exibir jargões gastos, bandeiras que não convencem ninguém.

Antes vi excertos do debate de Rui Rio com o Ventura, Rui Rio com a Catarina Martins, Catarina Martins com o Rui Tavares.

A única coisa nova nisto é o cabelo da Catarina Martins: agora está loira e com madeixas.

Tirando isso, mantém-se populista, demagógica. Mostra que a deslealdade lhe corre nas veias, em abundância. 

Tal como Jerónimo de Sousa, usa argumentos hipócritas para defesa das suas indefensáveis atitudes.

Fui defensora e, depois, apoiante de uma solução à esquerda, apesar de já antes o PCP e o BE se terem aliado à direita para abrirem a porta a um governo de direita, um dos piores de sempre, o de Passos Coelho e Paulo Portas. Mas achei que traição tão grave acontece uma vez na vida. Acreditei que as probabilidades de voltar a acontecer eram mínimas.

Afinal aconteceu uma segunda vez. Sem outra justificação que não a de ceder ao facilitismo de querer agradar ao seus militantes mais fundamentalistas, Jerónimo e Catarina uniram-se ao Rui Rio, ao puto Chicão e ao execrável André Ventura, abrindo uma incompreensível crise. Idem ao IL mas esse não conta. Só conta, como já o disse, porque acho o Cotrim de Figueiredo uma bela figura de homem, ainda por cima sempre elegantemente vestido. E sabe falar e apresentar-se. Ora, na política, isso é importante mas não chega.

Mas, voltando ao PCP e ao Bloco. Tenho lembrado amiúde a propósito do comportamento destes dois partidos: Roma não paga a traidores. Portugal também não. Não perdoamos a traidores, ainda por cima traidores reincidentes. Da parte que me toca, e não passo uma simples e insignificante votante, não apoiarei novo acordo que envolva partidos nos quais o Jerónimo de Sousa, a Catarina Martins ou as manas Mortáguas estejam ao comando ou que tenham o cardeal Louçã na rectaguarda. É gente em que não é possível confiar. Lamento mas é coisa que não consigo ultrapassar. Não perdoo actuações políticas desleais, irresponsáveis, hipócritas.

Claro que Rui Rio também não é flor que se cheire: que não haja dúvidas sobre isso -- é errático, incoerente, é um troca-tintas, um tangas, não tem uma linha de rumo firme. Já deu mil provas disso. Não tenhamos pois dúvidas. Mas, a ter que contar com o apoio de algum partido, e se o Livre e o Pan (partidos relativamente neutros e em que, apesar de alguns excessos a absurdos, parece haver algum bom senso) não chegarem, preferiria que se desse uma little e controlada hipótese ao Rui Rio do que esperar que a demagoga e populista Catarina Martins e o gasto e servil Jerónimo (servil perante a linha dura dos seus militantes) traiam uma vez mais os seus eleitores (e o eleitorado de esquerda em geral).

Claro que preferia que o PS atingisse uma maioria estável sem necessidade de ficar na mão de quem começa bem mas acaba a chantagear. Confio no António Costa e confio na sua capacidade para formar e gerir equipas competentes e sérias. Confio na sua visão humanista e europeísta, confio na sua capacidade de ajustar um rumo estratégico face às circunstâncias adversas que vão ocorrendo, confio na sua capacidade de introduzir temas inovadores e na sua capacidade de ouvir e articular partes contrárias. 

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E agora ainda vou ler mais um pouco. 

Tenho andado a ler à vez: um pouco do Para quê tudo isto?, biografia de Manuel António Pina e um pouco do Como não morrer.

Comprei o segundo livro para a minha mãe. O bom efeito da nutrição na prevenção e tratamento de doenças é o género de livro de que ela gosta, ainda mais escrito por um médico. Depois de o ter comprado, cá em casa folheei-o e pareceu-me bastante interessante. 

Pensei que seria interessante para nós, cá em casa. Então, lembrei-me de o oferecer ao meu marido pelo Natal. Ofereci-lhe também o Jerusalém, a biografia. E, então, no meio da confusão da abertura dos presentes, todos a darem presentes a todos, abre ele o pacote com o Como não morrer e eis que o vejo ficar com ar estupefacto e os filhos a rirem e, ao mesmo tempo, a acharem que era um presente disparatado. Não percebi porquê. Não sei se acharam que era alguma indirecta, assim como se fosse um livro que se dá a alguém que está quase a bater as botas, se quê... Se o livro fosse: Como morrer mais depressa eu ainda perceberia que houvesse desagrado e estupefacção. Agora... é justamente o contrário... Nem é um livro dedicado à terceira idade. Não. É um livro bem escrito sobre as principais doenças causadoras de morte e como a medicina tradicional as encaram vis a vis uma alimentação saudável e equilibrada e um exercício físico adequado para as prevenir e ajudar a combater. Vou lendo aos bochechos e, até ver, estou a gostar de ler. Até estou a pensar oferecer aos meus filhos. Acredito piamente que uma vida saudável e uma alimentação equilibrada são fundamentais. Não garantem a vida eterna -- e ainda bem porque a vida eterna deveria ser uma seca -- mas talvez ajudem a viver melhor.


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As pinturas de Odilon Redon não têm muito a ver com o texto mas também o Vejam bem do Zeca não tem e não é por isso que deixa de ser aqui muito bem vindo.

E, para provar que não há limites para o despropósito e para lembrar que são precisos dois para dançar o tango, trago aqui, uma vez mais, o belíssimo tango dançado por Al Pacino e Gabrielle Anwar no Perfume de Mulher.


E se é bom ver Al Pacino a dançar, imagine-se o que será dançar com ele...


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Desejo-vos uma boa quarta-feira
Boa sorte. Saúde. Boa disposição. Coragem.

quarta-feira, junho 12, 2019

Sinais. Ruben. Olhares. Árvores. Memórias.
E um tango com o perfume de uma mulher.





Há gente que a gente não conhece e de quem, no entanto, já se habituou à companhia. Dois deles são da rádio. Não são só esses mas desses eu hoje quero falar. Poucas vezes consigo ouvir os Sinais do Fernando Alves mas, quando posso, não perco e, mesmo antes dele começar, já antecipo o arrepio que sempre sinto quando aquela voz encorpada roça aquelas suas melódicas palavras que caminham para o final no qual tudo converge, como braços de rio a avançar para uma doce enseada. E não desconheço a mecânica dos rios, não, usei mesmo aquela imagem por deliberação porque assim as palavras dele, correndo, sobressaltando-nos ou levando-nos nos braços e, no fim, não se perdendo no mar mas, antes, tudo se resolvendo e aquietando, represado em nós.


Hoje consegui ouvir. Falava de olhares, de uns olhos azuis e de uns outros, verdes que ficavam amarelos, falava de duas mulheres, uma que recordava e outra que ouvia, e falava também de um poema de Octavio Paz.

Cheguei aqui para ouvir outra vez, o arrepio a querer de novo percorrer-me a pele. E, então, aparece-me o Nónio, que quer que me registe se quero ouvir os Sinais. Um desconsolo. As belas palavras e profunda voz do Senhor Rádio a serem condicionadas por uma treta contra a qual os jornalistas deveriam manifestar-se. Gostava de aqui poder partilhar convosco o que senti ao ouvi-lo. Não posso, não quero ser condicionada desta forma tão escancaradamente absurda. 


E queria, a propósito do que ouvi e de outras coisas cá minhas, falar de olhares, de como, para mim, é indispensável o contacto visual com o olhar do outro. Pelo olhar me desnudo, pelo olhar procuro a alma do outro. E queria contar como os meus olhos mudam de cor e como me desreconheço quando espero um tom do fundo do mar e os vejo, no espelho, da cor de pedras reluzindo ao sol e não sei se é o espelho que lhes dá a luz ou se são os meus olhos que inventam cores novas quando se vêem ao espelho. E queria contar que os meus olhos míopes parece que não precisam de ver para me darem a conhecer o que dizem os olhos dos outros e adivinham até o temor dos que não deixam que os meus os olhem de frente e em profundidade, como que receando que eu mergulhe fundo demais. Mas isto, se calhar, não é bem assim, isto, se calhar, sou eu que sou dada a rêveries, a inofensivas loucuras.

Mas, pronto, não tendo eu para aqui partilhar convosco os Sinais, não falo. 


E foi também no carro que tive uma má notícia: tantas vezes a nossa companhia ao sábado junto à hora do almoço, Ruben de Carvalho -- que se divertia à grande com Jaime Nogueira Pinto, os fantásticos Radicais Livres -- tinha-se libertado das amarras da vida. E escrevo assim não porque a hora careça de metáfora mas porque não gosto de usar a palavra certa. A palavra certa assusta-me quando a a ceifa atinge pessoa que me faz boa companhia. Parece que receio que contagie, que seja mau presságio. Evito.

Muitas vezes tínhamos que levantar o som, apurar o ouvido, eles falavam ao mesmo tempo, riam-se, tinham o prazer da concordância, sempre contentes por se lembrarem das mesmas coisas ao mesmo tempo, avindos apesar de tudo. Histórias, episódios, apartes -- e sempre ambos a completarem-se, rindo da sintonia. Riam um do outro, o da esquerda e o da direita, gozando com a própria irreverência face à ortodoxia. Radicais e livres. E agora o Jaime Nogueira Pinto não terá o seu amigo para desfiar memórias e opinião a par e par e nós, no carro, não teremos o prazer de o ouvir trocando postalinho com o seu companheiro. 


Se calhar vai chegar o dia em que vou começar a sentir que o meu mundo vai ficando mais pobre, sem muitos daqueles que acompanham os meus passos. Ainda não quero dizer isso porque não sou fatalista, não gosto de curtir tristeza. Mas custou-me mesmo que ele se tivesse ido embora e, ainda por cima, sem dar aviso, sem que eu fosse criando mentalização para o que estava para vir. E falo de forma egoísta, não falando no sofrimento dos que lhe são próximos, falando apenas de mim, no carro, a ouvi-lo. Mas acredito que, quem fala na rádio, fala como se falasse para cada um que o ouve e é dessa tertúlia agradável e culta que vou sentir muita falta.

Mas é assim mesmo a vida, cheia de coisas destas, de olhos que se fecham, coisas nem sempre esperadas, coisas que nem sempre causam arrepio bom na pele.

Mas continua. Sempre continua, a vida. 


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Os teus olhos  -  Octavio Paz

Tus ojos son la patria del relámpago y de la lágrima, 
silencio que habla, 
tempestades sin viento, mar sin olas, 
pájaros presos, doradas fieras adormecidas, 
topacios impíos como la verdad, 
o toño en un claro del bosque en donde la luz canta en el hombro de un árbol y son pájaros todas las hojas, 
playa que la mañana encuentra constelada de ojos, 
cesta de frutos de fuego, 
mentira que alimenta, 
espejos de este mundo, puertas del más allá, 
pulsación tranquila del mar a mediodía, 
absoluto que parpadea, 
páramo.

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E para não chegar ao fim num tom dolorido, com saudades de olhares longínquos, com a melancolia de amores perdidos uns dos outros, com a nostalgia de vozes que gostaríamos de ter perto de nós, vou lá acima trocar o Nocturno pelo Redemption e vou colocar as minhas palavras sob a copa das minhas tão amadas árvores que me abrigam quando estou in heaven

Ou melhor: vou acabar a dançar. E vou buscar um dos tangos mais enternecedores e mais sedutores de que tenho memória. E com uns olhos que, na realidade, vêem mas que ali, não vendo a fingir, vêem mais do que todos os olhos que com ele deslizam no salão, a menina deslizando nos seus braços, rendida, transportada.



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Entretanto, por gentileza de um Leitor num comentário abaixo e a quem muito agradeço, recebi a indicação de aqui se consegue ouvir a crónica do Fernando Alves:

http://podcast.static.tsf.pt/sin_20190611.mp3



sexta-feira, setembro 25, 2015

Vem, vamos dançar um tango







Aí onde estás, amor meu, não me vês. Eu estou aqui, estou a falar contido - mas tu não me vês. Fecha os olhos, faz de conta que és cego. Poderás ouvir as minhas palavras, inventar o calor o meu corpo, imaginar o perfume que se desprende dos meus cabelos - apenas não me poderás ver. Aguça, pois, todos os teus outros sentidos, incluindo o da paixão.

Não serás de danças, eu sei. Gostarás de ouvir a música, imagino-te talvez deitado no chão, talvez de olhos fechados, talvez sentindo a vibração que liga a terra, o teu coração, os teus pulmões, todo o teu corpo inquieto ligado à paixão de quem a compôs. Os acordes farão vibrar as cordas da tua emoção, imagino.

Mas hoje não. Hoje quero-te de pé, disponível para mim.

Deixa que eu te ensine, da dança, o sabor do tango; da vida, o enleio da paixão. 

Para começar, meu querido, pensa que nada tens a provar. Quero-te como se tivesses nascido hoje vindo directamente para os meus braços. Quero-te sem nada saberes, sem nada temeres.

Vem. Dá-me a mão, deixa que te leve para o canto mais escuro da rua, lá onde não há janelas de onde nos vejam, nem sombras, nem sustos. Vem. Somos só nós dois, nós e o tango que nos chama.

Aproxima-te. A partir de agora entrega a tua vontade nas minhas mãos. Não penses em nada, deixa-te apenas levar pelo desejo de me conquistares.

Não receies o meu corpo nem o que eu vou fazer com ele. A cada passo teu, o meu corpo ampliará a emoção e rodopiará entre os teus braços, eu toda entregue ao prazer de te conquistar. Nada faças, acompanha-me apenas.

Sente o meu perfume, sente a minha pele, sente como o meu coração bate junto ao teu. Abraça-me, a tua mão deslizando nas minhas costas nuas. Encosta os teus lábios ao meu pescoço. Deixa que a minha perna rodeie a tua, deixa que a tua se aventure entre as minhas, faz-me rodar até que uma vertigem me atire ainda mais para os teus braços.




Mas espera. Espera. Espera. 

Simula que me rejeitas. Simula. Farei o mesmo. Rebelde, afastar-me-ei. Rejeito-te, eu. Mas não demores, não deixes que me tome de amores por outro. Sou tua, és meu. Procura-me, pois, persegue-me, rapta-me, envolve-me, encosta o teu corpo ao meu, deixa que o meu peito sinta a tua face, o calor dos teus lábios frementes. Domina-me, desequilibra-me, faz com que apenas os teus braços me sustenham. Não me deixes cair, estou nas tuas mãos. Cuida de mim, acarinha-me.

Mas.

Não te iludas.

Deixa que te engane, quero que penses que nada sou sem ti, quero que te entregues ao engano da posse. Toma-me que eu vou deixar-te tomar-me, quase, quase. Depois vou mostrar-te que não tenho dono, que me dou a mon seul désir, que me deixo embalar e conquistar apenas para me dar prazer. E a ti. E a ti, que te quero dar prazer. Conquistas-me e eu conquisto-te, eu e tu, corpo a corpo, o meu coração nas tuas mãos, o teu corpo à minha disposição, meu, meu, pour mon seul plaisir.

Não, não acredites. Para meu só, não. Para nosso prazer, dos dois, dos dois. Amor.

E, agora, chega. Respira. Respira, amor meu. Respira. Respira devagar.

E descansa, que os teus braços me envolvam, que o meu amor te sossegue. Te sossegue, mas não muito. Mas não muito. Mas não muito, amor meu.

A lua desceu o olhar. Ama-me de olhos fechados, cego ao mundo, e acende bem vivo o fogo silencioso da tua paixão. Ama-me. Ama-me.




segunda-feira, janeiro 09, 2012

Nova Receita de Homem ou aquilo que as mulheres devem requerer de um homem - Os 10 mandamentos e o tão desejável bónus

 
Que sejam os homens a declarar o que, em sua opinião, torna uma mulher interessante.

Mas sobre o que uma mulher prefere nos homens vou aqui dar a minha opinião, ou melhor, vou fazer um refreshment (em tempos escrevi uma Receita de Homem, Aula Teórica e Casos Práticos e uma Adenda e até hoje tenho imensas visitas a essas páginas (devem ser os homens a ver se aprendem a lição).

Pode rever aqui. Desse post poderá saltar para os outros dois que o precederam (poderá encarar-se como uma sessão de coaching em três actos).

Agora não vou ser muito original porque penso o mesmo há muitos anos. Talvez varie a minha tolerância ou intolerância mas, no essencial, a coisa mantém-se quase inalterável. De qualquer forma, vou escrever livremente e nem vou ver o que escrevi há um ano atrás, para não me sentir condicionada.

Vou ilustrar com figuras ligadas ao cinema e espero que volte a ser um colírio (vidé um dos comentários da Dona da Casa)  para os olhos das meninas (ou de alguns meninos - tanto se me dá).

As fotografias são, na sua maioria, da Annie Leibovitz, claro; também há uma uma de Irving Penn e há outra cujo autor não identifiquei.

Mas então cá vamos.

.1.

Clint Eastwood por Annie Leibovitz

A inteligência é talvez o mais importante e é absolutamente indispensável. O amor, tal como a paixão, tal como o sexo, é una cosa mentale. Nunca se esqueçam disso.


.2.

James Gandolfini, Tony Soprano, por Annie Leibovitz

O sentido de humor, que é uma manifestação superior e saudável da inteligência, talvez venha logo a seguir. Um homem que faça rir uma mulher está no bom caminho. Se você que é homem, é desprovido de sentido de humor, esqueça.

.3. 

Johny Depp por Annie Leibovitz

Ter um q.b. de malícia, de preferência uma malícia requintada (e não me pergunte o que é isso porque é indizível) é muito importante. Saber olhar, saber mostrar que quer, saber dizer que quer – sem ser vulgar, maçador, cola – é indispensável. Se você que é homem, é um tímido incorrigível, se tem vergonha de olhar, se tem medo de dizer, esqueça.


.4.

John Malkovich


Ter interesses, de preferência interesses inesperados, é um plus que não se dispensa. Se você que é homem não é capaz de se interessar por coisa nenhuma, se não consegue ter uma conversa de jeito, esqueça.

... Ter interesses, sim, mas nada de exageros, nada de obsessões porque se monopolizar uma conversa com citações, nomes de autores, nomes de livros, anos de edições, pormenores fastidiosos quando desfiados com ar erudito, ou nomes e hábitos de passarinhos, ou se souber tudo o que há para saber de marcas de carros, motores, cilindradas, provas de condução, ou quaisquer outras manias levadas ao exagero, esqueça.


.5.

Sean Connery por Annie Leibovitz


Ser razoavelmente culto, com curiosidade por aprender e com consciência das normais limitações de qualquer ser humano, gostar de partilhar generosamente os conhecimentos e as dúvidas ou as perplexidades, são coisas imprescindíveis. Gente ignorante, gente que acha que já sabe o suficiente ou gente que não tem noção de que o que sabe é uma infinitésima parte do que há para saber, gente que não gosta de ensinar ou discutir humildemente, ouvindo as opiniões alheias, é coisa que não se pode suportar.


.6.

Daniel Day-Lewis em The ballad of Jack & Rose

Ser carinhoso, afectuoso, meiguinho (mas não carente, melga, pegajoso) é obviamente indispensável. E deve perceber que a vida a dois deve ser uma relação win-win. Não é uma luta corpo a corpo, olho por olho, dente por dente. Amizade, afecto, compreensão, respeito, tolerância são as buzz words a fixar. E deve perceber que deve ser capaz de olhar com doçura, ter um abraço aconchegante, ter um beijo insubstituível.


.7.

Jamie Foxx por Annie Leibovitz
 
Vestir-se bem é muito importante mas, apenas, se tiver o cuidado de não se perceber que tem cuidado com isso. Um homem que vista um fato de riscas com camisa de riscas ou quadrados, ou uma camisa assim e gravata às bolinhas, ou um homem que use uma gravata shining cor de rosa ou amarelo bebé, ou que use alfinetinhos de gravatas, ou um anelinho no dedo ou uma pulseirinha ou outras coisas do género, só se tiver como target uma mulher desesperada que esteja por tudo. Um homem quer-se sóbrio, discreto, deve fazer-se notar por si mesmo, quanto muito pela forma como a roupa lhe cai bem e não pela roupa em si. Homens com manias de modas, de marcas, todos com coisinhas, são para esquecer. Já agora que saibam que calças desportivas, de sarja de algodão ou bombazina não se usam com vinco, please...


.8.

George Clooney por Annie Leibovitz



Os homens não devem ligar mais do que o socialmente tolerável a gadgets. Os que os exibem a torto e a direito, já viram o meu iPad?, já viram o meu relógio?, já viram a minha caneta? já sabem da minha mota? - só me fazem lembrar aquelas meninas parvinhas com estojos cheios de lápis, canetinhas, apara lápis, tudo da Hello Kitty. Meninas fujam dessas fracas cabecinhas!


 .9.

Alex Atala, um chef, por Annie Leibovitz

Homens que saibam cozinhar têm uma óbvia vantagem sobre os outros (desde que preencham os pré-requisitos anteriores, claro...!). Se, então, souberem fazer uma comida requintada, gourmet, isso será ouro sobre azul mas há que não querer o impossível.

Por isso, se souber fazer uma coisa simples já se aceita. Mas se nem isso, ao menos que faça uma salada decente, bem apresentada. Ou que saiba, no mínimo, preparar uma tábua de queijos ou, vá lá, ao menos apresentar um prato de pão devidamente cortadinho e organizado. Mas alguma coisa deve ser capaz de fazer. Se você que é homem, não está nem aí e é daqueles que, chegada a hora, se apresenta, todo lampeiro, para papar, quase que para lhe darem a papinha à boca, esqueça - será descartado na primeira oportunidade.

.10.

Damien Hirst por Annie Leibovitz

Um homem deve ainda portar-se mal de vez em quando, dizer disparates injustificáveis (de vez em quando), deve ser capaz de se rir de si próprio, deve ter um toque de louca imprevisbilidade, deve, sobretudo, ser capaz de mostrar que é humano e imperfeito. Meninos da mamã, tozés-seguros e outros betinhos que tais, são uns maçadores sem pitada de graça.


 .11.
(Bónus)

Al Pacino que dançou um dos melhores tangos da história do cinema
aqui por Irving Penn

Já agora, uma coisa que faria toda a diferença mas aí já eu acho que, nós, mulheres, temos que condescender - seria a cereja em cima do bolo se soubesse dançar tango com garbo, sensualidade, malandrice.

Mas isso, se há homens que cumprem com estes 11 requisitos, quem os descobre, fecha-os a sete chaves. Nunca vi nenhum. Consta que há uns quantos enclausurados em caves, tipo Natasha Kampush, não vá alguma outra mulher deitar-lhes logo a mão. Eu deitava.


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E é isto, meus Amigos do sexo masculino (e que gostam de agradar a mulheres), aprimorem-se, treinem.

E vocês, minhas Amigas casadoiras, sujeitem os candidatos a um testezito psico-técnico para não levarem um gatinho mal amanhado em vez de uma lebre ou melhor, (não vá as lebres serem todas do sexo feminino), em vez de um tigre.


Divirtam-se e tenham uma boa semana!

 

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Cubanos descobrem e testam vacina terapêutica contra o cancro do pulmão; vacina contra o cancro da mama pode estar disponível em três anos; e investigadores do CERN próximos da localização da 'partícula de Deus, o bosão de Higgs. E mais!


Hoje algumas boas notícias. Não limitemos a nossa visão ao que as televisões nos mostram em prime time. Há vida para além disso, olá se há...!

1. Trancrevo: "Uma equipa de investigadores cubanos anunciou que foi patenteada a primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão. A comunidade científica internacional está atenta a estes estudos e na América Latina já são vários os países que se preparam para registar a vacina."


A notícia completa pode, por exemplo, ler-se aqui. Claro que há a prudência habitual, mas o estudo dura há bastante tempo, já estão a ser efectuados testes em mais de mil doentes sem danos colaterias e já se está a estudar a extensão do tratamento a outros tipos de cancro e outros países já estão a preparar-se para o adoptar, nomeadamente o Brasil e a China.

Ou seja, ainda não é oficial, mas a esperança aumenta para quem está a passar por momentos de susto e a esperança é meio caminho andado para que a energia positiva combata o bicho.


2. Transcrevo: "Uma vacina para o cancro da mama pode estar pronta em três anos depois de terem sido alcançados surpreendentes resultados experimentais. Uma partícula que treina o sistema imunitário para destruir tumores resultou em 90% dos casos dos testes laboratoriais."


Excelentes notícias para todas as mulheres. Os testes devem começar em 2013. A notícia completa pode ver-se, por exemplo, aqui.


3. Transcrevo: "Os cientistas do CERN dedicados à procura do misterioso Bosão de Higgs, também conhecido como a "partícula de Deus", anunciaram hoje terem dado passos importantes para localizar a que é considerada a mais elementar das partículas atómicas constitutivas do universo." Estamos, pois, no domínio da física da matéria, das partículas elementares, tema que me interessa, tema que me emociona. Falamos daquilo de que tudo é feito, de que somos feitos, de que o universo inteiro é feito. Falamos de partículas cuja existência é comprovada através do rasto que deixam quando são aceleradas.



Nada nos é mais interior, nada nos é mais comum e, no entanto, nem nos lembramos de que não sabemos ainda como foi formado o universo, não sabemos ainda de que matéria somos feitos, quais as partículas sub-atómicas que justificam a massa, ou a atracção dos corpos.

Os cientistas estão optimistas e confiam que 2012 será um ano inesquecível,  o ano da descoberta do enigma primordial. Assim o espero.

A notícia completa pode ser, por exemplo, aqui.


4. Podia por aí continuar mas estou perdida de sono e o que há de bom para dizer é imenso. Até para as gordas (e para os gordos) a solução parece estar a caminho - está a ser testado (em macacos) um medicamento que se dirige às células de gordura branca, as mais prejudiciais ao organismo. ..!


 
Por isso, meus amigos, para quê essa neura toda?

O Passos Coelho só diz patetices sem nexo? O Álvaro continua desaparecido e nem na Autoeuropa o vimos? Andam à toa sem saber o que andam a fazer? Estão a afogar a economia e nem se apercebem do dano que andam a causar? A Europa está numa deriva suicida? Tudo mau, tudo mau?

Não, meus amigos. Estas patetices têm os dias contados. Aos poucos as pessoas vão pressionar para que ísto pare. A governação não pode estar eternamente entregue a tecnocratas de vistas curtas, sem noção do que é governar olhando para séries longas e não para pequenas amostras temporais de 4 ou 5 anos, sem noção do que é a história, do que é a vida das pessoas. Um dia as pessoas vão acordar e vão dizer que têm apenas uma vida para viver e que essa única vida não pode ser passada a expiar a culpa de uma meia dúzia de especuladores, de gananciosos, que estoiraram com isto tudo. Vão acordar e vão dizer que a vida é para viver a olhar para a frente, a construir um futuro e não a expiar penas do passado, que querem viver bem, com perspectivas, com esperança.

Esse dia não está longe.

E, meus amigos, não nos esqueçamos que entretanto o mundo está em progressão, a ciência avança, as boas notícias existem. Saibamos vê-las, saibamos vivê-las.

Para a frente é que é caminho!

E que toque a música, ora essa!


E agora, meninos e meninas, vamos lá a arranjar par e vamos mas é dançar. Por una cabeza. Tango, pois claro. What else? É um bis, aqui, mas que mal tem isso se eu gosto tanto...?

PS: Não se arranja par para o tango com essa facilidade...? Não tem problema. Pegue numa vassoura e avance para a pista. Sem medo. E que toque a música outra vez.



Bom dia!!!!

terça-feira, julho 12, 2011

As bolsas no vermelho, a Itália e os EUA num sufoco, nós tidos como lixo e eu a pensar em tangos. Valha-me o Al Pacino.

Comecei por ver o Durão Barroso na RTP, na entrevista à Fátima Campos Ferreira (bem, melhor do que é costume, directa, sem estar agressiva ou destravada como às vezes lhe acontece). Nada de novo, a entrevista. Durão Barroso é o que é, cauteloso, uma cuidadosa gestão da imagem e um controlo apertado do que diz. Dali nunca se ouvirá uma ideia empolgante, um rumo que nasça de um golpe de asa.

Depois, passei para a TVI 24, onde decorria um dos inevitáveis debates sobre a dívida, sobre a crise financeira que alastra como uma mancha incontrolável, sobre o ataque das agências de notação, sobre o dólar e o euro, sobre a Itália e sobre os EUA [os maiores também a ajoelharem na arena financeira, onde ultimamente sucumbem os que têm alguma vulnerabilidade, vítimas indefesas dos vorazes apetites especuladores], sobre o Eurogrupo, sobre as bolsas à beira de um ataque de nervos, sobre as empresas desvalorizadas até à medula, e sobre essas coisas de que agora todos falam com ar sapiente e muito douto, como se soubessem que isto ia acontecer desde que nasceram.

E, como se o tema já não fosse suficientemente enervante, ainda me aparecem umas pessoas que têm um tom de voz e um arzinho arrogante que me maça de uma maneira...

Helena Matos, jornalista e tão irritante, senhores...

Por isso, se me permitem, (também tenho direito aos meus momentos de alienação), vou partir para outra. Música, dêem-me música, por favor. E, já agora, levem-me a dançar.

It´s two to tango e eu nunca tive quem me levasse assim nos braços, pista fora, deslizando, tombando, num jogo de sedução e conquista, avanços e recuos. Pés de chumbo. Mas, também como nunca aprendi, provavelmente se tivesse um par à altura experimentaria uma severa desilusão pois isto de se deixar ir talvez não seja bem assim, pelo menos comigo, não sou muito dada a isso, de me deixar levar em cantigas. Ou seja, pragmaticamente já me conformei. Há males piores - e antes pés de chumbo e coração de ouro do que o contrário.

Por isso, já me dou por feliz em ver dançar os outros. E se há tango que não me saia  da cabeça é este, do Al Pacino (talvez numa interpretação algo cabotina como coronel cego, mas quero lá eu saber disso).

Vejam bem este tango. Não dá mesmo vontade de estar no lugar daquela menina?

[Depois, fazem-me um favor? Sigam, please, please, para o post abaixo, que aí dança-se também o tango mas um tango mais canalha, aí entramos no Hernando's Hideaway, coisa menos bem comportada.]




(O filme é Scent of a Woman, Perfume de Mulher e o tango é o célebre 'Por una cabeza', música de Carlos Gardel.)