E as empresas iriam aguentar o embate dessa subida generalizada dos custos de mão-de-obra sem repercutir nos preços de venda? Provavelmente não. Com as margens de lucro esmagadas como andam por quase todo o lado... Mas os clientes iriam suportar o aumento de preços...? Bom, se calhar não.
É que, como António Costa referiu, grande parte dos possíveis beneficiários não são funcionários públicos ou trabalhadores de empresas altamente lucrativas. Grande número das pessoas que usufruem do salário mínimo trabalha em pequenos restaurantes, pequenos cafés, pequeno comércio. Numa altura em que todas essas pequenas empresas estão tão causticadas pela pandemia, como infligir-lhes ainda outro golpe...?
Subir o salário mínimo, sim, claro. Mas de forma gradual, de modo a que toda a cadeia económica consiga adaptar-se.
O PCP e o BE não percebem isto? Bom. Se não percebem isto, então, mais vale que se dediquem a outra actividade, não à política ou a qualquer função em que se exija algum sentido de responsabilidade.
E, se percebem isto e, ainda assim o defendem, então das duas uma: ou querem o mal do país ou acreditam que a malta não percebe a sua hipocrisia.
Antes vi excertos do debate de Rui Rio com o Ventura, Rui Rio com a Catarina Martins, Catarina Martins com o Rui Tavares.
A única coisa nova nisto é o cabelo da Catarina Martins: agora está loira e com madeixas.
Tirando isso, mantém-se populista, demagógica. Mostra que a deslealdade lhe corre nas veias, em abundância.
Tal como Jerónimo de Sousa, usa argumentos hipócritas para defesa das suas indefensáveis atitudes.
Fui defensora e, depois, apoiante de uma solução à esquerda, apesar de já antes o PCP e o BE se terem aliado à direita para abrirem a porta a um governo de direita, um dos piores de sempre, o de Passos Coelho e Paulo Portas. Mas achei que traição tão grave acontece uma vez na vida. Acreditei que as probabilidades de voltar a acontecer eram mínimas.
Afinal aconteceu uma segunda vez. Sem outra justificação que não a de ceder ao facilitismo de querer agradar ao seus militantes mais fundamentalistas, Jerónimo e Catarina uniram-se ao Rui Rio, ao puto Chicão e ao execrável André Ventura, abrindo uma incompreensível crise. Idem ao IL mas esse não conta. Só conta, como já o disse, porque acho o Cotrim de Figueiredo uma bela figura de homem, ainda por cima sempre elegantemente vestido. E sabe falar e apresentar-se. Ora, na política, isso é importante mas não chega.
Claro que Rui Rio também não é flor que se cheire: que não haja dúvidas sobre isso -- é errático, incoerente, é um troca-tintas, um tangas, não tem uma linha de rumo firme. Já deu mil provas disso. Não tenhamos pois dúvidas. Mas, a ter que contar com o apoio de algum partido, e se o Livre e o Pan (partidos relativamente neutros e em que, apesar de alguns excessos a absurdos, parece haver algum bom senso) não chegarem, preferiria que se desse uma little e controlada hipótese ao Rui Rio do que esperar que a demagoga e populista Catarina Martins e o gasto e servil Jerónimo (servil perante a linha dura dos seus militantes) traiam uma vez mais os seus eleitores (e o eleitorado de esquerda em geral).
Claro que preferia que o PS atingisse uma maioria estável sem necessidade de ficar na mão de quem começa bem mas acaba a chantagear. Confio no António Costa e confio na sua capacidade para formar e gerir equipas competentes e sérias. Confio na sua visão humanista e europeísta, confio na sua capacidade de ajustar um rumo estratégico face às circunstâncias adversas que vão ocorrendo, confio na sua capacidade de introduzir temas inovadores e na sua capacidade de ouvir e articular partes contrárias.
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E agora ainda vou ler mais um pouco.
Tenho andado a ler à vez: um pouco do Para quê tudo isto?, biografia de Manuel António Pina e um pouco do Como não morrer.
Comprei o segundo livro para a minha mãe. O bom efeito da nutrição na prevenção e tratamento de doenças é o género de livro de que ela gosta, ainda mais escrito por um médico. Depois de o ter comprado, cá em casa folheei-o e pareceu-me bastante interessante.
Pensei que seria interessante para nós, cá em casa. Então, lembrei-me de o oferecer ao meu marido pelo Natal. Ofereci-lhe também o Jerusalém, a biografia. E, então, no meio da confusão da abertura dos presentes, todos a darem presentes a todos, abre ele o pacote com o Como não morrer e eis que o vejo ficar com ar estupefacto e os filhos a rirem e, ao mesmo tempo, a acharem que era um presente disparatado. Não percebi porquê. Não sei se acharam que era alguma indirecta, assim como se fosse um livro que se dá a alguém que está quase a bater as botas, se quê... Se o livro fosse: Como morrer mais depressa eu ainda perceberia que houvesse desagrado e estupefacção. Agora... é justamente o contrário... Nem é um livro dedicado à terceira idade. Não. É um livro bem escrito sobre as principais doenças causadoras de morte e como a medicina tradicional as encaram vis a vis uma alimentação saudável e equilibrada e um exercício físico adequado para as prevenir e ajudar a combater. Vou lendo aos bochechos e, até ver, estou a gostar de ler. Até estou a pensar oferecer aos meus filhos. Acredito piamente que uma vida saudável e uma alimentação equilibrada são fundamentais. Não garantem a vida eterna -- e ainda bem porque a vida eterna deveria ser uma seca -- mas talvez ajudem a viver melhor.
E se é bom ver Al Pacino a dançar, imagine-se o que será dançar com ele...