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terça-feira, agosto 19, 2025

Só me apetece hibernar

 

Bem... isto há dias que parecem um torvelinho, uma ventania virada do avesso. O compromisso do dia correu bem. Foi rápido e tudo se resolveu na boa. Depois comprámos uma pizza e almoçámos já a caminho das quatro e isso, em si, não teve mal nenhum. O pior foi que, a seguir, ao pousar o telemóvel no braço do sofá, não sei como, deu-se o desastre. Caiu de borco, o vidro em contacto com o chão. O barulhinho prenunciou o pior. Apesar de película não sei quantas, vi logo que a coisa tinha corrido mal. Tudo às cores e aos tremeliques. E já não consegui fazer nada dele. O telefone tocou e não consegui atender. E tanto lhe mexi que consegui entrever, no meio daquela confusão cromática e cintilante, que estava em modo de avião. Aí ficou silencioso.

Fui a uma loja do operador. Disseram-me que ou comprava um novo ou ia a uma loja lá perto ver se tinha arranjo. Na loja, disseram-me para o deixar lá ficar que iam tentar trocar o vidro. Ao fim de hora e meia, lá fui. O rapaz de volta dele: o telemóvel arrancava e desligava-se. Segundo o rapaz, se calhar o vidro que lá tinha não estava bom, mas não tinha outro. 

Já era tarde. O meu marido disse: compra outro e despacha-te. Fui, de novo, à loja do operador. Todos os que escolhi estavam esgotados. Segundo a jovem qu eme atendeu, tem havido uma procura incrível e não tem dado tempo a repor o stock. Recomendaram que fosse à worten. Lá fui.

Carradas de gente, uma multidão. Finalmente, lá fui atendida por um jovem. Escolhi um modelo e uma película protectora. Quando estava a pensar que estava quase despachada, o rapaz disse-me que estava na hora de saída e que ia dar as coisas a um colega. E voltei a ficar à espera. Por fim, perguntou se eu tinha ficha de cliente. Tinha. Mas não aparecia. Disseram que têm estado a actualizar a plataforma e que eu tinha que autorizar não sei o quê. Puseram o cartão do telemóvel danificado num outro telemóvel para eu autorizar não sei o quê. Depois voltaram à carga. E, quando pensei que estava tudo, não senhor. Só havia um terminal de pagamento, tive que esperar. Quando paguei, diz-me ele: 'Agora tem que ir à Resolve, para pôr a película. Lá fui. Tirei senha, aguardei. Quando saí de lá, vinha doida, desidratada, com a tensão baixa. Só quando cheguei a casa é que reparei que não trouxe a caixa, que tem o cabo e mais não sei o quê.

Em casa, estive a configurar o dito.

Como a segurança do whatsapp e das fotografias -- que, no meu caso, crescem a um ritmo vertiginoso -- estava sempre a rebentar com as costuras do espaço do google drive, vai daí, enfureci-me e cancelei as cópias de segurança.

Ou seja, agora, não tenho nada.

Já tentei passar do telemóvel para o novo mas como não consigo desbloquear o estragado, não consigo fazer nada.

Portanto, não tenho histórico de conversas nenhumas de whatsapp e também não tenho vários contactos que, por estes dias, me são vitais. 

Tenho que tentar ir a outra loja ver se me conseguem salvar alguma coisa do danificado. Mas são horas em cada lado, não dá jeito nenhum, o tempo não chega para tudo. Nestas alturas tenho saudades dos tempos em que havia sempre alguém na empresa que ajudava no que fosse preciso, que tratava da reposição dos equipamentos, que resolvia impossíveis. E depois eu estava ao pé de tudo. Agora, isto seja eu ou o meu marido, estamos por nossa conta. E longe de tudo. É bom não viver no meio das cidades, tem coisas boas, é uma calmaria, passarinhos e ar puro, mas, nestas alturas, quando é preciso ir aqui e ali, e horas para cada coisa, é uma chatice.

Por isso, hoje estou nesta, a descarregar apps, a configurá-las e a vencer a impaciência que está a subir por mim acima e a descer por mim abaixo a um ritmo que não vos digo nem vos conto. Este mundo das tecnologias e das apps e das mil passwords e das mil permissões para isto e para aquilo é uma estopada das valentes. Quando eu for velhinha, sei lá, para aí com 150 anos, será que vou conseguir dar conta disto tudo? Tenho dúvidas. Caraças. Que falta de pachorra para isto tudo.

segunda-feira, agosto 04, 2025

É assim que a Inteligência Artificial vai destruir a humanidade...? Em 10 anos...?

 

Já o referi e tenho vontade de repescar essas memórias para ilustrar o meu raciocínio. Houve uma altura em que ia a Paris com alguma frequência. Por exemplo, via anúncios à Minitel no metro ou na rua numa altura em que, por cá, nem se sabia bem o que era. Por cá, mais tarde, quando a Telepac começou a oferecer serviços, nas empresas era uma confusão para se conseguir perceber como usar. 

Ainda me lembro de ver estudos para analisar quais as vantagens do fax. Criaram-se novos processos para aproveitar a rapidez do fax. Quando se adoptou, destronou o telex. Desapareceram as salas de telex e as Operadoras de telex.

Também me lembro de, em Paris, ver, com espanto, uma pessoa a conduzir e com uma coisa grande na mão através da qual falava como se falasse ao telemóvel. Depois reparei que não era o único.

Também acompanhei a atribuição de telemóveis na empresa, sendo contemplado com um porque era directora. Era uma coisa enorme e pesada e só dava para servir de telefone. Por essa altura, na empresa dele o meu marido foi contemplado com um BlackBerry e lembro-me de, na empresa, haver discussões para se perceber vantagens e desvantagens de cada um. Se na altura desta revolução me falassem que os telemóveis poderiam fotografar e filmar e enviar as imagens de imediato diria que estavam a sonhar. Isso estava fora das melhores conjecturas.

Numa visita que fiz à sede de uma multinacional em Zurique, vieram mostrar-me uma coisa que acharam que eu apreciaria muito. Era um Grid, um microcomputador. Explicaram-me o que era e mostraram-me o Lotus 123. Fiquei fascinada. Em Portugal só mais tarde começaram a ser comercializados os computadores pessoais com as suas aplicações de tratamento de texto e de folha de cálculo.

Achei uma coisa tão vital que consegui que se formassem algumas pessoas que, por sua vez, formaram centenas de pessoas na empresa. 

E, mais tarde, quando finalmente a oferta de internet começou a ser comercial e operacionalmente interessante, lembro-me de haver grandes discussões sobre quem deveria ter acesso e se haveria forma de restringir o uso. Havia receio que algumas pessoas se entretivessem a ver imagens pornográficas em vez de trabalhar. Bati-me convictamente para que fosse dado acesso geral pois achava que a internet era uma porta aberta para o mundo e a empresa ter trabalhadores informados e curiosos era uma mais valia. E levei a minha avante.

Tudo isto parece pré histórico. Mas não é. 

Só que de aí para cá as coisas evoluíram tão exponencialmente que um mundo sem internet e sem telemóveis parece inviável. 

Viajar por países desconhecidos ou por lugarejos sem sinalização sem GPS parece hoje impossível. Mas era possível (embora desafiante) e isso aconteceu até não há muito tempo atrás. Como somos agora guiados, verbalmente, em tempo real, com indicação precisa de cada desvio, da existência de acidentes, em cada canto e esquina do nosso percurso, pode parecer já uma banalidade. E, no entanto, quanta tecnologia e quanto conhecimento estão envolvidos...

A velocidade do progresso só não nos deixa estupefactos porque já nos habituámos a ela. Mas a mim, que sou velha como o caraças e que tenho acompanhado isto desde o início, deixa-me mais do que estupefacta: deixa-me apreensiva. E deixa-me apreensiva porque sei que a tecnologia anda a um ritmo superior ao que as organizações precisam para se adaptar -- isto admitindo que percebem que têm que se adaptar.

Se por um lado a tecnologia (por exemplo, a nível da Inteligência Artificial) é extraordinária e deve ser integrada na nossa vida, por outro é impossível controlar a forma como é usada.

Pela parte que me toca, inofensiva aposentada, só uso para o (meu) bem. Por exemplo, o programador de rega voltou a pifar. O eletricista não está por cá e, com este calor, sem rega seria o desastre para o jardim já que as mangueiras não chegam a todo o lado. Fotografei o aparelho e passo a passo fui guiada até que voltou a trabalhar. Um ténis novo, aparentemente o melhor possível, topo de gama, impec a olho nu, magoa-me o pé num certo sítio. Fotografei o sapato e pedi informação. Explicou-me qual o problema e indicou-me a solução. O meu marido lembrou-se de fazer um acompanhamento de legumes assados no microondas, saudável e rápido. Perguntou ao chatgpt e saiu-lhe um belo acompanhamento. Quando recebi o relatório de umas análises, digitalizei e pedi informação. Relatório imediato e bem explicado. Precisei de ter um contrato para um certo assunto. Pedi-lhe e obtive um de tal maneira bem feito que foi aceite sem uma questão, como se tivesse sido feito por um advogado de mão cheia. Coisas assim, simples. Além disso, pela minha experiência, de vez em quando, quando quero estar 100% segura ou alguma coisa me parece inconsistente, vou validar o que 'ele' diz e não raras vezes detecto algumas imprecisões. Corrijo-o e acabo por receber uma resposta 'limpa', sem incorrecções. 

Mas imagine-se isto mal usado ou usado por quem não se dá ao trabalho de validar ou por quem quer usar para efeitos nocivos. Ou no ensino, usado por alunos que fazem os trabalhos dispensando-se de estudar, investigar, aprender. 

Ou, pior que isso, usando o algoritmo para incorporar programação mal intencionada. 

E não falo, porque me parece óbvio, que isto torna dispensáveis muitas profissões.

Mas os riscos são maiores que isso. A BBC não é propriamente sensacionalista. Recomendo que vejam o vídeo abaixo. Está legendado. Claro que há sempre quem desvalorize. Se calhar, quando eu cheguei a Portugal e disse que tinha visto pessoas a conduzirem e ao telefone houve muita gente que achou que era uma excentricidade francesa, um brinquedo. Ou, quando eu cheguei cá e disse que fazer o orçamento da empresa poderia passar a ser uma coisa automatizada que permitia fazer simulações em tempo real, houve quem me achasse uma deslumbrada ou uma miúda que falava do que não sabia. Há sempre quem não consiga ver o alcance do que por aí vem e só dê por ela quando a onda está a passar-lhe por cima.

Talvez não venha a ser drama nenhum. Talvez. Assim o espero. Mas, por via das dúvidas, deveríamos prestar atenção ao assunto, ouvir os que talvez saibam um bocadinho mais do que nós.

AI2027: Is this how AI might destroy humanity? - BBC World Service

A research paper predicting that artificial intelligence will go rogue in 2027 and lead to humanity’s extinction within a decade is making waves in the tech world. 

The detailed scenario, called AI2027, was published by a group of influential AI experts in the spring and has since spurred many viral videos as people debate its likelihood. The BBC has recreated scenes from the scenario using mainstream generative AI tools to illustrate the stark prediction and spoken to experts about the impact the paper is having.  


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Desejo-vos uma boa semana

terça-feira, abril 29, 2025

Um mundo a diferentes velocidades. Por um lado a Inteligência Artificial a dar passos de gigante e, por outro, de repente, falta a 'luz' e o País pára

 

Comento muitas vezes que o mundo evolui displicentemente assente em pés de barro. Por exemplo, em todo o lado temos que dar o nosso endereço de correio electrónico, que passa a ser praticamente o único meio de contacto, e, no entanto, temos as nossas contas em empresas com as quais temos uma relação muito frágil. O gmail, usado pela maioria das pessoas, só para dar um exemplo, é gratuito pelo que dificilmente haverá margem para exigir o que quer que seja. O que é que as pessoas sabem sobre os locais em que o seu correio está alojado ou o que fazer sem ficarem sem acesso a ele? Mas o correio electrónico apenas está disponível se houver comunicação de dados. Não havendo, não há correio.

Ou, na maioria, temos acesso às nossas contas bancárias através do homebanking que assenta em comunicações que são também vulneráveis. Veja-se o que aconteceu esta segunda-feira com o apagão, em que muitas pessoas ficaram incomunicáveis. O dinheiro físico praticamente já só é disponibilizado via Multibanco mas, como se viu, o sistema ficou inoperacional e, em grande parte do comércio, sem terminais de pagamento, apenas faziam compras a dinheiro.

E não vou aventurar-me a falar de sistemas de chamada como o Uber ou outros serviços que ficam indisponíveis quando as comunicações falham ou quando falha a alimentação elétrica. 

E hoje ficámos a perceber que, estando a energia a ser importada, quando falou em Espanha, ficámos nós todos 'às escuras'. Ainda não se sabe exactamente o que se terá passado mas as causas, para este efeito, são irrelevantes: o que é relevante é que tanta inteligência artificial, tantos avanços tecnológicos, tanta tecnologia gratuita ao dispor de todos... e afinal, uma borboleta bate as asas com mais força num qualquer outro país e, de súbito, tudo cai por terra. 

Ninguém sabia o que estava a passar-se, começaram a surgir explicações para todos os gostos, não se sabia se íamos ficar às cegas e isolados por horas ou por dias, a malta correu para os supermercados sem saber o que fazer, não conseguíamos comunicar-nos uns com os outros, não se conseguia abastecer os veículos, o primeiro-ministro fechou-se em S. Bento sem falar à população e, de repente, parece que tínhamos voltado à pré-história tecnológica.

Ocorria-me que as casas deveriam ter pequenos geradores e reservas de combustível, painéis solares, qualquer coisa para garantir um mínimo de autonomia. Estamos completamente dependentes de tecnologia e ao mesmo tempo completamente vulneráveis.

Pela parte que me toca, fiquei sem conseguir contactar filhos e netos até à noite (e a minha filha esteve sem saber do mais velho durante horas). Em vão tentei contactá-los por todas as vias e só por volta das nove da noite comecei a ter notícias. Preocupava-me pois pensava que, mesmo se fosse ver se a minha filha precisava de alguma coisa (pois o fogão e forno são eléctricos e, portanto, não tinha mesmo como cozinhar), não tinha como chegar até ela pois a campainha do prédio não funcionaria e, mesmo que eu soubesse o código da porta, também não funcionaria. E preocupava-me pois, mesmo que os miúdos fossem a pé para casa, sem terem a chave da porta de baixo e sem campainha e sem telefones, como entrariam? 

Mas, enfim, estão todos bem, em casa, sem problema, e já com energia em casa.

Concluindo: é isto, um progresso que, vendo bem, tem pés de barro.

Há uma reflexão a fazer sobre o que se passou. E espero bem que não seja como sempre acontece: mal tudo fica tranquilo mais ninguém quer saber de coisa nenhuma.

quarta-feira, dezembro 04, 2024

Quando o analógico volta a ser fashion

 

Como as minhas diversas máquinas fotográficas se encontram danificadas (crianças, cães, areia da praia, etc), agora não tenho nenhuma funcional. Por isso, quando quero fotografar uso o telemóvel. 

Nestas coisas de quererem saber o que eu gostava de ter pelo Natal e dizendo eu que não tenho qualquer ideia (a não ser que gostava que não me oferecessem coisas caras ou de que não precise), ocorreu-me que talvez o meu marido pudesse oferecer-me uma máquina fotográfica. 

Na minha ingenuidade, pensei que, com tanto avanço tecnológico, já houvesse alguma coisa razoável a baixo custo. Fomos a duas lojas e parece que as compactas básicas desapareceram. Ou há as mirrorless caríssimas ou há instantâneas ou analógicas. As instantâneas está bom de ver que são aquelas que imprimem logo a fotografia. Não dá para quem gosta de tirar muitas, quem quer guardá-las ou distribuí-las pelos outros. Ficam as analógicas que agora há todas fashion. Pensei: não podem ser as de rolo, de antigamente. O meu marido disse que devia ser. Não acreditei. O tempo não volta para trás. Fui perguntar. É mesmo. Máquinas de rolo, à antiga. Aparentemente são o último grito da moda. 

Desisti.

Perguntei pelas compactas, normais. Em todo o lado disseram-me que já praticamente não há. Falaram-me como se fosse coisa obsoleta.

Desisti.

Há coisas que não se percebem.

Portanto, vou continuar a tirar fotografias com o telemóvel. 

segunda-feira, junho 03, 2024

Televisores LED, QLED, QNED ou OLED? No móvel ou na parede? E com comando digital ou verbal? E etc, etc, etc...

 

Acontece que nos estava a dar jeito ter uma televisão nova pois, in heaven, a que está na cozinha (que é sala de jantar quando somos só os dois ou, sendo mais, quando somos poucos à mesa) é antiquíssima, com péssimo som e deficiente imagem. 

E a que está aqui, no piso de cima, é pequena. Quando, aqui, querem ver futebol e o meu marido não quer que perturbem a sua concentração (nomeadamente, quando joga o Sporting) e pede que vão lá para cima, de facto a televisão é pequena de mais para muita gente dispersa pela sala. Ora, essa pequena dava mesmo jeito era na cozinha, no campo. 

Portanto, uma solução natural passava por fazer um upgrade, levando a da sala de baixo lá para cima, e condescendermos à pequenina o direito a tornar-se rural. 

Contudo, para que essa movimentação fosse possível, carecia-se de uma nova. Mas somos um bocado renitentes a bugigangadas destas. Diria que a tínhamos aqui na sala seria moça para uns quinze anos, talvez mais, quiçá deveras mais. Mas não sei porque, apesar de a acharmos idosa, já era smart TV. Por isso, não sabemos.

No outro dia, quando foi a final da Taça e o meu marido tinha dito que não queria a malta toda à volta dele a fazer barulho e, afinal, acabou cercado, com a sala a rebentar pelas costuras, o meu filho perguntou porque não aproveitávamos as campanhas em curso, cheias de descontos à pala do Euro, e comprávamos uma maior, com melhor definição.

Ficámos a pensar no assunto pois isso, de facto, permitira resolver as situações acima descritas. 

No sábado à noite indaguei junto do oráculo. Ó ChatGPT, diz-me lá quais as diferenças entre as tecnologias Led, Qled, Qnet e Oled, e diz-me em termos de durabilidade, qualidade de imagem e preço, o que recomendas. E vai ele, bicho amestrado a preceito, dissertou de forma organizada. Vantagens e desvantagens de cada uma, observações e, trás-pás-trás, a recomendação vai para... (e só não digo pois resisto a tornar-me influencer).

O que sei é que fomos a duas lojas e testei as respostas do ChatGPT. Bingo. Certíssimas. E fiquei até a saber que as mais sofisticadas não gostam de programas com imagens fixas como, por exemplo, o telejornal em que aparece, em imagem fixa, o logo do canal. Parece que isso pode queimar os leds ali naquele canto. Coisas assim, surpreendentes.

Mas, coração ao largo, que as coisas já não são o que eram. Eu, que gosto de comprar coisas que durem uma vida, agora vejo-me perante estas novidades que me deixam com vontade é de dar meia volta no tempo e recuar até às remotas eras em que tanta tecnologia não era feita para ser descartável ao fim de meia dúzia de anos.

E, portanto, trouxemos uma da marca e tecnologia recomendada, quer pelo Chat quer pelos funcionários, e, em concreto, uma que, imagine-se, estava com um desconto de 55%. E no fim ainda tiraram mais 7 euros que era da campanha do Euro. Vá lá a gente perceber estas coisas. 

O pior foi carregar com a dita. Bicha graúda e pesada que só visto. Entregavam em casa mas, assim como assim, resolvemos trazer logo, sobretudo para aproveitar estar o pessoal cá em casa de tarde. Ainda davam uma ajudinha. Fui buscar um carrinho ao supermercado e muito a custo conseguimos pô-la atravessada, ao alto. Depois, já no estacionamento, para a pôr no carro, fiquei de segurar o carrinho enquanto o meu marido a tirava para a pôr no porta-bagagens e, não sei como, o carrinho acabou deitado, de lado, no chão. Uma cena.

Atalhando. 

A ideia é prendê-la à parede pois é a única possibilidade porque, onde estava a outra, entre um móvel e um aquecedor de parede, não cabe uma maior. Pacífico pois também trouxemos um suporte de parede. Tivemos que acertar com os lugares para fazer os buracos e aquilo até trouxe um nível para ver se a televisão não fica a descair. O pior é que, nos buracos, couberam as buchas que vinham mas não foi possível atarraxar os parafusos até ao fim. Não se percebe. Portanto, não conseguimos pôr a televisão na parede. Conclusão: até que se arranjem parafusos mais finos, está com o pé que o meu marido, entretanto, que remédio, lhe montou. Está aqui à minha frente, a impor a sua presença, muito mal jeitosamente, descabidamente, em cima de um móvel que agora parece mínimo.

Depois foram os meus netos que ligaram os fios e configuraram as primeiras coisas. Senão, provavelmente, ainda aqui estaríamos os dois à cabeçada. Claro que poderíamos ler o manual. Mas é enorme e, pior, tudo incompreensível.

À noite, depois da última caminhada do dia, dog oblige, já os dois sozinhos, liguei a dita e estava na RTP 1. Fui com o comando mudar de canal e aquilo foi parar não sei onde. Para ali andei, para a frente e para trás, e não conseguia fazer nada. Dizia-me que não encontrava a fonte, depois que não tinha canais guardados, e eu para a frente e para trás, já a tentar arranjar canais de todas as maneiras, incluindo através de satélite. Depois já pensava que os cabos tinham sido ligados nos buracos errados. Andei com a lanterna do telemóvel a ver o que poderia trocar e também não vi que fosse por aí. 

O meu marido a tomar banho e a querer jantar a seguir, que já era tarde e eu ali naquela labuta, sem conseguir perceber como ver televisão nem atinar com nada aquilo.

Para grandes males, grandes remédios. Liguei à minha filha. Atendeu logo assim, voz de gozação: 'Então...? A televisão não funciona...?'. Claro. Adivinhou. Confessei: 'Não dá nada. Quando ligo, aparece na RTP 1 mas, quando quero mudar, não muda e começa a ir para sítios que não têm nada a ver.'. Pergunta ela: 'Mas, para mudar de canal, estás a usar o comando da box, certo?'

Errado.

Estava a usar o comando da televisão... Daaaaah...

Ou seja, pois claro, usando o comando da box, tudo joia. Nem sei o que me deu para me ter esquecido que para mudar de canal não é com o comando da TV mas da box... 

Estou a vê-la, fantástica. Mudo de canais que é um mimo. Ponho a box a andar para trás. Vou à Netflix. Essas coisas. Na boa. O pior que vejo a malta toda em ponto grande, excessivamente nítidos, quase como se estivessem aqui em casa. Nalguns casos, um horror. Por exemplo, claro que não consegui suportar o Portas nem o Marques Mendes, muita propaganda AD ao vivo e a cores para o meu gosto sensível.

Portanto, agora só falta encontrar uns parafusos à medida para a pôr na parede, e esperar que depois disso não surjam mais contratempos.

Claro que aparentemente a televisão faz tudo e mais alguma coisa, coisas que nem imagino o que sejam, e, pelos vistos, até obedece à voz. Obviamente, nem ouso. Receio as consequências. Imagine-se que lhe dou uma ordem verbal mal dada e que ela pega nela e, sozinha, sai porta fora... Não sei. Menina para isso. Estas coisas parece que têm vida própria.

Por isso, cinjo-me ao básico: usa-a para ver televisão. 

(E, ao dizer isto e ao pensar no que escrevi ao longo de todo este post, só me ocorre que, na volta, oh caraças, estou mas é a ficar velha. Será?)

Ainda vou mas é pôr-me para aqui a fazer experiências a ver onde é que isto me leva...

E, com isto tudo, agora já nem sei de que vos hei de falar mais.

Olhem, desejo-vos uma bela semana, a começar já nesta segunda-feira. Tudo de bom para vocês.

sábado, abril 15, 2023

Ah... este admirável mundo novo.
Reverter o processo de envelhecimento, termos sistemas computorizados a lerem por nós e a sintetizarem a informação colhida em milhões de documentos, termos veículos sem condutor que nos transportam, etc, etc, etc...

 

Ao fim da manhã fui ao supermercado. 

Escolhi o meu pão, um baguette rústica, um pão de centeio com nozes. 

Quando estava a colocar as embalagens no carrinho um homem que ia dizer que era meio velho mas que talvez não fosse muito mais velho que eu. Contudo, se não era velho, parecia. O pão está em cacifos de vidro e há uma pinça para os retirar através de uma abertura. 

Pois o estupor do velho meteu a mão (sem luva) pela abertura e pôs-se a apalpar os pães, um a um, acabando por tirar o que lhe pareceu melhor. Várias pessoas assistiram incrédulas àquilo, fazendo esgares umas para as outras. Mas eu não me contive. 'O que é que o senhor está a fazer? A apalpar o pão?'. Pois o estúpido virou-se para mim: 'Que mal é que tem?' Perguntei-lhe se não sabia. Desafiadoramente disse-me que não. Expliquei-lhe que as outras pessoas não têm que levar pão já apalpado por ele.  E ele: 'E que mal tem isso?'. E eu: 'Não sabe? Acha higiénico?'. O velho furioso: 'Apalpei sim, senhor. E não vejo mal nenhum nisso'.

Pensei que todos os Boaventuras desta vida devem dizer o mesmo.

Olhei em volta a ver se via alguém da Segurança para me queixar mas não vi. E toda a gente que ali estava a assistir, visivelmente incomodada, ficou calada. É o costume. Nas redes sociais toda a gente manda bocas. Ao vivo, de frente para os parvos, a malta prefere ficar calada.

Resumindo: fiquei furiosa.

A seguir, na caixa, estava na ponta a enfiar no carrinho as coisas que o rapaz da caixa ia passando. Nem levantava a cabeça, ia jogando a mão e enfiando no saco que estava no carrinho. Às tantas pareceu-me que já tinha guardado o saco das maçãs mas pensei que estava equivocada. Depois laranjas. Pensei o mesmo mas, como era tanta coisa e tudo tão rápido, julguei que o meu cérebro estava a brincar comigo. A seguir veio um saco de salada mas como tinha comprado dois pensei que se calhar aquele era o segundo. Mas quando apareceu um saco de agriões, uma embalagem de legumes para a sopa, um detergente multiusos amarelo aí percebi que alguma coisa não estava certa. Dei o alerta: 'Estão a passar coisas que não são minhas' e já lá estavam mais umas poucas já passadas pela caixa. O rapaz parou. Apontou para o que estava antes da caixa. Disse-lhe que não, não eram coisas minhas. O rapaz disse que não havia separador, que as coisas do cliente seguinte tinham sido postas encostadas às minhas.. 

Aí o homem que estava atrás de mim acordou e ficou em transe, como se eu estivesse a arrumar coisas que não eram minhas. Furioso: 'O que é isso? Isso é meu!'. Respondi: 'Bem sei. O senhor não pôs o separador'. E ele, furioso por eu estar a pôr em causa a sua eficiência: 'Ora essa, não pus? Pus, sim senhora. Então não está ali?' E apontou o separador a seguir às suas coisas. Eu disse: 'Sim. Mas não pôs entre as minhas coisas e as suas'. E ele, verdadeiramente furioso: 'Então não está ali?' E voltou a apontar para o separador no fim das suas coisas. E ameaçador: 'E faz favor de não ficar com as minhas coisas'. O rapaz da caixa atrapalhado, tendo que chamar o supervisor, e explicando: 'Um cliente não colocou o separador, registei as coisas como se fossem da cliente da frente'. E o cliente: 'É mentira, pus, está à vista de toda a gente'.

Quando, no parque, estava a contar ao meu marido que um velho atrás de mim tinha armado uma confusão, vi-o a vir com o carrinho dele. E disse: 'Olha, lá vem ele'. E o meu marido disse: 'E achas que é velho? Se calhar não tem uma idade muito diferente da nossa'.

Fiquei a pensar. 

Fiquei também a pensar que o velho do pão deve ter chegado a casa a dizer que uma dondoca se tinha metido com ele por ele estar a apalpar o pão e que o velho da caixa deve ter contado à mulher que uma dondoca qualquer quis ficar com as compras dele e depois ainda se desculpou por ele não ter posto o separador quando toda a gente viu que tinha posto, sim senhor.

Tudo relativo. E tudo muito doido.

Tirando isso.

Esteve frio de tarde. Tive que voltar a usar uma capa de lã. 

Agora estou aqui a escrever isto, o cão dorme aqui, deitado ao lado da porta de vidro. Deve estar cansado, tanto que correu de um lado para o outro. Cão de guarda a sério.

A robínia aqui à porta está florida com os seus delicados cachos de florzinhas brancas. Se não fosse tão tarde, ia agora lá fora fotografá-las porque à noite ficam lindas.

Ao jantar, como sobremesa, comi nêsperas que colhi pouco antes. Tínhamos uma nespereira que já cá existia, pelo menos trinta anos. Agora já existem mais quatro e estão todas carregadas. A natureza é mãe.

Depois de jantar estivemos a ver mais um episódio de Sommerdahl, uma série fantástica que passa às 10 na RTP2, uma das poucas coisas que se conseguem ver na televisão e, cá em casa, quase a única que agrada simultaneamente aos dois.

Posso ainda contar que, de tarde, estive a escrever. O meu marido perguntou o que é que eu estava a escrever. Disse-lhe que um conto, para um livro de contos. O meu marido perguntou: 'Vê lá se não é nada que vá envergonhar o teu filho'. Estava a gozar porque lhe contei que, quando contei ao nosso filho que tinha escrito um livro e que ia concorrer a um prémio, ele me perguntou se era alguma coisa da qual ele se envergonhasse. Nesse caso, disse-lhe que não, era inócuo. Mas neste caso, dos contos, tive que responder ao meu marido que temo bem que ele vá envergonhar-se, sim (isto admitindo que o livro um dia será publicado, claro). O meu marido encolheu os ombros. 

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Vivo uma vida simples e os avanços tecnológicos incomodam-se não pelos seus inquestionáveis benefícios mas pelos riscos que comportam, em especial quando não há regulação, não há consciência colectiva dos reais perigos, não há tempo para pensar e avaliar bem no que estamos a meter-nos. 

A tecnologia é cada vez mais acessível, mais ubíqua, mais aberta. E a tecnologia anda por uma estrada e a ética anda por outra, paralela. E, para os distraídos, relembro que as paralelas nunca se encontram.

Os dois vídeos abaixo mostram temas distintos. Mas são faces de um futuro, nuns casos um futuro mais próximo, noutros um futuro um pouco incerto. 

Já nem falo no ChatGPT, uma coisa fabulosa e diabólica (já proibida em algumas instâncias, mas que, mesmo proibida, há-de reencarnar noutros produtos). Mas falo em veículos sem condutores ou, ainda mais preocupante, em mecanismos para reverter o processo de envelhecimento. 

Os vídeos não estão ainda traduzidos mas aqui os deixo. A quem possa interessar.

Putting an autonomous vehicle to the test in downtown London

I recently had the opportunity to ride in a car made by the British company Wayve, which has a fairly novel approach to self-driving vehicles. While a lot of AVs can only navigate on streets that have been loaded into their system, the Wayve vehicle operates more like a person


Exclusive Conversation With Geneticist & Harvard Professor David Sinclair

David Sinclair is a man who claims his ‘biological age’ is 10 years less than his actual age of 53. The Harvard Geneticist is a leader in longevity science. Watch him in a riveting conversation with Kalli Purie, Vice Chairperson, India Today Group at the #IndiaTodayConclave. The two discuss the formula to look younger, how healthy sugar is for you, whether fruits are a good substitute for sugar, the newly-researched stress-busting food, the benefits of red wine and the magic of metformin.

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As imagens, uma vez mais, não têm nada de nadica a ver com nada. Mostram a arte de Marianne Evennou, uma decoradora que faz maravilhas com pouco, inclusivamente decorando com arte e engenho pequenos espaços. Apeteceu-me partilhar convosco, só isso.

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Um bom sábado
Saúde. Pés na terra. Paz.