Não sou dada a black fridays. Esta sexta-feira fugi do comércio e até, para almoçar, fui a um sítio em que não há lojas ou, se as há, são tão discretas que nem por elas dou. Não que não goste de pechinchas. Gosto. Mas incomoda-me muito a confusão. Se pudesse ter as lojas à minha disposição sem ter que me desviar para não levar encontrões, sem ter que esperar para entrar para provar alguma coisa, sem ter que estar na fila para pagar, ainda vá que não vá. Mas isso não existe.
Por isso, vade retro black friday, fui mas foi almoçar tranquilamente e, a seguir, fui à livraria onde há que tempos tinha encomendado o livro que a JV me recomendou: da Herta Müller, O rei faz vénia e mata. Tanto tempo já tinha decorrido que já daí tinha tirado o sentido. Afinal, a semana passada recebi uma sms a informar que estava disponível mas que, se não o levantasse até meio da semana, o poriam à venda. Ora como desde a semana passada os meus dias têm estado indisponíveis para mim, hoje ia preparada para que a ameaça se tivesse concretizado. Mas não. Por isso gosto tanto desta pequena livraria: a livreira é civilizada e simpática e tudo tem dimensão humana, ainda não excessivamente mercantilizada. O livro lá estava. Quando o paguei, percebi que o desconto era de 20% e que, portanto, a friday estava a passar por ali mas em versão soft.
Quando estava a sair, reparei num livrinho pequeno, de capa discreta e cujo título me fez parar para o descortinar. Depois reparei que era do Mexia, Pedro Mexia. O último. Achava graça aos blogs do Mexia, gosto das suas crónicas no Expresso e felizmente nunca vejo o Governo Sombra pelo que as suas intervenções certamente contaminadas pela parvoíce sempre ali reinante não anulam a boa ideia que tenho da sua escrita. Voltei atrás e fui pagar. Reparei, então, nuns pequenos caleidoscópios. Espreitei e recordei o que eles sempre me intrigaram e encantaram. Trouxe dois, um para cada grupo de pimentinhas. Habituados a toda a espécie de tudo, na volta não acham piada nenhuma a uma coisa tão simples. Mas trouxe. E quando fui pagar surpreendi-me outra vez pois também tiveram os 20% de desconto. Portanto, em consciência não posso dizer que não tenha ido aos saldos.
Por isso, vade retro black friday, fui mas foi almoçar tranquilamente e, a seguir, fui à livraria onde há que tempos tinha encomendado o livro que a JV me recomendou: da Herta Müller, O rei faz vénia e mata. Tanto tempo já tinha decorrido que já daí tinha tirado o sentido. Afinal, a semana passada recebi uma sms a informar que estava disponível mas que, se não o levantasse até meio da semana, o poriam à venda. Ora como desde a semana passada os meus dias têm estado indisponíveis para mim, hoje ia preparada para que a ameaça se tivesse concretizado. Mas não. Por isso gosto tanto desta pequena livraria: a livreira é civilizada e simpática e tudo tem dimensão humana, ainda não excessivamente mercantilizada. O livro lá estava. Quando o paguei, percebi que o desconto era de 20% e que, portanto, a friday estava a passar por ali mas em versão soft.
Quando estava a sair, reparei num livrinho pequeno, de capa discreta e cujo título me fez parar para o descortinar. Depois reparei que era do Mexia, Pedro Mexia. O último. Achava graça aos blogs do Mexia, gosto das suas crónicas no Expresso e felizmente nunca vejo o Governo Sombra pelo que as suas intervenções certamente contaminadas pela parvoíce sempre ali reinante não anulam a boa ideia que tenho da sua escrita. Voltei atrás e fui pagar. Reparei, então, nuns pequenos caleidoscópios. Espreitei e recordei o que eles sempre me intrigaram e encantaram. Trouxe dois, um para cada grupo de pimentinhas. Habituados a toda a espécie de tudo, na volta não acham piada nenhuma a uma coisa tão simples. Mas trouxe. E quando fui pagar surpreendi-me outra vez pois também tiveram os 20% de desconto. Portanto, em consciência não posso dizer que não tenha ido aos saldos.
Ah, e, com a velocidade a que isto corre, já estamos outra vez, como dizia certo caleidoscópico Leitor, na feliz quadra consumícia.
Nem consigo pensar em ter que entrar outra vez na maluquice das compras de natal. Que suplício. Mesmo aos miúdos já me custa encher de coisas. Têm coisas a mais. Parece que acabam por não se ligar a nada. Gostam de brincar uns com os outros, gostam de jogar à bola, gostam de ler. Tralha a mais é contraproducente. Mesmo que os pais peçam para não os encherem de brinquedos, como as famílias são grandes, acaba sempre por se encher a casa de tralha nova. Tem que se arranjar uma alternativa a este consumismo.
Nem consigo pensar em ter que entrar outra vez na maluquice das compras de natal. Que suplício. Mesmo aos miúdos já me custa encher de coisas. Têm coisas a mais. Parece que acabam por não se ligar a nada. Gostam de brincar uns com os outros, gostam de jogar à bola, gostam de ler. Tralha a mais é contraproducente. Mesmo que os pais peçam para não os encherem de brinquedos, como as famílias são grandes, acaba sempre por se encher a casa de tralha nova. Tem que se arranjar uma alternativa a este consumismo.
Eu, então, quando me perguntam o que quero, digo que nada. Nada. Só se for também um daqueles pequenos caleidoscópios. Hoje ia a pensar nisto. Quando eu era pequena, numa era em que não havia excessos, era bom receber aquelas bonecas lindas ou aqueles livros que me encantavam. Depois, na era adulta, quando ainda queria qualquer coisa pelo Natal, tive que aprender a lidar com a decepção que quase sempre sentia. Se falava num anel de ouro com dois pequenos corações em marfim, o que recebia era um anel em ouro branco e com um rubi. Se pedia uma moldura de vidro, clássica, o que recebia era uma prateada, moderna. Sempre tudo ao lado. Até que me habituei a não querer nada e a ficar contente com tudo.
De resto, Natal à parte, estou numa fase em que só me apetece é desfazer do que tenho a mais. Roupa que não me serve e relativamente à qual já perdi a esperança de lá conseguir voltar a enfiar-me, tenho dado à minha filha. E não vejo a hora de ter tempo para uma reformulação profunda de tudo. Nunca serei uma minimalista pois isso não está na minha natureza. Mas incomoda-me o que me parece um excesso. Tal como também não vejo a hora de ter a gaveta das echarpes arrumadinha à maneira da Kondo. Ou o armário onde há dossiers cheios nem sei de quê ou gavetas cheias de papéis que não faço ideia o que sejam, tudo isso está mesmo a pedir reciclagem. Mas como não vou deitar fora à toa, terei que arranjar tempo para ver tudo com cuidado e esse tempo não sei quando será. Mas há-de ser.
Mas, voltando ao tema dos presentes: como presente de Natal, só mesmo se for um hipopótamo. Ou isso ou qualquer outra coisa de inesperado.
E um bom sábado.