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sexta-feira, agosto 12, 2016

O que é arte? O que é pornografia?
- ou o absurdo moralismo americano
[Medo.... Juro. Tenho medo dos moralistas, dos puritanos. Medo.]


Às vezes até me custa a acreditar no que ouço. Dá para conceber que as grandes estações de televisão americanas exerçam censura sobre a exibição de obras de arte? O puritanismo é tão radical e tão estapafúrdio que não lhes basta impedirem a visão de seios ao vivo (e de genitais nem vale a pena falar): não, até tapam ou desfocam partes de obras de arte. Mas não me refiro a obras ultra-realistas. Não. Refiro-me a Picasso ou a Modigliani. Imagine-se onde isto já chegou.

E parece que já ninguém se indigna.

Pode uma das maiores potências mundiais, senão a maior, portar-se como um bando de beatas assanhadas?

Assusta-me isto, palavra que assusta. Quem tem tal espírito censor, é capaz de quê?

Podem os putos ir armados para as universidades, podem passar a toda a hora séries e filmes com assassínios, torturas, perseguições, sangue a jorrar por todos os poros. Isso para aqueles dementes parece ser normal. Mas a visão do corpo humano é interdita. É pecado. Provavelmente acham que ver os seios de uma mulher numa pintura provoca comportamentos desviantes. Mas se fosse uma virgem vestida até ao pescoço e de pistola na mão se calhar já era aceitável.

Que civilização é esta, caraças?

No vídeo abaixo, Stephen Colbert parodia a situação. E ao parodiar, denuncia-a. Vá lá. Menos mal: pelo menos, isso ainda é permitido.

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Ao menos por cá ainda nos é permitido admirar a arte integral, sem desfocamentos ou tapamentos. Pode gostar-se ou não -- estamos no domínio do subjectivo --, podemos até achar que não é arte. Mas, pelo menos, ainda podemos ver.

Ora bem. Antes que a lei da cega cesura chegue à blogosfera, deixa-me já aqui deixar algumas obras. 

Do fotógrafo Robert Mapplethorpe, cujo arte tanto admiro:






O sonho de Picasso, uma das minhas obras de eleição:


A obra censurada de Modigliani (a tal mulher nua de que Colbert fala, arrematada num leilão por 170 milhões de dólares):


Ou, se recuarmos a 1751, a François Boucher:


Ou ainda mais, a 1555, à Venus e ao Cupido de Ticiano:


Para se poder ver num canal por cabo nos EUA, tudo isto seria lancetado? 

Bem, talvez escapassem as flores. aquelas lá de cima de Mapplethorpe. 

Porque as de Georgia O'Keeffe já seriam, concerteza, amputadas ou desfiguradas.


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O mundo parece que está a andar para trás. 

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Pelo sim, pelo não, não vá estar mesmo e daqui a nada desatar a acelerar a caminho do vórtice final, vamos mas é fazer um brinde: À nossa! Saúde! E viva a Arte!

Se estiverem de acordo, brindemos com vinho italiano da região de Friuli.


Um filme de Iris Brosch.

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E que é feito do vinho...?
As meninas, com tanto folguedo, esqueceram-se de nos trazer o vinho, não foi...?
Ora bolas.

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