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sábado, setembro 22, 2018

Ambrósio, my love, vamos falar de sentimentos e de laços sagrados...?


Ambrósio, começo a sentir uma ligação, não sei, diria que especial, sei lá, uma coisa assim, apetece-me que me ensines, ser tua pupila, não sei se estás a ver, ser a tua lolita, (lolona, vá), mas é isto, estou sempre a arranjar pretexto, não percebes isso?, se não percebes é porque és ceguinho, vá lá, abre os olhinhos, olha para mim, conta-me histórias, diz de tua justiça, ensina-me. Está certo que já me ensinaste muita coisa, é ir por aí abaixo que a prova está bem à vista mas, percebes, é tudo na base da prosa sem picante, tudo morno, e eu, se não sabes devias saber, gosto mais de coisas calientes, por isso, vá, diz-me como me vês, diz o que achas de mim enquanto mulher, define-te enquanto macho, diz-me se sabes porque é que ainda estás solteiro, logo tu, meu lindão, coisa mais fofa, mais doce, diz porque, de vez em quando fechas os olhos, encostas os teus lábios à curva do meu pescoço e me chamas querida, diz-me o que, para ti, é o amor, diz-me se é amor ou paixão esta chama acesa e louca que, dentro de mim, arde por ti, meu amor mais doce, meu amor, meu doce. Diz-me se me queres para tua noiva, diz-me o que é, para ti, o casamento -- queres?, não queres?, diz que sim, diz, vá lá --, diz porque quero fazer de ti o meu marido, tenho planos, amor, vais ver. Mas olha, e nem é bom agora falar nisto, mas sou precavida, já sabes, e toda a gente um dia tem que ir e, por isso, a ires vai tu à frente, não é por nada, mas é que, mal por mal, antes ser eu tua viúva do que tu meu viúvo. Credo, nem quero falar nisso.

Mas vá, Ambrósio, amor, já falei de mais, agora é a tua vez, ensina lá a tua querida
Mulher, n. Animal que vive habitualmente nas proximidades do Homem e que é pouco susceptível a domesticação. Das espécies predadoras, esta é a mais amplamente disseminada, infestando todas as partes habitáveis do mundo, desde as graciosas montanhas da Gronelândia à virtuosa costa da Índia. A mulher é ágil e elegante nos seus movimentos, omnívora, e pode ser ensinada a não falar.
Macho, n. Um membro do sexo desconsiderado ou negligenciável. O macho da espécie humana é normalmente conhecido por Mero Homem. Este género tem duas variedades: os que sustentam a família e os que não sustentam a família
Solteiro, n. Um homem que ainda está a ser posto à prova pelas mulheres
Querida, n. A chata do sexo oposto, numa fase inicial do seu desenvolvimento
Amor, n. Demência temporária que se cura com o casamento, ou afastando o paciente das influências que provocaram a enfermidade. Esta doença, tal como a cárie e outras, prevalece entre as raças civilizadas que vivem em condições artificiais; as nações bárbaras que respiram ar puro e comem alimentos simples são imunes aos seus ataques. Chega a ser fatal, embora mais para o médico do que para o paciente.
Paixão, n. Qualidade distintiva do amor inexperiente
Noiva, n. Uma mulher com excelentes perspectivas de felicidade atrás de si
Casamento, s. Cerimónia na qual duas pessoas passam a ser uma, uma passa a ser nada e nada passa a ser sustentável
Marido, n. Indivíduo que, depois de ter jantado, é incumbido de tratar dos pratos
Viúva, n. Uma figura patética que o mundo cristão decidiu encarar de forma humorística, embora a ternura de Cristo pelas viúvas tenha sido uma das marcas mais distintivas do seu carácter

E, assim, Ambrose Bierce disse.

E, nesta era, em que a comunicação social vacila sem saber bem qual o seu papel, o que vem a ser um Repórter, ó Ambrósio?


Não sou cá de intrigas. Sei lá se hoje em dia são todos maus? Ou se antes eram todos bons? Ou se são maus porque a escola deles é uma escola que ensina a escrever e a falar com os pés? Pode ser. Ou se saem bons da escola e os chefinhos e os patrões é que dão cabo deles? Não sei. Na volta, é. Só sei é que volta e meia a gente vê os totós a fazerem perguntas que até doem. Pode o entrevistado dizer que o primeiro rei de Portugal foi o Rei Felipe VI que o diligente repórter nem pestanejará e lhe perguntará se sabe como vão agora as relações entre a Letízia e a sogra. Uma indigência. E isto já para não falar naquelas vezes em que desatam a falar ininterruptamente, uma conversa redonda em que cada palavra puxa a seguinte e esta a seguinte e... a conversa não anda nem desanda, parecendo não ter o raio de um fim.

Mas, se calhar, estou a ser muito redutora. Então, ó Ambrósio, conta aí: o que é, afinal, um repórter?
Repórter, n. Um escritor que vai adivinhando o caminho até à verdade -- e que depois a dissipa numa tempestade de palavras.
Pois... Ou isso ou uns propagadores de rumores. Ou, mesmo, inventores de rumores. 

Mas sejamos objectivos: o que vem a ser um rumor? Diz lá, ó Ambrósio.
Rumor, n. Uma das armas favoritas dos assassinos de carácter

Ambrósio, apetece-me algo.
Por exemplo, saber o que é um magistrado.


Com este thriller em volta da Santa Mana e ao qual agora se juntou um pouco recomendável Láparo -- e isto já para não falar nas vizinhas calhandreiras que dantes lançavam boatos e que, depois de um upgrade tecnológico, se especializaram em fake news, não se fala noutra coisa senão em magistrados. Tanto que se fala deles que a gente já nem sabe bem de que é que se está a falar. Por exemplo, um magistrado é sempre magistrado ou apenas quando está em funções? Um magistrado é magistrado mesmo que pareça um delinquente? Um magistrado é magistrado mesmo quando é uma garganta funda do Correio da Manhã ou do Sábado ou, mesmo, do Expresso? Claro que isto não desfazendo dos verdadeiros magistrados que os há e que deveriam merecer um louvor e uma selfie com o nosso ubíquo Marcelo.

Portanto, Ambrósio, chega-te à frente e ensina-nos lá o que é um magistrado.
É um funcionário judicial com uma jurisdição limitada e uma incapacidade desmedida.
Sim, senhor. Assim a gente já ficou a saber. Ambrose Bierce dixit.

Já agora, segreda-me o Ambrósio: e, então, minha menina, o que é um puzzle? Confesso-lhe: pois não sei, diga lá V. Senhoria. 
Puzzle, n. As malhas da lei.
Caneco, Ambrósio, chegas a desconcertar-me.

sexta-feira, setembro 21, 2018

Exército


Não desfazendo, claro. E nem todos serão iguais. Na Venezuela ou na Coreia há-de ser um bocado diferente do que é em Portugal. Mas não sei, sou toda paisana, não sei nada disto.

Mas, então, o que é um exército? Ambrose Bierce esclarece.
Uma classe de pessoas improdutivas que, para defenderem a sua nação de uma invasão, devoram tudo aquilo que o inimigo possa querer.
Obs: Claro que isto não tem nada a ver com o putativo saco azul de Tancos pois o nosso Ambrósio sabia lá das barraquinhas que armam nos nossos quartéis.

Eremita


Há por aí quem reconheça que é eremita embora talvez não assumindo as razões que o levam a isso. Digo eu.

Mas, então, afinal de contas, o que vem a ser um Eremita?

Ambrose Bierce explica-nos:
Uma pessoa com vícios e manias que não são sociáveis.
Obs: E isto é verdade vivam essas pessoas em Ourique, Oeiras, no Observador ou na mera blogosfera -- e isto não foi o Ambrósio que disse, fui eu.

Aliança


Aliança? O que é?

Ambrose Bierce responde:
Em política internacional, consiste na união de dois ladrões com as mãos tão afundadas nos bolsos um do outro que já não conseguem roubar um terceiro separadamente
Obs: Nada a ver com o Pedro Santana Lopes, portanto. O Ambrósio sabia lá do Flopes...

O que é um pobre?


Ambrose Bierce responde:
Pobre, adj. Pessoa que não tem dinheiro para pagar os seus impostos. Os Mello, por exemplo.
Obs: Juro que é o que está escrito. Admito que seja transliteração ou gracinha de Rui Lopes, o tradutor. Mas, na volta, foi divinação do Ambrósio. Ou isso ou havia outros.