Mostrar mensagens com a etiqueta burocracia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta burocracia. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, setembro 04, 2025

Um dia difícil -- e uma notícia horrível ao fim da tarde

 

Primeiro quero ver a situação resolvida. Tenho testemunhado, com alguma perplexidade, como, nos temas da Administração Pública, a forma como os assuntos são resolvidos tem muito a ver com as pessoas (ou as repartições) onde o assunto vai tratar. E há do lado de quem tem o poder de os resolver uma total prepotência. Dizem que é assim e, por muito que esse 'assim' seja absurdo, arbitrário, e mesmo que digamos que no Atendimento Telefónico ou noutras repartições nos tenham ito que pode ser resolvido de outra maneira, respondem que não querem saber, que ali é assim e que estão a cumprir os procedimentos. E tenho testemunhado, repetidamente, que dali não saem. Pode o assunto ficar empancado e podemos tentar mil abordagens que não adianta.

Por isso, não quero cutucar a fera com vara curta. Vou manter-me sossegada até ter o mais recente assunto resolvido. Há outro dos assuntos de que já desisti com grande prejuízo meu e apesar de ser a coisa mais aberrante do mundo. Mas desisti. Não tenho energia para continuar a marrar numa parede que não cede, só a minha cabeça é que fica moída. Mas este último assunto estou em crer que vai ficar resolvido. E aí apresentarei uma reclamação e tentarei expor o absurdo e a prepotência a que nos submetem.

Por ora limito-me a dizer que foi mais um daqueles stresses em que parece que tudo corre mal, em que parece que estão a fazer um favor, em que, no fim, quando depois de para ali estar a apresentar papéis, a preencher, a assinar, a esperar, a bolinha baixa, baixinha, e penso que finalmente vou conseguir sair de lá com tudo resolvido, não senhor. Dão-me um papel em como entreguei um papel. E o chefe irá analisar e irá resolver. Haverei de receber em casa o que houverem por bem resolver. E boa tarde.

Como sempre me acontece, e há-de haver uma explicação para isto, quiçá somática, saí de lá a sentir-me meio esgazeada, desidratada de todo. Para além disso, aflita para fazer chichi. Por inacreditável que possa parecer, num local daqueles em que uma pessoa pode passar uma tarde, não há casa de banho. 

Portanto, saí de lá exaurida, a sentir-me agredida, violentada, e sem vontade de falar, e, como se já não bastasse, também com vontade de ir a uma casa de banho e com vontade de, a seguir, ir repor os meus níveis funcionais. E assim foi. Depois de descobrir uma casa de banho, fui a uma pastelaria e comi um bolo altamente calórico e altamente glicémico e bebi um sumo fresco também altamente glicémico. O meu marido, que não foi comigo tratar dos assuntos (e ainda bem que não foi, senão ainda armava para lá um escabeche), mas que, depois, me acompanhou à pastelaria, estava escandalizado, que eu não tinha cuidado nenhum com o que ingeria, que era um total disparate, tanta caloria, tanto açúcar. Mas, vá lá eu perceber porquê, sentia que precisava mesmo daquilo para ressuscitar e voltar ao meu estado habitual.

Quando cheguei a casa, despi-me, refresquei-me (ainda por cima estava um calor dos diabos), reclinei-me no meu cadeirão relax e, claro está, adormeci profunda e instantaneamente.

Quando acordei ainda me sentia meio esvaída. Pode parecer um exagero da minha parte mas não imaginam o que isto me maça. Eu sou muito prática, gosto de resolver tudo, de resolver rapidamente, de resolver da forma mais ágil e mais eficiente. E ver-me manietada, sujeita a ter que aceitar a falta de ritmo e os absurdos procedimentos públicos, o não poder fazer nada para ajudar a desbloquear imbróglios evitáveis, estúpidos, que não deveriam existir, o ter que me resignar a aceitar que me imponham métodos, procedimentos e prazos que ultrapassam tudo o que é razoável, desgasta-me moral e fisicamente, fico exausta, exangue.

---------------------     ---------------------    ---------------------

Enquanto escrevo, estou a ver a reportagem do desastre com o elevador da Glória. Um horror. Tantas e tantas vezes passei por ali, por São Pedro de Alcântara, tantas vezes me encantei com a graça daquele elevador, tantas vezes o fotografei. Imagino a aflição das pessoas que lá iam ao sentirem como aquilo se desgovernou. Deve ter sido uma fração de segundo. E, na fracção seguinte, 15 pessoas antes felizes, estavam mortas. E 18 ficaram vivas, no meio daqueles destroços, mas feridas, algumas em estado grave. Um horror. A vida, por vezes, é traiçoeira.

O que se passou, por que se passou, o que falhou -- isso se verá a seguir. Para já, o que sinto é muita pena ao ver o que se passou.

quarta-feira, agosto 27, 2025

Traçando a bissetriz ao dia, obtenho uma linha quase luminosa

 


Tenho andado atarefada com umas cenas. A coisa parece ter-se quase solucionado mas, em sequência, nasceram mais uma série de tarefas. E digo tarefas para não dizer trabalhos. Mas que alguns têm sido uma carga de trabalhos, lá isso, têm.... 

Hoje voltou a ser um dia desses. Tive que acordar com despertador, coisa que abomino, coisa que parece trazer-me de volta os tempos em que acordava sempre com sono e que me levantava a saber que ia ter um dia de cão. Depois houve de tudo um pouco, incluindo estar quase duas horas num serviço público, a espumar de impaciência. Poderia tratar-se remotamente mas não seria tão rápido e, neste caso, a rapidez é um factor crítico. Depois, num outro assunto, ocorreu um erro a que ninguém conseguiu atribuir responsabilidades que nos obrigou a andar, debalde, para a frente e para trás para, no fim, ficar agendado para outro dia. Ou seja, foi daqueles dias, cheio, cheio, mas saturante, saturante. 

Ia dizer que foi um dia perdido mas, na realidade, se não me armar em queixinhas e em fatalista, não foi. Tratei de várias coisas e isso não é despiciendo pois temia que surgissem complicações que atrapalhassem tudo e, afinal, as coisas parece que estão mais ou menos encaminhadas. 

Não sei que paranoia minha é esta mas, quando vou tratar de qualquer coisa de tipo administrativo/ burocrático, parece que desce em mim um quase medo, uma espécie de impotência. Quando chega a minha vez, e quando me sento e explico ao que vou, sou invariavelmente atacada por funcionárias que tentam apanhar-me em falta: Trouxe o papel tal e tal? Trouxe o comprovativo tal e tal? E olham para mim como se estivessem preparadas para me dar a estocada final, a de que não se poderá tratar de nada por conta do meu erro ou omissão. Por isso, vou sempre preparada para o pior, carregada de papéis, sempre preparada para sacar de todas as armas para tentar defender-me de ataques que são mais do que certos.

Mas, apesar da longa espera e de várias trapalhadas, desta vez a coisa não correu mal de todo. Pelo menos, até agora. 

O que sei é que, com isto tudo -- e, nestas coisas, não sei porquê, desce-me sempre a tensão arterial e, porque nunca me lembro de levar uma garrafinha de água, acabo também a sentir-me desidratada, meio zonza -- quando acabámos uma das tarefas, por volta das duas e tal, olhámos em volta, estafados, esfomeados, e pensámos que tínhamos que almoçar por ali mesmo. Vimos uma pizzaria e foi ali sem tirar nem pôr, na esplanada. Soube-nos bem. 

Estávamos naquilo, ouvi uma voz que me pareceu conhecida. Olhei. Era mesmo. Uma conhecida actriz de telenovelas e não só. Julgava que fosse bem mais alta mas é bonita e elegante. Sorridente, creio que com o marido e filhos. Mas parece que na televisão as pessoas parecem mais altas do que são na realidade. Facto irrelevante, bem sei.

E, ao fim da tarde, depois de outra missão, neste caso, incumprida, ainda conseguimos passear por um sítio bem bonito, tranquilo. Caminhámos sob uma doce luz dourada, fiz umas fotografiazitas, descansei a cabeça.

Ao virmos para casa, já tardote, estava a apetecer-me caracóis ou um gelado. Mas, cansada como estava, já não tive pachorra para desvios, só me apetecia vir para casa. Além disso, queria ir regar uma parte do jardim que, no outro dia, descobri que não tem estado a ser regada pela rega automática. Esta coisa da rega é uma carga de trabalhos: agora acho que é uma electroválvula que está entupida ou estragada. Mas também não sei se estamos com paciência para cá termos mais artistas a mexerem naquilo. Acho que prefiro regar com mangueira. Poderíamos arriscar sermos nós a pôr uma nova mas, às tantas, ainda estragamos mais. Por isso, para já, acho que fica assim. 

E é isto. Não tenho respondido nem agradecido os comentários pois tenho andado ocupada e com a cabeça cheia de preocupações e chatices. A ver se um dia destes, agora que as coisas parece estarem a serenar, volto a ter mais disponibilidade mental. 

E é verdade: há por aí, entre vocês, Caros Leitores, alguns sonsos, alguns manhosos, algumas más pessoas, que aqui vêm deixar comentários maldosos, parvos, mal educados. Como têm reparado, não os tenho publicado nem vou publicar. Não sei o que pretendem, se é apenas chatear, se é condicionar, se é outra coisa qualquer. Mas já deveriam ter percebido que é tempo perdido: bem podem vir para aqui despejar a vossa maldade e a vossa falta de educação que isso a mim passa-me ao lado. De gente estúpida quero é distância e só não percebo porque insistem em vir aqui visitar-me se não se reveem em nada do que digo. Portanto, bem podem escrever comentários alarves, ordinários, trogloditas ou, simplesmente, parvalhões, que já sabem, estão a escrever para o boneco. 

sábado, maio 03, 2025

Nem sei bem explicar o que é isto

 

Ando com comentários a que não agradeci ou respondi, com vários mails atrasados. Nem dei ainda os parabéns a amigos que fizeram anos nos últimos dias. Uma vergonha. Não sei o que é isto mas parece que o tempo não me chega. Incomoda-me pois só posso concluir que ando muito menos produtiva do que era antes. Trabalhava de sol a sol e tinha tempo para as coisas de casa, para ir à compras, para tratar do expediente corrente como impostos, pagamentos, para ir a casa dos meus pais, para escrever até às tantas (ou para pintar ou para fazer tapetes de arraiolos), eu sei lá. O tempo dava-me para tudo. Agora, não sei porquê, parece que o tempo não me rende. 

Ainda tive, este ano, que tratar do IRS da minha mãe. E o nosso também é meu pelouro. Quando aquilo era manual, era o meu marido que organizava a papelada, fazia as contas, preenchia, e eu estava ao lado dele para o caso de ele querer que eu conferisse alguma coisa. Quando a coisa se virou para o digital delegou em mim. Hoje foi dia de tratar disso. E de fazer uns quantos pagamentos. 

No que se refere ao IRS da minha mãe, há uma verba, logicamente pequena, a haver. Questionei o e-balcão para saber como se processaria uma vez que não pude preencher o meu iban. Informaram-me que, na qualidade de cabeça de herança, vão enviar-me um cheque mas, imagine-se, à ordem da minha mãe. Juro: nem queria acreditar. Parece uma piada de mau gosto. Naturalmente, não vou poder fazer nada com um cheque que não vem à minha ordem. Disseram-me, então, que devo dirigir-me a uma repartição de finanças, munida da documentação, nomeadamente habilitação de herdeiros, para preencher o modelo do imposto de selo. Seguidamente, devo pedir nova emissão de cheque à minha ordem. Expliquei que, quando a minha mãe morreu, já entreguei toda a papelada possível e imaginária, já tratei do imposto de selo e mais não sei o quê. Não interessa, tenho que fazer agora a mesma coisa mas em relação ao reembolso do irs. Fico pasmada. A burocracia e ineficiência da máquina administrativa está nestas merdices. Têm lá a informação que a minha mãe morreu há mais de um ano, têm a informação de que sou a herdeira, mas, ainda assim, vão mandar para minha casa, na qualidade de herdeira, um cheque à ordem da minha mãe.

O ano passado, que, do irs dela, tinha a pagar, não foi preciso nada disto. Mandaram-me um aviso de pagamento e nem questionaram coisa alguma. Paguei e ficaram contentes. Agora, como é para devolver, é esta trabalheira parva.

E isto já para não falar do imbróglio que não consigo desfazer em relação à casa, em que as Finanças pedem documentos que supostamente devo obter na Câmara e na Conservatória e que, quer uma quer outra, dizem que os das Finanças não estão bons da cabeça, que o que estão a pedir não faz sentido nem pode ser feito, e as Finanças mandam-me fazer impugnação administrativa e depois recebo uma carta a dizer que impugnação administrativa não é coisa que se faça para aquele fim e dizem que o que tenho que fazer é apresentar um recurso hierárquico e, quando, passada uma infinidade de tempo, vou ver o que se passa com o dito recurso hierárquico que apresentei, constato que o arquivaram sem dizer nem água vai. Um desespero.

E, entre umas e outras e mais as coisas normais da vida de todos os dias e mais um ou outro contratempo que, por vezes, acontecem, o tempo passa sem que eu consiga esticar-me para chegar a todo o lado. E depois ainda há outra. Sento-me no sofá à noite, depois de jantar, e adormeço. Faço um esforço danado e acordo, mas logo volto a adormecer, e mais um esforço e lá acordo... e, logo de seguida, adormeço. E, por fim, lá acordo. Aqui estou. Mas que estupor de sono é este que me ataca sem necessidade nenhuma? Será deste tempo que não abre nem por mais uma? Será mesmo coisa de long covid? Caraças.

Já para nem falar que, no outro dia, acordei com uma dor nas costas e agora a dor migrou para um pé. O meu marido tem sempre explicação para as minhas coisas e passam sempre por eu fazer alguma coisa mal feita. Neste caso, diz que ando, no campo, a caminhar, com uns sapatos que já deviam ter ido para o lixo. Duvido que tenha a ver com isso. Inclino-me para um mau jeito na cama ou para o tempo que também migrou de solzinho e calorzinho para chuva e frio.

Parece que tudo isto contribui para me atrapalhar a genica que antes andava sempre a mil e que agora parece que anda a pedal. Estava a compilar e rever um conjunto de crónicas para ver se publico e nem tenho tido tempo ou disposição para me entregar a isso. É daquelas que requer entrega, concentração. Como também ando a retomar leituras que tinham ficado em suspenso (maravilhoso 'O Caderno Proibido' da Alba de Céspedes), ainda mais limitada fico. 

E até me sinto um bocado envergonhada por estar a confessar isto pois, se me olhar com os meus olhos de antes, em que fazia mil coisas com uma perna às costas, só posso concluir que ou ando indolente ou estou a ficar limitada nas minhas faculdades. Nenhuma das duas me conforta. O meu marido também tem uma teoria para isto: acha que o meu mal é deitar-me tão tarde pois isso faz com que não madrugue como ele e que fique logo com parte da manhã comprometida. Só que isto é como aquilo da orientação sexual: a gente não escolhe. Não é por opção minha que sou heterossexual, tal como não é por minha escolha que sou noctívaga. 

Tirando isso, sobre a política nacional, o que posso dizer é que nem me apetece falar. Não mesmo. Se for mesmo verdade que a maioria das pessoas se está a marimbar para a ética, para a incompetência, para a incultura, para o respeito para com a verdade e prefere ter um primeiro-ministro cínico e pimba que faz um cocktail festivo juntando o 25 de Abril e o 1º Maio para os festejar cantando e batendo palminhas com o Tony Carreira... olhem, vou ali e já volto. A sério.

________________________________________________

Desejo-vos um bom sábado

Be happy

quarta-feira, julho 17, 2024

Vítima de bots, de burocratas e da prepotência de incertos.
Salvou-se uma bela caldeirada de sardinha (receita incluída) e os trabalhos de jardinagem

 

Continuo nas minhas aventuras burocráticas. Uma amiga, quando teve que tratar de assuntos resultantes do falecimento primeiro dos pais e depois da sogra, chegou a um ponto em que, de cada vez que tinha que ir a repartições, conservatórias ou afins, dava-lhe vontade de chorar. Sentia-se impotente, à mercê, derrotada.

Assim estou quase eu. 

Pela terceira vez de ir ao mesmo sítio, primeiro porque a pessoa, a única habilitada a tratar daquilo, não estava, segundo porque, tendo eu levado todos os documentos que li nas instruções, segundo a dita pessoa entendida, ainda faltava mais um. Hoje lá me apresentei de novo carregada de todos os documentos possíveis e imaginários. De facto estava tudo mas, azar, a minha situação não estava actualizada no sistema pois estou reformada e ainda não o tinha actualizado lá (pois não fazia a mínima ideia que tinha que fazê-lo). E, para a dita pessoa proceder a essa actualização, tinha que ter um comprovativo. Podia ser a declaração de rendimentos para efeito de IRS. Ora como é que eu ia ali ter isso comigo...? Não tinha, não é?

Comecei por me sentir rasteirada, agredida. Mas não me deu para chorar, deu-me para ficar furiosa. 

Depois de grande e assertiva negociação, lá consegui que avançasse com o processo, garantindo-lhe eu que lhe enviaria o documento por mail. Não queria, não podia fazer uma coisa sem ter ali o comprovativo, e isso bloqueava todo o processo.

Horas, horas, horas.

Segundo ela são regras novas para garantir isto e aquilo e aqueloutro e que também há cada vez menos pessoas, anda toda a gente pressionada, com muito trabalho, não conseguem ter cabeça para ajudar as pessoas como deve ser. 

Uma desgraça. Para tudo o que não é banal e que não se consegue fazer online (porque há coisas que têm que ser presenciais), estamos no mato.

Por fim, lá acreditou que lhe enviaria o documento mal chegasse a casa e lá avançou com o assunto.

Um desgaste...

Depois, à tarde, em casa, ao querer fazer uma operação bancária banal e que requeria códigos e tretas e que me enviariam mais um código por mensagem no telemóvel, não recebi a mensagem. Depois de várias tentativas (com a sessão a ir abaixo de cada vez que passavam mais uns minutos, por razões de segurança), liguei para o número que lá indicavam. Fui atendida por uma voz que se anunciou pelo nome, uma assistente virtual. Pediu que eu dissesse o que queria. Disse devagar mas a gaja (vou chamá-la assim pois a burra deu-me conta do juízo) percebeu outra coisa. Várias tentativas, em que fui dizendo de maneiras diferentes ('Não recebo mensagem no telemóvel', 'não recebo código por mensagem', etc) e a estúpida a perceber tudo ao lado. Por fim, em novo telefonema, resolvi outra abordagem: 'Quero falar com um funcionário'. E ela 'Não percebi o seu pedido, diga outra vez'. Repeti. Desta vez a gaja teve outra abordagem 'Digite o NIF'. Lá digitei e ela 'agora diga devagar o que pretende'. E eu: 'Falar com pessoa'. E de cada vez que me pedia que repetisse eu dizia: 'Falar com pessoa'. Por fim, lá disse que ia transferir para um assistente. Quando me apareceu um ser humano do outro lado senti uma alegria que não imaginam. O problema é que as mensagens estavam a ir para o spam das mensagens de telemóvel e o rapaz lá me disse como confirmá-lo e como des-spamizar aquele número. Simples... mas o que desesperei para que me aparecesse uma pessoa de verdade para me ajudar...

Eu não sei para onde é que estamos a caminhar mas pode acontecer que um dia tudo ou quase tudo esteja entregue a bots e a tretas que nos façam a vida negra. Queremos que alguém nos ajude a fazer uma coisa simples e não conseguimos chegar a esse alguém porque, pelo meio, temos uma máquina que nos barra o caminho e nos leva ao desespero.

Tirando isso, só posso dizer que, ao pé disto, andar a fazer de ajudante de jardineiro é uma felicidade. O meu marido anda com a máquina corta-relvas e eu vou recolhendo a relva cortada que se junta no depósito e levo-a para a horta. Até lhe disse que poderíamos começar a oferecer os nossos serviços de jardinagem à vizinhança. Ele ocupava-se dos trabalhos mais pesados que requerem maquinaria mais pesada (cortar a relva, serrar ramos de árvores, desbastar sebes) e eu do trabalho menos nobre e mais miúdo, varrer, despejar lixo, amparar as trepadeiras. Não achou graça.

E ainda houve outro aspecto positivo. Pensava que de manhã, levando a papelada todíssima, me despacharia cedo. Como surgiu toda aquela confusão, acabei por me despachar tarde. No caminho para casa pensei que o melhor era irmos comprar qualquer coisa para o almoço. Ele ficou no carro e eu fui numa corrida. Vi umas sardinhas vivinhas da costa e não lhes resisti. Mas depois pensei que ir assá-las talvez não. Então lembrei-me de fazer caldeirada de sardinhas. Bolas... que bem cheirava... Ficou mesmo boa.

Fiz assim: 

Comecei por escamar bem as sardinhas. Não pode haver escamas numa caldeirada. Não tirei as tripas pois acho que ajudam a dar um sabor mais encorpado.

Descasquei batatas daquelas de casca roxa. Lavei tomates. Descasquei cebolas e cenouras.

Num tacho largo coloquei no fundo as duas cebolas grandes às rodelas grossas. Por cima, coloquei tomate maduro, talvez uns cinco. Por cima, duas cenouras grandes às ripas (Usei cenouras pois as cenouras cortam a eventual acidez dos tomates). Por cima, as batatas às rodelas grossas. Coloquei um pouco de sal. Por cima as sardinhas. Por cima destas, uns bons bocados de pimentos. Depois, mais dois tomates maduros às rodelas. E, para finalizar, salsa em quantidade generosa. E mais um bocadinho de sal. No fim, tudo bem regadinho por azeite. 

Tacho tapado e lume ao máximo. Quando começou a ferver, baixei o lume. Passado um bocado (não sei bem quanto, no mínimo uma meia hora) espetei as batatas. Já estavam macias. Desliguei e deixei o tacho tapado, a apurar.

Pois digo-vos que estava mesmo saborosa. Colocámos umas fatias de pão de Rio Maior no prato e servi a caldeirada por cima, com o caldo. Não pus água nenhuma, o caldo era só os sucos dos próprios ingredientes.

Mas, com tudo isto, não tenho conseguido pegar num livro nem escrever nem sequer tirar um cochilinho. Mas, pronto, todos os males fossem estes. Haja saúde. E boa disposição. 

Bola para a frente. 

sábado, abril 27, 2024

Contra as marcelices que estão na ordem do dia (e outras anteriores), que avancem as calças que se rasgam nas virilhas

 

Tive um dia complicado, enredada nas manigâncias burocráticas de funcionários que me atrapalham a vida com mentalidades e atitudes burocráticas, sem o mínimo de compreensão. Nem falo em empatia. Falo em compreensão básica. Dizem-me que o que é preciso fazer é aquilo que os outros fora das Finanças dizem que é impossível. Há um senhor que diz que se tem que fazer uma coisa que só na Conservatória se faz. E a Conservadora diz, embora com todo o respeito e em linguagem jurídica, que os das Finanças vão mas é dar banho ao cão pois o que querem é tecnicamente impossível. E é taxativa: já disse o que tinha a dizer, não vai dizer mais nada. Face a isso, lá fui outra vez para as Finanças.

Portanto, uma audiência. Uma audiência que me tirou do sério.

Na sequência disso, mal cheguei a casa fiz uma exposição para uma Notária.

E mais umas quantas coisas.

Portanto, não levem a mal mas hoje já não tenho cabeça para me insurgir contra as marcelices que se sucedem em catadupa nem para o que quer que seja que puxe pelo lado sério do meu pensamento.

Até podia falar da entrevista ao Galamba na CNN. Comoveu-me. Ainda não foi ouvido pelo MP. Ainda não conhece o processo. O que sabe, sabe-o pela Comunicação Social. Entraram-lhe pela casa, para fazer buscas, estando as filhas a dormir. Escutaram-no durante anos. Ninguém merece tamanha pulhice. Os danos de toda a espécie que isto causa na vida de uma pessoa... E, disseram os juízes da Relação, tudo porque se esforçou por fazer o melhor para o País. Qual crime...? Num outro dia, eu falaria sobre isto. Esta entrevista merece ser falada. E não tem a ver com a entrevista, pois ele foi até bastante contido, mas também não deve ser esquecido pois não é só uma coisa incompreensível por parte do MP (ia dizer canalhice mas não quero ir por aí), é também tudo muito obra do Marcelo que não descansou enquanto não lhe fez a cama. O que Marcelo pressionou António Costa para correr com o Galamba é coisa que não deve ser esquecida. Mas tem que ser num outro dia. Hoje estou com a cabeça feita em água.

Por isso, deixem-me mas é distrair-me com esta rapaziada aqui abaixo me põe bem disposta.

Calças que se rasgam nas virilhas | Fugiram de Casa de Seus Pais | RTP

Um problema que já lhe causou forte embaraço junto da polícia e que poderá ser resolvido, apenas, se ele tirar as calças. 


sexta-feira, março 15, 2024

Por entre os meandros da insaciável máquina

 

Continuo ensarilhada com os meus temas burocráticos. Claro que sarilhos de barriga cheia são como aquilo da pimenta no cu dos outros. Acho eu. Estou com a cabeça desmiolada e já nem sei bem o significado das coisas.

O terreno, o célebre terreno do Algarve, tem-me dado bastante trabalho. Se não estivesse como estou, contava. É que é digno de ser contado. Até às sete e quarenta da noite me ligaram da Câmara de lá para me explicarem o que faltava no pedido que eu tinha feito. Eu que me tinha esmerado, que tinha tido uma trabalheira, afinal não tinha feito o que, para eles, era básico. E nessa noite, ao longo de horas, rabiei até conseguir entender-me com a ferramentaria geocomputacional e parir as plantas do bendito terreno, conforme a simpática senhora me tinha ensinado. Até a carta militar eu conseguir dar à luz.

Conclusão, estava eu hoje ainda na cama e já estavam a ligar-me para saber se a reunião agendada com o arquitecto podia ser com outro e ser já. Reunião? Antecipar a reunião? E eu na cama... Felizmente era por telefone. Ufff. Aceitei.

Isto tem várias peripécias pelo meio mas atalho: não dá para lá construir nada, metade está numa reserva de um certo tipo e a outra metade numa reserva ainda melhor. Portanto, estão a ver. Ao fim de mil anos, um terreno, que ainda se está para ver como pode vir para o nosso nome, e em que não dá para fazer nada... Coisa jeitosa.

Quanto à casa, continua a embrulhada. Na repartição sugeriram que, no portal, eu fizesse uma impugnação administrativa. Assim fiz. Todo um número. Esmerei-me, juntei comprovativos, um brinquinho. Fiquei com comprovativo. 

O tempo passava e nada. Fui lá ver. Pois bem. Arquivaram-na porque eu, ou alguém por mim, não fiz uma coisa qualquer que era suposta. Coisa essa que não faço ideia do que seja e que lá não explica. Arquivaram e bye bye. 

Uma impotência. A gente a querer resolver os imbróglios e nada, cabeça numa parede, cabeça noutra. Isto porque ando eu a querer resolver. Mas estou a começar a convencer-me que não devo conseguir. Provavelmente tem mesmo que ser um advogado ou um solicitador. Mas porquê, caraças?

Com aquilo do imposto de selo para comunicar às Finanças outra tourada. Sistema novo, pouco user friendly. Ligo para lá e cada um, simpatiquíssimos por sinal, diz sua coisa. Todos convergem: ninguém se entende com aquilo, mais vale fazer à antiga, ou pelo e-balcão ou presencial.

Lá me esmerei, lá imprimi impressos, preenchi, fotografei, reduzi a resolução, inseri tudo num único documento cuja dimensão em Mb é limitada, compus aquilo para ficar apresentável. Tudo um bocado trabalhoso. Muito expediente. Muita maçada. Ao menos a ver se resulta. Caraças.

No meio disto, uma pequena vitória. Há muito que imaginava um espelho grande aqui no exterior, mais propriamente no terraço. O meu marido revoltado com estes meus gostos que passam por ter que fazer uma coisa que odeia: furar paredes. Segundo ele, não é furar, é estragar paredes.

Uma luta.

Quando se convenceu, conseguiu ele uma vitória. A parede tem capoto e caixa de ar. Ou seja, a broca primeiro apanhou aquela coisa que parece esferovite, depois apanhou ar. Portanto, decretou: impossível.

Mas, como não sou de desistir, fui tentando arranjar soluções. E ele foi ficando mais calmo. Acertámo-nos: seria pendurado no tecto do telheiro, encostado à parede. Comprámos grandes camarões, comprámos umas correntes. Com uma escada encostada à parede, com uma broca gigante, lá tratou do assunto. Já está. Acho lindo, lindo, lindo. Reflecte o jardim, reflete a luz. 

Só espero que não caia pois é grande e pesado...

E, tirando estas coisas de nada, pouco mais tenho a relatar. Um dia destes logo conto da conversa com aquele amigo com quem estivemos e cuja actual companheira está parecida com a primeira mulher, deixando-me, assim de chofre, um bocado baralhada. Depois, já só eu e o meu marido, ao comentarmos, pensava o meu marido que esta era aquela por quem ele tinha deixado a mulher. Tinha-se esquecido que, a seguir a essa, ele tinha-a trocado por outra. Mas foi uma conversa animadíssima pois esse amigo continua como sempre foi, um divertido bon vivant que nada derruba, nem o cancro que teve lhe causou mossa. Joie de vivre é com ele. 

E, pronto, hoje fico-me por aqui que isto já não são horas. Lá está, como um Leitor ou Leitora ou Leitor@ me lembrou, isto da PDI é uma coisa tramada, uma pessoa chega a esta hora e já não atina.

Beijinhos e abraços para todos e o que eu estimo é o que eu desejo.

quarta-feira, fevereiro 07, 2024

Certidão permanente, caderneta predial, teor do artigo ou artigo do teor, matriz e o escambau.
Coisas que não sei como é que o Kafka deixou de fora
Salva-se, desta problemática, a maravilhosa casa de João Vicente de Castro

 

Continuo na minha tentativa de cumprir com as diligências. Mas parece que, em larga percentagem, me saio sempre mal.

Tento fazer como manda a lei mas não é fácil perceber o que manda a lei. Depois, faltam-me os termos e o conhecimento dos meandros das coisas. Não percebi ainda a diferença entre certidão urbana permanente, caderneta predial urbana, artigo de teor (ou teor de artigo?), matriz predial, etc.

Acontece que a casa em que viviam os meus pais, em termos dessas coisas está um bocado baralhada.

A história é a seguinte. Quando os filhos eram jovens, creio que talvez quando atingiram a maioridade, os meus avós paternos ofereceram-lhes um terreno. Os dois irmãos embrenham-se na construção de uma moradia dupla. Desenharam, contrataram técnicos e projectistas, acompanharam a construção. O meu pai orgulhava-se de que a casa levou muito mais ferro do que necessitava, queria que fosse boa construção. Eram muito jovens, os irmãos. Mas ambos levaram tudo muito a sério.

Não ligaram muito foi ao lado burocrático.

O terreno tinha uma determinada área e, depois de implantada a área habitacional, sobrou o terreno do qual fizeram respectivamente, atrás hortas e à frente jardins, uma divisão feita entre eles, daqui para ali, daquele lado da casa é meu e, de lá para acolá, deste lado, é teu.

Depois, tiveram o cuidado de ir à Conservatória desanexar a casa de cada um do edifício inicialmente registado como único. Ou seja, fizeram a divisão da coisa comum, por aquisição um ao outro. Isso está registado. Mas só desanexaram do artigo inicial, que era um todo, as respectivas zonas habitacionais especificando a área e depois escrevendo 'e logradouro', mas esqueceram-se de especificar a área de cada logradouro. Ou seja, o terreno remanescente, o chamado logradouro, em termos da certidão ou da caderneta ou do teor ou sei lá do quê, permaneceu comum já que não especificaram a área de cada logradouro que deveria ter sido desanexado tal como a zona habitacional.

Mas para eles estava tudo bem.

Além disso, em termos de IMI, cada um pagava o seu, ou seja, o correspondente à sua casa.

Até que um certo dia, na sequência da informatização nas Finanças, começou a aparecer como se as duas casas fossem uma única e em que cada um era dono de 50% de cada.

A minha mãe falava disto en passant. Chegou a ir às Finanças dizer que se tinham enganado. Presumo que não deve ter percebido nada do que lhe disseram pois, por algum motivo, se calhar por não estar esvaziada a área do artigo inicial, não corrigiram. O meu pai tinha tido o AVC e as prioridades e os problemas dela eram outras. E das minhas nem se fala. Ouvia falar disso como coisa remota, desinteressante.

Quando o meu pai morreu e se teve que fazer a habilitação de herdeiros, apareci como dona de uma parte da casa dos meus pais e de uma parte da casa dos meus tios. Um disparate. A minha mãe disse-me que vinha desse 'erro' das Finanças. E, creio que nessa altura, falou com os meus tios que também estavam admirados com tudo aquilo. A minha prima, sem tempo para coçar, muito menos tempo teve para se preocupar com tal coisa. E eu idem. Ficou.

Quando a minha mãe estava internada fui eu que paguei o IMI dela. Lá estava a pagar 50% do IMI da casa dos meus pais e 50% da casa dos meus tios. Falei com a minha prima que foi ver e disse que com os pais acontece o mesmo mas que, no conjunto, pagamos o valor correcto portanto, mais coisa menos coisa, 'que se lixe'...

Concordei. Preocupada, aflita e angustiada que andava quis cá eu saber disso.

E agora estou nesta situação absurda e sem saber por que ponta pegar. Nas Finanças falam-me em pôr em propriedade horizontal. O Conservador ri-se: 'Mas propriedade horizontal de quê? Isso era antes de eles, nos idos de 1900 e troca o passo, terem desanexado cada um a sua casa...'. Portanto, estou nisto.

Provavelmente terei que contratar um solicitador. Mas tem que ser ao mesmo tempo que os meus tios. E eles são idosos, isto deve fazer-lhes confusão, o lógico é que não sejam perturbados. E a minha prima, cheia de trabalho, ainda menos pachorra deve ter para isto.

Só que, nestas circunstâncias, para o que quer que seja, não consigo fazer nada da casa pois, para todos os efeitos, em termos de Finanças, sou dona de apenas uma parte da casa e os meus tios donos do restante. Um absurdo de todo o tamanho.

Ao ouvir-me queixar desta trapalhada, o Conservador ria-se : 'Se não tivesse recebido nada em herança não teria trapalhada nenhuma...'. Pois. Mas herdei.

Liguei para as Finanças e fiquei desconcertada, desanimada. Falaram-me em ir à Câmara. Liguei para a Câmara, expliquei. Pediram-me uma série de coisas, escritas com as siglas. Tive que ir descodificar. Mas olho para o que tenho e não percebo o que corresponde a quê. E na Câmara dizem-me que o não sei quê que devo apresentar, se quiser fazer não sei o quê, deve ser actualizado. Pergunto-lhe se está a falar daquele livrinho escrito à mão, na Conservatória, e parece que ela nem sabe de que é que estou a falar. Às tantas apetece-me desistir. Não tenho pachorra, não tenho conhecimentos para tão exigente empreitada, não tenho tranquilidade para pesquisar ou pensar nestas coisas.

E acho que tenho prazos para tratar destas coisas e receio não conseguir encontrar o caminho deste emaranhado, a tempo e horas.

Enfim. Uma seca de todo o tamanho.

E continuo com avaria de comunicações desde segunda de manhã. O operador tinha mandado mensagem a dizer que devia ficar resolvido esta terça à tarde. Nada. O meu marido ligou e agora dizem que talvez na quarta a virar para quinta. Nem televisão, nem internet, nem telefone. Só o telemóvel funciona nesta casa. É da rede do telemóvel que estou a alimentar o computador.

Está bonito, isto, está mesmo.
_____________________________

Salva-se deste relambório chato para caramba, o vídeo da lindíssima casa de João Vicente de Castro. Fico perplexa com tamanha e tão bela casa. Não por acaso a Vogue faz reportagem com ela. Só conheço o João Vicente de Castro da Porta dos Fundos. Não sei se é daí que vem o budget para um casarão tão impressionante mas, verdade seja dita, é coisa que não me diz respeito.

Espero que gostem. Garanto que merece muito a pena.

Tour pela casa sofisticada de João Vicente de Castro | CASA VOGUE

No Jardim Botânico,  Rio de Janeiro, a casa de 500 m² do ator João Vicente de Castro, com reforma recém-finalizada pelo Estúdio Orth, ficou exatamente do jeito que ele imaginava: confortável, convidativa e contemporânea. Faça um tour!


___________________________________________

Desejo-vos um bom dia

Saúde. Ânimo. Paz.